Retrato e autorretrato

Retrato é um gênero das artes visuais onde a intenção é destacar pessoas. Seja em um estúdio repleto de recursos ou numa pequena confraternização de família, o desafio consiste em como representar o fotografado da melhor forma.

Retrato é um gênero das artes visuais onde a intenção é destacar pessoas. É, particularmente, um gênero que eu gosto muito porque cada pessoa é única e é possível captar diferentes expressões. Além do retrato, existe também o autorretrato (selfie), que se popularizou desde que Ellen Degeneres tirou aquela icônica foto na cerimônia do Oscar de 2014. O principal motivo, creio eu, é a autonomia. Não é preciso “incomodar” outra pessoa para pedi-la que tire uma foto sua.

Uma garota guatemalteca posa para o retrato. Usa uma blusa azul, cheia de detalhes coloridos. Na cabeça, equilibra uma cesta de palha. Ela está escorada em uma parede azul e rosa, que se assemelha às cores de suas roupas.
Young Girl, Atitlan, Guatemala | Joel Santos

Como disse, retratos tem a ver com pessoas. Seja em um estúdio repleto de recursos ou numa pequena confraternização de família, o desafio consiste em como representar o fotografado da melhor forma. Para isso, é importante prestar atenção em alguns detalhes, como a luz, o foco nos olhos e a posição da câmera. Além disso, o cenário não desempenha um papel fundamental, isto é, dá para se fazer ótimos retratos sem se preocupar com plano de fundo.
Veja que não é preciso muito para se tirar um bom retrato. No entanto, quanto mais conhecimento e recursos disponíveis, melhor serão os resultados.
Joel Santos é um fotógrafo português. Desde 2003 trabalha com fotografia de viagem. Em um de seus trabalhos, chamado “Into The Eyes”, ele fotografa pessoas de diversos países, como Índia, China, Guatemala, Níger e Camboja. A descrição do projeto, segundo o autor, diz que somos diversos, mas não essencialmente diferentes. Abaixo temos um dos retratos deste trabalho.
Retrato de um homem de cerca de 50 anos, moreno, de olhos azuis, cabelo e barba longos, com fios grisalhos. Em sua testa, uma pintura religiosa. Usa vários colares, brincos e um turbante.
Blue eyes, Sadhu, Holy man, Jaipur, India | Joel Santos
Nesse retrato, Joel fecha o enquadramento no rosto do fotografado. Os olhos azuis causam impacto imediato. A barba, cheia e grisalha, indicam que é um homem de mais idade. Nessa composição, não há cenário ao fundo, apenas seu rosto. A pintura na testa, seus colares e o turbante são demonstrações de sua cultura indiana.
Aproveite a leitura e o fato de estarmos em quarentena, devido à pandemia causada pela COVID-19, para praticar retratos! Mesmo em casa, é possível fazer bons retratos! Não se esqueça de utilizar a tag #fotografetododia!

Referências

Pinterest

O Pinterest é uma rede social criada em 2009 que rapidamente ganhou adeptos, sendo a maior parte dos usuários pessoas que trabalham com ou são interessadas em fotografia, design, arquitetura e moda.

Procurando por um site com boas referências visuais e que ainda sirva como Portfólio para os seus próprios trabalhos? O Pinterest é a #dicade dessa semana!

O Pinterest é uma rede social criada em 2009 que rapidamente ganhou adeptos, sendo a maior parte dos usuários pessoas que trabalham com ou são interessadas em fotografia, design, arquitetura e moda. Considerado como uma rede social semelhante ao Instagram, o Pinterest tem como foco a publicação e circulação de imagens, sendo possível seguir perfis e salvar conteúdos chamados de “pins”.

O Pinterest é uma rede social criada em 2009 que rapidamente ganhou adeptos, sendo a maior parte dos usuários pessoas que trabalham com ou são interessadas em fotografia, design, arquitetura e moda. Considerado como uma rede social semelhante ao Instagram, o Pinterest tem como foco a publicação e circulação de imagens, sendo possível seguir perfis e salvar conteúdos chamados de “pins”.

Montagem feita com print da tela inicial do site Pinterest e logo oficial do site. O fundo surge desfocado e com baixa saturação enquanto a logo na cor vermelha surge à frente com destaque.
Montagem autoral

Tudo no Pinterest parece como um mundo de sonhos particular de designers e fotógrafos, com uma interface muito limpa e fácil de usar dando destaque completo às imagens que formam o seu conteúdo. Como toda rede social, é necessário fazer uma conta gratuita com um e-mail e uma senha. Logo em seguida, você poderá dar nome à sua conta e classificá-la como um negócio, caso queira utilizá-la para divulgar um produto ou serviço. Em seguida, você será apresentado a algumas ferramentas para que possa fazer as suas próprias postagens e por fim, poderá escolher os seus interesses para receber recomendações do site.

