Alfred Eisenstaedt

O polonês que marcou a fotografia através de registros de grandes personalidades.

Alfred Eisenstaedt (1898-1995) se consolidou na fotografia trabalhando para agências como Associated Press e Pacific and Atlantic Picture Agency, e, posteriormente, para a revista americana LIFE, na qual teve mais de 2.500 fotos publicadas, entre elas 90 capas. Em seus trabalhos, Alfred é lembrado pelo olhar perspicaz para fotografar e por ser um dos pioneiros no uso da câmera de 35 milímetros no fotojornalismo; além, é claro, do uso da luz natural.
Fotografia em preto e branco de Alfred Eisenstaedt tirada de baixo para cima. Nela, Alfred segura uma câmera antiga com as duas mãos. Ele olha para o horizonte, num ângulo distante e a foto não mostra para nós. O fundo está desfocado, mas percebe-se um céu atrás dele.
Alfred Eisenstaedt | LIFE
Ele nasceu em Dirschau na antiga Prússia, território atualmente polonês, e é de origem judaica. Alfred se mudou com a família ainda criança para Berlim, onde, mais tarde, estudou na Universidade de Berlim e serviu a Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial. Após o conflito, ele começou a trabalhar como fotojornalista freelancer, caminho que o faria se consolidar como um nome marcante da fotografia mundial.
De acordo com o Centro Internacional de Fotografia, Alfred Eisenstaedt é lembrado pelo seu olhar ágil e pela habilidade de fotografar em qualquer situação ou evento. Essas características não só o destaca de outros fotógrafos do período pós-guerra, como também fazem de seu trabalho documentos memoráveis de uma era tanto estética quanto historicamente.
Fotografia em preto e branco do ex-presidente John Kennedy, sentado numa cadeira em frente a uma mesa, e sua filha Caroline ainda criança que está mais próxima da câmera. Ambos sorriem e olham para um ponto à direita deles. O ambiente possui janelas e cortinas, além de um quadro à nossa esquerda.
Alfred Eisenstaedt | LIFE
Imagem em preto e branco do ativista Martin Luther King e Kenneth Kaunda, político e o primeiro presidente de Zâmbia. Eles parecem estar conversando e Kenneth está de perfil e com o rosto virado para Martin cuja face podemos ver. Eles parecem estar num escritório, pois, ao fundo, percebe-se uma estante com livros, uma porta à nossa esquerda e à frente dos personagens está uma mesa cheia de papéis.
Alfred Eisenstaedt | LIFE
Fotografia em preto e branco de sete crianças seguindo um Drum Major, equivalente a uma líder de uma banda marcial num gramado com muros e algumas árvores à nossa direita, atrás das crianças. Eles andam de forma divertida e descontraída.

Alfred Eisenstaedt | LIFE

 
Foto da estrela de cinema Marilyn Monroe em preto e branco. Marilyn olha para a câmera, seu braço esquerdo está apoiado na cintura e a mão direita está apoiada em um objeto que não aparece. Ao fundo vemos uma cerca de madeira.
Alfred Eisenstaedt | LIFE
Imagem em preto e branco de Adolf Hitler apertando a mão de Benito Mussolini. Mussolini veste roupas militares e Hitler está de casaco. O ambiente é um gramado e os dois estão à frente daquilo que parece ser um avião.
Alfred Eisenstaedt | LIFE
Foto em preto e branco de uma mãe e sua criança, 4 meses após o bombardeio atômico em Hiroshima. A mãe aparenta uma profunda triteza no rosto enquanto a criança aparenta medo. Ao redor, percebe-se destroços do ataque.
Alfred Eisenstaedt | LIFE
Como citar esta postagem
MAIA, Amanda. Alfred Eisenstaedt. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/11/Alfred Eisenstaedt.html>. Publicado em: 20 de dez. de 2022. Acessado em: [informar data].

Diversidade na sigla e nas fotos: um percurso de aprendizagem

Uma série de conteúdos elaborados para te informar e encantar sobre a pluralidade do amor.

Nosso objetivo aqui é trazer visibilidade e reconhecimento sobre o trabalho de fotógrafxs, que, muitas vezes, devido ao preconceito existente na sociedade, foram invisibilizados.

