A Representação do Movimento: recortando espaço e tempo

Nosso movimento é constante e mesmo parados, nossa respiração é um movimento. Entender como representá-lo nas suas fotografias é fundamental.

Nosso movimento é constante e mesmo parados, nossa respiração é um movimento. Entender como representá-lo nas suas fotografias é fundamental.

Cenário de uma cachoeira, com uma pedra se destacando no meio e a corrente da água a atravessando. A pedra está congelada, mas o movimento da água está borrado na imagem.
A. f/14, V. 1/13 s, I. 800 | Gustavo Batista

Há um interessante paradoxo da fotografia que na maioria do tempo não percebemos. Mesmo que uma foto seja um recorte estático da realidade, ainda há movimento presente nela: apenas manipulamos como queremos que ele se apresente. Não se engane, pois mesmo quando estamos parados fotografando, nossa respiração e movimento dos músculos ainda são um movimento sutil, mas muito capaz de tremer nossa fotografia quando não firmarmos a mão. Mas existe um certo ou errado? Quais fatores levamos em conta quando escolhemos como esse movimento aparece? As possibilidades vão até mesmo além do que imaginamos.

Borrado e Congelado: Os tipos de movimento na fotografia

Se imagine fotografando em um festival de dança, câmera no pescoço e os mais variados estilos se apresentando. Existem diferentes possibilidades ao seu dispor para captar cada apresentação, tudo variando de acordo com seu desejo e visão como fotógrafo. Talvez queira deslumbrantes poses de balé congeladas e estáticas, destacando firmeza. Talvez queira vestidos de dança de ventre borrados para sensação de fluidez. Independente das escolhas tomadas, há um agente por trás: a velocidade do obturador.

Através da velocidade do obturador, também conhecida como tempo de exposição, é possível variar o movimento entre dois estados: congelado e borrado. Em termos técnicos, essa alteração refere-se ao tempo que o obturador levará para abrir e fechar, assim controlando a entrada de luz. Uma velocidade de obturador mais alta vai captar movimentos de forma congelada, enquanto uma baixa vai captar borrados.

Estaca de madeira fincada em uma rua, segurando dois varais com várias bandeiras LGBTQIA + enfileiradas. Elas balançam com o vento, apresentadas congeladas na imagem.
A. f/7.1, V. 1/2000 s, I. 200 | Gustavo Batista

Vejamos os casos. O movimento congelado demanda que o obturador seja mais rápido que o objeto. Isso já deve ser visível de 1/250 para cima dependendo da sua câmera, mas ele pode variar. Na imagem acima, havia uma intencionalidade quanto a como as bandeiras deveriam se apresentar: congeladas, destacando a presença do vento mas sem comprometer o conteúdo presente nessas. Para isso, foi usada a velocidade de 1/2000 para que o efeito fosse realizado e a imagem se mantivesse nítida.

Uma mão segura um telefone celular, rolando a galeria rapidamente. A tela do celular está borrada e a mão segurando congelada.
A. f/3.9, V. 1/15 s, I. 200 | Gustavo Batista

O movimento borrado é consequência de um maior tempo de exposição, resultando em um rastro no objeto em movimento. Isso exige uma velocidade mais baixa. A imagem do exemplo acima usa de uma velocidade 1/15 para apresentar um cenário onde é possível ver um celular e uma mão deslizando a tela, rolando pela galeria de imagens. Devido ao tempo de exposição alto, o efeito gerado da tela borrada causa uma sensação de movimento, captando melhor a ideia do deslize rápido na tela. 

Uma moto atravessa em meio a rua com uma mulher dirigindo. A rua está borrada e a mulher no centro congelada.
A. f/13, V. 1/15 s, I. 100 | Gustavo Batista

Panning parece complicado, eu sei, mas o segredo está em “brincar com a física”. Panning vem de panorâmica e sua aplicação consiste em um tempo de exposição mais longo, porém acompanhando o objeto com sua câmera. Isso eliminará o movimento do objeto de interesse, o deixará estático e borrará o resto na direção que a câmera foi movida. No exemplo acima, o objeto de interesse consiste na moto passando. Perceba que como na imagem anterior, a presença do borrado corrobora para a sensação de movimento.

Não existe certo ou errado, apenas a sua intenção

Captar o movimento na fotografia é composto de duas possibilidades que parecem básicas: ou você congela ou você borra. É um processo subjetivo que depende de você, pois não há certo ou errado. A real diferença está na intenção e no resultado final, afinal, fotos borradas e fotos congeladas causam diferentes percepções. Para isso, o primeiro passo é sempre saber qual sua intenção e quais possibilidades você tem a seu dispor. Não entender isso pode criar um ciclo de constante insatisfação nas suas fotos e não há nada pior que sentar para rever as tiradas no dia e se decepcionar.

