A Representação do Movimento: recortando espaço e tempo

Nosso movimento é constante e mesmo parados, nossa respiração é um movimento. Entender como representá-lo nas suas fotografias é fundamental.

Nosso movimento é constante e mesmo parados, nossa respiração é um movimento. Entender como representá-lo nas suas fotografias é fundamental.

Cenário de uma cachoeira, com uma pedra se destacando no meio e a corrente da água a atravessando. A pedra está congelada, mas o movimento da água está borrado na imagem.
A. f/14, V. 1/13 s, I. 800 | Gustavo Batista

Há um interessante paradoxo da fotografia que na maioria do tempo não percebemos. Mesmo que uma foto seja um recorte estático da realidade, ainda há movimento presente nela: apenas manipulamos como queremos que ele se apresente. Não se engane, pois mesmo quando estamos parados fotografando, nossa respiração e movimento dos músculos ainda são um movimento sutil, mas muito capaz de tremer nossa fotografia quando não firmarmos a mão. Mas existe um certo ou errado? Quais fatores levamos em conta quando escolhemos como esse movimento aparece? As possibilidades vão até mesmo além do que imaginamos.

Borrado e Congelado: Os tipos de movimento na fotografia

Se imagine fotografando em um festival de dança, câmera no pescoço e os mais variados estilos se apresentando. Existem diferentes possibilidades ao seu dispor para captar cada apresentação, tudo variando de acordo com seu desejo e visão como fotógrafo. Talvez queira deslumbrantes poses de balé congeladas e estáticas, destacando firmeza. Talvez queira vestidos de dança de ventre borrados para sensação de fluidez. Independente das escolhas tomadas, há um agente por trás: a velocidade do obturador.

Através da velocidade do obturador, também conhecida como tempo de exposição, é possível variar o movimento entre dois estados: congelado e borrado. Em termos técnicos, essa alteração refere-se ao tempo que o obturador levará para abrir e fechar, assim controlando a entrada de luz. Uma velocidade de obturador mais alta vai captar movimentos de forma congelada, enquanto uma baixa vai captar borrados.

Estaca de madeira fincada em uma rua, segurando dois varais com várias bandeiras LGBTQIA + enfileiradas. Elas balançam com o vento, apresentadas congeladas na imagem.
A. f/7.1, V. 1/2000 s, I. 200 | Gustavo Batista

Vejamos os casos. O movimento congelado demanda que o obturador seja mais rápido que o objeto. Isso já deve ser visível de 1/250 para cima dependendo da sua câmera, mas ele pode variar. Na imagem acima, havia uma intencionalidade quanto a como as bandeiras deveriam se apresentar: congeladas, destacando a presença do vento mas sem comprometer o conteúdo presente nessas. Para isso, foi usada a velocidade de 1/2000 para que o efeito fosse realizado e a imagem se mantivesse nítida.

Uma mão segura um telefone celular, rolando a galeria rapidamente. A tela do celular está borrada e a mão segurando congelada.
A. f/3.9, V. 1/15 s, I. 200 | Gustavo Batista

O movimento borrado é consequência de um maior tempo de exposição, resultando em um rastro no objeto em movimento. Isso exige uma velocidade mais baixa. A imagem do exemplo acima usa de uma velocidade 1/15 para apresentar um cenário onde é possível ver um celular e uma mão deslizando a tela, rolando pela galeria de imagens. Devido ao tempo de exposição alto, o efeito gerado da tela borrada causa uma sensação de movimento, captando melhor a ideia do deslize rápido na tela. 

Uma moto atravessa em meio a rua com uma mulher dirigindo. A rua está borrada e a mulher no centro congelada.
A. f/13, V. 1/15 s, I. 100 | Gustavo Batista

Panning parece complicado, eu sei, mas o segredo está em “brincar com a física”. Panning vem de panorâmica e sua aplicação consiste em um tempo de exposição mais longo, porém acompanhando o objeto com sua câmera. Isso eliminará o movimento do objeto de interesse, o deixará estático e borrará o resto na direção que a câmera foi movida. No exemplo acima, o objeto de interesse consiste na moto passando. Perceba que como na imagem anterior, a presença do borrado corrobora para a sensação de movimento.

Não existe certo ou errado, apenas a sua intenção

Captar o movimento na fotografia é composto de duas possibilidades que parecem básicas: ou você congela ou você borra. É um processo subjetivo que depende de você, pois não há certo ou errado. A real diferença está na intenção e no resultado final, afinal, fotos borradas e fotos congeladas causam diferentes percepções. Para isso, o primeiro passo é sempre saber qual sua intenção e quais possibilidades você tem a seu dispor. Não entender isso pode criar um ciclo de constante insatisfação nas suas fotos e não há nada pior que sentar para rever as tiradas no dia e se decepcionar.

REFERÊNCIAS CONSULTADAS NA PRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO

HEDGECOE, John. O novo manual de fotografia: guia completo para todos os formatos/John Hedgecoe; tradução de Assef Nagib Kfouri e Alexandre Roberto de Carvalho – São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005. p 93-103

ENTLER, Ronaldo A fotografia e as representações do tempo Galáxia, núm. 14, 2007, pp. 29-46 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo São Paulo, Brasil.

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A regra dos terços na composição fotográfica do dia-a-dia

Na fotografia, a regra dos terços é uma das principais estratégias para produzir uma imagem harmoniosa, descentralizada e equilibrada.

Esta imagem mostra um passadiço com palmeiras e edifícios em fundo. O passadiço está ladeado por um corrimão e há uma pessoa sentada num banco no fim do mesmo. Em primeiro plano, há duas palmeiras altas lado a lado, uma das quais tem um candeeiro de rua ao lado. Atrás delas está um impressionante edifício branco com telhas vermelhas que tem muitas janelas ao longo da fachada. Por cima desta cena, há um extenso céu azul pontilhado de nuvens.
f/3,4, V. 1/20s, I. 500 | Laura Lanza

Como funciona?

