Cores Frias

Como as cores frias afetam a percepção de quem vê a fotografia e como elas podem ser usadas para criar certos efeitos?

A cor é um dos elementos mais importantes em uma fotografia. O uso e a combinação de tons pode afetar radicalmente a intenção e o efeito de uma fotografia para quem a vê. No círculo cromático, as cores frias, tons de azul, verde e roxo, estão em oposição ao vermelho, laranja e amarelo, cores quentes. As cores frias têm mais azul na composição, enquanto as quentes têm mais amarelo. 

Legenda: Círculo cromático. Fonte: Arty (2018)
Descrição: um circulo de cores dividido em duas partes, uma com as cores quentes e uma com as cores frias.

Estes tons mais frios transmitem uma sensação de melancolia e relaxamento, dependendo da forma como forem usados. Quantos mais “desbotado” o verde ou o azul forem, maior a sensação de relaxamento transmitido por eles. Se os tons estiverem muito saturados o efeito calmante se perde um pouco.

Mas por que essas cores tem o efeito de acalmar o observador? Segundo o livro Psicologia das Cores, de Eva Heller, o azul e o verde são muito associados ao céu e a natureza, elementos considerados “divinos” por algumas culturas, o que faz com que elas tenham esse efeito tranquilizante para várias pessoas. Este livro apresenta o resultado de uma pesquisa sobre cores e sentimentos, e um dos capítulos mostra que azul e verde foram as cores mais associadas aos sentimentos de harmonia, simpatia, amizade e confiança.

Legenda: Viaduto Santa Efigênia Visto a Partir do Vale do Anhangabaú. Walter Firmo, 1980.
Descrição: uma avenida movimentada em um horário que parece o entardecer, com o céu começando a escurecer. 

Walter Firmo é um fotógrafo brasileiro, muito conhecido por retratar a cultura negra e brasileira, tendo fotografado artistas como Cartola, Paulinho da Viola, Pixinguinha e Clementina de Jesus. Durante sua carreira passou a ser chamado de “mestre da cor”, justamente pelo uso interessante deste elemento em suas fotografias. 

Legenda: Santo Amaro da Purificação, Bahia. Walter Firmo, 2002.
Descrição: duas pessoas nuas em meio ao que parece ser um canavial. Ao fundo vemos uma pequena igreja. 

A foto acima tem poucas cores na sua composição. Azul no céu, verde na grama, branco na igreja ao fundo e marrom e preto na pele e no cabelo da mulher e o homem fotografados. A predominância do azul e do verde passam uma sensação de tranquilidade e os olhares dos modelos no horizonte dão a impressão de que eles estão pacientemente esperando algo ou apenas observando a natureza em um momento de contemplação.

Pensar o uso e a intenção da cor na fotografia é fundamental para criar fotos que façam o observador sentir algo enquanto ele observa. Além de observar as cores e as luzes do ambiente no momento de fotografar, também use aplicativos de edição e experimente diferentes tonalidades para as suas fotos. 

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Links, Referências e Créditos

 

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A Cores ou P&B

Já ficou em dúvida na hora de optar por fotos a cores ou em preto e branco? O texto de hoje é para você!

Já ficou em dúvida na hora de optar por fotos a cores ou em preto e branco? O texto de hoje é para você!

Já ficou em dúvida na hora de optar por fotos a cores ou em preto e branco? O texto de hoje é para você!

Os primeiros filmes fotográficos coloridos a serem comercializados foram os autocromos dos irmãos Lumiére que suurgiram em 1907, mas a fotografia colorida só começou a fazer mais sucesso com o grande público em 1942 com o lançamento do Kodacolor. Muitos fotógrafos se recusaram a fotografar com filmes coloridos em um primeiro momento. Henri Cartier Bresson foi um deles. Ele escreveu em seu livro “O Momento Decisivo” (1952) que filmes coloridos não deveriam ser usados devido aos tempos de exposição mais longos que eram necessários. Hoje, com a tecnologia digital, o sensor capta as informações de cor que podem ou não ser desprezadas caso deseje-se que a fotografia seja em PB. O próprio Bresson acabou cedendo e fotografou em cores posteriormente.

As fotos em cores caíram no gosto popular, e ao longo da década de 70 a maioria esmagadora das revistas publicaram fotos coloridas em suas capas e fotorreportagens, já que elas eram mais atrativas para o público e a tecnologia avançou e permitiu a impressão de fotos em alta definição. Com isso, o preto e branco passou a ser considerado obsoleto. Ainda assim, a fotografia em P&B não foi totalmente abandonada. Hoje, a decisão de  se produzir uma imagem com cores ou sem elas não implica necessariamente uma limitação tecnológica. Ao contrário, princípios de composição e sentidos estéticos as tornam distintas da fotografia em cores.