REFERÊNCIAS CONSULTADAS NA PRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO

HEDGECOE, John. O novo manual de fotografia: guia completo para todos os formatos/John Hedgecoe; tradução de Assef Nagib Kfouri e Alexandre Roberto de Carvalho – São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005. p 93-103

ENTLER, Ronaldo A fotografia e as representações do tempo Galáxia, núm. 14, 2007, pp. 29-46 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo São Paulo, Brasil.

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A regra dos terços na composição fotográfica do dia-a-dia

Na fotografia, a regra dos terços é uma das principais estratégias para produzir uma imagem harmoniosa, descentralizada e equilibrada.

Esta imagem mostra um passadiço com palmeiras e edifícios em fundo. O passadiço está ladeado por um corrimão e há uma pessoa sentada num banco no fim do mesmo. Em primeiro plano, há duas palmeiras altas lado a lado, uma das quais tem um candeeiro de rua ao lado. Atrás delas está um impressionante edifício branco com telhas vermelhas que tem muitas janelas ao longo da fachada. Por cima desta cena, há um extenso céu azul pontilhado de nuvens.
f/3,4, V. 1/20s, I. 500 | Laura Lanza

Como funciona?

A regra consiste em dividir o quadro da fotografia em três partes horizontais e três partes verticais, formando uma “grade” com nove retângulos iguais. As linhas que dividem as seções, assim como as interseções entre elas, são consideradas zonas de atração do olhar. Por isso, os pontos de intersecção são considerados pontos de interesse. Recomenda-se, onde é possível, posicionar o objeto principal da fotografia sobre elas. O objeto é posicionado na primeira ou terceira parte da imagem, deixando os outros dois terços mais abertos, em vez de centralizá-los, tornando a composição mais interessante e preenchida.  

Ainda que o uso da regra dos terços seja bastante ampla e versátil para a maioria das situações, nem sempre sua aplicação é necessária ou adequada, como no caso de fotografias científicas, que dependem de precisão e de detalhes.

Esta imagem capta uma cena exterior deslumbrante de um lago tranquilo rodeado por árvores e edifícios luxuriantes. O céu azul está salpicado de nuvens brancas, criando uma atmosfera idílica. Em primeiro plano, há um corpo de água que reflete a paisagem circundante e proporciona uma vista tranquila. No lado direito da imagem, há vários edifícios altos com janelas de vidro que se destacam contra o céu azul brilhante. Mais ao fundo, podem ver-se mais árvores e vegetação, bem como algumas docas que se estendem até ao lago. Esta imagem resume perfeitamente a beleza da natureza combinada com a arquitectura moderna para criar uma visão inesquecível para quem tiver a sorte de a testemunhar em primeira mão.]
f/9, V. 1/200s, I. 100 | Laura Lanza

Nesse exemplo, a regra dos terços é utilizada para dar destaque à paisagem e ao horizonte, além de guiar o olhar para a fotografia. Isso porque a linha inferior, que “separa” a lagoa, é o primeiro plano, enquanto o céu ocupa os terços superiores, causando a sensação de profundidade. Os pontos de interesse centrais também auxiliam para a harmonia e proporção da composição, já que o reflexo na água complementa o terço inferior e gera uma simetria interessante. 

Esta imagem mostra uma estrada com árvores e arbustos de ambos os lados. A estrada está ladeada por relva verde luxuriante e há várias árvores espalhadas pela cena. Em primeiro plano, há uma poça de água que reflecte o céu. Mais ao fundo do caminho, uma criança corre com roupas brilhantes que se destacam contra o fundo cinzento. Há também um poste no fundo, que aumenta a profundidade da imagem.

As cores dominantes nesta fotografia são o cinzento e o branco, enquanto se podem ver acentos de verde por todo o lado, bem como um tom castanho-terroso de algumas das folhagens. Esta paisagem exterior foi cuidadosamente ajardinada para criar uma atmosfera convidativa para todos os que a visitam - perfeita para dar passeios ou simplesmente apreciar a beleza da natureza!
f/7,1, V. 1/60s, I. 100 | Laura Lanza

Nesse segundo caso, as linhas causam a percepção de espaço. O passeio é o assunto principal da foto e está em evidência, por isso, a linha horizontal é posicionada no ponto de fuga, o horizonte, sendo responsável por seu prolongamento. Enquanto as linhas verticais, junto aos pontos de interesse e a disposição dos elementos, como as árvores, arbustos e as guias, causam a sensação de direção. Além disso, outro componente de destaque para a imagem, é a criança centralizada andando de bicicleta, que reforça a direção.