Print de tela do site Pinterest mostrando algumas opções de temas para serem escolhidos. No topo,, lê-se: “Escolha interesses para seu feed inicial. O feed inicial é uma coleção de Pins, ou seja, ideias com links de toda a Web”. Abaixo, alguns temas para serem escolhidos com uma imagem representativa de cada um. Lê-se: “Decoração; Faça você mesmo; Comida saudável; Frases inspiradoras; Comida e bebida; Doces e sobremesas/ Moda feminina casual; Acessórios femininos; Casamento; Wallpaper para celular”.
Print de tela

Uma das vantagens do Pinterest que  torna-o uma  ferramenta de pesquisa de imagens interessante está na sua organização por pastas. É possível encontrar diversas pastas organizadas por usuários a partir de uma pesquisa por palavras chaves como “casa”, “natureza” ou “comida”. Eu usei essa tática para encontrar algumas das imagens que utilizei na série sobre flash do #fotografetododia e consegui chegar aos arquivos originais com informações sobre autoria, ano de publicação e contexto. Isso é possível porque a maior parte dessas imagens possuem hiperlinks para os blogs e sites onde elas foram publicadas inicialmente.

Eu particularmente utilizo o site como ferramenta de pesquisa pessoal e para inspiração tanto para fotografia quanto para ilustração. Às vezes, gosto de navegar entre as pastas de diversos usuários e encontrar imagens que nunca tinha visto antes e tenho pastas com alguns dos meus “pins” favoritos salvos. É possível criá-las clicando em “salvar” no canto da imagem escolhida.

Além disso, há várias pessoas utilizando essa rede social para mostrar o seus próprios trabalhos fotográficos ou mesmo outros tipos de arte e empreendimentos. Os conteúdos costumam ter uma vida útil maior que em redes sociais como o Instagram e o Facebook por causa da forma como os algoritmos trabalham. Um conteúdo publicado no Instagram, por exemplo, seria exibido por um dia antes de ser encoberto por outras publicações enquanto pode continuar a ser recomendado no Pinterest por mais de um mês.

Então, o Pinterest mostra-se uma boa rede social para amantes de fotografia que desejam conhecer novos trabalhos sobre  assuntos de seu interesse ou mesmo divulgar as suas próprias criações, podendo tanto achar pastas interessantes quanto formular as suas próprias. No caso de quem pretende usar para mostrar seu trampo como fotógrafo, dá pra usar o perfil como portfólio para conseguir novos trabalhos.

E aí? Gostou da #dicade dessa semana? Conta pra gente suas descobertas no Pinterest no nosso grupo de discussão no Facebook! Até mais!

Links:

Procurando por um site com boas referências visuais e que ainda sirva como Portfólio para os seus próprios trabalhos? O Pinterest é a #dicade dessa semana!

Paolo Miranda

Paolo Miranda é enfermeiro e fotógrafo. Suas fotos viralizaram na internet, mostrando a luta dos enfermeiros de um hospital na luta  contra a COVID-19, na região da Lombardia, epicentro da doença na Itália.

Paolo Miranda é enfermeiro e fotógrafo. Há algumas semanas, ele fotografou os “bastidores” de um hospital na Itália em que estava trabalhando, retratando a luta intensa contra a COVID-19. Paolo vive em Cremona, na região italiana da Lombardia, epicentro do surto de coronavírus no país.
Os registros mostram a realidade de toda a situação. Uma enfermeira dorme após uma jornada doze horas ainda com a máscara no rosto. Outra parece chorar agachada, enquanto é consolada por uma colega. Mas também há fotos de abraços e sorrisos da equipe. “Não vamos desistir apesar do cansaço. Fiquem em casa”, disse Paolo.
Como seus colegas, Paolo trabalha em turnos de 12 horas e descreveu que se sente trabalhando numa trincheira. Além disso, ele afirma “Não quero esquecer nunca o que está acontecendo. Isso se tornará história, e, para mim, as imagens são mais poderosas que as palavras.”
O italiano colabora com a revista Vogue de seu país e tem um perfil no Instagram que ganhou muitos seguidores após suas fotos viralizarem na internet.

