Linhas retas e linhas curvas

As linhas são componentes visuais muito importantes e devem ser usadas de modos diferentes se forem, por exemplo, linhas retas ou  linhas curvas.
Fotografia de um estrada curva vista de cima. as luzes da cidade estão borradas.

As linhas são componentes visuais muito importantes e devem ser usadas de modos diferentes se forem, por exemplo, linhas retas ou  linhas curvas.
Fotografia um rio curvo, cercado por estrada dos dois lados. Há muitos carros nas estradas e os faróis estão embaçados.
Claudio Edinger – Machina Mundi SP Plate 03
Descrição: Fotografia um rio curvo, cercado por estrada dos dois lados. Há muitos carros nas estradas e os faróis estão embaçados.
Aqui no blog já falamos diversas vezes sobre linhas e sua importância e você pode ler aqui (link) e aqui (link). Como tudo o que tem contorno tem linha, é quase impossível fugir delas na composição da fotografia. O ideal é, portanto, utilizar os significados que as diferentes linhas possuem para ajudar a compor a mensagem da fotografia.
As linhas retas, por exemplo, transmitem no âmbito emocional o que elas são fisicamente, ou seja, rigidez, solidez e firmeza. Observe a fotografia abaixo, a ponte, composta por linhas retas, quebra a expectativa do rio como um elemento símbolo de calma, dando um pouco de austeridade à imagem.
Fotografia da ponte Rio-Niterói.
Claudio Edinger – Machina Mundi Rio Plate 06
Descrição: Fotografia da ponte Rio-Niterói.
A fotografia é de Claudio Edinger, carioca que já trabalhou paras as revistas Time, Newsweek, Life, Rolling Stone e Vanity Fair e publicou dezessete livros. Suas fotos são feitas com uma câmera de grande formato e utilizam foco seletivo. As fotografia escolhidas misturam elementos urbanos com paisagens naturais, mostrando como o ambiente pode nos proporcionar as linhas que comporão a fotografia.
No caso das linhas curvas, que são tranquilas e maleáveis, pense, por exemplo, em elementos da natureza que transmitem calma como montanhas, ondas ou nuvens e como eles possuem linhas curvas. Observe, na fotografia abaixo, como os elementos sozinhos podem compor as linhas na fotografia:
Fotografia de uma ponte curva em uma cadeia de montanhas.
Claudio Edinger – Machina Mundi SP Plate 05
Descrição: Fotografia de uma ponte curva em uma cadeia de montanhas.
Com tudo o que foi explicado sobre linhas, é possível fazer incríveis combinações. Por exemplo, utilizar a orientação vertical para dar ênfase às linhas verticais e a orientação horizontal para enfatizar linhas horizontais. Também é possível utilizar linhas verticais e retas para levar a sensação de poder e solidez ao máximo e linhas curvas e horizontais para que aconteça o mesmo em uma foto em que se deseja transmitir tranquilidade.
A fotografia abaixo mistura essas noções para equilibrar as sensações. As grades, que por si só são símbolos de dureza e cuja a orientação vertical a ressalta, aparentam serem curvas abrandando a mensagem de rispidez para tristeza.
Fotografia em preto e branco de um homem segurando barras de grades de proteção. No pátio atrás dele há várias pessoas, algumas sem roupas.
Claudio Edinger – Madness Plate 09, 1989
Descrição: Fotografia em preto e branco de um homem segurando barras de grades de proteção. No pátio atrás dele há várias pessoas, algumas sem roupas.
A fotografia faz parte do ensaio Madness, ou seja, “Loucura”, que retrata a vida no hospital psiquiátrico de Juqueri em São Paulo, onde 3.500 pessoas estavam internadas, sendo o maior hospital psiquiátrico no Brasil. Como é possível perceber pela fotografia, as condições no hospital eram precárias e, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo, houve cerca de 50 mil mortes no hospital durante todo o seu funcionamento. Em 2019, ainda haviam 57 pacientes internados, todos idosos, alguns morando lá há 70 anos. Esta fotografia, portanto, é um documento de uma era da psiquiatria brasileira em que internação e tratamento não eram sinônimos.
Combine todas as noções sobre linhas já ensinadas no blog propositalmente para produzir a mensagem de sua fotografia. É importante que a mensagem e a composição sejam bem pensadas, para isso, utilize um caderno e anote as suas opções. Depois compartilhe suas fotos e suas anotações no nosso grupo de facebook.