Esta imagem mostra uma estátua de um soldado no meio de uma paisagem urbana exterior. O soldado está de pé, alto e orgulhoso, segurando uma espingarda nas mãos. Está rodeado de árvores e plantas, com uma grande árvore directamente atrás dele a oferecer sombra do sol. No fundo, há edifícios que fazem parte do horizonte da cidade. Há também um carro a circular na estrada do seu lado esquerdo e algumas caixas de plantas com relva a crescer perto dos seus pés. Do seu lado direito, há outra pessoa a caminhar no passeio, vestindo calças de ganga azuis. O céu acima tem nuvens brancas espalhadas por todo o lado e parece que pode ser de manhã cedo ou ao fim da tarde, a julgar pela paleta de cores. No geral, esta imagem transmite uma sensação de força e coragem, bem como de tranquilidade devido ao seu ambiente natural, o que constitui uma combinação interessante quando se olha para esta cena como um todo.
f/6,3, V. 1/250s, I. 100| Laura Lanza

A terceira foto é um caso semelhante à aplicação da regra dos terços em projetos arquitetônicos. Ela foi registrada de um ângulo baixo e com um pouco de zoom, trazendo a perspectiva de grandeza para a estátua, e, ao posicioná-la na linha vertical, isso é ainda mais enfatizado. O monumento  está deslocado para a esquerda. Os objetos localizados nos terços direitos aparentam ser menores do que são. Dessa forma, a técnica trouxe a sensação de alongamento e profundidade.

Regra dos terços para iniciantes

As câmeras digitais  e os smartphones, têm a opção de mostrar essas linhas imaginárias, tornando a técnica acessível para quem está começando.  Recomendamos utilizar esse recurso para praticar a regra dos terços, adquirir experiência e compreender como a fotografia funciona, já que para usá-la, basta posicionar o elemento principal da imagem em um dos quatro pontos de intersecção da grade de terços.

Contudo, para ter evoluções, é importante experimentar posicionar os elementos principais em variados pontos da gradação dos terços, a fim de encontrar a composição mais agradável e de maior identificação para o fotógrafo. São essas variações que permitirão conquistar resultados diferentes, criativos e captar melhores imagens. Para a fotografia, o mais importante é treinar o olhar e compreender a regra dos terços como uma orientação para dispor os elementos na foto, ao invés de considerá-la uma técnica rígida.

REFERÊNCIAS CONSULTADAS NA PRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO 

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Enquadramento

O enquadramento de uma fotografia é fundamental para a construção de seu sentido. Ele depende do espaço, do tempo e do intuito da fotografia.

O enquadramento de uma fotografia é fundamental para a construção de seu sentido. Ele depende do espaço, do tempo e do intuito da fotografia.

Em um parquinho infantil de uma praça, na lateral de um brinquedo há um jogo da velha com peças interativas em verde, roxas e vermelho. Quando o X está virado para a frente, a peça está sem alterações, mas caso seja o círculo, rostos com diversas emoções estão desenhados, como emojis. Na disposição em que a fotografia foi tirada, aparece um rosto feliz, um mandando beijo e com chifres, um bravo e um chateado.
A. f/8, V. 1/160s, I. 400 | Lívia Gariglio

Como escolher sobre o que fotografar em um espaço? Essa é uma dúvida bastante frequente entre os fotógrafos. A decisão de algo aparecer ou não, e até mesmo a forma como aparece impacta na leitura da fotografia. Dessa forma, ao usar o enquadramento intencionalmente é possível criar uma narrativa interessante ou mudar o significado da imagem. Mas, como essas escolhas são feitas? E quais são os fatores que influenciam? Neste capítulo, iremos nos aprofundar nessa temática.

Como o tempo e o espaço afetam o enquadramento?

Em cima de uma mesa de madeira, existem dois ambientes diferentes: um espaço limpo e vazio, com um abajur de luz vermelha o iluminando e um espaço que é iluminado de azul e entulhado com diversos objetos, como garrafa d’água, carregador, blusa, bolsas, pincéis, moedas, entre outros. Existe um contraste visual entre os dois lados.
A. f/5, V. 1/60 s, I. 800 | Lívia Gariglio

Imagine que você resolva fotografar a sua sombra quando está andando pela rua. O seu corpo não deixa de existir por você fotografar apenas a sua sombra, não é mesmo? Isso mostra que existem elementos de um espaço que nem sempre vão aparecer no enquadramento da fotografia, ou seja, no visor da câmera. O que aparece no visor é o campo de visão e, aquilo que não aparece no visor é o extracampo, ou fora de campo.

Isso significa que podemos mostrar ou não mostrar algo. Por exemplo, é possível tirar uma foto em que um quarto parece arrumado, mas na realidade apenas aquele fragmento está organizado e o restante, está extremamente caótico. Isso seria um exemplo de mostrar ou não-mostrar algo, escolhendo aquilo que está em campo e fora de campo. Ou seja, mostrar algo é incluir no campo e não mostrar é tirar do campo.

Mas, e se eu tiver algo no campo, mas que eu não quero que apareça? Nesse caso, não o evidencio. Existem algumas formas de se evidenciar ou não algo que está em campo. Vamos pensar em uma mancha na parede, por exemplo. Nessa situação, poderíamos desfocar o fundo ou  posicionar outro objeto que esteja no campo para ficar a sua frente. Assim, estaríamos evidenciando esse objeto, não a mancha.

