Usando o flash com criatividade

Exemplos de usos criativos do flash, permitindo efeitos bem interessantes.

 No encerramento da série, conheça algumas possibilidades criativas do flash!

Ao longo das últimas semanas, publicamos uma série de textos na seção #fotografetododia sobre os usos do flash, passando desde as diferenças entre flash embutido e dedicado nos resultados que proporcionam nas fotos até por noções quanto ao uso da potência e do zoom ao usar o speedlight. Hoje, para encerrar, traremos alguns exemplos de usos criativos do flash, permitindo efeitos bem interessantes.

É possível alterar completamente a cor e temperatura de uma imagem ao aliar o flash de forma indireta e alguma superfície da coloração desejada, como um tecido, por exemplo. Para isso o flash deve estar voltado para tal superfície, que ficará fora do campo que será fotografado pela câmera. Esse truque funciona melhor em ambientes com menor incidência de luz para que o flash possa colorir o primeiro plano de forma mais intensa.

Na imagem de Peter Kaaden feitas para um editorial de moda da revista INDIE Magazine, é possível notar a coloração avermelhada sobre a modelo. Esse efeito pode ser alcançado com mais de uma maneira, mas uma delas é o uso do flash associado a uma superfície vermelha ou um filtro utilizado acoplado ao flash.

Uma mulher é vista com os cotovelos apoiados sobre uma superfície e as mãos cobrindo parcialmente nariz e boca. Usa óculos escuros e tem a cabeça coberta por um casaco escuro. 
Peter Kaaden. 2017

Já o fotógrafo francês Francis Giacobetti possui uma série de fotografias chamadas Zebras – Listras Ópticas, que apresenta corpos nus vestidos unicamente com listras feitas a partir de sombras. As fotos possuem visivelmente um trabalho de pós produção a fim de atingir os tons de preto e branco desejados, com um forte contraste na relação entre a luz e as sombras. Esse tipo de efeito que pode ser construído com a utilização de flash e objetos que possam projetar sombras nas formas desejadas.

Uma mulher nua aparece deitada com os braços estendidas acima da cabeça e as pernas cruzadas. Sombras em forma de listras cobrem seu corpo, escondendo seus olhos, mamilos e sexo. 
 Francis Giacobetti. Zebras – Optic Stripes, 2012.

É também possível usar o flash aliado à outras técnicas para conseguir efeitos diversos. É o caso do uso da longa exposição, em que os movimentos diante da câmera são capturados e surgem borrados. Ao usar o flash , é possível congelar o primeiro plano e preservar o efeito da longa exposição no restante da foto, como pode ser visto na série de fotografias feitas por Gjon Mili com a participação de Pablo Picasso para a revista Life em 1949. Para conseguir tal efeito, foi usada a técnica de longa exposição para capturar os movimentos que Picasso fazia ao “desenhar com a luz” em um quarto escuro. Picasso aparece em várias posições ao mesmo tempo devido aos vários disparos do flash durante o registro. Porém, é preciso ter em mente que os resultados ao aliar técnicas como essa podem ser diversos, podendo ser ou não satisfatórios. O melhor é testar, fazendo experimentos e ajustes para conseguir os efeitos desejados. 

Pablo Picasso é visto em pé usando uma luz elétrica para desenhar formas do ar que são capturadas pela técnica de longa exposição. É possível vê-lo borrado em outras posições. 
Gjon Mili. Pablo Picasso, South of France, 1949.

E aí? O que achou da nossa série sobre os usos do flash? Esperamos que tenha entendido melhor os usos desse equipamento e que essa conclusão possa ser um incentivo a experimentar ideias usando ele. Conta pra gente as suas opiniões, dúvidas e dicas aqui nos comentários! Vamos adorar ver o debate se expandindo. Aproveite também para acompanhar o projeto no instagram e assine a nossa newsletter para ficar por dentro do universo da cultura fotográfica. 

Até semana que vem com mais um #fotografetododia!

Links, Referências e Créditos

Usando o zoom do flash

Se você já usou um flash externo, talvez tenha se perguntado para que serve o tubo dentro do qual está o dispositivo de disparo da luz.

Na continuação da série, vamos conhecer as possibilidades de utilização do zoom dos flashes externos.

