O daguerreótipo e o início da fotografia

Há quase 200 anos atrás Nicéphore Niépce e Louis Daguerre foram responsáveis por criar um método para fixar imagens luminosas quando essas eram expostas em superfícies fotossensíveis, o daguerreótipo, que difundiu a fotografia nas classes mais ricas da sociedade.

O daguerreótipo foi um dos primeiros processos fotográficos, e o principal responsável pela popularização da fotografia.

Há quase 200 anos atrás Nicéphore Niépce e Louis Daguerre foram responsáveis por criar um método para fixar imagens luminosas quando essas eram expostas em superfícies fotossensíveis, o daguerreótipo, que difundiu a fotografia nas classes mais ricas da sociedade.

Na foto temos como objeto principal uma bicicleta moderna, apoiada em uma vaso branco  no qual cresce uma planta sem nenhuma folha e com galhos tortos. A foto tem uma paleta de cores limitada, predomi-se o marrom e o preto, devido a técnica empregada em sua composição.
Foto de Francisco Moreira da Costa; Sem Título; 2010

Em 1826 Nicéphore Niépce produziu o que hoje é considerada a primeira foto da história. Ele a fez através de um processo batizado de heliografia, que consistia na projeção de uma imagem luminosa, através de uma câmara obscura, sobre uma placa de vidro revestida com betume da judeia atenuado com óleo animal.

Seu método ainda não era capaz de produzir imagens com nitidez, e o tempo de exposição era muito longo. Com o intuito de aperfeiçoar sua invenção Niépce uniu forças com outro inventor francês, Louis Daguerre. Os dois trabalharam juntos até a morte de Niépce em 1833.

Pouco depois da morte de seu colega Daguerre apresentou a versão melhorada da heliografia, que ele batizou de daguerreótipo, na academia Francesa de Ciências. O novo processo consistia em expor placas de prata em vapores de cristais de iodo, que produzia uma fina camada de iodeto de prata. Para imagens mais nítidas também era necessário uma longa exposição, mas Daguerre descobriu que poderia fazer exposições mais curtas se depois colocasse a placa em contato com  vapores de mercúrio. Desse modo, seu processo entregava imagens mais nítidas e com mais rapidez.

Ainda hoje existem fotógrafos que usam o daguerreótipo para fazer suas fotos. Esse é o caso de Francisco Moreira da Costa, que começou a estudar esse processo em 1996 através de documentos históricos que ensinavam a reproduzir essa técnica. Hoje ele cria seus daguerreótipos de uma maneira ligeiramente diferente da original, pois essa exigia o manuseio de substâncias extremamente nocivas para a saúde.

A foto possui uma composição bem simples que se resume a uma abacaxi no centro da imagem com a coroa inclinada para a esquerda. Na foto predominam tons em sépia.
Foto de Francisco Moreira da Costa; Sem Título; 2016

A imagem acima é um dos daguerreótipos de Francisco que foram expostos em 2016 na exposição Tempo Improvável, no Rio de Janeiro. A foto por mais que tenha uma composição extremamente simples não deixa de chamar a atenção. Nela predominam os tons em sépia, provavelmente por causa do enxofre usado na produção do daguerreótipo. No centro vemos um abacaxi, e em toda a sua volta vemos as manchas causadas pelos processo de produção da imagem, que na foto original mudam de tom conforme o ângulo com que se olha.

Vale a pena lembrar que por mais que o daguerreótipo tenha sido um dos principais processos a difundir a fotografia como uma técnica viável, ele não foi o único naquela época. Junto com Niépce e Daguerre muitos outros inventores também buscavam criar técnicas fotográficas, como por exemplo  o suíço-brasileiro Hércules Florence que começou seu estudo com o nitrato de prata em 1833, e foi o primeiro a usar o termo “photographie”.

Gostou da história dos pioneiros da fotografia, ou dos daguerreótipos de Francisco? Deixa aqui nos comentários as suas impressões! E não se esqueça de seguir a nossa página no Instagram para mais conteúdos como esse!

Cores e círculo cromático

As cores tem o poder de despertar emoções de diversos tipos nas pessoas. Pode causar tristeza, alegria, alívio. O uso pensado de cores na fotografia é capaz de dar diferentes impressões a uma imagem.

As cores tem o poder de despertar emoções nas pessoas. Podem acalmar ou  até estimular. Cores fortes, por exemplo, atraem a atenção; o vermelho simboliza fogo e perigo; tons frios, como o azul, tem um efeito relaxante. O uso pensado de cores na fotografia é capaz de dar diferentes impressões a uma imagem.