Talvez você já tenha ouvido falar em cores primárias e secundárias, em tons quentes e tons frios e até mesmo na psicologia das cores. É  possível começar a perceber que a composição visual e as cores presentes na foto podem fazer toda a diferença no resultado final. As fotos coloridas são ideais caso deseje-se passar sensações térmicas como calor e frio, sendo responsáveis pela sugestão de sensações que podem dizer tanto de um horário ou localidade geográfica, clima e até mesmo emoções humanas. Uma foto tirada durante o dia, em uma praia, mostrando uma família brincando feliz, usualmente trará a presença de cores quentes, como o laranja e o amarelo, enquanto uma foto mostrando uma pessoa em estado introspectivo, lendo um livro em um dia frio e chuvoso provavelmente terá cores frias, como tons de azul.

Ainda nesse sentido, as cores podem auxiliar na produção de uma narrativa fotográfica, já que as cores carregam significados, sendo cores quentes usualmente ligadas à sentimentos alegres, festivos e apaixonantes, enquanto as cores frias estão ligadas à tranquilidade, à introspecção ou à tristeza. Em geral, as fotos coloridas também prendem a atenção, em especial quando são trabalhados os contrastes e harmonias entre as cores.

Um exemplo de fotógrafo que trabalha bastante com a cor  é o norte-americano David LaChapelle, que vem trabalhando com fotografia desde a década de 80 e tem um trabalho que mistura referências da arte clássica, barroca e elementos da cultura pop. LaChapelle trabalha sobretudo com fotos com cenários montados e muita pós produção, com tratamento de imagem e um uso de contraste forte, brilhante e chamativo nas cores, o que as dá ares de fantasia.

Uma mulher adulta negra está com uma mão dada à uma menina negra em meio à uma rua. Ambas estão de frente para a câmera, usam roupas cor de rosa chamativas que contrastam com o restante da imagem. Há quatro casas ao fundo, sendo a primeira do lado direito encoberta por um tecido da mesma cor que a das roupas das modelos. 
David LaChapelle. This is My House. 1977.

Na fotografia “This is My House”, é possível notar como a cor é um elemento chamativo e importante. Há uma harmonia nos tons pastéis do ambiente, como nas três casas vistas ao fundo, mas o tom de rosa elétrico presente nos trajes das modelos, uma mulher adulta e uma menina, ambas negras, também presente na casa na extremidade direita da imagem, roubam a cena e fazem com que a atenção concentre-se sobretudo nelas, permitindo também compreender que a casa, aparentemente envolta por completo em um tecido cor de rosa, é provavelmente a mencionada no título da obra. A casa onde residem as personagens retratadas, que posam para a câmera com atitude.

Já as fotos em preto e branco não transmitem a temperatura de uma cena, mas elas tem suas vantagens. Cores podem desviar a atenção do objeto principal da foto, mas isso não acontece no caso das fotos em preto e branco. Muitos fotógrafos preferem a ausência de cores na hora de fazer retratos, pois assim, há destaque para as expressões faciais ou padrões e formas geométricas.

Outra vantagem da ausência de cores nas fotos é que o contraste entre os locais iluminados e escuros fica muito mais claro. Por isso, fotos em preto e branco são excelentes quando o objetivo principal é retratar como a luz está se comportando. Do ponto de vista técnico, o preto e branco tem a vantagem de apresentar menos ruído que as fotos coloridas, além de ser uma escolha interessante para fotógrafos que pretendem usar a técnica do High Dynamic Range nos softwares de edição, já que o resultado da mesclagem de fotos em preto e branco tende a ser mais sutil que o das fotos coloridas.

O famoso fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado é um dos principais nomes da fotografia em preto e branco da atualidade. Todos os seus fotolivros publicados até hoje são compostos inteiramente de imagens em P&B. Segundo ele, esse tipo de fotografia faz com que o espectador tenha uma conexão maior com o objeto fotografado, seja ele uma pessoa, um animal ou uma paisagem. Muitos ainda consideram Salgado como sendo o responsável por reviver a fotografia em preto e branco depois que as coloridas tomaram conta dos jornais e revistas.

Na foto podemos ver um homem parado com as mãos na cintura olhando diretamente para a câmera. Ele está coberto de lama, em sua cabeça está amarrado um pano, ele usa uma camiseta que está amarrada, e um short. O fundo está desfocado, mas podemos perceber que existem vários homens trabalhando no local.

Sebastião Salgado, Serra Pelada, 1986

Nessa foto, podemos ver várias das mais importantes características das fotos em preto e branco. O olhar do homem é o que mais chama a atenção devido ao grande contraste entre o branco da esclera e todo o ambiente à sua volta. A textura de suas roupas também é muito importante para a composição da foto, pois mostra bem como o homem está coberto de lama e isso ajuda a perceber as difíceis condições de trabalho em Serra Pelada.

E você? Prefere fotos coloridas ou em preto e branco? Conta pra gente aqui nos comentários! E não se esqueça de seguir o Cultura Fotográfica lá no Instagram!

Texto escrito em co-autoria com Pedro Olavo. 