Se você já usou um flash externo, talvez tenha se perguntado para que serve o tubo dentro do qual está o dispositivo de disparo da luz. Este post foi feito exatamente para explicar a função daquilo que chamamos de zoom do flash, trazendo como de costume, exemplos para que a explicação se torne mais clara.

A imagem apresenta um homem branco com cabelo, barba e bigode castanhos, vestindo uma camisa de botão azul estampada aberta até próximo ao umbigo e headphones preto, com glitter prateado em seu rosto, peito e barriga. O  ambiente parece ser a sala de uma residência. Seu olhar está baixo em direção a uma mesa de som que ele controla. O zoom do flash é fechado, formando um círculo de luz sobre o homem enquanto o entorno surge bastante escuro.
Derek Mangabeira. Baile do Encanto. 2020.

O zoom é uma configuração presente em flashes externos que pode ser utilizado para um maior controle na dispersão da luz utilizada. Sabendo que o flash é formado basicamente por um elemento que dispara a luz e um  tubo, dentro do qual este elemento se encontra, a configuração do zoom permite escolher o quão distante a luz estará da extremidade do flash. Quanto mais próximo ela estiver da extremidade do tubo, maior será a abrangência da luz, ou seja, maior será o campo que será iluminado, tornado-se um flash aberto. Já quanto mais ao fundo do tubo ele estiver, mais fechado o flash se tornará e portanto, menor será o campo iluminado, podendo-se focar em iluminar apenas uma parte desejada da pessoa ou objeto que será fotografado.

I Hate Flash é uma empresa de fotografia fundada em São Paulo por Fernando Schlaepfer. Seu início ocorreu de forma despretensiosa quando Schlaepfer e seu grupo de amigos passaram a fazer registros da vida noturna que frequentavam. Com o tempo, cresceram e passaram a fazer a cobertura de grandes eventos como o Rock in Rio e o Lollapalooza, além de trabalhos no ramo da publicidade e da moda. O time de fotógrafos que trabalha no I Hate Flash ficou conhecido pelo estilo espontâneo e divertido de suas fotografias, sendo que em muitas ocasiões costumam se divertir enquanto trabalham, o que torna a experiência muito mais prazerosa.

Na imagem que abre esse texto, feita pelo fotógrafo Derek Mangabeira durante o evento Baile do Encanto, é provável que tenha sido escolhido o uso de um zoom fechado ao configurar o flash, criando um círculo de luz sobre o fotografado enquanto que o entorno surge bastante obscurecido. Aliado às informações presentes no próprio fotografado, como sua vestimenta, uso de glitter, o uso de um headphone e a manipulação de uma mesa de som e mixagem que ajudam a identificá-lo como um DJ, conseguimos identificar essa como uma fotografia de festa noturna, em que a iluminação ambiente costuma ser baixa, predominando os jogos de luz neon e lasers.

Já nesta outra imagem, feita por Diego Padilha em um evento chamado Brewing Friends Festival, a presença do flash é notada pela diferença na intensidade da iluminação sobre o grupo de pessoas visto e o fundo. Por ser um registro de um grande grupo de pessoas, provavelmente optou-se por um zoom aberto do flash, sendo possível portanto iluminar todos que posaram para o clique.

Na imagem, é visto um grupo grande de pessoas vestindo roupas informais, sorrindo e acenando para a câmera diante de um prédio com bandeiras coloridas e um banner onde lê-se Brewing Friends Festival. O ambiente é aberto e ao fundo é visto, do lado esquerdo, uma estrutura metálica comumente usada em eventos com música ao vivo e ao lado direito, uma casa com janelas.  Optou-se por um zoom aberto do flash, sendo possível portanto iluminar todos que posaram para a foto.
Diego Padilha. Brewing Friends Festival. 2020

Vimos que o zoom pode não apenas ser usado para iluminar de forma diferente os ambientes e pessoas fotografados, mas também ser pensado como parte do sentido daquele registro. O zoom fechado dá destaque a um elemento específico, podendo ser direcionado para um objeto, pessoa, ou parte do corpo desejado e, como no exemplo citado, ajudou a preservar a atmosfera  do evento, sendo possível tanto visualizar o DJ fotografado, quanto identificar tratar-se de uma festa noturna, realizada em ambiente fechado, onde a iluminação costuma ser reduzida. Já o zoom aberto permite iluminar uma área maior, ideal para uma grande quantidade de informação em cena, como no exemplo, tratando-se de um registro de um grupo grande de pessoas em um ambiente aberto.