A regra consiste em dividir o quadro da fotografia em três partes horizontais e três partes verticais, formando uma “grade” com nove retângulos iguais. As linhas que dividem as seções, assim como as interseções entre elas, são consideradas zonas de atração do olhar. Por isso, os pontos de intersecção são considerados pontos de interesse. Recomenda-se, onde é possível, posicionar o objeto principal da fotografia sobre elas. O objeto é posicionado na primeira ou terceira parte da imagem, deixando os outros dois terços mais abertos, em vez de centralizá-los, tornando a composição mais interessante e preenchida.  

Ainda que o uso da regra dos terços seja bastante ampla e versátil para a maioria das situações, nem sempre sua aplicação é necessária ou adequada, como no caso de fotografias científicas, que dependem de precisão e de detalhes.

Esta imagem capta uma cena exterior deslumbrante de um lago tranquilo rodeado por árvores e edifícios luxuriantes. O céu azul está salpicado de nuvens brancas, criando uma atmosfera idílica. Em primeiro plano, há um corpo de água que reflete a paisagem circundante e proporciona uma vista tranquila. No lado direito da imagem, há vários edifícios altos com janelas de vidro que se destacam contra o céu azul brilhante. Mais ao fundo, podem ver-se mais árvores e vegetação, bem como algumas docas que se estendem até ao lago. Esta imagem resume perfeitamente a beleza da natureza combinada com a arquitectura moderna para criar uma visão inesquecível para quem tiver a sorte de a testemunhar em primeira mão.]
f/9, V. 1/200s, I. 100 | Laura Lanza

Nesse exemplo, a regra dos terços é utilizada para dar destaque à paisagem e ao horizonte, além de guiar o olhar para a fotografia. Isso porque a linha inferior, que “separa” a lagoa, é o primeiro plano, enquanto o céu ocupa os terços superiores, causando a sensação de profundidade. Os pontos de interesse centrais também auxiliam para a harmonia e proporção da composição, já que o reflexo na água complementa o terço inferior e gera uma simetria interessante. 

Esta imagem mostra uma estrada com árvores e arbustos de ambos os lados. A estrada está ladeada por relva verde luxuriante e há várias árvores espalhadas pela cena. Em primeiro plano, há uma poça de água que reflecte o céu. Mais ao fundo do caminho, uma criança corre com roupas brilhantes que se destacam contra o fundo cinzento. Há também um poste no fundo, que aumenta a profundidade da imagem.

As cores dominantes nesta fotografia são o cinzento e o branco, enquanto se podem ver acentos de verde por todo o lado, bem como um tom castanho-terroso de algumas das folhagens. Esta paisagem exterior foi cuidadosamente ajardinada para criar uma atmosfera convidativa para todos os que a visitam - perfeita para dar passeios ou simplesmente apreciar a beleza da natureza!
f/7,1, V. 1/60s, I. 100 | Laura Lanza

Nesse segundo caso, as linhas causam a percepção de espaço. O passeio é o assunto principal da foto e está em evidência, por isso, a linha horizontal é posicionada no ponto de fuga, o horizonte, sendo responsável por seu prolongamento. Enquanto as linhas verticais, junto aos pontos de interesse e a disposição dos elementos, como as árvores, arbustos e as guias, causam a sensação de direção. Além disso, outro componente de destaque para a imagem, é a criança centralizada andando de bicicleta, que reforça a direção.

Esta imagem mostra uma estátua de um soldado no meio de uma paisagem urbana exterior. O soldado está de pé, alto e orgulhoso, segurando uma espingarda nas mãos. Está rodeado de árvores e plantas, com uma grande árvore directamente atrás dele a oferecer sombra do sol. No fundo, há edifícios que fazem parte do horizonte da cidade. Há também um carro a circular na estrada do seu lado esquerdo e algumas caixas de plantas com relva a crescer perto dos seus pés. Do seu lado direito, há outra pessoa a caminhar no passeio, vestindo calças de ganga azuis. O céu acima tem nuvens brancas espalhadas por todo o lado e parece que pode ser de manhã cedo ou ao fim da tarde, a julgar pela paleta de cores. No geral, esta imagem transmite uma sensação de força e coragem, bem como de tranquilidade devido ao seu ambiente natural, o que constitui uma combinação interessante quando se olha para esta cena como um todo.
f/6,3, V. 1/250s, I. 100| Laura Lanza

A terceira foto é um caso semelhante à aplicação da regra dos terços em projetos arquitetônicos. Ela foi registrada de um ângulo baixo e com um pouco de zoom, trazendo a perspectiva de grandeza para a estátua, e, ao posicioná-la na linha vertical, isso é ainda mais enfatizado. O monumento  está deslocado para a esquerda. Os objetos localizados nos terços direitos aparentam ser menores do que são. Dessa forma, a técnica trouxe a sensação de alongamento e profundidade.

Regra dos terços para iniciantes

As câmeras digitais  e os smartphones, têm a opção de mostrar essas linhas imaginárias, tornando a técnica acessível para quem está começando.  Recomendamos utilizar esse recurso para praticar a regra dos terços, adquirir experiência e compreender como a fotografia funciona, já que para usá-la, basta posicionar o elemento principal da imagem em um dos quatro pontos de intersecção da grade de terços.

Contudo, para ter evoluções, é importante experimentar posicionar os elementos principais em variados pontos da gradação dos terços, a fim de encontrar a composição mais agradável e de maior identificação para o fotógrafo. São essas variações que permitirão conquistar resultados diferentes, criativos e captar melhores imagens. Para a fotografia, o mais importante é treinar o olhar e compreender a regra dos terços como uma orientação para dispor os elementos na foto, ao invés de considerá-la uma técnica rígida.

