Vida Selvagem

Fotografar a vida selvagem exige habilidades especiais e cuidados. Isso porque cada espécie é única. Aqui trazemos dicas para não errar nesse assunto!

Florestas, savanas, desertos… seja qual for a vegetação, existe uma grande variedade de animais que podem render fotos incríveis. No entanto, fotografar esse assunto exige habilidades especiais e alguns cuidados.
Um guepardo ao centro com dois filhotes. Cada um de um lado. O cenário ao redor é azulado, provavelmente pelo anoitecer
Jacomina & cubs | Marina Cano
A dificuldade enfrentada varia de acordo com hábitat e espécie. Uma mata fechada, por exemplo, permite que o fotógrafo se esconda e possa chegar mais perto do animal. Em contrapartida, num ambiente aberto, a aproximação fica comprometida, pela falta de “esconderijos”. Da mesma forma, conhecer o gênio da espécie – manso ou agressivo – é essencial para entender o perigo.
Paciência é outro requisito, uma vez que, nesse caso, a comunicação entre fotógrafo e fotografado é impossível. Ou seja, o animal vai agir da maneira dele, não da sua. Não há como trabalhar uma pose, como pode ocorrer com um animal adestrado. O ideal, então, é que o fotógrafo entenda o comportamento do bicho, a fim de antecipar seus movimentos e planejar o clique. Se não estiver preparado, pode perder sua única oportunidade.
Esse tipo de foto normalmente requer uma objetiva longa pois é realmente difícil se aproximar das espécies ou de seu grupo. O zoom torna-se um aliado nessas horas, como solução para suprir essa distância. Uma dica é utilizar lentes de 200mm para animais de grande porte ou mansos e até 600mm para animais pequenos ou perigosos. Hoje em dia, drones também são uma opção, uma vez que se aproxima pelo ar e deixa o fotógrafo fora de perigo. Mas cuidado, pois o barulho pode espantá-los. Se o assunto for insetos, as melhores opções são as lentes macro, que trazem uma riqueza de detalhes pouco visíveis a olho nu.
Marina Cano é uma fotógrafa espanhola, reconhecida por suas imagens de vida selvagem. Suas fotos já estamparam a capa da revista da National Geographic diversas vezes. Tem mais de 20 anos de experiência no assunto e é embaixadora da Canon.
Manada de elefantes na savana. Foto em preto e branco.
Sem título | Marina Cano
Na foto acima, vemos uma manada de elefantes. Um plano como este permite ao observador uma visão não só do animal em questão, mas também de seu hábitat. Trata-se de um campo aberto, com vegetação baixa e árvores de poucas folhas. É provavelmente a savana africana. A opção pelo preto e branco, juntamente com o céu nublado (muitas nuvens), traz uma ideia de melancolia à foto.
Que tal praticar? Zoológicos podem ser um ótimo lugar para começar! Não se esqueça de marcar a gente com a tag #fotografetododia!

Referências

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Panning

Um objeto nítido em meio a um cenário borrado causa um efeito de movimento, como podemos ver em carros de corrida. Essa técnica é chamada de panning.

O panning é um recurso muito utilizado para fotografia de esportes. Por meio dessa técnica, é possível congelar atletas, carros ou outros objetos em atividade e ao mesmo tempo sugerir a ação que estavam realizando. A ideia é que o assunto principal da foto fique nítido, enquanto o restante do cenário, borrado. Essa combinação causa um efeito de movimento, devido à justaposição de objetos contrastantes: um nítido e outro borrado.
Max Verstappen of Netherlands and Aston Martin Red Bull Racing drives his RB14 during the Austrian Formula 1 Grand Prix at Red Bull Raing on July 01, 2018 in Spielberg, Austria | Vladimir Rys
Para conseguir esse efeito, é necessário uma velocidade de obturador mais lenta que a normalmente aconselhável. Se for rápida, vai acabar congelando tudo e, portanto, o resultado não será o esperado. Vale ressaltar que a velocidade exata vai depender do assunto principal da imagem. Já falamos mais sobre o tema aqui.
Além da velocidade adequada, o panning exige uma tomada panorâmica. Em outras palavras, a câmera precisa se movimentar para seguir a ação, deslocando-se por um eixo imaginário, da mesma forma que se faz em uma fotografia panorâmica.
Já deu para notar que o panning exige treino e trata-se de uma situação de tentativa e erro. A captura nítida do objeto principal e o movimento suave da câmera precisam ser dominados para um bom resultado.
Vladimir Rys é um fotógrafo tcheco que já trabalhou para diversas revistas esportivas. Desde 2005, sua principal área de atuação é a Formula 1. Em seu vasto portfólio na categoria, podemos ver vários exemplos de panning.
Romain Grosjean of France and Haas F1 Team drives his VF18 during practice for the Chinese Formula 1 Grand Prix at Shanghai International Circuit on April 13, in Shanghai, China | Vladimir Rys
Na foto acima, vemos um veículo da Haas durante um treino para o GP da China de 2018. A técnica do panning foi muito bem feita. Vemos o carro com muita clareza e o fundo está totalmente borrado, sendo até impossível descrever o cenário. Dessa forma, a impressão que se tem é que o carro está em altíssima velocidade, como, de fato, está.
Que tal praticar? Pegue sua câmera, treine com carros na rua ou qualquer outra coisa em movimento! Compartilhe suas fotos com a gente, usando a tag #fotografetododia!