Uma muro verde, com um outdoor em cima, fazendo propaganda ao novo Ford Torino, de 1974. Em frente ao muro, há um carro como o da propaganda, encostado na calçada, também num tom esverdeado.
Sem título, c. 1974 | William Eggleston
Os tons se complementam ou se chocam. A mistura deles não é uma questão de certo e errado, uma vez que a fotografia é uma forma de arte, mas é fato que algumas cores combinam melhor com outras. A título de exemplo, preto e branco são “cores” neutras, que podem combinar com diversas nuanças sem criar um choque cromático. 
São muitas combinações possíveis. Como saber? Por meio do círculo cromático. Ele é formado por 12 cores: 3 primárias, 3 secundárias e 6 terciárias. As primárias são o amarelo, o azul e o vermelho. As secundárias são o resultado da combinação das primárias, ou seja, verde, púrpura e laranja. As terciárias, por sua vez, são resultado da combinação entre as primárias e as secundárias. Vale ressaltar que cada raio compreende infinitas nuanças de uma mesma cor.
o círculo cromático com suas doze cores
Círculo cromático | Autor desconhecido
William Eggleston é um fotógrafo americano, natural de Memphis, Tennessee. Foi um dos pioneiros da fotografia de cores, considerado por muitos o “pai” desse gênero.
uma espécie de estabelecimento em construção na cor rosa, com as paredes internas em amarelo. Do lado de fora, o piso tem quadrados pintados em azul.
Sem título, c. 1983-86 | William Eggleston
Na foto acima, podemos ver que ele trabalha com a composição de cores. Com base na triangulação, ele combina azul, rosa e amarelo. São tons claros, que passam um sentimento relaxante para quem observa a imagem.
Que tal praticar? Pegue sua câmera, tente observar as cores do dia-a-dia com mais atenção e pratique! Compartilhe suas fotos com a gente, usando a tag #fotografetododia!

Referências

• HEDGECOE, John. O Novo Manual de Fotografia – o Guia Completo Para Todos Os Formatos. 4ª ed. São Paulo: Senac, 2013.

Linhas

Linha é a trajetória de um ponto no espaço ou o espaço que liga dois pontos. É um elemento visual que transmite movimento e guia o olhar do leitor.


Linha é a trajetória de um ponto no espaço ou o espaço que liga dois pontos. É um elemento visual que transmite movimento e guia o olhar do leitor.
Fotografia em preto e branco tirada do sexto andar em que se pode visualizar as escadas rolantes de todos os andares abaixo. Cada andar possui um par de escadas, cada uma de um lado, exceto pelo térreo em que as escadas ficam juntas no centro do local.
Cristiano Mascaro – São Paulo, a cidade – Escadas Rolantes


Na fotografia, as linhas se apresentam como o contorno das formas; uma divisão entre duas partes da fotografia (como a linha do horizonte); ou a linha imaginária representada pelo caminho entre dois ou mais elementos da foto. As linhas podem ser retas ou curvas; verticais, horizontais ou diagonais. Na fotografia do Cristiano Mascaro, abaixo, as prateleiras, os livros, o chão, o corrimão e o teto são exemplos da utilização das linhas na fotografia. Neste caso, as linhas verticais, o contorno dos livros, transmitem a fartura das estantes e as linhas diagonais, prateleiras e corrimão, levam o olhar do leitor à estante do fundo.

Fotografia em preto e branco de uma biblioteca. Há uma estante de cada lado, elas ficam de frente uma para outra e ambas estão cheias de livros. O chão e o teto possuem um trilho e no meio da cena há dois corrimões. As estantes e os corrimões formam linhas que apontam para o fundo da biblioteca, espaço cuja a perspectiva faz parecer menor.
Cristiano Mascaro – São Paulo, a cidade – A Biblioteca da Faculdade de Direito
De modo geral, as linhas são um direcionamento dentro da fotografia que enfatizam a profundidade e tamanho do objeto fotografado e provocam a sensação de divisão entre os elementos. Alguns elementos da paisagem possuem linhas naturais que ajudam a compor a imagem, como construções arquitetônicas e seus componentes, além de estradas, montanhas, a linha do horizonte, etc. Escadas são um exemplo de elemento cotidiano formado por diversas linhas. Tente fotografá-las de forma que o caminho dos degraus seja também o caminho dos olhos do leitor, como na fotografia a seguir, em que nossos olhos perfazem a espiral.
Fotografia em preto e branco de uma escada em espiral que desce por uma parede arredonda com painéis retangulares.
Cristiano Mascaro – São Paulo, a cidade – Escada do Edifício Esther

A linha, como recurso, também pode ser utilizada para criar divisão na cena. Deixar um espaço no meio da cena, entre duas pessoas ou dois objetos, cria uma linha imaginária, o que pode ser um artifício para estabelecer uma divisória, indicando, por exemplo, divergência entre esses dois elementos.

