O daguerreótipo e o início da fotografia

Há quase 200 anos atrás Nicéphore Niépce e Louis Daguerre foram responsáveis por criar um método para fixar imagens luminosas quando essas eram expostas em superfícies fotossensíveis, o daguerreótipo, que difundiu a fotografia nas classes mais ricas da sociedade.

O daguerreótipo foi um dos primeiros processos fotográficos, e o principal responsável pela popularização da fotografia.

Há quase 200 anos atrás Nicéphore Niépce e Louis Daguerre foram responsáveis por criar um método para fixar imagens luminosas quando essas eram expostas em superfícies fotossensíveis, o daguerreótipo, que difundiu a fotografia nas classes mais ricas da sociedade.

Na foto temos como objeto principal uma bicicleta moderna, apoiada em uma vaso branco  no qual cresce uma planta sem nenhuma folha e com galhos tortos. A foto tem uma paleta de cores limitada, predomi-se o marrom e o preto, devido a técnica empregada em sua composição.
Foto de Francisco Moreira da Costa; Sem Título; 2010

Em 1826 Nicéphore Niépce produziu o que hoje é considerada a primeira foto da história. Ele a fez através de um processo batizado de heliografia, que consistia na projeção de uma imagem luminosa, através de uma câmara obscura, sobre uma placa de vidro revestida com betume da judeia atenuado com óleo animal.

Seu método ainda não era capaz de produzir imagens com nitidez, e o tempo de exposição era muito longo. Com o intuito de aperfeiçoar sua invenção Niépce uniu forças com outro inventor francês, Louis Daguerre. Os dois trabalharam juntos até a morte de Niépce em 1833.

Pouco depois da morte de seu colega Daguerre apresentou a versão melhorada da heliografia, que ele batizou de daguerreótipo, na academia Francesa de Ciências. O novo processo consistia em expor placas de prata em vapores de cristais de iodo, que produzia uma fina camada de iodeto de prata. Para imagens mais nítidas também era necessário uma longa exposição, mas Daguerre descobriu que poderia fazer exposições mais curtas se depois colocasse a placa em contato com  vapores de mercúrio. Desse modo, seu processo entregava imagens mais nítidas e com mais rapidez.

Ainda hoje existem fotógrafos que usam o daguerreótipo para fazer suas fotos. Esse é o caso de Francisco Moreira da Costa, que começou a estudar esse processo em 1996 através de documentos históricos que ensinavam a reproduzir essa técnica. Hoje ele cria seus daguerreótipos de uma maneira ligeiramente diferente da original, pois essa exigia o manuseio de substâncias extremamente nocivas para a saúde.

A foto possui uma composição bem simples que se resume a uma abacaxi no centro da imagem com a coroa inclinada para a esquerda. Na foto predominam tons em sépia.
Foto de Francisco Moreira da Costa; Sem Título; 2016

A imagem acima é um dos daguerreótipos de Francisco que foram expostos em 2016 na exposição Tempo Improvável, no Rio de Janeiro. A foto por mais que tenha uma composição extremamente simples não deixa de chamar a atenção. Nela predominam os tons em sépia, provavelmente por causa do enxofre usado na produção do daguerreótipo. No centro vemos um abacaxi, e em toda a sua volta vemos as manchas causadas pelos processo de produção da imagem, que na foto original mudam de tom conforme o ângulo com que se olha.

Vale a pena lembrar que por mais que o daguerreótipo tenha sido um dos principais processos a difundir a fotografia como uma técnica viável, ele não foi o único naquela época. Junto com Niépce e Daguerre muitos outros inventores também buscavam criar técnicas fotográficas, como por exemplo  o suíço-brasileiro Hércules Florence que começou seu estudo com o nitrato de prata em 1833, e foi o primeiro a usar o termo “photographie”.

Gostou da história dos pioneiros da fotografia, ou dos daguerreótipos de Francisco? Deixa aqui nos comentários as suas impressões! E não se esqueça de seguir a nossa página no Instagram para mais conteúdos como esse!

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Breve História da Fotografia

Há muito por trás do simples gesto de apertar um botão em uma máquina fotográfica.

Quer saber mais sobre a história da fotografia e conhecer trabalhos de fotógrafos incríveis? Então dá uma olhada neste #dicade livro!