Referências

• HEDGECOE, John. O Novo Manual de Fotografia – O Guia Completo Para Todos Os Formatos. 4ª ed. São Paulo: Senac, 2013.
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Cores e círculo cromático

As cores tem o poder de despertar emoções de diversos tipos nas pessoas. Pode causar tristeza, alegria, alívio. O uso pensado de cores na fotografia é capaz de dar diferentes impressões a uma imagem.

As cores tem o poder de despertar emoções nas pessoas. Podem acalmar ou  até estimular. Cores fortes, por exemplo, atraem a atenção; o vermelho simboliza fogo e perigo; tons frios, como o azul, tem um efeito relaxante. O uso pensado de cores na fotografia é capaz de dar diferentes impressões a uma imagem.

Uma muro verde, com um outdoor em cima, fazendo propaganda ao novo Ford Torino, de 1974. Em frente ao muro, há um carro como o da propaganda, encostado na calçada, também num tom esverdeado.
Sem título, c. 1974 | William Eggleston
Os tons se complementam ou se chocam. A mistura deles não é uma questão de certo e errado, uma vez que a fotografia é uma forma de arte, mas é fato que algumas cores combinam melhor com outras. A título de exemplo, preto e branco são “cores” neutras, que podem combinar com diversas nuanças sem criar um choque cromático. 
São muitas combinações possíveis. Como saber? Por meio do círculo cromático. Ele é formado por 12 cores: 3 primárias, 3 secundárias e 6 terciárias. As primárias são o amarelo, o azul e o vermelho. As secundárias são o resultado da combinação das primárias, ou seja, verde, púrpura e laranja. As terciárias, por sua vez, são resultado da combinação entre as primárias e as secundárias. Vale ressaltar que cada raio compreende infinitas nuanças de uma mesma cor.
o círculo cromático com suas doze cores
Círculo cromático | Autor desconhecido
William Eggleston é um fotógrafo americano, natural de Memphis, Tennessee. Foi um dos pioneiros da fotografia de cores, considerado por muitos o “pai” desse gênero.
uma espécie de estabelecimento em construção na cor rosa, com as paredes internas em amarelo. Do lado de fora, o piso tem quadrados pintados em azul.
Sem título, c. 1983-86 | William Eggleston
Na foto acima, podemos ver que ele trabalha com a composição de cores. Com base na triangulação, ele combina azul, rosa e amarelo. São tons claros, que passam um sentimento relaxante para quem observa a imagem.
Que tal praticar? Pegue sua câmera, tente observar as cores do dia-a-dia com mais atenção e pratique! Compartilhe suas fotos com a gente, usando a tag #fotografetododia!

Referências

• HEDGECOE, John. O Novo Manual de Fotografia – o Guia Completo Para Todos Os Formatos. 4ª ed. São Paulo: Senac, 2013.
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Amnésia

Em Amnésia, o protagonista precisa desvendar o assassinato de sua esposa. Entretanto, na noite do crime, ele sofreu uma pancada na cabeça que afetou sua capacidade de guardar novas memórias. Sua câmera se torna então sua maior aliada.