Revisitamos diferentes profissionais com diversos enfoques: alguns concentram-se em retratar o amor homossexual, para naturalizá-lo diante dos olhos da população, outros focam em romper com estereótipos existentes na própria sigla. Por exemplo, o da anulação da bissexualidade ou o da afirmação sobre a performance considerada “correta” e esperada para gays e lésbicas. As temáticas são variadas, mas, reunidos os artigos, fica claro que o propósito dos fotógrafxs é o mesmo: lutar por uma causa em prol do respeito, do amor e do orgulho, seja contribuindo para o fim do preconceito social, seja trazendo visibilidade a pessoas que sempre estiveram marginalizadas. 

Sobre o percurso

Como um percurso de aprendizagem autodirigido, o “Diversidade na sigla e nas fotos: um percurso de aprendizagem ” oferece diferentes trajetórias para seu estudo. Sugerimos uma opção e você decide se é viável ou não para a sua maneira de aprender. Assim, se desejar, você terá sua jornada orientada, e, ao mesmo tempo, autonomia para selecionar os textos que mais tem interesse.

Para aproveitar melhor cada parte do caminho, é importante percorrê-lo com atenção e reflexividade. O objetivo é que a compreensão sobre o trabalho de cada profissional seja eficaz, afinal, quanto mais entendimento, maior será a transmissão de conhecimento entre as pessoas e, consequentemente, mais amplo o reconhecimento acerca dos fotógrafxs.

Trajetórias 

Temos algumas publicações na temática LGBTQIA+ e vamos citá-las brevemente aqui, para que você possa transitar entre elas de acordo com seu desejo.

Imagem da bandeira LGBTQIA+ vista de um ângulo de baixo
Sofia Santoro
 

Na galeria, trazemos Joan E. Biren, Robert Mapplethorpe, Catherine Sant’ana e Paul Freeman. A primeira foi uma fotógrafa e cineasta homossexual, que lutou pelos direitos e pela visibilidade das mulheres lésbicas nos anos 70, época em que a homofobia era ainda maior que atualmente. O desejo de Joan surgiu, principalmente, ao não se enxergar representada propriamente em nenhum espaço, já que as mulheres lésbicas quase não eram retratadas e, quando eram, recebiam uma visão negativa.

Já Mapplethorpe, era um fotógrafo gay, que foi impedido de exibir suas obras em museus e galerias devido às suas criações artísticas, voltadas para o erotismo e sadomasoquismo gay. Robert também encontrou dificuldades para ter liberdade até no seu próprio desenvolvimento criativo, visto que, por ser de uma família conservadora e católica, teve sua infância regrada e direcionada a não explorar seu lado artístico.

Por sua vez, Catherine Sant’ana, é uma fotógrafa brasileira, que retrata principalmente o dia a dia e os casamentos de pessoas homossexuais. A profissional enfatiza que seu foco maior é trazer representatividade à comunidade LGBTQIA+, para acreditarem serem merecedoras de amar e de serem amadas.

Nesse mesmo viés, temos Paul Freeman, que aborda a questão do estereótipo de masculinidade no espectro homossexual, tentando reduzir o preconceito e a visão de que homens gays sempre performam algum tipo de feminilidade. Afinal, a ideia aqui é que compreendamos que não existe um “sempre” em nenhum assunto, principalmente no quesito pessoas, que são compostas das mais diversas pluralidades. Em síntese:

Fotófrafxs que se encontram na temática queer, contribuem significativamente para a sociedade, visto que trazem representatividade a pessoas que sequer eram retratadas e, quando eram, recebiam uma imagem pejorativa ou que os associava à libertinagem. Em um país perigoso para os integrantes da comunidade LGBTQIA+, como o Brasil, pequenos atos como esses, são passos gigantes rumo a um futuro livre e repleto de amor. Além disso, na sessão de leitura, interpretamos obras nomeadas de “Bandeira LGBTQIA+”, “Orgulho e Paixão”, “Em seus olhos, o amor” e “Olhares sensíveis, não delicados”. Na primeira, é explicada a importância da simbologia da bandeira para o movimento, já que é feita uma rápida associação entre símbolo e causa. Ou seja, ela acaba por se tornar um ícone de liberdade amorosa, respeito, aceitação e muito orgulho. Além disso, engloba letras que representam diversas possibilidades de amar, de se sentir atraídx e de se identificar consigo mesmx. Já a foto Orgulho e Paixão foi conhecida por ser a capa do livro “Eye to Eye: Portraits of Lesbians”, da fotógrafa lésbica e ativista Joan E. Biren. A obra reuniu diversas fotografias do cotidiano de mulheres lésbicas, que tiveram a oportunidade (infelizmente, escassa) de terem seu cotidiano representado com respeito e veracidade. Por sua vez, “Em seus olhos, o amor”, traz uma abordagem extremamente romântica e delicada: o casamento de Meg e Clarisse. São explorados os detalhes da composição da foto e do momento. Se você quer ter seu dia repleto de tanta doçura, recomendo começar por essa foto! E, por último, temos “Olhares sensíveis, não delicados”, que aborda a questão do estereótipo sobre homens gays. No texto, é discorrido o argumento de que afirmar que todo homem homossexual é afeminado é tão estereotipado quanto afirmar que todo homem cis hétero gosta de futebol. Ou seja, a intenção aqui é naturalizar a liberdade de cada um de se identificar como bem entende e se reconhecer intimamente da forma que desejar. Em resumo:

Esses são nossos principais textos que abrangem a temática LGBTQIA+ dentro da plataforma “Cultura Fotográfica”. Esperamos que vocês realizem uma leitura tranquila, atenta e que desfrutem do melhor de nosso conteúdo.

 

#percurso é uma coluna de caráter formativo. Trata-se de pequenos roteiros pelos conteúdos publicados no Cultura Fotográfica, elaborados para orientar o leitor em sua caminhada individual de aprendizado. Quer conhecer melhor a coluna #percurso? É só seguir este link.

Como citar esta postagem

SOARES, Maria Clara. Diversidade na sigla e nas fotos: um percurso de aprendizagem. Cultura Fotográfica. Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/diversidade-na-sigla-e-nas-fotos-um-percurso-de-aprendizagem>. Publicado em: 16 de dezembro de 2022. Acessado em: [informar data].

Aos doze anos

A transição da fantasia infantil à dura realidade machista

A imagem abaixo mostra uma garota de 12 anos vestindo roupas claras. A segurando por trás, há um homem adulto de terno, seu rosto está oculto devido a falta de luminosidade. Tanto o homem como a menina estão na varanda frontal de uma casa de bonecas, ao lado deles podemos ver cadeiras e uma mesa com xícaras para uma provável brincadeira de chá.

Esta foto faz parte do ensaio fotográfico At Twelve: Portraits of Young Women, feito por Sally Mann, que tem como intuito retratar a individualidade de diversas meninas de 12 anos de Lexington, VA, cidade natal da fotógrafa. Curiosamente, esta imagem é, na minha opinião, a que mais evidencia uma crítica social.


A foto em preto e branco mostra uma garota de 12 anos  de roupas claras. Atrás dela há um homem adulto, de terno, segurando seu braço, não podemos ver seu rosto devido à sombra em seu rosto. Ambos estão na entrada de uma ‘casinha de bonecas’ que possui uma mesinha e cadeiras na varanda frontal.
Sally Mann

Tentei buscar alguma opinião ou comentário da fotógrafa sobre o ensaio, mas não encontrei nada. Desse modo me peguei pensando, refletindo sobre o que os 12 anos de uma garota significam, para ela, para sua família e para a sociedade.

Normalmente, é próximo aos 12 anos que mulheres têm sua menarca, isto é, sua primeira menstruação. Ao longo das décadas muitos significados já foram atribuídos a este momento. Como, por exemplo, sendo o momento a partir do qual a menina já pode casar, “sair dos braços do pai para os braços do marido”.

Nas últimas décadas do século XX, quando o ensaio foi feito, já não existia tão abertamente este pensamento, mas de algum modo, seus resquícios ainda repercutiam e repercutem na sociedade.

Não é novidade que vivemos numa sociedade machista na qual é presente a cultura do estupro. Uma cultura que perpassa fronteiras e continentes e que, especificamente no Brasil e nos Estados Unidos, muito se assemelha.

O homem ao fundo da imagem, me acarreta a imagem de um primeiro abuso, uma primeira transgressão, uma primeira violência. Ele não possui rosto, chega por trás e num local que ‘não pertence’: a casa de bonecas.