Há muito por trás do simples gesto de apertar um botão em uma máquina fotográfica. Para além da técnica e suas múltiplas possibilidades criativas, existe uma vasta trajetória desde os primeiros experimentos com câmaras escuras até a aparente instantaneidade das imagens que produzimos hoje. Conhecer essa história pode ser revelador, não apenas por seu valor de conhecimento pessoal, mas também – e principalmente – como meio de compreender como a fotografia caminhou em direção ao que é hoje e como forma de obter-se referências fotográficas relevantes e inspiradoras. Por isso, o livro “Breve História da Fotografia”, de Ian Haydn Smith é uma boa opção de leitura tanto para curiosos quanto para grandes amantes da prática fotográfica.

Na foto, dois rapazes são vistos de perfil olhando para o horizonte ensolarado em cima de um trampolim de mergulho. Seus rostos não são visíveis e o fundo falso aparece desfocado.
A capa do livro Breve História da Fotografia. Editora GG, 2017. Foto: Mergulhadores. George Hoyningen-Huene: Cópia em Prata.

O livro foi publicado no Brasil em 2018 pela editora Gustavo Gili (GG), especializada em livros de arte, fotografia e design. Dividido em quatro partes (Gêneros, As Obras, Temas e Técnicas) apresenta textos curtos e imagens de referência para cada um deles, sendo esta a sua maior qualidade: falar sobre fotografia utilizando de fato uma grande quantidade de imagens. Ainda assim, em alguns momentos, o formato reduzido pode deixar a experiência de olhar para estas fotos a desejar. É na seção As Obras que as imagens ganham mais destaque, sendo 50 fotografias de diversos fotógrafos em diferentes contextos, desde aquela que é considerada a primeira imagem fotográfica, produzida por Nicéphore Niépce (1765-1833), um dos diversos inventores da fotografia que fazia experiências com a câmara escura, a nomes mais conhecidos e presentes na cultura pop como Alberto Korda, que produziu o icônico retrato de Che Guevara e Nick Ut, que fotografou a menina Phan Thi Kim Phúc correndo desesperadamente por uma estrada ao lado de outras crianças e soldados enquanto o seu corpo era consumido pelas chamas invisíveis do Napalm, uma das imagens mais marcantes da guerra no Vietnã. É possível notar que diversos fotógrafos se enquadram em mais de uma categoria, estando presentes em mais de uma seção do livro. São notáveis também possíveis associações entre temas e gêneros. 

A fotografia mostra Che Guevara, guerrilheiro argentino e revolucionário marxista, em ângulo contra-plongée (de baixo para cima), pose rígida, expressão facial séria e olhar fixo à sua direita. Seus cabelos compridos e bagunçados escapam por baixo de sua boina, uma de suas marcas registradas.
Che Guevara. Alberto Korda: Cópia em Prata.
A imagem mostra crianças correndo desesperadas por uma estrada. Ao lado e atrás, soldados as acompanham. Phan Thi KIm Phúc aparece no meio da estrada, nua, com a boca e os braços abertos. Embora não seja visível, estava queimando viva após ser atingida por Napalm.
Phan Thi Kim Phúc. Nick Ut: Cópia em Prata.

Temas e Técnicas retoma o formato de Gêneros, com as imagens presentes, porém recolhidas aos cantos das páginas. Tal seção pode ser interessante para conhecer os diferentes meios e materiais usados para se obter imagens fotográficas, embora seja, de todas, a que provavelmente menos chamará atenção para uma possível produção atual, uma vez que a tecnologia nos permite fazer registros com aparelhos bem mais fáceis de transportar, como nossos próprios celulares, sem grandes riscos de acidentes ao usar materiais como, por exemplo, o colódio de alumínio que é altamente inflamável.

Boa parte do livro apresenta textos e imagens que dão ênfase à palavra “história” do título. Entre o documental, o jornalístico e a captura das mais ordinárias das cenas cotidianas, várias das imagens possuem muito mais valor devido à seu momento de produção e seu contexto que por suas qualidades estéticas (e destaco a palavra estética e não técnica, afinal, todas foram produzidas por pessoas que sabiam – mais o menos – o que estavam fazendo). Esta trata-se de uma perspectiva subjetiva; pessoal. Não identifiquei em todas as imagens o poder de serem capazes de mover algo no interior de cada cujo o olhar demora sobre elas. Particularmente, nunca vi qualquer graça no retrato de Che Guevara, por exemplo. Pouco me importa suas características iconográficas. De Korda, prefiro El Quijote de La Farola, sua imagem surreal e quase cômica (a meu ver) de um senhor de idade tranquilamente repousando sobre um poste de luz em meio a uma multidão que comemorava o aniversário da revolução cubana.