Referências

  • EXCELL, Laurie. Composição, de simples fotos a grandes imagens. Rio de Janeiro: Alta books, 2012.
  • Lightroom
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Linhas

Linha é a trajetória de um ponto no espaço ou o espaço que liga dois pontos. É um elemento visual que transmite movimento e guia o olhar do leitor.


Linha é a trajetória de um ponto no espaço ou o espaço que liga dois pontos. É um elemento visual que transmite movimento e guia o olhar do leitor.
Fotografia em preto e branco tirada do sexto andar em que se pode visualizar as escadas rolantes de todos os andares abaixo. Cada andar possui um par de escadas, cada uma de um lado, exceto pelo térreo em que as escadas ficam juntas no centro do local.
Cristiano Mascaro – São Paulo, a cidade – Escadas Rolantes


Na fotografia, as linhas se apresentam como o contorno das formas; uma divisão entre duas partes da fotografia (como a linha do horizonte); ou a linha imaginária representada pelo caminho entre dois ou mais elementos da foto. As linhas podem ser retas ou curvas; verticais, horizontais ou diagonais. Na fotografia do Cristiano Mascaro, abaixo, as prateleiras, os livros, o chão, o corrimão e o teto são exemplos da utilização das linhas na fotografia. Neste caso, as linhas verticais, o contorno dos livros, transmitem a fartura das estantes e as linhas diagonais, prateleiras e corrimão, levam o olhar do leitor à estante do fundo.

Fotografia em preto e branco de uma biblioteca. Há uma estante de cada lado, elas ficam de frente uma para outra e ambas estão cheias de livros. O chão e o teto possuem um trilho e no meio da cena há dois corrimões. As estantes e os corrimões formam linhas que apontam para o fundo da biblioteca, espaço cuja a perspectiva faz parecer menor.
Cristiano Mascaro – São Paulo, a cidade – A Biblioteca da Faculdade de Direito
De modo geral, as linhas são um direcionamento dentro da fotografia que enfatizam a profundidade e tamanho do objeto fotografado e provocam a sensação de divisão entre os elementos. Alguns elementos da paisagem possuem linhas naturais que ajudam a compor a imagem, como construções arquitetônicas e seus componentes, além de estradas, montanhas, a linha do horizonte, etc. Escadas são um exemplo de elemento cotidiano formado por diversas linhas. Tente fotografá-las de forma que o caminho dos degraus seja também o caminho dos olhos do leitor, como na fotografia a seguir, em que nossos olhos perfazem a espiral.
Fotografia em preto e branco de uma escada em espiral que desce por uma parede arredonda com painéis retangulares.
Cristiano Mascaro – São Paulo, a cidade – Escada do Edifício Esther

A linha, como recurso, também pode ser utilizada para criar divisão na cena. Deixar um espaço no meio da cena, entre duas pessoas ou dois objetos, cria uma linha imaginária, o que pode ser um artifício para estabelecer uma divisória, indicando, por exemplo, divergência entre esses dois elementos.

Para acentuar a direção das linhas e obter todo o potencial de composição delas, combine a orientação da fotografia e a direção das linhas. Utilize a orientação horizontal para enfatizar linhas horizontais e a orientação vertical para realçar as linhas verticais. No caso de elementos verticais, como prédios, a orientação vertical também faz com que pareçam maiores.