Toda a composição dessa fotografia me grita uma violência na infância, nesta transição para a pré-adolescência, momento no qual, boa parte das meninas começa a ser sexualizada pela sociedade como um todo.

Para quem olha brevemente a imagem pode não aparentar grandes significados, mas, para mim, é de grande profundidade a crítica feita pela autora.

#leitura é uma coluna de caráter crítico. Trata-se de uma série de análises de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.


Links, Referências e Créditos

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Lançamento de livros de Gustavo Caboco

Baaraz Ka’Aupan e Recado do Bendegó de Gustavo Caboco publicados no Museu Paranaense

Imagem das capas dos livros de Gustavo Caboco. Na direita a capa do livro Recado do Bendegó, um livro vermelho com ilustração de um rochedo com rachaduras similares a um vulcão, ao seu lado um cacto e acima um céu estrelado com algum objeto celeste cruzando-o; já na direita, a capa do livro, Baaraz Ka'Aupan, de cor branca, com elementos tracejados na cor vermelha onde uma árvore fora cortada, aparentando possuir a ilustração do rosto de pessoas indígenas.
Gustavo Caboco

Hoje, dia 14 de Dezembro de 2022 é o lançamento duplo de Gustavo Caboco no Museu Paranaense. No evento, o artista lançará os livros “Recado de Bendegó” e “Baaraz Ka’Aupan” (que significa “Campo em chamas” em língua Wapichana). No mesmo evento, Caboco também exibirá curtas-metragens e uma fala-performance, “Coma Colonial”, que será apresentada pelo próprio artista. O evento é gratuito e não exige inscrição prévia.

Gustavo Caboco é artista visual, pesquisador autônomo e membro da rede Paraná-Roraima. Além dos livros, desenvolve materiais como: desenho-documento, pintura, texto, bordado, animação e performance; trabalhos que tem como objetivo propor maneiras de refletir sobre os deslocamentos dos corpos indígenas e da memória dos povos originários brasileiros. 

Autor

Gustavo Caboco

Local de publicação

MUPA (Museu Paranaense)

Acesse a publicação completa em: https://tinyurl.com/2p8r7mr5

#divulgação é uma coluna de divulgação científica e cultural. Utilize nossos formulários para divulgar seu trabalho em nossas mídias.


Como citar esta postagem

BRITO, C. S. Lançamento de livros de Gustavo Caboco. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://tinyurl.com/bjcwekw8. Publicado em:14 de Dezembro de 2022. Acessado em: [informar data].

São Paulo por Hildegard Rosenthal

Alemã radicada no Brasil, a fotojornalista revelou uma São Paulo efervescente e humanizada. 


Pedagoga de formação, entretanto, Hildegard tornou-se fotógrafa, tendo sido aluna de Paul Wolff na Alemanha. No Brasil, foi pioneira na representação feminina no fotojornalismo, e trabalhou para várias agências de notícias, como a Press Information. São Paulo foi a sua casa e cenário de sua obra, onde fotografou uma metrópole movimentada e diversa. 


A fotografia, em preto e branco, mostra a Praça da Sé, no centro de São Paulo. Está lotada de pessoas e há alguns carros e ônibus. No fundo, há alguns prédios e a Catedral da Sé em construção.
Hildegard Rosenthal


Deixando um legado de aproximadamente 3.400 registros negativos, Hildegard foi uma das pessoas que inauguraram o fotojornalismo no país, apresentando uma nova maneira de se construir as narrativas jornalísticas. A fotógrafa exerceu a profissão durante as décadas de 1930 e 1940, em São Paulo. À época, a cidade estava cheia de imigrantes, refugiados dos regimes totalitários na europa (como ela mesma), e também era impactada pelas inovações propostas pelo governo Vargas. 

O ambiente metropolitano e cosmopolita de São Paulo foi bastante retratado na sua obra, com destaque para pontos turísticos e obras que expandiram a cidade, como o Mercado Central, o Viaduto do Chá e a Catedral da Sé. Ela se interessava bastante pelo tema da infância, e buscava retratar a sutileza das pessoas, um trabalho complexo de ser realizado naquela que já era a maior cidade do Brasil. 