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Referência:

MYRRAH, Camila. Como usar flash: Os controles (potência e zoom) | FOTO DICAS. 2016. (3m25s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GjDaQ_J6kF4https://www.youtube.com/watch?v=GjDaQ_J6kF4>. Acesso em: 06 de Abr. de 2020.

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Entendendo Flash direto e rebatido

Durante a nossa série sobre os usos do flash, falamos sobre como o flash externo pode ser utilizado para controlar a iluminação sobre cenas, objetos ou pessoas fotografadas, utilizando os controles de potência e zoom.

Entenda de uma vez por todas  a diferença entre flash direto e flash rebatido!

Durante a nossa série sobre os usos do flash, falamos sobre como o flash externo pode ser utilizado para controlar a iluminação sobre cenas, objetos ou pessoas fotografadas, utilizando os controles de potência e zoom. No entanto, as diferenças entre o flash direto e o flash rebatido não foram exploradas de forma clara, motivo pelo qual o #fotografetododia dedica-se a esse assunto.

Um noivo usando roupa social preta é visto à esquerda, com olhar baixo e um leve sorriso, e uma noiva usando vestido branco, com luvas de renda e véu é vista à direita, com as mãos ao rosto enxugando lágrimas. Ao fundo são  visíveis alguns convidados. 
 Nan Goldin. Cookie and Vittorio’s wedding, New York City,1986

Usamos o flash para controlar a iluminação da cena que desejamos fotografar, sendo comum usá-lo durante a noite, em momentos como o amanhecer ou entardecer ou mesmo quando há alguma sombra indesejada se formando justo quando queremos fazer aquele registro perfeito. Mas, se você já tentou tirar fotos com o flash embutido de uma câmera digital ou com o flash do seu celular, deve ter ficado insatisfeito com os resultados ou pelo menos estranhado a forma como elas ficaram. Além de em tais fotos o primeiro plano ficar comumente superexposto (“estourado”), ocorre a formação de sombras muito marcadas/ duras.

Isso acontece porque o flash embutido produz uma luz direta e dura, ou seja, uma luz que incide diretamente naquilo que estamos fotografando, alcançando com mais intensidade objetos e pessoas próximas à ele. Tudo isso acaba deixando muito óbvio que aquela luz presente no registro é artificial e também torna a imagem bidimensional, perdendo-se a noção de profundidade. É por isso que há quem recomende evitar o uso do flash embutido (ou mesmo o flash externo usado de forma direta) para que tais (d)efeitos não ocorram.

Na foto que abre este texto, da fotógrafa americana Nan Goldin, é visível o uso do flash direto, com essa luz dura e esse resultado bidimensional. A foto, tirada durante o casamento de amigos da fotógrafa, traz um primeiro plano bastante iluminado, onde são visíveis  os dois personagens principais, sendo possível notar a formação de sombras bastante duras, marcadas, logo abaixo das mãos da noiva próximas ao rosto e seus braços, e também abaixo do queixo do noivo. Essas são as características de uma foto feita com um flash direto. Vale dizer que, apesar de tais características serem indesejáveis na maior parte do tempo, constituem marcas de estilo que tornaram a obra de Goldin famosa.

Uma mulher indiana é vista com vestimenta e joias usadas em cerimônias de casamento típicas. A cabeça está coberta pelo véu e a mão com tatuagens de henna afasta o tecido do rosto. A mulher está de olhos fechados e um leve sorriso.
Vinod Gajjar, sem título, Ahmedabad, 2019

Nesta segunda foto, feita pelo fotógrafo Vinod Gajjar de um noiva indiana, é possível que tenha sido usado o flash rebatido. Observando-a, é possível perceber que há uma iluminação sobre a noiva que difere da presente nos cantos da foto e no fundo. Essa luz não possui as sombras duras características do flash direto, ao contrário, as sombras são suaves, o que é possível através do uso de algum difusor de luz, que pode ser alguma superfície clara sobre à qual o flash é direcionado, sendo então rebatido sobre a modelo. Assim, alcançou-se uma iluminação suave e eficiente, ideal para esse tipo de ensaio fotográfico.