Para acentuar a direção das linhas e obter todo o potencial de composição delas, combine a orientação da fotografia e a direção das linhas. Utilize a orientação horizontal para enfatizar linhas horizontais e a orientação vertical para realçar as linhas verticais. No caso de elementos verticais, como prédios, a orientação vertical também faz com que pareçam maiores.

Fotografia em preto e branco e uma parte do Edifício Copan. A proximidade das linhas curvas do monumento faz a imagem parecer uma obra de artes abstrata.
Cristiano Mascaro – São Paulo, a cidade – Detalhe do Copan

Para construir uma boa composição de linhas, você pode se inspirar nas fotografias de Cristiano Mascaro, o fotógrafo que ilustra este post. Cristiano é um fotógrafo paulista. Ele foi repórter fotográfico na Revista Veja em 1960, mas atualmente se considera fotógrafo independente e se dedica a projetos pessoais. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela USP, as construções citadinas são o principal tema das obras de Cristiano, exaltando as paisagens urbanas. E, como podemos notar, ele sabe muito bem enfatizar as linhas das construções de São Paulo para compor suas fotografias. Para saber mais sobre Cristiano, acesse o seu site.

Bora treinar! Utilize as linhas da paisagem ao seu redor para fazer fotografias que enfatizem a profundidade dos objetos ou acentuem as suas proporções. Depois, utilize as mesmas linhas para fazer fotografias que guiem o olhar do leitor.



Referências

  • Blog Emania
  • ELLEN, Lupton; PHILLIPS, Jennifer Cole. Novos Fundamentos do Design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
  • EXCELL, Laurie. Composição, de simples fotos a grandes imagens. Rio de Janeiro: Alta books, 2012.


Linhas horizontais, verticais e diagonais

As linhas são capazes de produzir sentido dentro da fotografia ao guiar o olhar do leitor. A direção das linhas, entretanto, pode fortalecer ou suavizar a imagem.

As linhas são capazes de produzir sentido dentro da fotografia ao guiar o olhar do leitor. A direção das linhas, entretanto, pode fortalecer ou suavizar a imagem.

Fotografia de um homem sentado na grade de um píer, de costas, olhando um lago com patos.
Cornell Capa – Alec Guiness studying his lines (Alec Guiness estudando suas linhas), Londres, Inglaterra, 1952.
Tendemos a associar linhas horizontais com o ato de estar deitado e linhas verticais com o ato de estar em pé. Por isso, linhas horizontais remetem a calma, tranquilidade e descanso. É o caso, por exemplo, da linha do horizonte.
As linhas horizontais são indicadas para dar ênfase às paisagens naturais como na fotografia acima, de Cornell Capa. Nascido em uma família judaica em Budapeste, Cornell Capa iniciou sua carreira em 1937 na Agência Pix Photo, passando a trabalhar depois na câmara escura da revista Life. Se tornou fotógrafo da Life em 1946. Capa considerava que já havia muitos fotógrafos de guerra em sua família, como o famoso fotógrafo Robert Capa, então se dedicou a fotografar a paz.
Na fotografia, o homem contemplando o mar aparenta estar relaxado. A paisagem ajuda a transmitir a sensação, mas as linhas horizontais na grade do píer, nas montanhas, nas nuvens e da própria linha do horizonte levam essa impressão ao máximo.
As linhas verticais transmitem o oposto das linhas horizontais: força, poder e grandiosidade. Na imagem abaixo, a mensagem de guerra e potência passada pelos mísseis é completada com o fato deles estarem dispostos verticalmente e de haver, no fundo, um amontoado de árvores, também linhas verticais.
Fotografia de misseis em frente a uma floresta.
Cornell Capa – The 69th Tactical Missile Squadron (O 69º Esquadrão Tático de Mísseis), Near Hahn, Alemanha Ocidental.
As linhas mais inusuais são as linhas diagonais e é exatamente isso que elas transmitem: inovação, modernidade e dinamismo. Já falamos aqui no blog sobre uso das diagonais e como elas podem evitar que sua fotografia fique monótona e dar destaque a objetos descentralizados.
A fotografia abaixo, por exemplo, poderia ser entediante caso a linha que corta o casal fosse vertical ou se não houvesse linha, mas a presença da linha diagonal produz uma quebra de expectativas e dinamiza a imagem.
Fotografia da rainha Elizabete e do príncipe Charles. Elizabeth e Charles estão de costas, sentados em cadeiras distantes e olhando um para o outro. Entre eles é possível ver a faixa da rua a frente deles.
Cornell Capa – Queen Elizabeth and Prince Phillip during the Queen’s visit to the United States (Rainha Elizabeth e Príncipe Phillip durante a visita da rainha aos Estados Unidos), cidade de Nova Iorque, EUA, 1957.
As linhas diagonais também são importantes para criar a sensação de profundidade que constitui um elemento de composição muito importante, o ponto de fuga.
Se as linhas guiam o olhar do leitor pela imagem, é necessário lembrar que na nossa cultura lemos da esquerda para direita, de cima para baixo. Leve este fato em consideração ao dispor os objetos em uma composição com linhas. Como na fotografia abaixo, em que vemos primeiro os pés da esquerda e em seguida os acompanhamos ao centro até o fundo da fotografia. Isto cria um ritmo que é quebrado apenas pelo garoto, que nos devolve o olhar. Se esta foto tivesse sido feita com os pés começando pela direita e indo em direção ao centro, não teria o mesmo efeito rítmico.