Fotografia em preto e branco e uma parte do Edifício Copan. A proximidade das linhas curvas do monumento faz a imagem parecer uma obra de artes abstrata.
Cristiano Mascaro – São Paulo, a cidade – Detalhe do Copan

Para construir uma boa composição de linhas, você pode se inspirar nas fotografias de Cristiano Mascaro, o fotógrafo que ilustra este post. Cristiano é um fotógrafo paulista. Ele foi repórter fotográfico na Revista Veja em 1960, mas atualmente se considera fotógrafo independente e se dedica a projetos pessoais. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela USP, as construções citadinas são o principal tema das obras de Cristiano, exaltando as paisagens urbanas. E, como podemos notar, ele sabe muito bem enfatizar as linhas das construções de São Paulo para compor suas fotografias. Para saber mais sobre Cristiano, acesse o seu site.

Bora treinar! Utilize as linhas da paisagem ao seu redor para fazer fotografias que enfatizem a profundidade dos objetos ou acentuem as suas proporções. Depois, utilize as mesmas linhas para fazer fotografias que guiem o olhar do leitor.



Referências

  • Blog Emania
  • ELLEN, Lupton; PHILLIPS, Jennifer Cole. Novos Fundamentos do Design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
  • EXCELL, Laurie. Composição, de simples fotos a grandes imagens. Rio de Janeiro: Alta books, 2012.


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Linhas horizontais, verticais e diagonais

As linhas são capazes de produzir sentido dentro da fotografia ao guiar o olhar do leitor. A direção das linhas, entretanto, pode fortalecer ou suavizar a imagem.

As linhas são capazes de produzir sentido dentro da fotografia ao guiar o olhar do leitor. A direção das linhas, entretanto, pode fortalecer ou suavizar a imagem.

Fotografia de um homem sentado na grade de um píer, de costas, olhando um lago com patos.
Cornell Capa – Alec Guiness studying his lines (Alec Guiness estudando suas linhas), Londres, Inglaterra, 1952.
Tendemos a associar linhas horizontais com o ato de estar deitado e linhas verticais com o ato de estar em pé. Por isso, linhas horizontais remetem a calma, tranquilidade e descanso. É o caso, por exemplo, da linha do horizonte.
As linhas horizontais são indicadas para dar ênfase às paisagens naturais como na fotografia acima, de Cornell Capa. Nascido em uma família judaica em Budapeste, Cornell Capa iniciou sua carreira em 1937 na Agência Pix Photo, passando a trabalhar depois na câmara escura da revista Life. Se tornou fotógrafo da Life em 1946. Capa considerava que já havia muitos fotógrafos de guerra em sua família, como o famoso fotógrafo Robert Capa, então se dedicou a fotografar a paz.
Na fotografia, o homem contemplando o mar aparenta estar relaxado. A paisagem ajuda a transmitir a sensação, mas as linhas horizontais na grade do píer, nas montanhas, nas nuvens e da própria linha do horizonte levam essa impressão ao máximo.
As linhas verticais transmitem o oposto das linhas horizontais: força, poder e grandiosidade. Na imagem abaixo, a mensagem de guerra e potência passada pelos mísseis é completada com o fato deles estarem dispostos verticalmente e de haver, no fundo, um amontoado de árvores, também linhas verticais.
Fotografia de misseis em frente a uma floresta.
Cornell Capa – The 69th Tactical Missile Squadron (O 69º Esquadrão Tático de Mísseis), Near Hahn, Alemanha Ocidental.
As linhas mais inusuais são as linhas diagonais e é exatamente isso que elas transmitem: inovação, modernidade e dinamismo. Já falamos aqui no blog sobre uso das diagonais e como elas podem evitar que sua fotografia fique monótona e dar destaque a objetos descentralizados.
A fotografia abaixo, por exemplo, poderia ser entediante caso a linha que corta o casal fosse vertical ou se não houvesse linha, mas a presença da linha diagonal produz uma quebra de expectativas e dinamiza a imagem.
Fotografia da rainha Elizabete e do príncipe Charles. Elizabeth e Charles estão de costas, sentados em cadeiras distantes e olhando um para o outro. Entre eles é possível ver a faixa da rua a frente deles.
Cornell Capa – Queen Elizabeth and Prince Phillip during the Queen’s visit to the United States (Rainha Elizabeth e Príncipe Phillip durante a visita da rainha aos Estados Unidos), cidade de Nova Iorque, EUA, 1957.
As linhas diagonais também são importantes para criar a sensação de profundidade que constitui um elemento de composição muito importante, o ponto de fuga.
Se as linhas guiam o olhar do leitor pela imagem, é necessário lembrar que na nossa cultura lemos da esquerda para direita, de cima para baixo. Leve este fato em consideração ao dispor os objetos em uma composição com linhas. Como na fotografia abaixo, em que vemos primeiro os pés da esquerda e em seguida os acompanhamos ao centro até o fundo da fotografia. Isto cria um ritmo que é quebrado apenas pelo garoto, que nos devolve o olhar. Se esta foto tivesse sido feita com os pés começando pela direita e indo em direção ao centro, não teria o mesmo efeito rítmico.