Duas enfermeiras, utilizando aventais brancos, máscara e touca verde, se abraçam
Paolo Miranda, 2020

Seis enfermeiros, homens e mulheres, posam para foto.
Paolo Miranda, 2020

Uma enfermeira se olha no espelho enquanto se equipa
Paolo Miranda, 2020

Uma enfermeira dorme sentada numa cadeira após horas de trabalho contínuo.
Paolo Miranda, 2020

Cinco enfermeiras numa sala vestindo os equipamentos de segurança.
Paolo Miranda, 2020

Uma enfermeira, agachada, com as mãos na cabeça, enquanto outra enfermeira tenta consolá-la
Paolo Miranda, 2020

Paolo Miranda tira uma foto de si mesmo no espelho durante o turno de trabalho. Ele usa aventais, luvas e máscara de segurança
Paolo Miranda, 2020

Dois enfermeiros escorados parecem conversar durante um intervalo.
Paolo Miranda, 2020

Retrato de um enfermeiro com o nariz machucado pelo uso contínuo da máscara de proteção.
Paolo Miranda, 2020
Retrato de uma enfermeira equipada com roupa adequada, máscara e touca
Paolo Miranda, 2020

Referências

BBC
Revista Glamour (Globo)

Linha do Horizonte

Em fotografias de paisagens, salvo raras ocasiões, a linha do horizonte está presente. Aprenda a usá-la para transmitir naturalidade e equilíbrio.

Em fotografias de paisagens, salvo raras ocasiões, a linha do horizonte está presente. Aprenda a usá-la para transmitir naturalidade e equilíbrio.
Fotografia de três skatistas, um homem ao centro e mais a frente e duas mulheres, uma em cada lado, andando de skate em uma estrada. Eles estão de costas, andando em direção ao fim da estrada.
Foto de Daniel Espírito Santo

Na fotografia acima, de Daniel Espírito Santo, a linha do horizonte é bem definida pela divisão entre a estrada e o céu, não podendo ver o fim da rua a impressão é de que o caminho é bem longo. Mas nem sempre essa divisão será visível, podendo se tratar de uma linha do horizonte perceptiva. Ou seja, quando uma fotografia de paisagem não apresenta o horizonte bem definido, temos a tendência a acrescentá-la à imagem, imaginando o lugar onde ela ficaria, como na fotografia abaixo.


Fotografia de um barco com um aspecto retrô no mar. Há um pequeno barco a motor amarrado nele. O mar está calmo, mas há muita névoa.
Foto de Daniel Espírito Santo


Para utilizar a linha do horizonte a seu favor a principal regra é manter a linha do horizonte reta. Uma linha do horizonte torta causa desconforto no leitor, como se algo estivesse errado, tira a naturalidade da cena e transmite a sensação de desequilíbrio. Mesmo em uma foto em que o horizonte não seja visível, é indicado que a linha do horizonte seja perceptivelmente reta. Há casos específicos em que a linha do horizonte torta cria uma sensação de conformidade com o resto da cena, como na fotografia abaixo, em que a linha segue as ondas do mar, transmitindo o seu dinamismo e, por isso, está inclinada.


Fotografia de uma onda se formando, tirada de dentro do mar. O sol se põe no fundo da cena.
Foto de Daniel Espírito Santo

A linha do horizonte também pode ser utilizada como um auxiliar da regra dos terços, que pode ser aprendida aqui. Ela divide a cena em duas partes, mas essas partes não precisam ser iguais, deixe dois terços para a parte mais chamativa ou que você considere mais importante para a mensagem. Em uma fotografia em que o sol reflete na água talvez fosse mais interessante colocar a linha do horizonte acima, dando dois terços da imagem para o mar e um terço para o céu. Já em uma fotografia de pôr do sol, para colocá-lo em destaque, o céu poderia receber dois terços da imagem e o oceano um. Já uma fotografia em que se dá a mesma importância entre o céu e o mar poderá ter a linha do horizonte exatamente no centro. Na fotografia abaixo, por exemplo, não havia muito destaque nem no céu quanto no mar, por isso, o fotógrafo distribui igualmente o espaço da fotografia para os dois.

Fotografia do mar tirada no próprio oceano. A metade inferior da foto mostra apenas água, dando a impressão de que se está dentro do mar.
Foto de Daniel Espírito Santo

Desta maneira, a linha do horizonte transformará as suas fotografias de paisagens, trazendo para a imagem toda a beleza da vida real, como nas fotografias de Daniel Espírito Santo que citamos neste post. Daniel é um fotógrafo que mora em Portugal. Suas fotografias retratam os seus interesses: o oceano, esportes, viagens e aventuras. Como ele mesmo as descreve em seu site: “As fotografias que eu faço se distinguem pelas paisagens energéticas, momentos de êxtase e espírito de aventura”. Saiba mais sobre ele em: https://www.danielespiritosanto.com/. Agora é sua vez: fotografe paisagens usando a linha do horizonte para pôr elementos em evidência. Não se esqueça de mantê-la sempre reta e de explorar o horizonte perceptivo.