Desse modo, estamos escolhendo recortes tanto ao mostrar ou não mostrar  (escolher o que entra em campo e o que fica fora dele), quanto ao evidenciar ou não evidenciar (definir a forma como algo aparece no campo).  Esses recortes podem ser de espaço ou de tempo. Todos os exemplos citados até agora foram de espaço, ou seja, escolha de como abordar o lugar onde a fotografia está sendo tirada. Entretanto, a fotografia também depende do fator tempo para acontecer.

Um abajur com estampa clara e sustentação de metal escuro está na frente de uma parede branca que contém uma mancha alaranjada.
A. f/3.5, V. 1/30 s, I. 100 | Lívia Gariglio

Segundo Maurício Lissovsky (2008), a fotografia é uma máquina de esperar, ou seja, é como se tivéssemos que nos visualizar como uma espécie de videntes. Se você quer tirar uma foto de alguém sorrindo espontaneamente, você imagina que acontecerá alguma ação que vai gerar esse sorriso. E só depois disso, irá tirar a fotografia. Mas, e se isso não acontecer? São situações que nem sempre se concretizam e o recorte de tempo impacta diretamente no resultado de uma fotografia.

Pessoas sentadas e em pé aguardando em um ponto de ônibus. Carros estão parados na rua, no trânsito. Atrás, estão casas e o céu, que está azul com nuvens rosas, indicando o fim da tarde.
A. f/4.5, V. 1/125 s, I. 1600| Lívia Gariglio

Para ilustrar isso, decidi tirar uma foto de um ponto de ônibus em horário de pico. Dei preferência aos bairros que eu frequento por morar perto e, portanto, achei que teria mais facilidade. No entanto, eu estava completamente enganada. No primeiro dia, começou a chover e voltei para casa antes de conseguir fotografar. No segundo, cheguei por volta de 16h40min, para conseguir capturar o movimento que começa a partir das 17h. Entretanto, no local escolhido, as pessoas estavam esperando o transporte público na praça que fica atrás e não exatamente no ponto. Então, fui para a  rua de cima, porém, cheguei exatamente no momento em que dois ônibus estavam passando e, assim, o ponto ficou bem mais vazio. Esperei uns 20 minutos e não estava circulando tanta gente, por isso me desloquei para um ponto que ficava mais para a frente. E, nesse momento, percebi que o meu maior obstáculo consistia em fotografar do outro lado da rua, mesmo com o grande trânsito de carros e caminhões. A fotografia acima foi o resultado, depois de diversas tentativas.

Além disso, o mesmo espaço, em horários diferentes, pode proporcionar uma sensação e uma interpretação completamente diferentes. Isso pode acontecer por causa da iluminação, das ações que ocorrem, entre outros. Uma praça, durante o dia pode passar a sensação de vivacidade, movimento e jovialidade e de noite, pode parecer deserta, triste e decadente.

O enquadramento é estético, ético e político

Essa escolha de recortes espaciais e temporais são feitos com base em três critérios: estético, ético, e político. Quando a intenção é provocar alguma sensação ou experiência, o critério é estético. Já se o foco é, por exemplo, não mostrar o rosto de uma criança em vulnerabilidade, o recorte é feito com propósito ético, e se for relacionado com expor uma realidade, um conteúdo crítico ou opiniões e posicionamentos, o recorte é político.

Dessa forma, o enquadramento é utilizar o campo e o extracampo para construir uma narrativa por meio do tempo e do espaço, com base em intuitos estéticos, éticos e/ou políticos. Nenhuma fotografia é isenta de enquadramento, mas dominando essas formas de mostrar e esconder, de imaginar e esperar, é possível produzir fotografias ainda mais intencionais, criativas e únicas.

Referências consultadas na produção deste conteúdo

ENTLER, R. O corte fotográfico e a representação do tempo pela imagem fixa. Studium, Campinas, SP, n. 18, p. 30–42, 2019. DOI: 10.20396/studium.v0i18.11788. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/11788. Acesso em: 20 abr. 2023.

FLÁVIO VALLE. Enquadramento. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2016/09/glossariofotografico-enquadramento.html>. Publicado em: 16 set. 2016. Acessado em: 20 abr. 2023.

LISSOVSKY, Mauricio. A máquina de esperar: origem e estética da fotografia moderna. Rio de Janeiro: Maud X, 2008.

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Verticalização da cidade

A sensação de aperto proporcionada por Berenice Abbott

A sensação de aperto proporcionada por Berenice Abbott

A fotografia de Berenice Abbott, tirada em 1933, mostra uma rua nova iorquina pela qual diversas pessoas caminham. Tirada de um ângulo superior, a foto dá ênfase aos altos prédios presentes dos dois lados da rua. A autora ainda cortou as laterais da imagem, ampliando o sentimento de aperto proporcionado por ela.