Uma foto de Polaroid mostra o protagonista, o nome do filme e os atores. Dentro da foto, há outra personagem
Poster Oficial

Amnésia é um filme de suspense lançado em 2000. Nele, Leonard Shelby (Guy Pearce) está a procura do assassino de sua esposa. Na noite do crime, ele sofreu um golpe na cabeça que o torna incapaz de fazer novas memórias por mais de 15 minutos. Para resolver o caso, ele tatua informações cruciais em seu corpo, além de carregar uma câmera Polaroid 690 por onde vai. Suas fotos são uma forma rápida de entender sobre os lugares em que está ou as pessoas que o cercam.

O personagem principal no momento em que tira uma foto, utilizando um terno bege e camisa azul, em frente a plantas com flores vermelhas.
Captura de tela | Autor desconhecido

O filme foi lançado em 2000 e é daqueles que não dá para assistir apenas uma vez. Isso porque o diretor Christopher Nolan pensou numa narrativa diferente. A história é contada de trás para frente, o que nos coloca um pouco na pele do personagem principal: sabemos o que ocorre no presente, sem saber ainda o que levou ele àquele lugar ou àquela situação. Para ficar mais claro, o início de cada cena é o final da cena seguinte.
Apesar de já sabermos o final da história logo no início, o “spoiler” não tira a emoção do longa-metragem. Fiquei ansioso e angustiado, igual ao personagem, como se fosse eu quem precisasse solucionar o quebra-cabeça. A única ressalva que faço sobre o filme é bem pessoal. Acho que exige muita concentração do espectador.  Assisti-o duas vezes e, em ambas, fiquei confuso em certo momento pois, a cada cena, precisava rebobinar a história na minha cabeça.

O personagem principal veste um terno bege e camisa azul. Ele está segurando sua câmera em frente a um estacionamento cheio de veículos brancos.
Captura de tela | Autor desconhecido

É interessante observamos a importância das fotos para Leonard. Muito mais que simples imagens, elas são registros de sua memória e de sua vida. Imagino que seria muito mais difícil para ele se precisasse trabalhar apenas com anotações e sem o aspecto visual. Devido à sua condição, elas se tornaram suas melhores amigas.
Penso que fotos têm mesmo esse papel histórico, por gravarem para sempre um acontecimento, um lugar, uma pessoa, em um determinado momento. Não precisa ser necessariamente algo histórico e grandioso. Por meio delas, por exemplo, eu posso saber como era minha cidade 70 anos atrás. No futuro, meus netos poderão ver como eu era durante minha juventude. Eu posso me lembrar de um romance que vivi ou uma viagem que fiz. Tudo é eternizado a partir de um simples clique.

Referências

Site oficial de Amnésia
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Jimmy Nelson

Jimmy Nelson é um fotógrafo britânico, famoso por retratos de tribos e povos indígenas. Ele elaborou um projeto chamado “Before they pass away”, em que escolheu 35 povos ao redor do mundo para fotografar, entre os anos de 2010 e 2013.

Jimmy Nelson é um fotógrafo britânico, famoso por retratos de tribos e povos indígenas. Nasceu em Sevenoaks, sudeste da Inglaterra, em 1967. Ele sofreu de alopecia e perdeu todo seu cabelo ainda jovem, fato que o levou ao Tibet em 1986 para “viver entre os monges carecas”. Sua viagem gerou histórias e fotos que foram publicadas na revista da Royal Geographic Society.
Passou 6 anos fotografando tribos por hobby, até que, aos 24 anos, precisou ingressar na carreira comercial para “pagar as contas”. Em 1994, junto de sua esposa, produziu um projeto de retratos na China que durou 30 meses. As imagens desse trabalho foram exibidas no Palácio do Povo na Praça da Paz Celestial, em Pequim, e depois seguidas por uma turnê mundial.
Em 2010, Jimmy passou por um momento de reflexão. Com a fotografia digital se estabelecendo como uma norma, ele sentiu que sua carreira estava em perigo e decidiu arriscar e se especializar em algo que ele sabia: culturas em extinção e tribos. Então, elaborou um projeto chamado “Before they pass away”, em que escolheu 35 povos para fotografar.
Entre 2010 e 2013, o fotógrafo realizou 16 viagens, que duraram de 1 a 2 meses cada. Em entrevista à BBC, ele contou sobre as dificuldades enfrentadas até chegar ao local onde as tribos vivem, além da questão do idioma. Era raro compreender os dialetos, mesmo com um tradutor presente. Apesar dessas adversidades, Jimmy dava um jeito de se comunicar e ajudava nas necessidades do dia-a-dia como moeda de troca para conseguir suas fotos.
Para esse trabalho, Jimmy utilizou uma câmera de grande formato, com exposição de 4 a 5 segundos em sua maioria. Segundo ele, “quando você processa essas imagens e as imprime, o granulado é fantástico comparado à fotografia digital. O digital se torna muito plástico. Tudo acaba parecendo o mesmo.”
Um senhor com cerca de 60 anos, branco, está sentado. Ele usa botas, uma calça preta, camisa vermelha, um lenço no pescoço, uma boina. Para o frio, tem algo feito de algodão ao redor do pescoço. Segura um chicote e parece beber algo alcóolico.
Requelme, Gaucho, Estancia Anita, El Calafate, Patagonia, Argentina, Jimmy Nelson, November 2011 | Jimmy Nelson