Referências

Mil Vezes Boa Noite

O  premiado filme Mil Vezes Boa Noite (A Thousand Times Good Night), do diretor Erik Popper, é um drama que conta história de Rebecca, uma fotógrafa de guerra que se vê obrigada a escolher entre a profissão e sua família, que não suporta mais vê-la arriscando a vida pelo trabalho. Contudo, apesar de amar sua família, possui uma verdadeira e sincera adoração pelo seu trabalho.

Rebecca, uma fotógrafa de guerra, se vê obrigada a escolher entre a profissão pela qual possui uma verdadeira adoração e sua família.

O  premiado filme Mil Vezes Boa Noite (A Thousand Times Good Night), do diretor Erik Popper, é um drama que conta história de Rebecca, uma fotógrafa de guerra que se vê obrigada a escolher entre a profissão e sua família, que não suporta mais vê-la arriscando a vida pelo trabalho. Contudo, apesar de amar sua família, possui uma verdadeira e sincera adoração pelo seu trabalho.

A imagem mostra um casal heterossexual abraçado no meio do que parece ser um campo de refugiados em uma área de deserto. O homem é loiro, alto e possui cabelo na altura do maxilar. A mulher tem cabelos castanhos, curtos e é mais baixa.
Divulgação do filme.

O drama se inicia no Oriente Médio, onde se encontra a nossa protagonista, Rebecca, que acompanha o preparo de uma adolescente para se tornar uma mulher bomba. A fotógrafa registra cada momento desse preparo. Contudo, seu lado emocional se impõe ao profissional, e ela decide interferir, fazendo um alarde sobre o que estava para acontecer.

A intervenção leva a  uma consequência que faz a protagonista pensar sobre seu trabalho, os riscos que corre, e sobre seu papel de mãe e esposa dentro do grupo familiar. Podemos observar que ao voltar para casa, Rebecca encontra problemas em seu casamento e um distanciamento afetivo das suas filhas, particularmente com Steph, filha mais velha, que possui um comportamento mais reservado com relação aos seus sentimentos e medos.

A imagem mostra uma mulher com roupa cinza, um véu preto cobrindo os cabelos andando no meio do que parece ser um campo de refugiados. Nas mãos leva um câmera fotográfica. Seu olhar parece de curiosidade sobre o que está acontecendo ao seu redor.
Cena do filme

Desde seu início percebi o cuidado para a interpretação de uma personagem fotógrafa. Vemos a troca das lentes da câmera para cada tipo de foto, o distanciamento afetivo entre o fotógrafo e o fotografado e a tentativa de dar certa humanidade a um povo sofrido através da fotografia. Rebecca, a personagem, diz que fotografa regiões abaladas por conflitos, para mostrar ao mundo o horror da guerra, da fome entre outras coisas. Toda sua revolta com as injustiças sociais, são mostradas através das fotografias, assim como bem vemos várias pessoas fazendo na atualidade.

Fotografar além de ser uma paixão e uma profissão, pode ser também uma arma, uma forma de revelar problemas através da lente, registrando pessoas e histórias para se mostrar ao resto do mundo como grande catástrofes regionais ou mundiais, como a pandemia que estamos vivenciando hoje, que afeta a todos, principalmente a aqueles que são vulneráveis econômica e socialmente.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

Assista o premiado filme e nos conte suas observações. Deixe seu comentário e nos acompanhe em nosso grupo de discussão no Facebook e em nossa página no Instagram.

Referências:

www.adorocinema.com/filmes/filme-227515/
https://caxias.rs.gov.br/noticias/2015/01/mil-vezes-boa-noite-e-o-primeiro-filme-do-ano-a-sala-de-cinema-ulysses-geremia
Mil Vezes Boa Noite

https://culturafotografica.com.br/mil-vezes-boa-noite/

Borrar um movimento

Muitos fotógrafos adoram a técnica de borrar o movimento. Neste método, o rastro do movimento do objeto principal é registrado. Para conseguir esse efeito, é preciso uma velocidade baixa do obturador, isto é, um tempo de exposição longo.