REFERÊNCIAS CONSULTADAS NA PRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO 

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Ética

Ética é a arte da convivência, segundo Clóvis de Barros Filho. Mas como ela acontece em nossas vidas?

Fotografia em preto e branco com livros de filosofia empilhados de diversos autores.
Livros de Filosofia | João Marcos Maciel Luiz

A palavra ética é originária da palavra grega éthos, que pode significar costumes, mas pode, em outros casos, significar caráter, índole natural, temperamento, conjunto de disposições físicas e psíquicas (desejos e paixões) de uma pessoa. A ética surgiu quando um ou mais indivíduos se perguntaram o que são os costumes, de onde vêm e o que eles valem. Além disso, a filosofia moral, como ela também é conhecida,  visa compreender o caráter de cada pessoa, a saber, sobre o seu senso e sua consciência moral em uma sociedade.

Ética, cultura fotográfica e olhares das comunidades

Ética não é tabela de regras prontas porque necessita a reflexão constante em uma convivência. No convívio com pessoas pode surgir diferenças de valores e impedimentos. Cada pessoa é capaz de usar a própria razão e dizer que “uma coisa é melhor que outra” e estabelecer uma ação (práxis) acima do desejo (orexis) e das paixões (pathos) individuais para a convivência fluir bem. A razão auxilia nas escolhas dos valores a compartilhar. Esses valores são características humanas que distinguem o bom e o mal (virtude moral) e o verdadeiro e o falso (prudência). Veja alguns exemplos.

Mulheres e homens jovens sob a rampa de acesso ao restaurante universitário. Muitos usam roupas de frio como moletons, jaquetas e calças. Ao lado da rampa tem uma grade de ferro e duas pilastras azuis. O chão é liso da cor cinza amarronzado.
Fila do Restaurante Universitário UFOP | João Marcos Maciel Luiz

Intervalo das aulas. Você está com desejo (orexis) de lanchar, depois, interagir com os colegas, apesar do tempo curto e fila grande. O desejo controla sua razão e você desconsidera todos os colegas na fila sobrepondo sua vontade à liberdade dos colegas que esperavam a vez de pegar a merenda. Talvez você pense: “meus colegas fazem o mesmo!” Reflita se isso é bom ou mal para a convivência, porque cada ação (práxis) tem efeitos profundos e imperceptíveis. Pergunte-se: o que você valoriza?

Fotografia colorida mostrando veículos estacionados em lugar proibido. Nela, há muitos carros e motocicletas estacionados em uma área de convergência e próximo da parada de ônibus.
ICEB-UFOP | João Marcos Maciel Luiz

Seu pai precisa estacionar o carro. A rua que escolheu estacionar tem apenas vagas para carga e descarga de mercadorias, para deficientes e a parada de ônibus. As normas de trânsito permitem somente veículos específicos pararem nesses lugares. Equivocado, seu pai usa da razão e decide estacionar o carro em uma das vagas dizendo que será rápido. Em qualquer uma das vagas que estacionar, apenas atenderá o desejo (orexis) dele ultrapassando os limites e afetando a liberdade de outras pessoas.

Fotografia colorida em que um homem vestindo um moletom marrom estende sua mão direita para a câmera a fim de se defender da foto. Atrás dele tem uma estante com livros.
Homem se defendendo da câmera | João Marcos Maciel Luiz

Uma pessoa está compondo um cenário que você quer fotografar. Você decide pedir permissão para ela, mas acaba tendo seu pedido negado. Movido pelo desejo (orexis) de ter aquela imagem com a pessoa e pela raiva (pathos) da negação que recebeu, acaba ultrapassando os limites. Você, no entanto, pensa equivocadamente que não terá problema em tirar a fotografia mesmo assim. Simplesmente deixou o desejo e a paixão comandar sua razão e ultrapassou a liberdade do outro em não ser fotografado.

Fotografia colorida. Nela há um braço de mulher segurando uma máquina fotográfica como se estivesse roubando de uma mochila preta. A mulher usa uma blusa de manga comprida preta e uma calça colorida. A mochila está sobre uma mesa branca com três cadeiras pretas ao lado da mesa.
Simbolizando um furto de máquina fotográfica | João Marcos Maciel Luiz

Ao fotografar com câmera, aparece o desejo (orexis) de ter uma igual, sabendo que não tem o dinheiro para comprar uma. Decide roubá-la.  Uso incorreto da razão afetou a liberdade de outros terem a câmara. Talvez pense: “sou pobre, não tenho dinheiro para conseguir uma igual”, ou ainda: “pessoas roubam”. Primeiro, você duvida da própria capacidade de raciocinar e encontrar a forma correta de conseguir dinheiro sem prejudicar alguém. Segundo, a cobiça, uma paixão (pathos), o fez praticar má ação.

A ética, portanto, é o questionar sobre os costumes e a compreender o caráter humano. É uma forma de observarmos nosso senso e consciência moral e na sociedade. Nossas ações devem ser guiadas pela nossa razão para que nossos desejos e paixões não nos faça cometer desagrados individuais e coletivos. Devemos usar a razão para investigar o que valorizamos em um relacionamento e se correspondem ao que é bom e verdadeiro e ao que é mal e falso. Precisamos ser sinceros, transparentes e fiéis às nossas escolhas, boas ou más, e conduzi-las para uma bela convivência.

REFERÊNCIAS CONSULTADAS NA PRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO

BARROS FILHO, Clóvis de. A Ética é a Arte da Convivência. São Paulo: TEDx|São Paulo, 2018.