Links, Referências e Créditos

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Cores e círculo cromático

As cores tem o poder de despertar emoções de diversos tipos nas pessoas. Pode causar tristeza, alegria, alívio. O uso pensado de cores na fotografia é capaz de dar diferentes impressões a uma imagem.

As cores tem o poder de despertar emoções nas pessoas. Podem acalmar ou  até estimular. Cores fortes, por exemplo, atraem a atenção; o vermelho simboliza fogo e perigo; tons frios, como o azul, tem um efeito relaxante. O uso pensado de cores na fotografia é capaz de dar diferentes impressões a uma imagem.

Uma muro verde, com um outdoor em cima, fazendo propaganda ao novo Ford Torino, de 1974. Em frente ao muro, há um carro como o da propaganda, encostado na calçada, também num tom esverdeado.
Sem título, c. 1974 | William Eggleston
Os tons se complementam ou se chocam. A mistura deles não é uma questão de certo e errado, uma vez que a fotografia é uma forma de arte, mas é fato que algumas cores combinam melhor com outras. A título de exemplo, preto e branco são “cores” neutras, que podem combinar com diversas nuanças sem criar um choque cromático. 
São muitas combinações possíveis. Como saber? Por meio do círculo cromático. Ele é formado por 12 cores: 3 primárias, 3 secundárias e 6 terciárias. As primárias são o amarelo, o azul e o vermelho. As secundárias são o resultado da combinação das primárias, ou seja, verde, púrpura e laranja. As terciárias, por sua vez, são resultado da combinação entre as primárias e as secundárias. Vale ressaltar que cada raio compreende infinitas nuanças de uma mesma cor.
o círculo cromático com suas doze cores
Círculo cromático | Autor desconhecido
William Eggleston é um fotógrafo americano, natural de Memphis, Tennessee. Foi um dos pioneiros da fotografia de cores, considerado por muitos o “pai” desse gênero.
uma espécie de estabelecimento em construção na cor rosa, com as paredes internas em amarelo. Do lado de fora, o piso tem quadrados pintados em azul.
Sem título, c. 1983-86 | William Eggleston
Na foto acima, podemos ver que ele trabalha com a composição de cores. Com base na triangulação, ele combina azul, rosa e amarelo. São tons claros, que passam um sentimento relaxante para quem observa a imagem.
Que tal praticar? Pegue sua câmera, tente observar as cores do dia-a-dia com mais atenção e pratique! Compartilhe suas fotos com a gente, usando a tag #fotografetododia!

Referências

• HEDGECOE, John. O Novo Manual de Fotografia – o Guia Completo Para Todos Os Formatos. 4ª ed. São Paulo: Senac, 2013.
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Cor da luz

Daniel Protzner - Limites
Daniel Protzner – Limites

Fotografar é fabricar imagens por meio da manipulação da luz. Por isso, é fundamental que o fotógrafo conheças as características da matéria com a qual irá trabalhar: o contraste, a cor, a intensidade e a direção. O controle adequado de cada um desses parâmetros ajuda o fotógrafo a construir o visual que deseja.

A luz visível é um tipo de radiação eletromagnética, cujo comprimento de onda se encontra num intervalo sensível a visão humana. Esse intervalo é formado pelas cores do arco-íris: violeta, anil, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. A luz branca é composta pela mistura equilibrada de todas as cores que compõem o espectro visível e é percebida como incolor. Mesmo que uma pequena variação na proporção entre as cores promova uma dominante cromática, a luz continua a ser percebida como incolor e, portanto, branca. Pois, o cérebro humano tende a perceber os objetos conhecidos como eles são. No entanto, a câmera fotográfica não é capaz de realizar a mesma operação. Para compensar a dominante cromática de uma luz branca é necessário ajustar o balanço de brancos da câmera.
A cor da luz solar varia ao longo do dia em razão da variação na maneira como suas componentes cromáticas são filtradas pela atmosfera. Assim, na alvorada e no crepúsculo ela apresenta uma cor mais azulada, no amanhecer e no entardecer, uma cor mais alaranjada e no restante do dia ela permanece branca.
No ensaio Limites, o fotógrafo Daniel Protzner, explora visualmente as fronteiras do município de Belo Horizonte. As fotografias foram tomadas no limiar entre a aurora e o amanhecer e entre o entardecer e o crepúsculo e exploram a riqueza de cores proporcionada pelas luzes destes períodos do dia.

Daniel Protzner - Limites
Daniel Protzner – Limites
Nesta fotografia, Protzner combina a gama variada de cores proporcionada pelo crepúsculo com o laranja da iluminação pública. Como o sol já está posto, a luz solar não incide diretamente sobre os objetos fotografados, permitindo combiná-la facilmente com a iluminação noturna da cidade.

#fotografetododia

Explore a variação de cor da luz solar ao longo do dia. Ilumine a cena com fontes de luz de cores variadas. Perceba como os objetos se comportam quando iluminados por luzes de cores diferentes.

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