Muitos fotógrafos adoram a técnica de borrar o movimento. Neste método, o rastro do movimento do objeto principal é registrado. Para conseguir esse efeito, é preciso uma velocidade baixa do obturador, isto é, um tempo de exposição longo.
Uma árvore centralizada numa foto noturna. Devido à longa exposição, as estrelas parecem estar se movendo em espiral.
The shortest night | Andrew Whyte

A velocidade ideal vai depender do que você estiver fotografando. Para  registrar os rastros de faróis de carros em uma fotografia noturna, por exemplo, é necessário que a exposição leve vários segundos ou até minutos.
Ao optar por velocidades baixas, é muito recomendado que você utilize um tripé ou tente apoiar a câmera em alguma superfície estável. Isso porque um mínimo movimento da câmera pode resultar numa foto inteiramente tremida.
Nas câmeras em geral, existe um modo “prioridade de velocidade do obturador”, em que você define apenas a velocidade e a máquina ajusta o ISO e a abertura automaticamente de acordo com a situação. Se preferir, pode também utilizar o modo manual e configurar esses controles da maneira que achar mais adequado.
Andrew Whyte é um fotógrafo britânico, apaixonado por fotografias de longa exposição. Seu portifólio contém fotos de cidades, do céu noturno e trabalhos com luz.
Fotografia do Big Ben, em Londres, durante uma noite chuvosa. Á direita, vê-se vários rastros de luz coloridos. São os faróis dos veículos que passaram enquanto o obturador ficou aberto
Ben 10 | Andrew Whyte

Na imagem Ben 10, Andrew registrou uma noite em Londres, bem em frente ao icônico Big Ben. Com uma longa exposição, o artista capturou diversos feixes de luzes dos carros que passaram durante o tempo em que o obturador ficou aberto. Pode-se ver tons de verde, vermelho, azul, amarelo, laranja e rosa. Essas cores vibrantes dão um aspecto mais vivo à cena. Percebe-se também reflexos de luz no chão e pingos na lente, que indicam chuva no instante em que a fotografia foi feita.
Que tal agora praticar? Pegue sua câmera, pense em algo legal, como os próprios carros à noite ou até mesmo a água corrente (para dar o efeito de véu de noiva) e pratique! Compartilhe suas fotos com a gente, usando a tag #fotografetododia!

Referências

• Leia isto se quer tirar fotos incríveis – Henry Carroll
Não é para qualquer um. A técnica exige equipamento profissional, experiência fotográfica e, talvez, conhecimentos de edição.

#1min1foto – Cartiê Bressão

A coluna dessa semana, traz um fotógrafo das ruas e do cotidiano!


A coluna #1min1foto é inspirada no projeto “Une minute pour une image” de Agnes Varda. Aqui, o participante é desafiado a olhar para uma foto, de escolha da editoria, durante um minuto e depois escrever suas impressões.

A fotografia neste caso assume à qualidade de espontaneidade. Uma captura de um detalhe da vida de tantos corpos inseridos na imagem mas que não tem intenção quanto as ações dele. O foco da imagem parece estar apenas no olhar vago e fixado da mulher de blusa azul marinho. Em direção ao olhar da personagem, há algumas flores amarelas, e interessante pensar neste contexto a simbologia em torno da cor. Que remete ao vibrante e é constantemente associada a alegria e energia, símbolo de agradecimento, lealdade para com o outro. 
Não há vestígios de semelhança entre o significado da cor e a fisionomia da personagem, que carrega em sua feição sentimentos vagos, e difíceis de decifrar. O enquadramento é recluso mas alguns detalhes trazem aspectos de ambientação para imagem. Os corpos de modo geral, estão voltados para o horizonte, como se estivessem contemplando o momento.

Mulher negra, olhando para fotografia, com feições serias. Ela está em um culto a Iemanjá em Copacabana, Rio de Janeiro.
Cartiê Bressão, Copacabana, 2016

A fotografia parece remeter ao culto a Rainha dos oceanos, Iemanjá. Esta divindade, que no Brasil, anualmente recebe uma procissão até seu templo, o mar. Os devotos usam branco e azul em sua homenagem, e a ela levam oferendas como flores, sabonetes, bijuterias. A imagem te leva a devaneios contém poucos detalhes mas sugere a sensação de que mais coisas acontecem fora do que está registrado. O horizonte é um destes detalhes, é uma mistura de contrastes, pouco se vê o mar, mas muito o céu. E numa linha tênue eles se fundem. No entanto, a mulher não se mostra apreciadora do fenômeno como os outros, algo preenche seu olhar, mas em contrapartida sua feição fechada não diz muito sobre o quê se passa em sua vida. 
Bom, à título de curiosidade, após a experiência de analisar, durante 1 minuto, a fotografia. Dediquei-me a uma rápida pesquisa sobre o autor da imagem. Cartiê Bressão é pseudônimo do fotógrafo carioca Pedro Garcia de Moura, o nome é uma homenagem antropofágica ao também fotógrafo de rua do século xx, o francês Henri-Cartier Bresson. Em suas composições, o artista brasileiro tenta retratar o cotidiano carioca de uma maneira leve, como uma captura do momento. A imagem analisada foi retirada de sua página no  Instagram, “cartiêbressão” . A legenda que acompanha a fotografia é um trecho de um poema do escritor Vinicius de Moraes que diz: “Uma beleza que vem da tristeza. De se saber mulher. Feita apenas para amar. Para sofrer pelo seu amor. E pra ser só perdão”. A fotografia foi tirada na praia de Copacabana em 2016. 
 E aí, o que acharam da fotografia? Façam esse exercício de observar uma foto por um minuto e compartilhe o resultado em nossas redes!!