CANTO-SPERBER, Monique et alDicionário de Ética e Filosofia Moral: Aristóteles. São Leopoldo: Unisinos, 2013. Tradução de Ana Maria Ribeiro-Althoff.

_______________. Dicionário de Ética e Filosofia Moral: Ética. São Leopoldo: Unisinos, 2013. Tradução de Ana Maria Ribeiro-Althoff.

KENNY, Anthony. Uma Nova História da Filosofia Ocidental: filosofia antiga. São Paulo: Edições Loyola Jesuítas, 2011.

OLIVEIRA, Raimundo Nonato Nogueira de. Filosofia: investigando a ética e a sexualidade. Fortaleza: Edjovem, 2011.

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LUIZ, João Marcos Maciel. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://culturafotografica.com.br/etica/. Publicado em: 18 set. 2023. Acessado em: [informar data]. 

Triângulo de exposição

Os 3 parâmetros do Triângulo de Exposição são: ISO, Abertura e Duração da Exposição. É por esta combinação que podem ser definidas algumas características da imagem.

Os 3 parâmetros do Triângulo de Exposição são: ISO, Abertura e Duração da Exposição. É por esta combinação que podem ser definidas algumas características da imagem.

Fotografia de uma rua em um dia ensolarado. No final dela há algumas pessoas andando.
A. f/8, V. 1/125s, I. 100 | Nathália Paes

Uma fotografia é formada através da luz ambiente que entra pela lente da câmera fotográfica. Com o Triângulo de Exposição é possível controlar essa quantidade de luz e, portanto, ajustar o brilho da fotografia.

Na fotografia, o Triângulo de Exposição consiste no ajuste  de três parâmetros: o ISO, a Abertura e a Duração da Exposição. Conhecendo estas variáveis é possível prever algumas características da imagem que será captada. Como, por exemplo: se a imagem terá um aspecto granulado ou não, se a área focada será grande ou pequena ou se o movimento dos objetos aparecerá borrado ou congelado.

Combinando os parâmetros

Para captar uma imagem com o brilho adequado é preciso combinar a Abertura, a Duração da Exposição e o ISO. Com diferentes combinações de valores destes parâmetros é possível fotografar imagens com o brilho adequado. Embora, em cada uma delas, o ajuste de uma das configurações resultará em características específicas. Ao variar a Abertura o tamanho da área focada mudará. Ao variar a Duração da Exposição a representação do movimento mudará. Variando o ISO a granulação da foto mudará. Nenhum deles é responsável, isoladamente, pela quantidade de luz captada, assim é preciso combinar os parâmetros.

A câmera possui alguns modos que auxiliam na hora de fotografar, eles são chamados de modos de prioridade. Neles podemos definir dois parâmetros da câmera manualmente e o outro será ajustado automaticamente. E há também o modo manual, onde é possível configurar todos os elementos manualmente.

Fotografia de uma rua, nela há uma moto e um carro passando. A imagem do dois veículos está borrada
A. f/16, V. 1/30s, I. 200| Nathália Paes

O Obturador da Câmera é o mecanismo que, quando fechado, impede que a luz atinja o sensor. Chamamos de Duração da Exposição, o período de tempo que ele permanece aberto, deixando o sensor exposto a luz. É por meio do controle dessa duração que podemos deixar uma imagem borrada ou não. Para dar o efeito de borrão na cena foi preciso que a Duração da Exposição seja grande, capturando luz por mais tempo. Para compensar a iluminação, o ISO foi ajustado para o sensor não ficar tão sensível e, assim, a cena não ficasse muito clara. Nesse caso, o modo de Prioridade da Duração foi selecionado para auxiliar a exposição da fotografia. Ele combinou automaticamente o valor da Abertura com os dos outros elementos.

Fotografia de uma rua. O fundo da imagem está desfocado, dando mais foco em um poste com a placa pare.
A. f/4, V. 1/1600, I. 400| Nathália Paes

O ajuste da Abertura possibilita controlar o foco e o desfoque da imagem. No exemplo, a Abertura estava grande para poder deixar o fundo desfocado. Portanto, foi preciso ajustar a Duração da Exposição e o ISO para que a foto não ficasse super ou subexposta. O ISO foi ajustado manualmente para um valor pequeno, para que a câmera não ficasse tão sensível à luz. E a Duração da Exposição, como não impactava diretamente, foi configurada para compensar a iluminação do ambiente.

Fotografia de uma rua. Um carro passa na rua, sua imagem está congelada. Na calçada há uma menina andando. A imagem está toda focada.
A. f/16, V. 1/250s, I. 800| Nathália Paes

Para que o carro aparecesse congelado na foto, a Duração da Exposição precisou ser bem pequena, e para que o fundo não fosse desfocado, a Abertura também precisou ser menor. Assim, pouca luz entrou na câmera e para compensar a luz, o ISO precisou ser um pouco maior para que a foto não ficasse escura. O que gerou o efeito de granulação na  parte com mais sombra da foto.

Como obter a foto perfeita

A fotometria é a medição da quantidade de luz em uma fotografia. Na câmera essa marcação aparece na forma do fotômetro, uma régua que vai de -2 e aquém até +2 e além, que irá indicar se a foto sairá escura ou clara, dependendo da sua posição. Por exemplo, quanto mais perto do negativo, mais escura estará a foto, e quanto mais perto do positivo, mais clara ela será. Essa medição é utilizada como referência, ela não é uma regra, pois não há apenas uma forma de se fazer uma foto.

Não há uma regra para fotografar. As escolhas feitas para a realização de uma foto, dependerão do resultado desejado. Uma foto com muita luz ou granulada não é uma imagem ruim, se ela atingir o seu objetivo. A fotometria, as configurações e os modos da câmera existem para ajudar o fotógrafo. É interessante utilizar o modo manual, pois ele permite ter o controle de todas as configurações da câmera, ajudando a entender como a câmera funciona, além de permitir mais liberdade para experimentar e criar imagens.