Fotografia de uma rua comprida, na calçada pode-se ver uma fileira de pés.
Cornell Capa – The Funeral of William “Bojangles” Robinson (O funeral de William Bojangles Robinson), Nove Iorque, 1948.
Para mais dicas, acesse a postagem sobre linhas. Lá falamos por exemplo da combinação de direção das linhas e orientação da fotografia.
Agora que você sabe o significado de cada tipo de linha, faça duas fotografias para cada uma. Tire a primeira fotografia focando apenas nas linhas verticais, já a segunda tente combinar com a mensagem que ela passa. Depois, repita o processo utilizando linhas horizontais e, por último, linhas diagonais. Veja a diferença entre as fotos e compartilhe as suas observações no nosso instagram.

Referências

  • EXCELL, Laurie. Composição, de simples fotos a grandes imagens. Rio de Janeiro: Alta books, 2012.
  • Lightroom

Quadros dentro de quadros

Utilizar elementos da paisagem como molduras interiores pode criar composições mais interessantes. Para entender melhor, confira o post!

A técnica do quadro dentro do quadro é uma forma muito simples de tornar suas fotos visualmente mais atraentes. Consiste em enquadrar o objeto da foto dentro de uma moldura, usando um elemento da paisagem como uma janela ou uma porta.
Através de uma janela, se vê uma mulher em um ambiente que parece um bar ou restaurante.
Jasper Tejano
Descrição: uma mulher é vista através de uma janela em um ambiente que se parece com um restaurante.

Mesmo sendo uma ideia muito simples, ela acrescenta muito à composição, permitindo brincar com o formato da foto, normalmente quadrado ou retangular, como por exemplo usando um buraco na parede como moldura. O quadro dentro do quadro também adiciona camadas à fotografia, criando mais profundidade. Outra vantagem é que a moldura guia o olhar de quem visualiza ao objeto da foto, mesmo que este não esteja centralizado.
Jasper Tejano é um fotógrafo de rua e suas fotos já foram expostas em diversos lugares pelo mundo, segundo seu próprio site, de Kuala Lumpur até Paris. Seu perfil no instagram é citado em diversas listas do Brasil, EUA, entre outros, como um dos melhores perfis de fotógrafos para seguir na rede social. Através de suas lentes, ele registra diversas cenas do cotidiano, e uma das técnicas que aparecem com frequência em seus registros são as molduras interiores.
Três homens aparecem destacados contra a luz do farol de um carro que parece entrar em um galpão ou garagem.
Jasper Tejano
Descrição: três silhuetas de pessoas são vistas no que se parece um túnel ou uma garagem, com uma luz forte dos faróis de um carro atrás deles iluminando o local escuro.
Na foto acima, por exemplo, as pessoas estão enquadradas dentro da abertura do que parece um galpão ou garagem, criando senso de profundidade, e, juntamente com a contraluz, um senso de intriga, o que torna a foto visualmente chamativa.
A técnica de quadro dentro de quadro é extremamente simples, porém agrega em muitos sentidos à fotografia, exigindo apenas um olhar mais apurado ao ambiente.
Observe o ambiente e utilize os elementos simples ao seu redor. Fotografe através de portas e janelas, e compartilha sua experiência com a gente nos comentários!

Links, Referências e Créditos
  • O novo manual da fotografia de John Hedgecoe

Pôr do sol

Pôr do sol é um tipo de fotografia clássica. Porém, um cenário perfeito pode virar uma imagem escura ou muito clara. Saiba um pouco mais sobre esse tipo de fotografia aqui!

Quantas vezes estamos passando pelo nosso feed nas redes sociais e nos deparamos com uma fotografia de nascer ou pôr do sol? Fazer uma foto dessa não é tão fácil quanto imaginamos. Por muitas vezes, ao disparar a câmera e ver o resultado, nos decepcionamos com a imagem captada pela lente.