Somos bombardeados por imagens a todo momento. A coluna #1min1foto dessa semana, traz um fotógrafo das ruas e do cotidiano, não deixe de ler!

ISO

Você já deve ter percebido uma configuração em sua câmera chamada ISO, certo? ISO  é a sigla da International Standard Association, e que na fotografia ela define os padrões de sensibilidade do sensor da câmera com a luz.

Você já deve ter percebido uma configuração em sua câmera chamada ISO, certo? ISO  é a sigla da International Standard Association, e que na fotografia ela define os padrões de sensibilidade do sensor da câmera com a luz.

Você já deve ter percebido uma configuração em sua câmera chamada ISO, certo? ISO  é a sigla da International Standard Association, e que na fotografia ela define os padrões de sensibilidade do sensor da câmera com a luz.

A imagem mostra prédios fotografados a noite, de baixo para cima. Os prédios possuem janelas de vidro iluminadas.
Robyn Rayn – Old World New World

Para registrar uma imagem com luminosidade adequada, é necessário controlar três elementos: a abertura, a velocidade e o iso. De uma maneira geral, a sensibilidade é inversamente proporcional a intensidade da luz captada e ao tempo de exposição da superfície fotossensível a luz. Ou seja, quanto maior a intensidade da luz captada, menor pode ser a sensibilidade ou quanto maior o tempo de exposição a luz, menor pode ser a sensibilidade.

Em um ambiente bem iluminado, é mais fácil de fotografar do que em um ambiente com menos luz. Quanto menor o número do ISO, menor será sua sensibilidade à luz.  Contudo, não é necessário ter muita luz no ambiente para que a fotografia fique clara. É necessário captar muita luz para que a fotografia fique clara, isto é, superexposta. Se o número do ISO é aumentado, a sensibilidade do sensor aumenta, e, mesmo captando pouca luz é possível fotografar o que se deseja.

Apesar disso, existem algumas consequências ao se usar o ISO de forma imprudente. Um ISO menor capta pouca luz e não apresenta ruídos na imagem. O ISO maior permitirá fotografar com pouca luz, porém a imagem poderá ter um ruído perceptível, o que pode prejudicar a nitidez de sua fotografia. Por isso é necessário pensar sempre no uso da fotografia. Uma fotografia para uso profissional de casamentos, por exemplo, não é desejável que haja ruídos, há não ser que o fotógrafo deseja que o ruído produza sentidos na fotografia. Já fotografias caseiras ou somente para redes sociais, um pouco de ruído não atrapalharia na finalidade da fotografia, mas mais uma vez, é de acordo com o desejo do fotógrafo. Na dúvida, use sempre o ISO menor para tirar fotos externas e não correr o risco de estragar sua imagem.

Robyn Ryan, é um fotógrafo de Vancouver, no Canadá. Ele se descobriu apaixonado pela fotografia noturna e pela profundidade das cores oferecidas por ela. Em suas fotos, utiliza um tripé, lentes grandes angulares, uma lanterna para iluminar áreas escuras e a imaginação.

A foto mostra uma região portuária, fotografada a noite. As luzes da cidade refletem na água, formando diversos formatos e cores.
Robyn Ryan – Vancouver in the Night

Na foto acima, o fotógrafo utilizou o ISO alto para se fotografar a noite, sem auxílio de um flash. O ruído causado era desejado para causar diferentes efeitos de luz, sombras e produzir sentidos na fotografia.

#artigos é uma coluna de caráter ensaístico e teórico. Trata-se de uma série de textos dissertativos por meio do qual o autor propõe uma reflexão fundamentada acerca de um ou mais elementos que constituem a cultura fotográfica. Quer conhecer melhor a coluna #artigos? É só seguir este link.

#fotografetododia Agora, faça você uma foto utilizando o ISO a seu favor e nos mostre seus resultados marcando a nossa rashtag!

Referências:

FOLTS, James A; LOVELL, Ronald P.; ZWAHLEN, Fred C. Manual de fotografia. São Paulo: Pioneira 2007.
LANGFORD, Michael John; FOX, Anna; SMITH, Richard Sawdon. Fotografia básica de Langford: guia completo para fotógrafos. 8.ed. Porto Alegre: Bookman 2009.
https://www.tecmundo.com.br/internet/7978-fotografia-para-que-serve-o-iso-.htm

Fotógrafas nas linhas de frente: Lee Miller, Gerda Taro e Alexandra Boulat

Convencionalmente, a guerra é pensada como um espaço masculino: homens guerreiam, disputam territórios, confrontam-se nos campos de batalha, escondem-se em trincheiras.