A fotografia, em preto e branco, mostra um menino de traços caucasianos segurando um jornal. Ele usa boina, camisa, paletó, bermuda e meias, e posa sorrindo para a câmera.
Hildegard Rosenthal

A fotografia retrata duas meninas de traços orientais tomando sorvete de palito. Elas usam uma blusa de mangas compridas, debaixo de um vestido de manga cavada e que tem um laço na altura da gola da camisa. Elas desviam o olhar da câmera, e uma delas parece estar sorrindo.
Hildegard Rosenthal


A fotografia, em preto e branco, retrata um homem lavando um carro. Ele utiliza uma boina, uma blusa de manga longa e calça de uniforme. Há um carro em suspensão, que é lavado por ele na altura da roda, por uma mangueira.
Hildegard Rosenthal

Em preto e branco, a fotografia revela uma feira livre. É possível distinguir barracas e bancadas onde são vendidos os produtos. Algumas mulheres utilizam sombrinhas e usam vestidos ou saias, e estão calçadas com sapatos de salto. Alguns homens usam chapéu, terno, gravata e sapato social. Há meninos negros, de camisa de manga longa e bermuda, alguns descalços, carregando mercadorias.
Hildegard Rosenthal

Em preto e branco, a fotografia, feita do alto de um prédio,  mostra um entroncamento de ruas. Há muitos pedestres, não só na calçada, como também na via. Alguns fios elétricos cortam a foto, tanto no alto como no chão.
Hildegard Rosenthal



A fotografia negativa mostra pedestres atravessando uma rua. O chão está molhado. Os homens usam terno e gravata, e a única mulher visível está de vestido e sapato de salto. Os prédios não possuem mais do que cinco andares.
Hildegard Rosenthal


A fotografia, em preto e branco, revela o Estádio do Pacaembu. Pessoas dos mais diversos tipos e idades se dirigem aos portões.
Hildegard Rosenthal


#galeria é uma coluna de caráter informativo. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de um_ fotógraf_ de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.


Mulheres no Fotojornalismo Brasileiro

Em uma profissão estruturalmente machista, mulheres buscam destaque desde 1910

Em uma profissão estruturalmente machista, mulheres buscam destaque desde 1910

A fotografia no Brasil nasceu enraizada no ato de documentar a realidade. Com a chegada dos equipamentos em 1840, foi-se desenvolvendo a cultura da documentação fotográfica e, em meados da década de 1890, começou a ser utilizada com intuito jornalístico. Alguns dos jornais e revistas que ganham destaque neste início são “A Revista da Semana” e “O Cruzeiro”.

Hildegard Rosenthal

Todavia, essa não era uma profissão que incluía as mulheres de forma pacífica. O machismo institucional arraigado na sociedade brasileira foi e ainda é responsável pelo apagamento de diversas mulheres na história e, entre elas, também se incluem as fotojornalistas.

Por isso, o atual percurso busca mapear algumas das profissionais que marcam a história do fotojornalismo brasileiro com muito profissionalismo, criticidade e, acima de tudo, força e coragem para caminhar contra um sistema que busca, sem êxito, condicioná-las em caixas que não cabem suas grandiosidades.

Começando por Hildegard Rosenthal, a fotógrafa nasceu na Suíça e emigrou para o Brasil em 1937. Em terras brasileiras, Hildegard atuou como fotojornalista (profissão ainda em seu desenvolvimento) em meios de comunicação influentes da época. A fotógrafa Alice Brill também teve uma história parecida com a anterior, nasceu na Alemanha, mas precisou emigrar para o Brasil junto de sua família. Aqui  também atuou retratando a urbanização da cidade de São Paulo. Além de fotojornalista, também era fotógrafa e artista plástica.

Já a fotojornalista Alice Martins é natural do Brasil. Saiu do Rio Grande do Sul para fotografar os conflitos armados no oriente médio e é uma das poucas mulheres que atua na linha de frente fazendo cobertura da guerra na Síria. Gabriela Biló também nasceu no Brasil, seu foco é fotografar a política brasileira. Com um acervo de imagens críticas (e por vezes ácidas), Gabriela é um dos grandes nomes do fotojornalismo da atualidade.

Por fim, Paula Sampaio tem um viés mais documental. A mineira começou a trabalhar com fotografia em meados da década de 80, quando também começou a trabalhar para revistas. Suas fotografias buscam evidenciar a realidade brasileira em suas mais variadas formas.