A fotografia em preto e branco mostra um comprida rua com várias pessoas andando. De ambos os lados há diversos prédios altíssimos.
Berenice Abbott

A foto, possivelmente tirada de uma janela devido à altura, me fez refletir sobre a crescente e compulsória construção de prédios cada vez mais altos nos centros urbanos. Essa verticalização das cidades expressada na foto me remete à sensação de pressão, aperto, falta de ar.

Na fotografia, as pessoas são apenas pequenos pontos quando comparados à grandiosidade e altura dos edifícios. Tento me imaginar nessa rua, olhando para o céu e enxergando apenas um pequeno pedaço dele. A imagem dos prédios se agigantando sobre mim parece, ao mesmo tempo, incrível e assustadora. É daí que surge o sentimento incômodo de aperto, de se perceber minúsculo entre as grandes construções.

Além disso, a falta de coloração na imagem realça o contraste formado pela luz do sol que perpassa os vãos dos prédios, formando largas faixas de luz na rua coberta de sombras. Ao caminhar por esta rua haveriam momentos de sombra e momentos de luz intercalando-se.

Ao meu ver, esta é a atual cultura dos espaços urbanos: se sentir pequeno, às vezes impotente, apenas mais um em meio a um grande grupo de pessoas, prédios e informações; apenas mais um indistinto indivíduo, contrastando com os altos prédios das cidades e alternando entre a luz e a sombra.

Links, Referências e Créditos

Como citar este artigo

COUTO, Sarah. Verticalização da cidade. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/10/verticalizacao-da-cidade.html>. Publicado em: 16 de mar. de 2023. Acessado em: [informar data].

Aos doze anos

A transição da fantasia infantil à dura realidade machista

A imagem abaixo mostra uma garota de 12 anos vestindo roupas claras. A segurando por trás, há um homem adulto de terno, seu rosto está oculto devido a falta de luminosidade. Tanto o homem como a menina estão na varanda frontal de uma casa de bonecas, ao lado deles podemos ver cadeiras e uma mesa com xícaras para uma provável brincadeira de chá.

Esta foto faz parte do ensaio fotográfico At Twelve: Portraits of Young Women, feito por Sally Mann, que tem como intuito retratar a individualidade de diversas meninas de 12 anos de Lexington, VA, cidade natal da fotógrafa. Curiosamente, esta imagem é, na minha opinião, a que mais evidencia uma crítica social.


A foto em preto e branco mostra uma garota de 12 anos  de roupas claras. Atrás dela há um homem adulto, de terno, segurando seu braço, não podemos ver seu rosto devido à sombra em seu rosto. Ambos estão na entrada de uma ‘casinha de bonecas’ que possui uma mesinha e cadeiras na varanda frontal.
Sally Mann

Tentei buscar alguma opinião ou comentário da fotógrafa sobre o ensaio, mas não encontrei nada. Desse modo me peguei pensando, refletindo sobre o que os 12 anos de uma garota significam, para ela, para sua família e para a sociedade.

Normalmente, é próximo aos 12 anos que mulheres têm sua menarca, isto é, sua primeira menstruação. Ao longo das décadas muitos significados já foram atribuídos a este momento. Como, por exemplo, sendo o momento a partir do qual a menina já pode casar, “sair dos braços do pai para os braços do marido”.

Nas últimas décadas do século XX, quando o ensaio foi feito, já não existia tão abertamente este pensamento, mas de algum modo, seus resquícios ainda repercutiam e repercutem na sociedade.

Não é novidade que vivemos numa sociedade machista na qual é presente a cultura do estupro. Uma cultura que perpassa fronteiras e continentes e que, especificamente no Brasil e nos Estados Unidos, muito se assemelha.

O homem ao fundo da imagem, me acarreta a imagem de um primeiro abuso, uma primeira transgressão, uma primeira violência. Ele não possui rosto, chega por trás e num local que ‘não pertence’: a casa de bonecas.

Toda a composição dessa fotografia me grita uma violência na infância, nesta transição para a pré-adolescência, momento no qual, boa parte das meninas começa a ser sexualizada pela sociedade como um todo.

Para quem olha brevemente a imagem pode não aparentar grandes significados, mas, para mim, é de grande profundidade a crítica feita pela autora.

#leitura é uma coluna de caráter crítico. Trata-se de uma série de análises de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.


Links, Referências e Créditos

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Cores Frias

Como as cores frias afetam a percepção de quem vê a fotografia e como elas podem ser usadas para criar certos efeitos?

A cor é um dos elementos mais importantes em uma fotografia. O uso e a combinação de tons pode afetar radicalmente a intenção e o efeito de uma fotografia para quem a vê. No círculo cromático, as cores frias, tons de azul, verde e roxo, estão em oposição ao vermelho, laranja e amarelo, cores quentes. As cores frias têm mais azul na composição, enquanto as quentes têm mais amarelo. 

Legenda: Círculo cromático. Fonte: Arty (2018)
Descrição: um circulo de cores dividido em duas partes, uma com as cores quentes e uma com as cores frias.