Mateus França, 2020.

Essas fotos são feitas geralmente em lugares onde consegue-se ver o sol se pôr inteiramente, e também, onde possa haver oportunidades de tirar fotografias que incluam elementos para composição, pois ajuda a dar destaque ao objeto fotografado.

Apesar da iluminação disponível para fazer esse tipo de foto não ser muito intensa, porque o sol ainda não nasceu ou já se pôs, muitos fotógrafos optam por manter o ISO em valores baixos para melhor captarem a variedade de cores que tomam conta do céu. Essa configuração somada a pequena abertura do diafragma, utilizada para manter grandes áreas em foco, exige que eles façam longas exposições e consequentemente posicionem suas câmeras em superfícies estáveis para evitar que as fotografias saiam tremidas. Disso, decorre o efeito borrado que costumamos ver nas nuvens que aparecem nessas fotos.

Mateus França é um fotógrafo ouro-pretano que, apesar da pouca idade, vem fazendo grandes trabalhos de fotografia, captando imagens e momentos únicos com o seu jovem olhar.

Mateus França, 2020.

Podemos observar na fotografia a utilização das técnicas descritas acima. Houve movimentação das nuvens durante a exposição, sugerindo que ela foi longa. No entanto, a foto não está tremida,  podendo supor que a câmera estava apoiada em uma superfície estável. O ISO se manifesta de maneira bem sutil, no baixo contraste das cores, expressado no degradê de laranjas e azuis, ou seja, pela transição suave de cores. A regra dos terços aparece com no posicionamento da linha do horizonte e, neste caso, a área ocupada pela silhueta. Conseguiu capturar o pôr do sol do outono de Ouro Preto, com suas cores douradas que inundam o céu todo fim de tarde.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

#fotografetododia Agora é com você! Faça sua fotografia de pôr do sol, compartilhe no Instagram utilizando a nossa hashtag e marque nosso perfil !!! 

Links, referências e créditos:

https://www.zoom.com.br/camera-digital/deumzoom/5-dicas-de-como-fotografar-paisagens
https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2011/09/como-fotografar-o-por-do-sol.html
https://fotodicasbrasil.com.br/14-dicas-para-fotografar-um-por-do-sol-impressionante/

Pôr do sol é um tipo de fotografia clássica. Porém, um cenário perfeito pode virar uma imagem escura ou muito clara. Saiba um pouco mais sobre esse tipo de fotografia aqui!

Usando a potência do flash

Usar um flash externo pode parecer algo complicado e desafiador, mas desde que haja familiaridade com as suas funções e um olhar atento para as situações em que será utilizado pode-se obter resultados muito bons.

Na continuação da série sobre o flash, vamos entender sobre a potência e sua influência na iluminação das trabalhos fotográficos.

Usar um flash externo pode parecer algo complicado e desafiador, mas desde que haja familiaridade com as suas funções e um olhar atento para as situações em que será utilizado pode-se obter resultados muito bons. Na continuação da série sobre o flash, vamos nos concentrar em uma dessas configurações: a potência.

Usar um flash externo pode parecer algo complicado e desafiador, mas desde que haja familiaridade com as suas funções e um olhar atento para as situações em que será utilizado pode-se obter resultados muito bons. Na continuação da série sobre o flash, vamos nos concentrar em uma dessas configurações: a potência.

Um homem negro é visto no primeiro plano olhando diretamente para  a câmera. Está iluminado por um flash do lado esquerdo da imagem. Aparece trajando uma blusa branca e pulseiras no braço direito. Ao redor do pescoço há um tecido verde  esvoaçando-se  ao lado direito do corpo do homem e cobrindo o ombro esquerdo. O fundo é escuro, tornado difícil a visão da pessoa e do veículo ao fundo.
Bárbara Wagner. Sem título I (da série Jogo de Classe), 2013

A potência do flash é indicada por uma numeração conhecida como “número-guia” que indica a distância máxima que a luz produzida por aquele flash irá alcançar. Devemos ter em mente que o que irá determinar diversas características da foto, inclusive o quão longe essa luz irá alcançar, não dependerá apenas do flash e sua potência, mas dos demais fatores que deverão ser pensados e ajustados. A abertura do diafragma da lente da câmera e a velocidade do disparo do flash são extremamente importantes para isso, como mostram os exemplos mostrados neste artigo.