REFERÊNCIAS CONSULTADAS NA PRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO

MACEDO, Neto. Fotometria: Como operar a câmera no manual. Aprenda Fotografia, 2017. Disponível em: https://aprendafotografia.org/fotometria-como-funciona-a-camera/. Acesso em: 24 abr. 2023. 

VIEIRO, Eduardo. Abertura, velocidade e ISO: Os 3 pilares da fotografia. Aprenda Fotografia. Disponível em: https://www.eduardo-monica.com/new-blog/iso-velocidade-abertura-exposicao-fotografia. Acesso em: 24 abr. 2023. 

NEWS, Emania. Compreendendo o Triângulo de Exposição na Fotografia. Blog eMania, 2017. Disponível em: https://blog.emania.com.br/compreenda-o-triangulo-de-exposicao/. Acesso em: 24 abr. 2023. 

HEDGECOE, John. O novo manual da fotografia. 4. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005. 76-85 p. 

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PAES, Nathália. Os pontos do triângulo de exposição. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/triangulo-de-exposicao/>. Publicado em: 19 jun. 2023. Acessado em: [informar data].

A abertura da objetiva e sua influência na fotografia

Como o Diafragma controla a intensidade de luz que entra na câmera e quais efeitos isso tem sobre as fotografias.

Como o Diafragma controla a intensidade de luz que entra na câmera e quais efeitos isso tem sobre as fotografias.

Uma das variáveis do triângulo de exposição é a abertura da objetiva, controlada por um mecanismo chamado Diafragma. O tamanho da abertura dessa peça determina a quantidade de luz que será captada pelo equipamento, e, juntamente com o ISO e com a Duração da Exposição, determina o brilho da imagem captada.

A variação da abertura do Diafragma pode causar diversos efeitos plásticos diferentes na fotografia, influenciando, principalmente, nas áreas que aparecerão focadas e desfocadas na imagem e na quantidade de brilho que será captado.

Como funciona o Diafragma

O Diafragma pode ser comparado com uma torneira. Porém, ao invés de controlar o fluxo de água que sai do encanamento, ele controla o fluxo de luz que captamos com a câmera. Nesse sentido, quanto mais aberto o diafragma está, mais intenso é o fluxo luminoso captado, e, quanto mais fechado o diafragma, menos intenso é esse fluxo. 

Os valores de abertura são escritos da seguinte maneira, F/x.x, uma fração, na qual o “x” é o denominador. Portanto, quanto menor o “x”, maior é a abertura da câmera, ou seja, maior a quantidade da luz entrando, e quanto maior o “x”, menor é a abertura. 

A fotografia mostra um vaso com uma planta deslocada do centro para a esquerda, em foco. Atrás, em desfoque há duas árvores e mais atrás, vários prédios, também em desfoque.
A. f/1,8, V. 1/1082s, I. 32 | Maria Muricy

Efeitos da Abertura sobre o brilho de uma imagem

Como o Diafragma controla a força com que a luz entra na câmera, seu nível de abertura tem efeitos diretos sobre a exposição da imagem. Em ambientes muito iluminados, se for usado um valor de abertura muito baixo, ou seja, uma abertura muito grande, dependendo das configurações de Duração da Exposição e ISO, a tendência é obter uma fotografia estourada, pela grande quantidade de luz que é captada. Já em locais pouco iluminados, um valor de abertura baixo poderia ser adequado, assim a foto ficaria com menos brilho, possibilitando que os objetos fossem vistos de uma melhor forma. 

Porém, a abertura não é a única que interfere no brilho de uma fotografia. No caso de uma foto estourada, existem outros caminhos para consertá-la, sem ter que fechar o diafragma. Existem duas variáveis que se combinam à abertura para definir o brilho de uma imagem: Duração da Exposição e o ISO. A Duração da Exposição diz respeito ao tempo que a câmera estará exposta à luz, e é controlada pelo Obturador. O ISO define o nível de sensibilidade da câmera à luz. Ou seja, se um fotógrafo está em um ambiente muito iluminado e suas fotos estão saindo estouradas, não necessariamente ele precisará mexer no diafragma, ele pode optar por diminuir o brilho através dessas duas ferramentas. 

Profundidade de campo e prioridade de abertura

Outro aspecto muito importante que depende, principalmente, da regulagem do Diafragma é a profundidade de campo, que se refere à área que está nítida (em foco) na fotografia. Sua principal função é restringir e ampliar as áreas de atenção, através do foco. 

O Diafragma funciona mais ou menos como um olho humano. Quando estamos em um ambiente iluminado, nossa íris se fecha para conseguirmos enxergar, e quando estamos em um lugar com baixa luminosidade ela se abre, permitindo que mais luz entre em nossos olhos. Isso reflete em quais objetos estarão em foco e quais não. 

Na fotografia, um diafragma mais aberto resulta em uma menor profundidade de campo, ou seja, menos elementos estarão em foco, além do objeto principal. Em retratos, por exemplo, é muito comum o uso de valores de abertura menores, por permitirem que a profundidade de campo seja menor, colocando a pessoa fotografada em foco principal. Já um diafragma mais fechado, valor de abertura maior, possibilita que o fotógrafo alcance uma nitidez mais ampla na foto, permitindo que mais elementos sejam visualizados. Os valores de abertura mais altos são usados, normalmente, em fotografias de paisagens, onde todos os detalhes são importantes e devem estar nítidos. 