Foram imagens menos óbvias – tanto antigas quanto contemporâneas – que verdadeiramente me chamaram a atenção, e aqui, em disparidade com o que é o objetivo do livro, pois as motivações do meu interesse foram mais estéticas que históricas. Seria uma falha da leitura que cometi? Não sei dizer ao certo. Apenas digo que uma foto feita por Edward Weston de um pimentão estranhamente humana me pareceu bem mais interessante que, sei lá, as fotos que William Anders tirou da Terra enquanto estava flutuando pela Lua. Mesmo com tais ressalvas, trata-se de uma leitura válida e bastante informativa, sobretudo na seção As Obras, com suas doses de imersão em obras específicas de cada fotógrafo.

A imagem em preto e branco mostra um pimentão maduro com sinais de apodrecimento dentro de um funil, que dá a curvatura com textura áspera na parte inferior e o fundo escuro na imagem. A imagem possui um nível de abstração que permite que se assemelhe a uma figura humana retorcida.
Pimentão n° 30. Edward Weston: Cópia em prata coloidal. 24×19,1 cm. Museu de Belas-Artes, Houston, Texas, Estados Unidos.
A fotografia foi tirada da Lua, cuja superfície branca e estéril é visível na parte inferior da imagem. À frente e à distância, a superfície azul da Terra é visível, parte iluminada pela luz solar, parte escondida pela escuridão total ao redor.
Nascer da Terra. William Anders: Ektachrome Colorido. Nasa, Estados Unidos.

E aí? Gostou da dica? Você pode adquirir o livro no site oficial da editora GG: https://ggili.com.br/breve-historia-da-fotografia-livro.html

 

Links, Referências e Créditos

SMITH, Ian Hayden. Breve história da fotografia: um guia de bolso dos principais gêneros, obras, temas e técnicas. São Paulo: Gustavo Gili, 2018.

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19 de agosto, Dia Mundial da Fotografia

Cartão de Visita de François Arago – Fotógrafo desconhecido
Em 1826, o inventor Nicéphore Niépce produziu a primeira imagem obtida por meio de um processo fotográfico. No entanto, foi o ano de 1839 que entrou para a história da fotografia. Nesse ano, o cientista e político francês, François Arago, anunciou a invenção do Daguerreótipo, processo fotográfico desenvolvido por Louis Daguerre com base nas pesquisas de Niépce, e tornou público os procedimentos para a sua execução.

No dia 7 de janeiro de 1839, Arago apresentou aos membros da Acadêmia de Ciências de Paris alguns daguerreótipos. No entanto, ele não revelou os procedimentos elaborados por Daguerre, a fim de não colocar em risco os direitos que ele possui em relação a sua invenção.
No dia 3 de julho do mesmo ano, Arago defendeu, na Câmara dos Deputados, uma proposta de aquisição da invenção de Daguerre pelo governo francês. O discurso de Arago é uma apologia ao processo fotográfico desenvolvido por Daguerre. Nele, a importância dos trabalhos de Niépce é minimizada e os processos desenvolvidos por Bayard, o positivo direto sobre papel, e por Talbot, o Talbótipo, são rejeitados.
No dia 19 de agosto de 1839, o governo francês oferece a toda a humanidade os conhecimentos necessários para a produção de daguerreótipos. Em uma sessão aberta e conjunta da Acadêmias de Artes e da Academia de Ciências, Arago tornou público os procedimentos para a fixação automática das imagens naturais projetadas com uma câmera escura.

As três intervenções realizadas por Arago em 1839 foram fundamentais para disseminar a fotografia por toda a sociedade moderna e fundamentar a confiança em suas imagens. Por isso, o dia 19 de agosto, se estabeleceu como a data inaugural da história da fotografia. Pois, consagrou a fotografia não apenas como tecnologia de produção de imagens, mas sobretudo como patrimônio da humanidade.

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