Estes tons mais frios transmitem uma sensação de melancolia e relaxamento, dependendo da forma como forem usados. Quantos mais “desbotado” o verde ou o azul forem, maior a sensação de relaxamento transmitido por eles. Se os tons estiverem muito saturados o efeito calmante se perde um pouco.

Mas por que essas cores tem o efeito de acalmar o observador? Segundo o livro Psicologia das Cores, de Eva Heller, o azul e o verde são muito associados ao céu e a natureza, elementos considerados “divinos” por algumas culturas, o que faz com que elas tenham esse efeito tranquilizante para várias pessoas. Este livro apresenta o resultado de uma pesquisa sobre cores e sentimentos, e um dos capítulos mostra que azul e verde foram as cores mais associadas aos sentimentos de harmonia, simpatia, amizade e confiança.

Legenda: Viaduto Santa Efigênia Visto a Partir do Vale do Anhangabaú. Walter Firmo, 1980.
Descrição: uma avenida movimentada em um horário que parece o entardecer, com o céu começando a escurecer. 

Walter Firmo é um fotógrafo brasileiro, muito conhecido por retratar a cultura negra e brasileira, tendo fotografado artistas como Cartola, Paulinho da Viola, Pixinguinha e Clementina de Jesus. Durante sua carreira passou a ser chamado de “mestre da cor”, justamente pelo uso interessante deste elemento em suas fotografias. 

Legenda: Santo Amaro da Purificação, Bahia. Walter Firmo, 2002.
Descrição: duas pessoas nuas em meio ao que parece ser um canavial. Ao fundo vemos uma pequena igreja. 

A foto acima tem poucas cores na sua composição. Azul no céu, verde na grama, branco na igreja ao fundo e marrom e preto na pele e no cabelo da mulher e o homem fotografados. A predominância do azul e do verde passam uma sensação de tranquilidade e os olhares dos modelos no horizonte dão a impressão de que eles estão pacientemente esperando algo ou apenas observando a natureza em um momento de contemplação.

Pensar o uso e a intenção da cor na fotografia é fundamental para criar fotos que façam o observador sentir algo enquanto ele observa. Além de observar as cores e as luzes do ambiente no momento de fotografar, também use aplicativos de edição e experimente diferentes tonalidades para as suas fotos. 

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Links, Referências e Créditos

 

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Padrões

 Existem padrões por todo lado e ao fotografar não se deve ignorá-los. Mas, o que são padrões?

 Existem padrões por todo lado e ao fotografar não se deve ignorá-los. Mas, o que são padrões?

German Lorca – New York
Descrição: Fotografia em preto e branco. Varandas e colunas de uma construção se repetem formando um padrão. Na varanda de baixo e do meio há um relógio.

Padrão nada mais é do que toda repetição de um elemento. Pode ser a repetição natural da textura de um objeto, como os espinhos do abacaxi; uma repetição de cor ou de sequência de cores, como as listras na casca de uma melancia; ou uma repetição de formas, como as janelas de um prédio, etc. Pode ser também uma repetição proposital de um objeto comum, fazendo, às vezes, com que ele perca o significado isolado para se transformar em um resultado estético.

German Lorca – Paralelepípedo, 1970
Descrição: Fotografia em preto e branco. Mostra paralelepípedos amontoados.
Outra possibilidade encerrada na composição com padrões é a criação de um cenário composto por repetição de um único elemento que dará a impressão de uma estampa ou gravura.
German Lorca – 062 Coqueiros
Descrição: Fotografia colorida. Mostra uma floresta de coqueiros.
Na fotografia, a presença de um padrão costuma atrair a atenção, podendo ser usado em torno de algo que se deseja enfatizar. Por outro lado, algumas composições optam por enquadrar apenas o padrão e, como nas fotografias em que os padrões são propositalmente arranjados, torna o significado mais abstrato, já que o leitor olhará a combinação como um todo e não os elementos individualmente. Essa construção de homogeneidade favorecida pela repetição de elementos, leva a uma cenário em que para enfatizar um objeto dentro da composição, basta que esse objeto destoe dos demais em cor, forma, tamanho ou simplesmente por ser um objeto diferente dos outros. Na fotografia abaixo, por exemplo, a mulher poderia ter sido fotografada sozinha na areia vazia, mas a presença dos quiosques formando um padrão ao seu redor deixa a fotografia mais chamativa e a destaca.
German Lorca – 040 Praia Canoa Quebrada
Descrição: Fotografia colorida. Em uma praia vista de cima, diversos quiosques de teto de palha estão espalhados pela arei. Há uma mulher sentada entre eles.
As fotografias deste post são de German Lorca, fotógrafo paulista nascido em 1922. German começou a frequentar o Foto Cine Clube Bandeirante em 1948 e isso o influenciou a começar a fotografar profissionalmente em 1949. Encerrou a carreira em 2003, mas não deixou de fotografar por prazer. Algumas de suas fotos trabalham com múltiplas exposições e, por vezes, essa técnica é a responsável por produzir o padrão da fotografia. A fotografia abaixo, por exemplo, cria o padrão repetindo três vezes a cena.
Vamos treinar? Escolha um objeto e faça fotografias com padrões utilizando-os, desde fotografar os padrões presentes nele a transformá-lo em um padrão. Compartilhe sua foto marcando o nosso instagram (@d76_cultfoto).