E aí? Entendeu melhor as diferenças entre o flash direto e o flash rebatido? Conta pra gente suas impressões e opiniões aqui nos comentários! E se quiser conhecer mais da obra da Nan Goldin, confere a #galeria dedicada a ela!

Usando a potência do flash

Usar um flash externo pode parecer algo complicado e desafiador, mas desde que haja familiaridade com as suas funções e um olhar atento para as situações em que será utilizado pode-se obter resultados muito bons.

Na continuação da série sobre o flash, vamos entender sobre a potência e sua influência na iluminação das trabalhos fotográficos.

Usar um flash externo pode parecer algo complicado e desafiador, mas desde que haja familiaridade com as suas funções e um olhar atento para as situações em que será utilizado pode-se obter resultados muito bons. Na continuação da série sobre o flash, vamos nos concentrar em uma dessas configurações: a potência.

Usar um flash externo pode parecer algo complicado e desafiador, mas desde que haja familiaridade com as suas funções e um olhar atento para as situações em que será utilizado pode-se obter resultados muito bons. Na continuação da série sobre o flash, vamos nos concentrar em uma dessas configurações: a potência.

Um homem negro é visto no primeiro plano olhando diretamente para  a câmera. Está iluminado por um flash do lado esquerdo da imagem. Aparece trajando uma blusa branca e pulseiras no braço direito. Ao redor do pescoço há um tecido verde  esvoaçando-se  ao lado direito do corpo do homem e cobrindo o ombro esquerdo. O fundo é escuro, tornado difícil a visão da pessoa e do veículo ao fundo.
Bárbara Wagner. Sem título I (da série Jogo de Classe), 2013

A potência do flash é indicada por uma numeração conhecida como “número-guia” que indica a distância máxima que a luz produzida por aquele flash irá alcançar. Devemos ter em mente que o que irá determinar diversas características da foto, inclusive o quão longe essa luz irá alcançar, não dependerá apenas do flash e sua potência, mas dos demais fatores que deverão ser pensados e ajustados. A abertura do diafragma da lente da câmera e a velocidade do disparo do flash são extremamente importantes para isso, como mostram os exemplos mostrados neste artigo.

É importante lembrar que, quando usado no modo automático, a velocidade do disparo do flash será suficiente para iluminar apenas o primeiro plano da foto e não o fundo. Dificilmente um flash, por maior que seja a sua potência e por mais que se façam demais ajustes consegue iluminar objetos a grandes distâncias. Na tentativa de fazer isso no modo manual, o que pode acabar acontecendo é uma superexposição do primeiro plano, aparecendo como costumamos dizer, “estourado”.

Para obter um resultado em que ambos os planos apareçam de forma harmoniosa, é necessário usar os controles do diafragma para que haja uma maior captação de luz pela lente da câmera, já que assim será garantida a iluminação dos planos posteriores pela luz ambiente. Além disso, a velocidade do disparo do flash também influencia na captação da luz, sendo importante ajustá-la para conciliar essa captação de luz ambiente com a luz do flash.

Caso contrário, o primeiro plano aparecerá totalmente iluminado e até mesmo superexposto e o segundo plano, excessivamente escuro, quando não totalmente anulado. Isso acontece porque o tempo de disparo irá definir até onde a luz irá alcançar, de forma que com um flash muito rápido (como 1/40.000 segundos) apenas o primeiro plano será iluminado, enquanto, tendo em mãos um flash com grande potência e um tempo de disparo mais longo (como 1/1.000 segundos), os demais planos poderão também ser iluminados.

A imagem que abre esse #fotografetododia, assim como as demais apresentadas abaixo, são de autoria de Bárbara Wagner, fotógrafa brasileira original de Brasília que vive e trabalha em Recife e tem uma obra voltada principalmente à cultura popular e tradicional, participou de diversos projetos e bienais ao redor do mundo, tendo inclusive obras no acervo permanente dos museus MASP e MAM em São Paulo.

Analisando a primeira imagem, aparentemente tirada no período noturno, percebemos que a luz é dura e lateral, o que indica que um flash externo foi usado, localizado ao lado esquerdo da imagem. Sabemos que a combinação de flash com alta potência e diafragma aberto resulta em uma iluminação de grande alcance, o que não é o caso da foto em questão em que temos um primeiro plano bastante destacado do segundo.