É importante lembrar que, quando usado no modo automático, a velocidade do disparo do flash será suficiente para iluminar apenas o primeiro plano da foto e não o fundo. Dificilmente um flash, por maior que seja a sua potência e por mais que se façam demais ajustes consegue iluminar objetos a grandes distâncias. Na tentativa de fazer isso no modo manual, o que pode acabar acontecendo é uma superexposição do primeiro plano, aparecendo como costumamos dizer, “estourado”.

Para obter um resultado em que ambos os planos apareçam de forma harmoniosa, é necessário usar os controles do diafragma para que haja uma maior captação de luz pela lente da câmera, já que assim será garantida a iluminação dos planos posteriores pela luz ambiente. Além disso, a velocidade do disparo do flash também influencia na captação da luz, sendo importante ajustá-la para conciliar essa captação de luz ambiente com a luz do flash.

Caso contrário, o primeiro plano aparecerá totalmente iluminado e até mesmo superexposto e o segundo plano, excessivamente escuro, quando não totalmente anulado. Isso acontece porque o tempo de disparo irá definir até onde a luz irá alcançar, de forma que com um flash muito rápido (como 1/40.000 segundos) apenas o primeiro plano será iluminado, enquanto, tendo em mãos um flash com grande potência e um tempo de disparo mais longo (como 1/1.000 segundos), os demais planos poderão também ser iluminados.

A imagem que abre esse #fotografetododia, assim como as demais apresentadas abaixo, são de autoria de Bárbara Wagner, fotógrafa brasileira original de Brasília que vive e trabalha em Recife e tem uma obra voltada principalmente à cultura popular e tradicional, participou de diversos projetos e bienais ao redor do mundo, tendo inclusive obras no acervo permanente dos museus MASP e MAM em São Paulo.

Analisando a primeira imagem, aparentemente tirada no período noturno, percebemos que a luz é dura e lateral, o que indica que um flash externo foi usado, localizado ao lado esquerdo da imagem. Sabemos que a combinação de flash com alta potência e diafragma aberto resulta em uma iluminação de grande alcance, o que não é o caso da foto em questão em que temos um primeiro plano bastante destacado do segundo.

Apesar de não ter como saber ao certo o quão potente é o flash utilizado, podemos observar que sombras duras são projetadas do lado oposto ao que é iluminado, cobrindo metade do rosto do modelo enquanto o segundo plano aparece muito escuro (subexposto) a ponto de não revelar quase nada dos demais elementos – uma pessoa parada, sem que seja possível identificar identidade ou gênero, e um veículo. Essas características podem indicar um tempo de disparo do flash mais rápido, iluminado com grande incidência apenas o primeiro plano.

É interessante notar também que os riscos luminosos ao canto inferior direito na imagem indicam que houve uma longa exposição do registro da lente, logo, o modelo foi congelado na foto pelo flash em velocidade de disparo alta. Nada disso, no entanto, indica falha ou má escolha por parte da fotógrafa, uma vez que tais características trazem dramaticidade ao registro, sendo este justamente o objetivo do ensaio chamado “Jogo de Classe”, que busca uma teatralidade de cena, representando visualmente as classes sociais a que os fotografados pertencem.

Nas imagens a seguir, temos mais uma fotografia para análise. Desta vez a imagem é fruto do projeto Offside Brazil em que fotógrafos estrangeiros e brasileiros buscaram registrar as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, realizada no país, revelando os entornos do evento marcado por manifestações e desigualdades sociais e assim, fazendo uma cobertura paralela às atenções voltadas aos jogos.

Uma mulher negra de pele clara é vista em pé com um bebê ao colo, olhando diretamente para a câmera com uma expressão séria. Ambos estão iluminados por flash direto. A mulher está descalça e traja shorts, uma camiseta laranja e uma touca rosa na cabeça. Segura o bebê enrolado em uma manta com o braço esquerdo e um guarda-sol com o braço direito. O chão é de terra; há um cão preto parcialmente ao lado esquerdo da imagem e  há vegetação e cabos de energia elétrica ao fundo.
Bárbara Wagner. Quilombo Castainho, Brasil. Offside Brazil, 2014

Enquanto a primeira imagem mostrada, do ensaio “Jogo de Classe”, traz um flash iluminando o personagem de forma intensa e com um segundo plano praticamente nulo, a segunda apresenta um uso muito mais sutil. Tirada no Quilombo Castainho, visivelmente durante o dia e a céu aberto, o uso do flash dá destaque à mãe e à criança fotografada, sendo perceptível o seu uso pelas sombras que se projetam de forma dura/marcada no corpo da mulher, diferente das sombras muito mais suaves/difusas a seus pés, provenientes da luz natural. Aqui, talvez coubesse o uso de um flash com potência menor ou um tempo de disparo da luz reduzido para suavizar a formação das sombras, mas não podemos deixar de levar em consideração a potência discursiva das escolhas, que tem muito a ver com revelar uma realidade que muitos não veem ou não conhecem.