Fotografia de uma rua comprida, na calçada pode-se ver uma fileira de pés.
Cornell Capa – The Funeral of William “Bojangles” Robinson (O funeral de William Bojangles Robinson), Nove Iorque, 1948.
Para mais dicas, acesse a postagem sobre linhas. Lá falamos por exemplo da combinação de direção das linhas e orientação da fotografia.
Agora que você sabe o significado de cada tipo de linha, faça duas fotografias para cada uma. Tire a primeira fotografia focando apenas nas linhas verticais, já a segunda tente combinar com a mensagem que ela passa. Depois, repita o processo utilizando linhas horizontais e, por último, linhas diagonais. Veja a diferença entre as fotos e compartilhe as suas observações no nosso instagram.

Referências

  • EXCELL, Laurie. Composição, de simples fotos a grandes imagens. Rio de Janeiro: Alta books, 2012.
  • Lightroom
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Diagonais

O uso de linhas diagonais na fotografia pode ajudar a incrementar suas fotos, tornando-as visualmente mais chamativas. Para saber mais, confira o post! 

As linhas diagonais podem ser percebidas em diversos elementos paisagísticos como ruas, declives, árvores tombadas e até mesmo em poses de pessoas. Elas ajudam a criar uma sensação de movimento na foto, conduzindo o olhar do leitor de um canto a outro na fotografia, ajudando por exemplo a destacar um objeto que não está centralizado. 
Um carro posicionado na diagonal em uma rua com prédios, como se viesse para frente
Tatewaki Nio – Foto da série Neo-andina
Na foto acima por exemplo, as diagonais formadas pela rua reforçam a ilusão que o carro se movimenta do fundo da foto para frente e da direita para a esquerda. O fato das linhas irem se aproximando no horizonte cria profundidade e tridimensionalidade, necessárias para uma paisagem realista.
Tatewaki Nio é um fotógrafo japonês radicado em São Paulo, e a maior parte de seu trabalho envolve fotografias de paisagens urbanas com o uso de linhas diagonais de ruas e prédios. As fotos escolhidas para esse post são da série Neo-andina.
Vários carros e prédios posicionados em uma curva, em diferentes posições de forma a criar ilusão de movimento da curva.
Tatewaki Nio – Foto da série Neo-andina
Na fotografia acima, as linhas diagonais presentes nos carros, nas ruas e nos prédios, criam a sensação de movimento da curva, fazendo com que percebamos que os carros estão se movimentando do fundo para a frente da foto.
Observe as linhas de paisagens e poses, e as utilize a seu favor, para criar fotos interessantes, com movimento e profundidade de campo. Publique em nosso grupo no facebook.
Links, Referências e Créditos
Livro “O Novo Manual da Fotografia” de John Hedgecoe
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