Referências:

  • HEDGECOE, John. O novo manual de fotografia. São Paulo: Senac, 2005.
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A Cores ou P&B

Já ficou em dúvida na hora de optar por fotos a cores ou em preto e branco? O texto de hoje é para você!

Já ficou em dúvida na hora de optar por fotos a cores ou em preto e branco? O texto de hoje é para você!

Já ficou em dúvida na hora de optar por fotos a cores ou em preto e branco? O texto de hoje é para você!

Os primeiros filmes fotográficos coloridos a serem comercializados foram os autocromos dos irmãos Lumiére que suurgiram em 1907, mas a fotografia colorida só começou a fazer mais sucesso com o grande público em 1942 com o lançamento do Kodacolor. Muitos fotógrafos se recusaram a fotografar com filmes coloridos em um primeiro momento. Henri Cartier Bresson foi um deles. Ele escreveu em seu livro “O Momento Decisivo” (1952) que filmes coloridos não deveriam ser usados devido aos tempos de exposição mais longos que eram necessários. Hoje, com a tecnologia digital, o sensor capta as informações de cor que podem ou não ser desprezadas caso deseje-se que a fotografia seja em PB. O próprio Bresson acabou cedendo e fotografou em cores posteriormente.

As fotos em cores caíram no gosto popular, e ao longo da década de 70 a maioria esmagadora das revistas publicaram fotos coloridas em suas capas e fotorreportagens, já que elas eram mais atrativas para o público e a tecnologia avançou e permitiu a impressão de fotos em alta definição. Com isso, o preto e branco passou a ser considerado obsoleto. Ainda assim, a fotografia em P&B não foi totalmente abandonada. Hoje, a decisão de  se produzir uma imagem com cores ou sem elas não implica necessariamente uma limitação tecnológica. Ao contrário, princípios de composição e sentidos estéticos as tornam distintas da fotografia em cores.

Talvez você já tenha ouvido falar em cores primárias e secundárias, em tons quentes e tons frios e até mesmo na psicologia das cores. É  possível começar a perceber que a composição visual e as cores presentes na foto podem fazer toda a diferença no resultado final. As fotos coloridas são ideais caso deseje-se passar sensações térmicas como calor e frio, sendo responsáveis pela sugestão de sensações que podem dizer tanto de um horário ou localidade geográfica, clima e até mesmo emoções humanas. Uma foto tirada durante o dia, em uma praia, mostrando uma família brincando feliz, usualmente trará a presença de cores quentes, como o laranja e o amarelo, enquanto uma foto mostrando uma pessoa em estado introspectivo, lendo um livro em um dia frio e chuvoso provavelmente terá cores frias, como tons de azul.

Ainda nesse sentido, as cores podem auxiliar na produção de uma narrativa fotográfica, já que as cores carregam significados, sendo cores quentes usualmente ligadas à sentimentos alegres, festivos e apaixonantes, enquanto as cores frias estão ligadas à tranquilidade, à introspecção ou à tristeza. Em geral, as fotos coloridas também prendem a atenção, em especial quando são trabalhados os contrastes e harmonias entre as cores.

Um exemplo de fotógrafo que trabalha bastante com a cor  é o norte-americano David LaChapelle, que vem trabalhando com fotografia desde a década de 80 e tem um trabalho que mistura referências da arte clássica, barroca e elementos da cultura pop. LaChapelle trabalha sobretudo com fotos com cenários montados e muita pós produção, com tratamento de imagem e um uso de contraste forte, brilhante e chamativo nas cores, o que as dá ares de fantasia.

Uma mulher adulta negra está com uma mão dada à uma menina negra em meio à uma rua. Ambas estão de frente para a câmera, usam roupas cor de rosa chamativas que contrastam com o restante da imagem. Há quatro casas ao fundo, sendo a primeira do lado direito encoberta por um tecido da mesma cor que a das roupas das modelos. 
David LaChapelle. This is My House. 1977.

Na fotografia “This is My House”, é possível notar como a cor é um elemento chamativo e importante. Há uma harmonia nos tons pastéis do ambiente, como nas três casas vistas ao fundo, mas o tom de rosa elétrico presente nos trajes das modelos, uma mulher adulta e uma menina, ambas negras, também presente na casa na extremidade direita da imagem, roubam a cena e fazem com que a atenção concentre-se sobretudo nelas, permitindo também compreender que a casa, aparentemente envolta por completo em um tecido cor de rosa, é provavelmente a mencionada no título da obra. A casa onde residem as personagens retratadas, que posam para a câmera com atitude.