Assim, chegamos ao fim de mais um #fotografetododia , segundo da série sobre flash, aprendendo mais sobre a potência e seus usos. É importante lembrar que quanto mais potente for o flash, maior a área que poderá ser iluminada, mas também, mais marcadas serão as sombras e maior será a diferença entre os planos. Daí a importância de equilibrar não apenas as configurações da velocidade de disparo do flash, mas também as da câmera, como a abertura do diafragma, a velocidade do obturador e o ISO, a fim de controlar até onde esta luz irá incidir e quanto da luz ambiente será registrada pela lente nos planos secundários.

Está gostando da série de #fotografetododia sobre flash? Não deixe de compartilhar com todo mundo que gosta de fotografia! Ah! E se tiver alguma dúvida ou dica, mande lá no nosso grupo de discussão no Facebook! Até semana que vem!

Dificuldade 4: Você vai precisar de uma boa câmera e alguns conhecimentos.

Referências:

HEDGECOE, John. O Novo Manual de Fotografia. 2ª ed. São paulo: Editora Senac, 2005. p. 168-169.

CUNHA, Juliana. Bárbara Wagner entre Deus e Estelita: dois ensaios para o OFFSIDE BRAZIL. Revista ZUM. Disponível em<https://revistazum.com.br/offsidebrazil/barbara-wagner/> Acesso em 28 de abr. de 2020

Links:

Site de Bárbara Wagner
Tumblr do Projeto Offside Brazil

Na continuação da série sobre o flash, vamos entender sobre a potência e sua influência nos resultados na iluminação das trabalhos fotográficos.

Reflexos

Usar reflexos nas fotos é uma técnica relativamente simples e traz resultados surpreendentes.

O uso de superfícies reflexivas  pode ser muito útil na hora de compor a fotografia, elas permitem enquadrar pessoas e locais de maneiras diferentes, além de serem muito usadas na criação de fotografias abstratas criando padrões geométricos ou deformando objetos fotografados.

Pescador Pirarucu
Araquém Alcântara, Pescador Pirarucu

Uma das maneiras mais comuns de fazer fotografias com reflexo é usando um espelho plano, já que ele reflete nitidamente a luz, e isso é bom para compor fotos com objetos iguais em duas posições diferentes do enquadramento que conversam entre si. É possível usar espelhos de várias outras maneiras, espelhos quebrados por exemplo podem dar composições interessantes.

A água também é muito utilizada para esse tipo de fotografia. Sair de casa para fotografar depois de chuvas, quando existem muitas poças d’água espalhadas, pode proporcionar fotos inovadoras dos mesmos locais que você já viu várias vezes. Lembrando que a água não precisa estar parada ou ser límpida, a ondulação da água e sua turbidez pode funcionar muito bem para criar fotografias abstratas por exemplo.

Existem incontáveis outra superfícies reflexivas. Quando você sair para fotografar busque ter um olhar atento a elas, carros por exemplo proporcionam várias superfícies diferentes que podem resultar em uma boa foto, espelhos retrovisores, rodas e parachoques cromados, vidros escuros e até mesmo a própria pintura, que na maioria dos carros é brilhante e reflete bem a luz, além de que os diferente formatos dos carros produzem várias deformações diferentes nas imagens.

A técnica do reflexo aparece muito nas obras de Araquém Alcântara, fotógrafo Brasileiro conhecido por ser um dos precursores da fotografia ecológica no Brasil.  Um de seus principais trabalhos foi seu ensaio sobre os ecossistemas e as unidades de conservação brasileira, que ele demorou 22 anos para concluir. Em abril de 2019 ele em conjunto com o fotógrafo Sebastião Salgado produziu uma exposição sobre o pantanal, um ecossistema repleto de corpos d’água que permitiram fotos incríveis com o uso dos reflexos.

Serra do Amolar
Araquém Alcântara; Serra do Amolar

Essa é uma das fotos desta exposição. Ela foi tirada na serra do Amolar, e é um bom exemplo de fotografia com reflexo. A linha que divide a imagem real e a refletida é bem nítida colocada na foto de maneira horizontal e respeitando a regra dos terços. Mesmo que o reflexo seja turvo, o resultado cria várias formas diferentes o que fica visualmente interessante e complementa muito a composição.

Agora é sua vez! Pegue a câmera ou o celular e saia procurando ver os mesmos lugares de perspectivas diferentes! E não se esqueça de mostrar os resultados no nosso grupo do Facebook!