A guerra é geralmente pensada como um espaço masculino. Na contramão dessa convenção, encontramos mulheres que desempenharam papéis importantes na fotografia de guerra.    

Convencionalmente, a guerra é pensada como um espaço masculino: homens guerreiam, disputam territórios, confrontam-se nos campos de batalha, escondem-se em trincheiras. Às mulheres fica reservado o papel de esperá-los, de sofrer pelas perdas familiares, pelas devastações de suas casas, de suas cidades, quando não são violentadas, aprisionadas, torturadas. De acordo com Susan Sontag (2003, p. 11), “a máquina de matar tem um gênero, e ele é masculino”.

Habitualmente, também são os homens que fotografam a guerra. A atuação das mulheres como fotógrafas de guerra, se comparada à dos homens, é bastante limitada, embora  a história da fotografia seja marcada com nomes importantes como de Lee Miller (1907-1977), Gerda Taro (1910-1937) e Alexandra Boulat (1962-2007), entre várias outras. Cobrindo conflitos diferentes, em épocas e perspectivas distintas, cada uma dessas fotógrafas contribuiu para a conquista do espaço da mulher na cobertura de guerra.

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Treinamento de milicianos republicanos na praia. Gerda Taro. 1936.

Lee Miller

Lee Miller (1907-1977) teve múltiplas faces: modelo revolucionária e fotógrafa consagrada, participou da vanguarda cultural europeia nos campos da literatura, música, pintura, fotografia e artes em geral. Foi correspondente de guerra, passou por alguns relacionamentos, entre eles dois casamentos, e teve um filho. Foi dona de casa e graduou-se na escola de gastronomia Le Cordon Bleu. Diante dos problemas que enfrentou na infância, optou por sair de sua zona de conforto e enfrentar o mundo. Nunca se acomodou no contexto de “mulher, branca, bonita, rica e frágil”, tendo sempre lutado contra esse tipo de enquadramento, desafiando, causando espanto e revolucionando a sociedade dos anos 1920, 1930 e 1940.

Por sua coragem e forte personalidade, a fotógrafa americana foi exuberante em tudo que se dispôs a fazer. Miller foi uma das quatro fotojornalistas credenciadas como correspondentes da Segunda Guerra Mundial dos EUA. Conseguiu a credencial pela British Vogue, a mais improvável publicação a mandar uma mulher para guerra. Documentou a movimentação nos hospitais de campanha na Normandia, a vitória de Saint-Malo, a libertação de Paris, o avanço aliado na Alemanha, a batalha de Alsácia. Juntamente com o fotógrafo David E. Scherman (1916-1997), da revista Life, fotografou os campos de concentração de Dachau e Buchenwald, após a libertação dos sobreviventes.

O fato de ser mulher foi determinante no seu modo produção. Usando uniforme e botas masculinas, Lee Miller era sempre o centro das atenções. Naquela época, era impensável a presença de uma mulher na cobertura de uma guerra, por isso eles a protegiam, cuidavam dela. Tal circunstância facilitava o acesso da fotógrafa a momentos reservados, restritos aos soldados. Ajudava também que ela conseguisse imagens exclusivas, em ambientes que dificilmente outras pessoas teriam acesso, como mostra a fotografia de dois artilheiros norte-americanos deitados na cama do apartamento do Hôtel Ambassadeurs, falando no telefone e observando pela janela o momento para lançar fogo.

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Tropas americanas dirigem fogo mortal do Hôtel Ambassadeurs. St Malo. Lee Miller. 1944.

Gerda Taro

A relação da alemã de origem judaica Gerda Taro (1910-1937) com a fotografia teve início a partir do encontro com o jovem fotógrafo Andre Friedmann. Apaixonados, Friedmann ensinou seus conhecimentos à Taro e os dois passaram a fotografar juntos. Logo, Friedmann trocou seu nome para Robert Capa, personagem inventado pelos dois para capitalizarem melhor suas fotografias.

Em 1936, com o começo da Guerra Civil Espanhola, Taro e Capa mudaram-se para a Espanha com o objetivo de cobrir o conflito. Eles documentaram diferentes episódios da guerra, suas fotografias foram publicadas em revistas como a Regards e a Vu. Muitas vezes, eles fotografavam as mesmas cenas. No início era possível distinguir a autoria das fotografias, pois usavam câmeras que produziam negativos de formatos diferentes. Taro utilizava uma Rolleiflex, de formato quadrado, e Capa uma Leica, de formato retangular. Depois, os dois passaram a trabalhar com câmera de 35 mm, dificultando identificar quem havia feito determinada fotografia.