Postagens do Percurso

Questões Orientadoras

  • Da primeira até a segunda fotógrafa citada neste percurso são referentes a mulheres que, mesmo não tendo nascido em solo brasileiro, se naturalizaram no país e atuaram ativamente no desenvolvimento da profissão de fotojornalismo.
  • Da terceira a quinta fotógrafa citada neste percurso são referentes a mulheres que nasceram em solo brasileiro e atuam no fotojornalismo dentro e fora do país.

#percurso é uma coluna de caráter formativo. Trata-se de pequenos roteiros pelos conteúdos publicados no Cultura Fotográfica, elaborados para orientar o leitor em sua caminhada individual de aprendizado. Quer conhecer melhor a coluna #percurso? É só seguir este link.

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GANDRA, Nikolle. Mulheres no Fotojornalismo Brasileiro . Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/12/mulheresnofotojornalismo.html>. Publicado em: 9 de dez. de 2022. Acessado em: [informar data].

Um clique que eternizou o ódio

Através das lentes de Alfred Eisenstaedt, somos impactados pelo ódio que sustentou o período mais sombrio do século XX.

A ideologia nazista serviu de base para o governo totalitário de Adolf Hitler que iniciou um dos conflitos mais importantes de toda a História: a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Entretanto, muito antes da guerra começar, com a invasão dos alemães à Polônia, o ódio contra as minorias que fugiam do padrão ariano “ideal” de Hitler já reverberavam fortemente entre os membros de seu governo. O registro de Joseph Goebbles, feito pelo fotógrafo Alfred Eisenstaedt para a revista LIFE em 1933, é a prova que temos dessa ojeriza propagada pelo regime nazista. Já que a foto foi tirada no exato momento em que o ministro da propaganda de Hitler descobre que estava sendo fotografado por um judeu.
Foto em preto e branco do nazista Joseph Goebbles sentado numa cadeira com as duas mãos apoiadas nos braços do assento. Ele veste terno e olha para a câmera com um olhar que transita entre a raiva, o desconforto e o ódio.  À sua direita, um homem está curvado para mostrar a ele o que parece ser um documento. Ainda, atrás de Joseph, vemos um homem com a cabeça baixa, olhando para o papel. O ambiente é um gramado e percebe-se uma construção ao fundo com uma pessoa observando a reunião pela janela, além de outros homens conversando ao fundo. Por fim, há arbustos e alguns pinheiros ao fundo.
Alfred Eisenstaedt
A fotografia foi tirada durante a conferência da Liga das Nações, antecessora das Nações Unidas, na Suíça. O fotojornalista judeu estava cobrindo as notícias e tirando fotos da conferência quando registrou o membro do Terceiro Reich. 
Sobre o acontecido ele contou em seu livro “Eisenstaedt on Eisenstaedt: A Self-Portrait” de 1985, “Em 1933, eu viajei de Lausanne para Genebra para a décima quinta sessão da Liga das Nações. Lá, sentado no jardim do hotel estava Dr. Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler. Ele sorriu, mas não para mim. Ele estava olhando para alguém à minha esquerda… De repente, ele me encontrou e eu o encarei. Sua expressão mudou. Aqueles eram os olhos do ódio. Eu era um inimigo? Atrás dele estava seu secretário pessoal, Walter Naumann, com um cavanhaque e o intérprete de Hitler, Dr. Paul Schmidt… Eu devo ter sido perguntado como me senti fotografando esses homens. Naturalmente, não tão bem, mas quando eu tenho minha câmera em minhas mãos eu não tenho medo.”
Analisando essa foto nos dias de hoje, noto como toda a minha atenção se direciona para o rosto de Goebbles que está justamente no centro da imagem. Seu olhar me passa um misto de sensações, sendo o medo a mais marcante. Naquele momento, a forma como ele encara Eisendat é cortante, direta e maligna na essência da palavra. É como se lhe perguntasse “Por que você existe?”
Ainda, sinto que qualquer pessoa que olhe para a foto se colocará no lugar do fotógrafo, como se esse ódio de Joseph fosse direcionado para nós. Pois essa é a expressão pura e simples do que é negar o outro como seu semelhante.
Além disso, o momento rouba toda a atenção do ministro de Hitler: ele não foca no intérprete do Fuher ao seu lado, e sim direciona toda a sua energia na aversão ao judeu. Outro ponto que torna tudo ainda mais triste nesta análise é pensar que anos depois o mundo iria descobrir a forma do governo alemão lidar com aqueles “inferiores à raça pura”. Alfred, felizmente, não foi capturado e mandado para um campo de concentração, mas muitos de seus irmãos não tiveram o mesmo destino. Sentindo em seus corpos toda a energia maligna que estes olhos carregavam através de torturas e assassinatos, entre tantas outras barbáries que ainda assombram a história contemporânea.
Por isso, creio na grande importância de mantermos essa parte da História viva em nossa memória. Afinal, ainda há pessoas que defendem, mundo afora, as mesmas ideias apoiadas por Joseph Goebbles. Portanto, posso dizer que Alfred Eisenstaedt conseguiu eternizar em um clique a maior mensagem da concretização do ódio que assombrou a humanidade e que merece ser deixado no passado; porém, jamais esquecido. 