Apesar de não ter como saber ao certo o quão potente é o flash utilizado, podemos observar que sombras duras são projetadas do lado oposto ao que é iluminado, cobrindo metade do rosto do modelo enquanto o segundo plano aparece muito escuro (subexposto) a ponto de não revelar quase nada dos demais elementos – uma pessoa parada, sem que seja possível identificar identidade ou gênero, e um veículo. Essas características podem indicar um tempo de disparo do flash mais rápido, iluminado com grande incidência apenas o primeiro plano.

É interessante notar também que os riscos luminosos ao canto inferior direito na imagem indicam que houve uma longa exposição do registro da lente, logo, o modelo foi congelado na foto pelo flash em velocidade de disparo alta. Nada disso, no entanto, indica falha ou má escolha por parte da fotógrafa, uma vez que tais características trazem dramaticidade ao registro, sendo este justamente o objetivo do ensaio chamado “Jogo de Classe”, que busca uma teatralidade de cena, representando visualmente as classes sociais a que os fotografados pertencem.

Nas imagens a seguir, temos mais uma fotografia para análise. Desta vez a imagem é fruto do projeto Offside Brazil em que fotógrafos estrangeiros e brasileiros buscaram registrar as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, realizada no país, revelando os entornos do evento marcado por manifestações e desigualdades sociais e assim, fazendo uma cobertura paralela às atenções voltadas aos jogos.

Uma mulher negra de pele clara é vista em pé com um bebê ao colo, olhando diretamente para a câmera com uma expressão séria. Ambos estão iluminados por flash direto. A mulher está descalça e traja shorts, uma camiseta laranja e uma touca rosa na cabeça. Segura o bebê enrolado em uma manta com o braço esquerdo e um guarda-sol com o braço direito. O chão é de terra; há um cão preto parcialmente ao lado esquerdo da imagem e  há vegetação e cabos de energia elétrica ao fundo.
Bárbara Wagner. Quilombo Castainho, Brasil. Offside Brazil, 2014

Enquanto a primeira imagem mostrada, do ensaio “Jogo de Classe”, traz um flash iluminando o personagem de forma intensa e com um segundo plano praticamente nulo, a segunda apresenta um uso muito mais sutil. Tirada no Quilombo Castainho, visivelmente durante o dia e a céu aberto, o uso do flash dá destaque à mãe e à criança fotografada, sendo perceptível o seu uso pelas sombras que se projetam de forma dura/marcada no corpo da mulher, diferente das sombras muito mais suaves/difusas a seus pés, provenientes da luz natural. Aqui, talvez coubesse o uso de um flash com potência menor ou um tempo de disparo da luz reduzido para suavizar a formação das sombras, mas não podemos deixar de levar em consideração a potência discursiva das escolhas, que tem muito a ver com revelar uma realidade que muitos não veem ou não conhecem.

Assim, chegamos ao fim de mais um #fotografetododia , segundo da série sobre flash, aprendendo mais sobre a potência e seus usos. É importante lembrar que quanto mais potente for o flash, maior a área que poderá ser iluminada, mas também, mais marcadas serão as sombras e maior será a diferença entre os planos. Daí a importância de equilibrar não apenas as configurações da velocidade de disparo do flash, mas também as da câmera, como a abertura do diafragma, a velocidade do obturador e o ISO, a fim de controlar até onde esta luz irá incidir e quanto da luz ambiente será registrada pela lente nos planos secundários.

Está gostando da série de #fotografetododia sobre flash? Não deixe de compartilhar com todo mundo que gosta de fotografia! Ah! E se tiver alguma dúvida ou dica, mande lá no nosso grupo de discussão no Facebook! Até semana que vem!

Dificuldade 4: Você vai precisar de uma boa câmera e alguns conhecimentos.

Referências:

HEDGECOE, John. O Novo Manual de Fotografia. 2ª ed. São paulo: Editora Senac, 2005. p. 168-169.