Nos equipamentos fotográficos existe, também, o modo de prioridade de abertura. Nele o fotógrafo fica livre para controlar somente a Abertura e o ISO, enquanto a câmera configura a velocidade do obturador automaticamente de forma que o equipamento capte a luz em um tempo suficiente para atingir uma exposição adequada. Assim, é possível ter um controle mais preciso sobre a profundidade de campo, colocando planos desejados em foco e desfoco. 

Entretanto, o uso da prioridade de abertura oferece riscos ao resultado das fotografias. Pode ser que, ao definir um valor de abertura maior, que resulta em um Diafragma mais fechado, para se adaptar à quantidade de luz no local, a Duração da Exposição escolhida pela câmera tenha que ser maior, o que poderá resultar em uma imagem tremida ou borrada. Sendo assim, o fotógrafo terá que escolher outras formas de trabalhar o brilho da foto, como aumentar o nível de sensibilidade da câmera (ISO), permitindo que a Duração da Exposição diminua, reduzindo a possibilidade de borrões e tremidos. 

A fotografia mostra um vaso deslocado para a esquerda com uma flor rosa à esquerda, em foco. Atrás, em desfoque há duas árvores e mais atrás, vários prédios, também em desfoque.
A. f/1,8, V. 1/788, I. 32 | Maria Muricy
A fotografia mostra uma paisagem urbana, com a copa de várias árvores no primeiro plano e atrás, vários prédios.
A. f/1,8, V. 1/1082s, I. 32 | Maria Muricy
A fotografia mostra, no primeiro plano, um vaso laranja com uma planta, em desfoque. Em segundo plano há um vaso com um cacto, em foco, e atrás duas árvores, em desfoque. Em último plano há vários prédios, também em desfoque.
A. f/1,8, V. 1/778, I. 32 | Maria Muricy

Na fotografia 1, há um exemplo de uma imagem com uma menor profundidade de campo, ou seja, os prédios atrás não aparecem com tanta nitidez como a flor. Para causar esse efeito, o diafragma da câmera estava mais aberto. Já, na fotografia 2, temos a maior profundidade de campo possível, pois todos os elementos presentes estão nítidos, que é algo importante em fotos de paisagens. Na fotografia 3, é possível ver como o fotógrafo pode brincar com o foco e com a profundidade de campo em diversos planos, restringindo as áreas de atenção. Para isso, trabalha-se com um diafragma mais aberto, o que permite que o cacto fique em foco principal e até a planta a frente esteja desfocada.

As formas de explorar a abertura da câmera resultam em diversos efeitos plásticos diferentes, sejam eles no brilho ou na nitidez da fotografia. Apesar do equipamento possuir um fotômetro, que indica através de uma régua quando a exposição à luz está adequada, nem sempre o fotógrafo deseja trabalhar com os níveis de iluminação propostos pela câmera. Muitas vezes, por mais que esteja em um local muito iluminado, o fotógrafo pode preferir fotos mais escuras e que, no caso de um diafragma mais fechado para a entrada pouco intensa da luz, mostrem, com nitidez, todos os elementos presentes. 

Além da luminosidade das fotografias, o fotógrafo também pode brincar com as profundidades de campo em diversos planos. Às vezes o intuito não é deixar em destaque aquilo que está mais próximo da câmera, e sim algo que esteja mais ao fundo, ou que seja menor, ou que seja menos colorido. E o fator determinante para o destaque de um elemento é o foco, que pode ser ampliado ou restringido pela abertura e fechamento do diafragma da câmera. O modo de prioridade de abertura, apesar dos riscos que oferece, ainda permite uma maior liberdade do fotógrafo de controlar a profundidade de campo e brincar com os pontos de foco da maneira mais específica que quiser. 

REFERÊNCIAS CONSULTADAS NA PRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO

FOTOP. O que é prioridade de abertura e como usá-la? Disponível em: <https://blog.fotop.com.br/fotografia/o-que-e-prioridade-de-abertura-e-como-usa-la/#:~:text=Este%20modo%20de%20c%C3%A2mera%20semi>. Acesso em: 19 abr. 2023.

Fotografia: entenda as prioridades de abertura e velocidade. Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/internet/8739-fotografia-entenda-as-prioridades-de-abertura-e-velocidade.htm>. Acesso em: 28 abr. 2023.

COMO CITAR ESTE CONTEÚDO

MURICY, Maria. A abertura da câmera e sua influência na fotografia. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/?p=5182>. Publicado em: 21 ago 2023. Acessado em: [informar data].

Duração de Exposição e seus Movimentos na Fotografia

A Duração da Exposição é uma das variáveis que controla a quantidade de luz captada pela câmera.

A imagem mostra uma fonte de água como destaque. Ao fundo, há um banco de cor marrom, alguns arbustos, uma palmeira e construções no estilo colonial.
A. f/10, V. 1/250 s, I. 100 | Alice Pereira

Você conhece a variável responsável por trazer movimentos para a fotografia? Chamada de Duração de Exposição ou Velocidade, esse parâmetro refere-se ao tempo em que o obturador fica aberto para a entrada de luz no sensor da câmera. Na fotografia, as durações de exposição mais comuns são de frações de segundos, quanto maior o número do denominador, menor é a duração. 

O obturador é visto como uma “cortina” que, no momento do disparo, abre para captar a luz e, em seguida, se fecha. Além disso, há durações que são estipuladas para congelar ou riscar o objeto que deseja protagonizar na fotografia. 

Representação do Movimento

Na fotografia acima, há uma fonte de água e, para obter o efeito de congelamento, foi necessário utilizar uma curta duração. O movimento congelado traz a sensação que o assunto principal da foto está imóvel, como a água. Para alcançar esse efeito, é preciso diminuir a duração da exposição. No entanto, a duração a ser utilizada deve variar conforme o assunto que se quer fotografar. Por exemplo, o tempo de exposição para congelar um carro em movimento vai ser muito menor que para congelar uma pessoa andando.