Um homem negro segura uma espécie de fuzil. Seu corpo tem pinturas na cor branca e, em sua cabeça, usa argolas na orelha e dentes pendurados.
Mursi, Hilao Moyizo Village, Omo Valley Ethiopia, 2011 | Jimmy Nelson

Um homem negro, cerca de 60 anos cheio de acessórios pelo corpo. Tem uma espécie de osso atravessando seu nariz, utiliza várias penas na cabeça, no braço. Também tem vários acessórios pendurados no pescoço.
Batu Logo, Dani tribal leader Asumpaima Village, Baliem Valley, Papua, Jimmy Nelson, August 2010 | Jimmy Nelson

Um aborígene negro, cerca de 50 anos. Tem algumas linhas em branco pintadas em seu corpo. Segura algo na altura do peito. Usa uma faixa na testa, com espécie de galhos e penas presos na parte de trás da cabeça.
Duane Ahchoo, Bardi, One Arm Point, Dampier Peninsula, The Kimberley, Australia, 2018 | Jimmy Nelson

Uma mulher negra, nua acima da cintura. Em seu pescoço, utiliza um colar e mais objetos. Seu rosto está pintado em vermelho e branco. Tem penas presas em seu braço. Na testa, também tem penas vermelhas presas
Goroka, Eastern Highlands, Papua New Guinea, 2010 | Jimmy Nelson

Um homem negro, cerca de 60 anos. Seu rosto está pintado de amarelo e tem uma espécie de espeto atravessando seu nariz.Usa uma espécie de chapéu incomum na cabeça, enfeitado com penas e flores.Está sem camisa, tem o peito peludo e folhas de árvores amarradas nos braços.
Hangu Ibamuali, Huli Wigmen, Ambua Falls, Tari Valley, Papua New Guinea, 2010 | Jimmy Nelson

Um homem ou mulher peruano(a). Tem a pele parda, olhos ligeiramente puxados e usa vestimentas predominantemente rosas. Sua roupa tem desenhos geométricos, usa touca na cabeça, além de um chapéu.
Hatun Q’eros, Andes, Peru, 2018 | Jimmy Nelson

Homem sem camisa, pardo. Tem uma faixa preta pintada na altura dos olhos. Na cabeça, tem penas presas na testa com uma espécie de corda. Usa colares grandes, com chifres e penas.
Hiva Oa, Marquesas Islands, 2016 | Jimmy Nelson

Uma mulher negra, de olhos castanho claro e cabelo cacheado. Na cabeça, tem um arco formado por penas brancas, vermelhas e amarelas. Em seu corpo, ao invés de roupa, ela usa folhas de plantas.
Korafe, Amunioan, Tufi, Oro province, Papua New Guinea, 2017 | Jimmy Nelson

Três moças brancas, chinesas. Utilizam batom, brincos e colares enormes. Vestem um roupão azul, com detalhes em verde e vermelho. Na cabeça, algo como uma coroa gigante na cor dourada.
Langde Shang Miao Village, Kaili, Qiandongnan, Guizhou, China, 2016 | Jimmy Nelson