CUNHA, Juliana. Bárbara Wagner entre Deus e Estelita: dois ensaios para o OFFSIDE BRAZIL. Revista ZUM. Disponível em<https://revistazum.com.br/offsidebrazil/barbara-wagner/> Acesso em 28 de abr. de 2020

Links:

Site de Bárbara Wagner
Tumblr do Projeto Offside Brazil

Na continuação da série sobre o flash, vamos entender sobre a potência e sua influência nos resultados na iluminação das trabalhos fotográficos.
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Introdução ao Flash

O flash é bastante conhecido e utilizado na produção fotográfica, mas existem muitas dúvidas relacionadas ao seu uso por quem não tem muita intimidade com o acessório.

Já tentou utilizar o flash e não curtiu o resultado? Acredite, isso é bastante comum.

O flash é bastante conhecido e utilizado na produção fotográfica, mas existem muitas dúvidas relacionadas ao seu uso por quem não tem muita intimidade com o acessório. Por este motivo, este artigo dedica-se a esclarecer um pouco as funções do flash e seus modos de uso.

Retrato do ator Otaviano Costa produzido pelo fotógrafo Jorge Bispo. O ator é visto em pé contra um fundo branco, trajando vestimentas no estilo esporte fino. É  visível o uso de flash e o ator, de forma cômica, estende os braços com as mãos abertas em direção à fonte de luz, como se buscasse  proteger-se dela.
Jorge Bispo. Otaviano Costa. 2012.

É bastante comum que o flash seja utilizado em fotos, principalmente durante os momentos de baixa incidência de luz como o amanhecer e o anoitecer e durante a noite, porém os resultados obtidos são muitas vezes decepcionantes, em geral porque deixam o primeiro plano muito destacado do segundo, criando um efeito estranho que diminui ou mesmo anula a percepção de profundidade nas fotos.

O flash é um recurso que pode ser utilizado para um maior controle sobre a luz da cena que será fotografada. Assim, pode ser utilizado tanto quando não há uma disponibilidade de luz satisfatória (mesmo com os ajustes na câmera de diafragma, obturador e ISO), quanto em situações onde apesar de haver luz disponível, ela não se comporta da maneira almejada – como quando há sombras indesejadas ou uma disparidade entre a iluminação do primeiro e segundo plano.

Em geral, fotógrafos não utilizam o flash embutido – aquele que já vem na câmera – e investem em flashes externos (conhecidos também como speedlight). Isso porque o embutido oferece poucas opções de controle ao fotógrafo, enquanto um flash externo pode ser ajustado em diferentes posições difundindo a luz, iluminando partes e ângulos específicos, criando efeitos e podendo ser usado tanto acoplado à câmera quanto de forma externa. Tem também o fato que o flash embutido possui uma luz frontal e dura e é daí que surgem características indesejáveis como um primeiro plano muito estourado e com aspecto bidimensional, perdendo a noção de profundidade.

Para usar o flash externo, que permite um controle maior sobre a luz que será aplicada, é preciso saber que existem as funções TTL e manual. A primeira é uma função automática que irá calcular quanto de luz será necessário para a foto. Já a função manual permite que o flash seja configurado de forma personalizada através dos controles de potência e zoom. Faremos um post só para falar destas duas funções, então fique ligado nas publicações do Cultura Fotográfica para aprender mais sobre o flash, seus usos e possibilidades!

O fotógrafo Jorge Bispo é filho de atores e percebeu que gostava de fotografar após comprar uma câmera para registrar momentos de ensaios e viagens da companhia de teatro da família. Possui diversos trabalhos  que vão de editoriais  e peças publicitárias à retratos de artistas como os atores Otaviano Costa e Rodrigo Santoro, que são utilizadas neste #fotografetododia. Formado em Artes Plásticas pela UFRJ, é reconhecido por imprimir sua personalidade em suas fotografias. Na foto abaixo, é possível observar o uso de flash sem que os planos fiquem excessivamente destacados um do outro.

Retrato do ator Rodrigo Santoro feito pelo fotógrafo Jorge Bispo. Na foto, o ator é visto de corpo inteiro e em pé em uma rua a céu aberto. Usa traje social na cor preta e encara a câmera com o corpo estático. O chão é irregular e há poças de água. Logo atrás do ator, um homem de guarda-chuva passa com um borrões indicando movimento.
Jorge Bispo. Rodrigo Santoro. 2009.