Neste módulo, veremos alguns exemplos de fotografias em que o movimento está congelado ou borrado. Além de mostrar que é possível aplicar estes efeitos em diferentes objetos.

A imagem mostra uma pessoa andando de moto na rua e outra pessoa andando na calçada, ambas indo em direção à esquerda. Ao fundo, é possível ver um carro prata estacionado, também há casas e comércios no estilo colonial. A foto está sob o efeito congelado.
A. f/5.6, V. 1/500 s, I. 400 | Alice Pereira

Neste exemplo, o efeito dado na fotografia acima foi o de movimento congelado, na qual observamos uma pessoa andando na calçada e uma moto em movimento na rua. Porém, ambos trazem a sensação de imobilidade, visto que não é evidenciado nenhum rastro de movimento em nenhum dos personagens. Para produzir este efeito, foi necessário utilizar uma duração baixa, isso faz com que o tempo para captação da luz para formar a imagem seja pequeno.

A imagem mostra um menino e uma bola em movimento. Ao fundo há casas e carros estacionados na rua.
A. f/32, V. 1/30 s, I. 100 | Alice Pereira

Também podemos obter o efeito de borrar um movimento, o qual o objetivo principal da fotografia é mostrar o rastro de movimento que se forma, isso auxilia as pessoas a compreenderem a proposta da foto. Na imagem acima, observamos a bola em movimento. Para obter este efeito, basta usar uma longa duração da exposição.

A imagem mostra duas janelas abertas, de cor branca e azul, onde há diversos objetos pendurados do lado de dentro da casa, como camisetas, flores e bordados.
A. f/7.1, V. 1/160 s, I. 100 | Alice Pereira

Neste exemplo, foi utilizado o modo prioridade de velocidade, no qual a duração e o ISO são ajustados manualmente e somente a  abertura é ajustada automaticamente pela câmera, para que haja uma exposição correta na fotografia. Na imagem, é possível observar diversos objetos, os quais estão em constante movimento por estarem pendurados na janela. Diante disso, foi utilizada uma duração mais curta, ou seja, uma velocidade maior, para evitar que os movimentos ficassem borrados. O ideal é usar o modo prioridade de velocidade quando esse for um fator importante para captar em sua fotografia, como os movimentos. 

Os Fatores que Interferem no Resultado da Fotografia

É importante destacar que a duração da exposição depende de outros componentes da câmera que contribuem para a formação da fotografia, como o ISO e a Abertura. O controle desses três pilares da fotografia é chamado de triângulo de exposição. 

Além disso, o modo que a câmera é segurada também interfere no resultado final da imagem, sendo ideal que ela esteja firme, caso contrário, compromete sua nitidez. Quando ajustamos a câmera para captar longas durações, corremos o risco de produzir imagens tremidas. Para evitar que isso ocorra, recomenda-se o uso de monopés ou tripés. Também vale apoiar o equipamento sobre uma superfície estável.

Cabe ressaltar que a qualidade da imagem não pode ser ligada aos movimentos congelados/riscados, pois varia de acordo com o que se quer evidenciar na fotografia.

REFERÊNCIAS CONSULTADAS NA PRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO

O Novo Manual de Fotografia – Guia Completo – John Hedgecoe file:///C:/Users/bruno/Downloads/O%20Novo%20Manual%20De%20Fotografia_%20Guia%20Completo%20-%20John%20Hedgecoe.pdf

InfoEscola – Obturador https://www.infoescola.com/fotografia/obturador/

Entendendo os Modos da Câmera – Eduardo e Mônica https://www.eduardo-monica.com/new-blog/entendendo-modos-camera-como-usar

Abertura, Velocidade e ISO: Os 3 pilares da fotografia – Eduardo e Mônica https://www.eduardo-monica.com/new-blog/iso-velocidade-abertura-exposicao-fotografia

COMO CITAR ESTE CONTEÚDO

PEREIRA, Alice. Tempo de Exposição e seus Movimentos na Fotografia. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/duracao-de-exposicao-e-seus-movimentos-na-fotografia/>. Publicado em: 14 ago. 2023. Acessado em: [informar data].

Enquadramento

O enquadramento de uma fotografia é fundamental para a construção de seu sentido. Ele depende do espaço, do tempo e do intuito da fotografia.

O enquadramento de uma fotografia é fundamental para a construção de seu sentido. Ele depende do espaço, do tempo e do intuito da fotografia.

Em um parquinho infantil de uma praça, na lateral de um brinquedo há um jogo da velha com peças interativas em verde, roxas e vermelho. Quando o X está virado para a frente, a peça está sem alterações, mas caso seja o círculo, rostos com diversas emoções estão desenhados, como emojis. Na disposição em que a fotografia foi tirada, aparece um rosto feliz, um mandando beijo e com chifres, um bravo e um chateado.
A. f/8, V. 1/160s, I. 400 | Lívia Gariglio

Como escolher sobre o que fotografar em um espaço? Essa é uma dúvida bastante frequente entre os fotógrafos. A decisão de algo aparecer ou não, e até mesmo a forma como aparece impacta na leitura da fotografia. Dessa forma, ao usar o enquadramento intencionalmente é possível criar uma narrativa interessante ou mudar o significado da imagem. Mas, como essas escolhas são feitas? E quais são os fatores que influenciam? Neste capítulo, iremos nos aprofundar nessa temática.

Como o tempo e o espaço afetam o enquadramento?