Um homem pardo, de uns 50 anos. Está sem camisa, e tem linhas pintadas no rosto em vermelho e preto. Ao invés de roupas, utiliza uma peça feita de penas e uma carcaça de lobo. Na cabeça, algo feito com uma águia aparentemente entalhada.
Miguel Martinez Lopez, Chichimeca Jonaz, Misión de Chichimecas, Guanajuato, Mexico, 2017 | Jimmy Nelson

três meninas indianas. Todas utilizam vestidos que cobrem o corpo inteiro e são bastante coloridos. Elas usam brincos, piercings no nariz, colares e acessórios na cabeça.
Mir, Dasada, Gujarat state, India, 2016 | Jimmy Nelson

Uma butanesa branca, aparentemente jovem adulta. Tem cabelos pretos compridos. Na sua cabeça, uma espécie de chapéu enfeitado com flores brancas e pequenas. Pouco abaixo dos ombros, ela segura duas esculturas de cabeças de dragão.
Sonam Choden, Sharchop, Gangtey, Bhutan, 2016 | Jimmy Nelson

Uma mulher morena, com o rosto pintado como uma caveira. Usa um cordão e brincos dourados. Na cabeça, flores presas em seu cabelo. Sua roupa e cenário também é composto por flores amarelas, rosas e vermelhas.
Zapoteca, Oaxaca, Mexico, 2017 | Jimmy Nelson

Marken, the Netherlands, 2014 | Jimmy Nelson

Referências

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A Vida Secreta de Walter Mitty

Walter Mitty leva uma vida pacata e monótona até que precisa embarcar numa verdadeira aventura para recuperar um negativo para a empresa em que trabalha.

Walter Mitty parece flutuar sobre Nova Iorque. À direita, há escrito o título do filme
Arte do filme “A Vida Secreta de Walter Mitty”

A Vida Secreta de Walter Mitty é um filme de aventura lançado em 2013. Nele, Walter (Ben Stiller) costuma se desprender da realidade em seus sonhos em plena luz do dia. Ele trabalha no departamento de fotografia da revista Life. Após uma mudança na gestão da empresa, chega a notícia de que a revista vai encerrar sua edição impressa. No entanto, Walter perde o negativo que seria usado na capa da última edição.
Quando isso acontece, o protagonista vê a oportunidade de sair de sua vida pacata e embarcar numa aventura atrás do fotógrafo Sean O’Connell (Sean Penn). Ele segue o paradeiro de Sean e viaja pela Groenlândia, Islândia e Afeganistão até encontrá-lo nas montanhas do Himalaia.
O filme tem uma fotografia muito bonita, com algumas paisagens de tirar o fôlego e cenas com uma composição bem pensada. Fotografia no cinema, para aqueles sem familiaridade com o assunto, consiste “na sintonia entre os pequenos detalhes para criar imagens que além de tirar o fôlego, usam aspectos visuais para comunicar uma ideia implícita no roteiro.”
Três mochileiros caminham pela água rasa, enquanto há uma enorme cachoeira ao fundo
Cena de “A Vida Secreta de Walter Mitty”

Percebemos que o personagem ansiava por mudanças em sua vida. Assim, perante à mínima possibilidade de uma aventura, totalmente fora de sua rotina, ele se entrega, seguindo o que acredita serem pistas para chegar a um objetivo. Numa cena durante a aventura, começa a canção “Space Oddity”, de David Bowie, cujo trecho diz “agora é hora de sair da sua cápsula, se conseguir”. Podemos interpretar como uma mensagem de que a vida de Walter não seria a mesma. Outro trecho da música diz “me sinto bem inerte, e acho que minha nave espacial sabe pra onde ir”. Pode ser mais uma relação com a vida do protagonista: uma vez monótona, agora ele sabe qual rumo seguir.
Walter Mitty descendo de skate em alta velocidade por uma estrada na Islândia
Cena de “A Vida Secreta de Walter Mitty”

Não é só o personagem que fica entusiasmado com a perspectiva de mudança. O telespectador também é fisgado por essa ideia. Eu acho difícil alguém assisti-lo e não desenvolver um desejo enorme de viajar ao final do filme. Se não for motivado a viajar, que seja para sair da zona de conforto e tentar algo novo.
Quando Walter finalmente encontra Sean, eles observam um raro felino nas montanhas. Nesse instante, o fotógrafo solta a seguinte frase “coisas bonitas não pedem por atenção”. Lembro de refletir bastante sobre essa fala na primeira vez em que assisti o filme, há alguns anos. Faz um tempo que eu tento reparar nas pessoas mais tímidas, que normalmente passam mais despercebidas. É curioso ver como elas costumam ser muito agradáveis e uma das coisas que me inspirou nisso foi essa frase do filme.