Enquanto o retrato de Otaviano Costa que abre este #fotografetododia é feito em estúdio, com fundo neutro e flash bastante visível e estourado, o retrato de Rodrigo Santoro foi feito em ambiente externo, onde há presença de luz natural. Ainda assim, é visível o uso de iluminação artificial sobre o ator, sobretudo no rosto. É interessante perceber que, mesmo em ambiente externos o flash é bem vindo para que haja uma boa compensação de luz entre os planos. Neste caso, se o flash não tivesse sido utilizado, o rosto do ator teria a mesma luminosidade do restante da foto que é um pouco mais escura uma vez que o dia parece estar nublado, como indicam as poças d’água e o uso de guarda-chuva pelo homem ao fundo. Além disso, ele apareceria borrado assim como o transeunte. Também deve-se notar que a sombra projetada no lado esquerdo do ator indica a posição em que o flash foi disparado. Logo, trata-se de um flash externo, do tipo que permite controle da intensidade da luz e do ângulo desejado.

Como podemos perceber, o flash pode ser um grande aliado na produção fotográfica tanto provendo iluminação extra quanto compensando a iluminação entre planos. Deve-se ter cuidado controlando a intensidade da luz e direcionado bem o ângulo  para que não formem-se sombras ou efeitos indesejados, como a perda de profundidade. Em breve, traremos mais informações sobre o flash! Até a próxima!

Dificuldade: É aqui que o bicho pega. Você vai precisar de uma boa câmera e alguns conhecimentos.

Referências:

MYRRHA, Camilla. Flash TTL x Manual | FOTO DICAS. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YEmI_HLdnd8>. Acesso em 06 de Abr. de 2020

Links:

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Splashes

Splashes podem resultar em fotos incríveis. A imprevisibilidade de como as gotas irão se comportar é capaz de gerar fotos únicas a cada disparo. Fotógrafos que gostam desse tema são verdadeiros artistas pois é preciso muita criatividade, inspiração e paciência para conseguir a “gota perfeita”.


Splashes podem resultar em fotos incríveis. A imprevisibilidade de como as gotas irão se comportar é capaz de gerar fotos únicas a cada disparo. Fotógrafos que gostam desse tema são verdadeiros artistas pois é preciso muita criatividade, inspiração e paciência para conseguir a “gota perfeita”.

Uma imagem em dois tons: amarelo na esquerda e azul na direita. Mostra um splash centralizado que remete à figura de uma pessoa usando chapéu na cabeça, com o resto do corpo coberto por uma espécie de guarda chuva
Twins | Markus Reugels

Boa parte dos fotógrafos prefere utilizar um estúdio. Assim, podem regular o cenário de acordo com o desejado e ter mais controle sobre todo o processo. É importante ressaltar que tudo faz diferença: o recipiente para o líquido; o tipo, a cor e a espessura do líquido; o tamanho da gota e a altura de onde ela vai cair…
Não há uma forma única para fotografias de splash, mas algumas dicas podem ser úteis. Usar uma velocidade rápida do obturador, uma abertura grande do diafragma, iluminação artificial colorida, lentes macro e pós-processamento são fatores que podem otimizar sua foto.
Martin Waugh é físico, formado na universidade de Oregon, EUA. Ele tem um projeto chamado Liquid Sculpture (Escultura Líquida), em que ele fotografa gotas de água e splashes. Para tal, precisa utilizar velocidades muito rápidas para capturar as gotículas com nitidez. O resultado final de suas fotos é fascinante.
Uma imagem basicamente em azul, mas é possível ver tons de vermelho, amarelo e verde na região central. Mostra um splash centralizado que remete à figura de um dinossauro saindo de dentro da água
Gooseasaurus 2 | Martin Waugh
No registro acima,chamado Gooseasaurus 2, é possível ver as ondas que se formam após um splash. Aqui, Martin se preocupou também com a iluminação, adicionando uma espécie de arco-íris à imagem. É interessante ver como o líquido se comporta após o impacto, dando realmente a impressão de que é dinossauro saindo da água. Uma gotinha que se desprendeu em pleno ar também chama a atenção. São detalhes que o olho humano não seria capaz de ver na velocidade real.

Que tal praticar? Utilize alguns objetos acessíveis que você tenha em casa, como copo e uma lanterna para testar o efeito. Use a tag #fotografetododia e compartilhe com a gente!
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