Em cima de uma mesa de madeira, existem dois ambientes diferentes: um espaço limpo e vazio, com um abajur de luz vermelha o iluminando e um espaço que é iluminado de azul e entulhado com diversos objetos, como garrafa d’água, carregador, blusa, bolsas, pincéis, moedas, entre outros. Existe um contraste visual entre os dois lados.
A. f/5, V. 1/60 s, I. 800 | Lívia Gariglio

Imagine que você resolva fotografar a sua sombra quando está andando pela rua. O seu corpo não deixa de existir por você fotografar apenas a sua sombra, não é mesmo? Isso mostra que existem elementos de um espaço que nem sempre vão aparecer no enquadramento da fotografia, ou seja, no visor da câmera. O que aparece no visor é o campo de visão e, aquilo que não aparece no visor é o extracampo, ou fora de campo.

Isso significa que podemos mostrar ou não mostrar algo. Por exemplo, é possível tirar uma foto em que um quarto parece arrumado, mas na realidade apenas aquele fragmento está organizado e o restante, está extremamente caótico. Isso seria um exemplo de mostrar ou não-mostrar algo, escolhendo aquilo que está em campo e fora de campo. Ou seja, mostrar algo é incluir no campo e não mostrar é tirar do campo.

Mas, e se eu tiver algo no campo, mas que eu não quero que apareça? Nesse caso, não o evidencio. Existem algumas formas de se evidenciar ou não algo que está em campo. Vamos pensar em uma mancha na parede, por exemplo. Nessa situação, poderíamos desfocar o fundo ou  posicionar outro objeto que esteja no campo para ficar a sua frente. Assim, estaríamos evidenciando esse objeto, não a mancha.

Desse modo, estamos escolhendo recortes tanto ao mostrar ou não mostrar  (escolher o que entra em campo e o que fica fora dele), quanto ao evidenciar ou não evidenciar (definir a forma como algo aparece no campo).  Esses recortes podem ser de espaço ou de tempo. Todos os exemplos citados até agora foram de espaço, ou seja, escolha de como abordar o lugar onde a fotografia está sendo tirada. Entretanto, a fotografia também depende do fator tempo para acontecer.

Um abajur com estampa clara e sustentação de metal escuro está na frente de uma parede branca que contém uma mancha alaranjada.
A. f/3.5, V. 1/30 s, I. 100 | Lívia Gariglio

Segundo Maurício Lissovsky (2008), a fotografia é uma máquina de esperar, ou seja, é como se tivéssemos que nos visualizar como uma espécie de videntes. Se você quer tirar uma foto de alguém sorrindo espontaneamente, você imagina que acontecerá alguma ação que vai gerar esse sorriso. E só depois disso, irá tirar a fotografia. Mas, e se isso não acontecer? São situações que nem sempre se concretizam e o recorte de tempo impacta diretamente no resultado de uma fotografia.

Pessoas sentadas e em pé aguardando em um ponto de ônibus. Carros estão parados na rua, no trânsito. Atrás, estão casas e o céu, que está azul com nuvens rosas, indicando o fim da tarde.
A. f/4.5, V. 1/125 s, I. 1600| Lívia Gariglio

Para ilustrar isso, decidi tirar uma foto de um ponto de ônibus em horário de pico. Dei preferência aos bairros que eu frequento por morar perto e, portanto, achei que teria mais facilidade. No entanto, eu estava completamente enganada. No primeiro dia, começou a chover e voltei para casa antes de conseguir fotografar. No segundo, cheguei por volta de 16h40min, para conseguir capturar o movimento que começa a partir das 17h. Entretanto, no local escolhido, as pessoas estavam esperando o transporte público na praça que fica atrás e não exatamente no ponto. Então, fui para a  rua de cima, porém, cheguei exatamente no momento em que dois ônibus estavam passando e, assim, o ponto ficou bem mais vazio. Esperei uns 20 minutos e não estava circulando tanta gente, por isso me desloquei para um ponto que ficava mais para a frente. E, nesse momento, percebi que o meu maior obstáculo consistia em fotografar do outro lado da rua, mesmo com o grande trânsito de carros e caminhões. A fotografia acima foi o resultado, depois de diversas tentativas.

Além disso, o mesmo espaço, em horários diferentes, pode proporcionar uma sensação e uma interpretação completamente diferentes. Isso pode acontecer por causa da iluminação, das ações que ocorrem, entre outros. Uma praça, durante o dia pode passar a sensação de vivacidade, movimento e jovialidade e de noite, pode parecer deserta, triste e decadente.

O enquadramento é estético, ético e político

Essa escolha de recortes espaciais e temporais são feitos com base em três critérios: estético, ético, e político. Quando a intenção é provocar alguma sensação ou experiência, o critério é estético. Já se o foco é, por exemplo, não mostrar o rosto de uma criança em vulnerabilidade, o recorte é feito com propósito ético, e se for relacionado com expor uma realidade, um conteúdo crítico ou opiniões e posicionamentos, o recorte é político.

Dessa forma, o enquadramento é utilizar o campo e o extracampo para construir uma narrativa por meio do tempo e do espaço, com base em intuitos estéticos, éticos e/ou políticos. Nenhuma fotografia é isenta de enquadramento, mas dominando essas formas de mostrar e esconder, de imaginar e esperar, é possível produzir fotografias ainda mais intencionais, criativas e únicas.

Referências consultadas na produção deste conteúdo

ENTLER, R. O corte fotográfico e a representação do tempo pela imagem fixa. Studium, Campinas, SP, n. 18, p. 30–42, 2019. DOI: 10.20396/studium.v0i18.11788. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/studium/article/view/11788. Acesso em: 20 abr. 2023.

FLÁVIO VALLE. Enquadramento. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2016/09/glossariofotografico-enquadramento.html>. Publicado em: 16 set. 2016. Acessado em: 20 abr. 2023.

LISSOVSKY, Mauricio. A máquina de esperar: origem e estética da fotografia moderna. Rio de Janeiro: Maud X, 2008.

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