Walter Mitty e o fotógrafo Sean O'Connell se encontram no Himalaia e parecem observar algo.
Cena de “A Vida Secreta de Walter Mitty”

Garanto que é uma ótima pedida! Então, corre lá para assistir e nos conte o que achou!

Referências

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Retrato e autorretrato

Retrato é um gênero das artes visuais onde a intenção é destacar pessoas. Seja em um estúdio repleto de recursos ou numa pequena confraternização de família, o desafio consiste em como representar o fotografado da melhor forma.

Retrato é um gênero das artes visuais onde a intenção é destacar pessoas. É, particularmente, um gênero que eu gosto muito porque cada pessoa é única e é possível captar diferentes expressões. Além do retrato, existe também o autorretrato (selfie), que se popularizou desde que Ellen Degeneres tirou aquela icônica foto na cerimônia do Oscar de 2014. O principal motivo, creio eu, é a autonomia. Não é preciso “incomodar” outra pessoa para pedi-la que tire uma foto sua.

Uma garota guatemalteca posa para o retrato. Usa uma blusa azul, cheia de detalhes coloridos. Na cabeça, equilibra uma cesta de palha. Ela está escorada em uma parede azul e rosa, que se assemelha às cores de suas roupas.
Young Girl, Atitlan, Guatemala | Joel Santos

Como disse, retratos tem a ver com pessoas. Seja em um estúdio repleto de recursos ou numa pequena confraternização de família, o desafio consiste em como representar o fotografado da melhor forma. Para isso, é importante prestar atenção em alguns detalhes, como a luz, o foco nos olhos e a posição da câmera. Além disso, o cenário não desempenha um papel fundamental, isto é, dá para se fazer ótimos retratos sem se preocupar com plano de fundo.
Veja que não é preciso muito para se tirar um bom retrato. No entanto, quanto mais conhecimento e recursos disponíveis, melhor serão os resultados.
Joel Santos é um fotógrafo português. Desde 2003 trabalha com fotografia de viagem. Em um de seus trabalhos, chamado “Into The Eyes”, ele fotografa pessoas de diversos países, como Índia, China, Guatemala, Níger e Camboja. A descrição do projeto, segundo o autor, diz que somos diversos, mas não essencialmente diferentes. Abaixo temos um dos retratos deste trabalho.
Retrato de um homem de cerca de 50 anos, moreno, de olhos azuis, cabelo e barba longos, com fios grisalhos. Em sua testa, uma pintura religiosa. Usa vários colares, brincos e um turbante.
Blue eyes, Sadhu, Holy man, Jaipur, India | Joel Santos
Nesse retrato, Joel fecha o enquadramento no rosto do fotografado. Os olhos azuis causam impacto imediato. A barba, cheia e grisalha, indicam que é um homem de mais idade. Nessa composição, não há cenário ao fundo, apenas seu rosto. A pintura na testa, seus colares e o turbante são demonstrações de sua cultura indiana.
Aproveite a leitura e o fato de estarmos em quarentena, devido à pandemia causada pela COVID-19, para praticar retratos! Mesmo em casa, é possível fazer bons retratos! Não se esqueça de utilizar a tag #fotografetododia!

Referências

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Paolo Miranda

Paolo Miranda é enfermeiro e fotógrafo. Suas fotos viralizaram na internet, mostrando a luta dos enfermeiros de um hospital na luta  contra a COVID-19, na região da Lombardia, epicentro da doença na Itália.

Paolo Miranda é enfermeiro e fotógrafo. Há algumas semanas, ele fotografou os “bastidores” de um hospital na Itália em que estava trabalhando, retratando a luta intensa contra a COVID-19. Paolo vive em Cremona, na região italiana da Lombardia, epicentro do surto de coronavírus no país.
Os registros mostram a realidade de toda a situação. Uma enfermeira dorme após uma jornada doze horas ainda com a máscara no rosto. Outra parece chorar agachada, enquanto é consolada por uma colega. Mas também há fotos de abraços e sorrisos da equipe. “Não vamos desistir apesar do cansaço. Fiquem em casa”, disse Paolo.
Como seus colegas, Paolo trabalha em turnos de 12 horas e descreveu que se sente trabalhando numa trincheira. Além disso, ele afirma “Não quero esquecer nunca o que está acontecendo. Isso se tornará história, e, para mim, as imagens são mais poderosas que as palavras.”
O italiano colabora com a revista Vogue de seu país e tem um perfil no Instagram que ganhou muitos seguidores após suas fotos viralizarem na internet.