Uso de fotos em preto e branco

Neste post você saberá um pouco mais sobre o uso da foto em preto e branco, técnica antiga mas amplamente utilizada no mercado fotográfico moderno. 
Foto em preto e branco. A foto mostra um homem de costas, não se vê a cabeça. O enquadramento está até a cintura. O homem apoia dois peixes em suas costas.
Homem com dois peixes nas costas, 1992

De placas de prata a sensores eletrônicos, passando pelos filmes, a tecnologia fotográfica, ao longo de sua história, desenvolveu-se continuamente. E hoje, podemos apontar questões, como: Qual é a diferença entre uma fotografia colorida e outra preto-e-branco? Bom, aparentemente a pergunta é simples, no entanto demanda uma resposta um pouco completa e neste texto, trataremos sobre a escolha do gênero fotográfico preto-e-branco. 

Sabemos que a fotografia é o registro do momento, feito por um suporte físico, onde uma única cena, permite obter diferentes “retratos” se evidenciarmos bem as gradações de cores ou os contrastes de preto e branco. De certo, na fotografia, cor e luz desempenham funções diversificadas. Enquanto a cor se manifesta por matizes complementares e distintas. A luz evidencia padrões opostos: escuridão e claridade. A foto em preto-e-branco, cria um efeito de estranhamento que direciona o imaginário para a essência do real. Em contrapartida, as imagens coloridas reproduzem a aparência em sua forma mais precisa, como um retrato objetivo e neutro da realidade. 

No ensaio “Filosofia da caixa preta”, o filósofo Vilém Flusser, escreve, sobre o assunto supracitado, e para ele, o preto-e-branco opera em uma imagem como uma abstração do mundo, e assim, ele aponta: “As fotografias preto e branco são a magia do pensamento teórico, conceitual, e é precisamente nisso que reside seu fascínio. Revelam a beleza do pensamento conceitual abstrato. Muitos fotógrafos preferem fotografar em preto e branco porque tais fotografias mostram o verdadeiro significado dos símbolos fotográficos: o universo dos conceitos”.

As composições em preto e branco possibilitam não só uma qualidade estética, mas também permite uma ampliação dos sentidos, caracterizando-as também como atemporal e contrastantes. Uma vez que elas salientam a estrutura formal da cena, orientada pela lógica dos opostos, ao passo que, as fotos com cor, destacam a matéria do objeto, obtendo características de algo mais concreto. 

No que diz respeito à composição, fotos em tons cinzas, viabiliza que o fotógrafo se concentre, no abstrato: na  forma, textura, e padrão, realçando assim qualidades que, em geral, se perdem com a fotografia colorida. Ao escolher  utilizar o preto-e-branco será importante voltar sua atenção a iluminação, pois o balanceamento de contrastes, tons claros e escuros, permitirá  enfatizar tais aspectos. De modo geral, uma dica importante para composição preto e branco é criar sombras, seja frontais ou laterais no objeto, assim reforçará as abstrações pretendidas, dando vida a imagem. 

A escolha pela fotografia em tom cinza deve ser pautada pelo objetivo que você deseja alcançar com a imagem. O artista visual, Mario Cravo Neto (Salvador BA 1947 – 2009), cuja obra transitou pelo imaginário religioso e místico, foi adepto ao uso da fotografia em preto-e-branco. Ele expressa sua sensibilidade ao utilizar jogos de luz e sombra, que trazem uma sensação tátil, nas composições. Em muitas de suas obras, ele recorreu ao recurso de baixa luz, a enquadramentos fechados e explorou diferentes texturas com um foco crítico, dando ênfase ao volume.

Criança negra, segura um ganço branco pelo bico. O posicionamento está apenas na cabeça do menino, O olho da ave posicionasse na  frente dao olho da criança.
Odé, 1989


Na composição “Odé” de 1989, Cravo Neto, enfoca em um enquadramento fechado a imagem de uma menino segurando uma ave pelo bico, repare o realce dado a ela pelo jogo de luz. O foco da imagem se dá na associação do fragmento do corpo do menino (olho) com o posicionamento do olhar da ave. A fotografia além de evocar aspectos ritualísticos, causa uma certa sensação de estranhamento, dada pela relação inesperada de oposição entre o corpo e o animal.

E aí, como você utiliza o formato  preto e branco em suas fotos? Conte-nos a suas experiências, deixe seus comentários. E faça o exercício de escolher um ambiente com luzes fortes e sombras para fazer fotos incríveis.


Referências

_____, John. O novo manual de fotografia: guia completo para todos os formatos. Assef Nagib Kfouri et al. (trad). São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2005. 
FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro, RJ: Relume Dumará, 2002.
MARIO Cravo Neto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa2620/mario-cravo-neto>. Acesso em: 21 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7




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