Já as fotos em preto e branco não transmitem a temperatura de uma cena, mas elas tem suas vantagens. Cores podem desviar a atenção do objeto principal da foto, mas isso não acontece no caso das fotos em preto e branco. Muitos fotógrafos preferem a ausência de cores na hora de fazer retratos, pois assim, há destaque para as expressões faciais ou padrões e formas geométricas.

Outra vantagem da ausência de cores nas fotos é que o contraste entre os locais iluminados e escuros fica muito mais claro. Por isso, fotos em preto e branco são excelentes quando o objetivo principal é retratar como a luz está se comportando. Do ponto de vista técnico, o preto e branco tem a vantagem de apresentar menos ruído que as fotos coloridas, além de ser uma escolha interessante para fotógrafos que pretendem usar a técnica do High Dynamic Range nos softwares de edição, já que o resultado da mesclagem de fotos em preto e branco tende a ser mais sutil que o das fotos coloridas.

O famoso fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado é um dos principais nomes da fotografia em preto e branco da atualidade. Todos os seus fotolivros publicados até hoje são compostos inteiramente de imagens em P&B. Segundo ele, esse tipo de fotografia faz com que o espectador tenha uma conexão maior com o objeto fotografado, seja ele uma pessoa, um animal ou uma paisagem. Muitos ainda consideram Salgado como sendo o responsável por reviver a fotografia em preto e branco depois que as coloridas tomaram conta dos jornais e revistas.

Na foto podemos ver um homem parado com as mãos na cintura olhando diretamente para a câmera. Ele está coberto de lama, em sua cabeça está amarrado um pano, ele usa uma camiseta que está amarrada, e um short. O fundo está desfocado, mas podemos perceber que existem vários homens trabalhando no local.

Sebastião Salgado, Serra Pelada, 1986

Nessa foto, podemos ver várias das mais importantes características das fotos em preto e branco. O olhar do homem é o que mais chama a atenção devido ao grande contraste entre o branco da esclera e todo o ambiente à sua volta. A textura de suas roupas também é muito importante para a composição da foto, pois mostra bem como o homem está coberto de lama e isso ajuda a perceber as difíceis condições de trabalho em Serra Pelada.

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Texto escrito em co-autoria com Pedro Olavo. 

Links, Referências e Créditos

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Formas geométricas

Prestar atenção nas formas geométricas ao seu redor para compor uma foto pode render registros com uma estética muito interessante.

Existem vários elementos que você pode explorar na composição das suas fotos para atrair o olhar, como cor e textura. Quadrados, círculos e triângulos podem ser enxergados facilmente em janelas, portas e também podem ser criadas, por exemplo, com o jogo de luz e sombra. Essas formas geométricas são um elemento simples e podem te ajudar a criar fotos com uma estética diferente, por mais de uma razão.
Elas passam a sensação de uma fotografia calculada e organizada, justamente por serem muito reconhecíveis. Dependendo de como você as posiciona, formas geométricas também podem criar uma simetria na fotografia, que pode gerar um estranhamento e, consequentemente, um interesse de quem vê. E caso você encontre diversas formas iguais, como, por exemplo as várias janelas de um prédio, pode ser criado um padrão na sua foto.
Embora sejam dicas simples, o resultado pode ser fotos esteticamente atraentes e que fogem de um lugar-comum. O filme “Grande Hotel Budapeste” é um exemplo que usa muitas formas geométricas e simetria perfeita em seus enquadramentos, o que o faz ter um visual particular e muito chamativo.
Legenda: Kai Ziehl, Hamburgo, 2011
Descrição: foto em preto de branco do que parece ser uma ponte, com uma rua centralidade e estruturas de ferro dos dois lados. Identificamos na arquitetura formas de retângulos e um meio círculo. 
Kai Ziehl é um fotógrafo alemão que explora o ambiente urbano em fotografias em preto e branco, realçando a arquitetura desses locais. Como dito em sua biografia do Instagram, a fotografia de Ziehl transforma a frieza da paisagem urbana em algo significativo e expressivo. Suas fotografias quase sempre realçam formas geométricas na composição.
Legenda: Kai Ziehl, Hamburgo, 2011
Descrição: foto em preto e branco de um lugar em que a parede do fundo é de vidro, e através dela vemos alguns prédios e plantas na entrada. Também há uma pessoas em frente a essa parece, de costas para a câmera. Identificamos quadrados e retângulos na composição.
A foto acima é um exemplo de como usar formas geométricas cria uma estética atraente. O padrão quadrado das janelas chama o olhar e ajudou criar uma simetria quase perfeita, quebrada apenas pela presença de uma mulher e seu reflexo à esquerda, o que também ajuda a destacar essa pessoa. Esses elementos fizeram com que a foto tenha uma aparência quase abstrata, mesmo que o objeto fotografado seja simples e até banal.
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Links, Referências e Créditos

 

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