Duas enfermeiras, utilizando aventais brancos, máscara e touca verde, se abraçam
Paolo Miranda, 2020

Seis enfermeiros, homens e mulheres, posam para foto.
Paolo Miranda, 2020

Uma enfermeira se olha no espelho enquanto se equipa
Paolo Miranda, 2020

Uma enfermeira dorme sentada numa cadeira após horas de trabalho contínuo.
Paolo Miranda, 2020

Cinco enfermeiras numa sala vestindo os equipamentos de segurança.
Paolo Miranda, 2020

Uma enfermeira, agachada, com as mãos na cabeça, enquanto outra enfermeira tenta consolá-la
Paolo Miranda, 2020

Paolo Miranda tira uma foto de si mesmo no espelho durante o turno de trabalho. Ele usa aventais, luvas e máscara de segurança
Paolo Miranda, 2020

Dois enfermeiros escorados parecem conversar durante um intervalo.
Paolo Miranda, 2020

Retrato de um enfermeiro com o nariz machucado pelo uso contínuo da máscara de proteção.
Paolo Miranda, 2020
Retrato de uma enfermeira equipada com roupa adequada, máscara e touca
Paolo Miranda, 2020

Referências

BBC
Revista Glamour (Globo)
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Borrar um movimento

Muitos fotógrafos adoram a técnica de borrar o movimento. Neste método, o rastro do movimento do objeto principal é registrado. Para conseguir esse efeito, é preciso uma velocidade baixa do obturador, isto é, um tempo de exposição longo.

Muitos fotógrafos adoram a técnica de borrar o movimento. Neste método, o rastro do movimento do objeto principal é registrado. Para conseguir esse efeito, é preciso uma velocidade baixa do obturador, isto é, um tempo de exposição longo.
Uma árvore centralizada numa foto noturna. Devido à longa exposição, as estrelas parecem estar se movendo em espiral.
The shortest night | Andrew Whyte

A velocidade ideal vai depender do que você estiver fotografando. Para  registrar os rastros de faróis de carros em uma fotografia noturna, por exemplo, é necessário que a exposição leve vários segundos ou até minutos.
Ao optar por velocidades baixas, é muito recomendado que você utilize um tripé ou tente apoiar a câmera em alguma superfície estável. Isso porque um mínimo movimento da câmera pode resultar numa foto inteiramente tremida.
Nas câmeras em geral, existe um modo “prioridade de velocidade do obturador”, em que você define apenas a velocidade e a máquina ajusta o ISO e a abertura automaticamente de acordo com a situação. Se preferir, pode também utilizar o modo manual e configurar esses controles da maneira que achar mais adequado.
Andrew Whyte é um fotógrafo britânico, apaixonado por fotografias de longa exposição. Seu portifólio contém fotos de cidades, do céu noturno e trabalhos com luz.
Fotografia do Big Ben, em Londres, durante uma noite chuvosa. Á direita, vê-se vários rastros de luz coloridos. São os faróis dos veículos que passaram enquanto o obturador ficou aberto
Ben 10 | Andrew Whyte

Na imagem Ben 10, Andrew registrou uma noite em Londres, bem em frente ao icônico Big Ben. Com uma longa exposição, o artista capturou diversos feixes de luzes dos carros que passaram durante o tempo em que o obturador ficou aberto. Pode-se ver tons de verde, vermelho, azul, amarelo, laranja e rosa. Essas cores vibrantes dão um aspecto mais vivo à cena. Percebe-se também reflexos de luz no chão e pingos na lente, que indicam chuva no instante em que a fotografia foi feita.
Que tal agora praticar? Pegue sua câmera, pense em algo legal, como os próprios carros à noite ou até mesmo a água corrente (para dar o efeito de véu de noiva) e pratique! Compartilhe suas fotos com a gente, usando a tag #fotografetododia!

Referências

• Leia isto se quer tirar fotos incríveis – Henry Carroll
Não é para qualquer um. A técnica exige equipamento profissional, experiência fotográfica e, talvez, conhecimentos de edição.

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