Em sua trajetória como fotógrafa, Gerda Taro procurou dar visibilidade à mulher. Como podemos observar na fotografia abaixo que mostra quatro jovens mulheres armadas e posicionadas em uma trincheira durante um combate. As protagonistas femininas demonstram entusiasmo e coragem. O olhar de Taro buscava sempre cenas como essa que rompessem com estereótipos.

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Mulheres milicianas durante a Guerra Civil Espanhola. Gerda Taro. 1936.

Na Batalha de Brunete, Gerda Taro estava trabalhando sozinha. Ela fotografou o front e assistiu terríveis bombardeamentos da aviação nacional, colocando em risco sua vida em várias ocasiões. Acabou perdendo a vida aos 27 anos, quanto voltava da batalha. Acidentalmente, um tanque republicano derrubou-a do carro, esmagando o seu corpo.

Alexandra Boulat

A francesa Alexandra Boulat (1962-2007) formou-se em artes gráficas e história da arte e iniciou sua carreira como fotojornalista em 1989, influenciada pelo pai, o fotógrafo Pierre Boulat, que trabalhou na revista Life. Boulat trabalhou na Sipa Press durante 10 anos. Em 2001, juntamente com outros fotógrafos, co-fundou a VII Photo, uma agência de fotojornalismo. Boulat cobriu vários conflitos em todo o mundo (Oriente Médio, Afeganistão, Iraque e antiga Jugoslávia), Atuou também como fotógrafa em Ramallah, na Faixa de Gaza. Publicou imagens em veículos como a Time, Newsweek, The Guardian, National Geographic, entre outros. Alexandra Boulat morreu em de 2007, vítima de um aneurisma.

Um dos temas recorrentes nas coberturas que fazia era relacionado às vítimas de conflitos, particularmente as mulheres. Seu último trabalho importante foi sobre as mulheres muçulmanas na Ásia Menor e Oriente Médio. A sensibilidade do olhar de Boulat é marcante em seu trabalho. A fotógrafa parece encontrar humanidade na face da tragédia. Como acontece na fotografia em que uma luz suave incide sobre o rosto de uma senhora com um semblante abatido e desconfiado. Em segundo plano, outra mulher, mais jovem, parece compartilhar o mesmo sentimento. O plano plongée transmite a condição de inferioridade e vulnerabilidade das mulheres refugiadas.

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Refugiadas afegãs em Quetta. Paquistão. Alexandra Boulat. 2001.

Ao longo dos séculos XX e XXI, a participação da mulher no campo do fotojornalismo, principalmente na cobertura de guerras, vem crescendo expressivamente. Seguindo o exemplo de suas antecessoras, que romperam condições normativas e desafiaram a vulnerabilidade do corpo, a mulher vai timidamente conquistando respeito e espaço nos veículos de comunicação.

Como Butler (2015), acreditamos que a vida excede aos esquemas normativos e enquadramentos. Pensando assim, o papel da fotojornalista contemporânea é o de procurar romper velhos esquemas e fazer emergir outras possíveis formas de chamar a atenção para as atrocidades da guerra. Nesse sentido, a vida e a obra de Lee Miller, Gerda Taro, Alexandra Boulat, de suas antecessoras e sucessoras, é um convite à produção de novos enquadramentos na fotografia de guerra.

Clique nos nomes das fotógrafas citadas neste artigo para saber mais sobre a vida e a obra de cada uma delas: Lee Miller, Gerda Taro e Alexandra Boulat.

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Sobre as autoras

Kátia Lombardi é fotógrafa e professora do curso de Jornalismo e do PROMEL (UFSJ). Doutora pelo PPGCOM da UFMG. Pesquisadora em imagem, fotografia e memória.

Thais Andressa é graduada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). É fotógrafa e pesquisadora sobre o tema ” mulheres na fotografia”. Possui especialização (Senac) e trabalha com produção cultural. Realizou exposições individuais no Centro Cultural UFSJ (2018), no Museu Regional de São João del-Rei (2018) e no Centro Cultural Sesi Minas Ouro Preto (2019). Tem trabalhos fotográficos publicados nas revistas “Mais Saúde & Bem-Estar” e “Mais Vertentes”.  Obteve o 2º lugar no Concurso Cultural fotográfico (2019) promovido pelo site “Tudo pra foto” e teve uma de suas fotos como semifinalista do Brasília Photo Show (2019). Atuou na cobertura fotográfica do Inverno Cultural UFSJ nos anos de 2017, 2018 e 2019.

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