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Prêmio Aquisição do Museu Nacional da República

Festival Mês da Fotografia realiza concurso para brasileiros e estrangeiros


Dezenas de participantes da edição anterior do evento em frente ao Museu Nacional do Conjunto Cultural da República.
Jefferson D. Modesto

Foi aberto o edital para o Prêmio Aquisição do Museu Nacional da República, chamada organizada pelo Festival Mês da Fotografia, que nesta edição está aberta para todo o território nacional, como também para estrangeiros. O prêmio possui quatro categorias: Categoria individual, categoria jovens fotógrafos, categoria ensaios e a categoria fotografia inclusiva.


A participação do evento pode ser feita diretamente no site do Festival Mês da fotografia: https://festivalmesdafotografia.com.br/. Como informado pelos organizadores, o edital foi aberto com bastante antecedência de modo a facilitar a criação e viabilizar a produção dos participantes. Os prazos para inscrições vão até o dia 30 de Abril de 2023.

Local: Musel Nacional da República
Data: Os artistas selecionados serão informados no dia 30 de Maio de 2023




Como citar esta postagem

BRITO, C. S. Prêmio Aquisição do Museu Nacional da República. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://tinyurl.com/z3r73wyb. Publicado em: 07 de Dezembro de 2022. Acessado em: [informar data].

Diane Arbus

Fotografia em preto e branco. Mulher de cabelo curto carregando uma bolsa e segurando uma câmera fotográfica antiga. Ela parece estar em um parque. Atrás dela está uma lixeira e muitas pessoas.

Fotógrafa que retrata pessoas marginalizadas na sociedade

 

Nascida em Nova York, Diane Arbus foi uma fotógrafa e escritora norte-americana que procurava mostrar, por meio de suas imagens em preto e branco, aquilo que era considerado feio e não era exposto nas galerias de arte.

Diane Arbus segurando uma câmera, despojada olha fixamente para a câmera. Ela tem o cabelo curto e veste uma blusa bonita. Aparentemente está  numa praça pública
Diane Arbus

Seu trabalho tinha como foco registrar os indivíduos excluídos socialmente: travestis, homossexuais, pessoas portadoras de alguma deficiência ou qualquer outro grupo à margem. Trabalho que pode ser considerado uma forma de revolução, visto que traz à tona a imagem de cidadãos que devem ser devidamente respeitados.
 
A profissional temia ter que desviar o foco de sua arte para ser mais valorizada financeiramente. Essa situação agravou seu quadro depressivo e, então, infelizmente, Arbus cometeu suicídio em 26 de julho de 1971, aos 48 anos. Após o ocorrido, suas obras ganharam bastante destaque popular e, por isso, a fotógrafa foi a primeira norte-americana a ter seu seu trabalho exposto na Bienal de Veneza. 

Travesti negro e maquiado com bobbies no cabelo. Ele segura um cigarro e está com os olhos arregalados em direção à câmera.
Diane Arbus
Descrição: Casal lésbico se abraçando com ternura. Ambas olham fixamente para a câmera e têm o cabelo curto. Elas estão cobertas de manchas pretas, que simbolizam luta, dor e sofrimento.
Diane Arbus
Descrição: Há três pessoas na cena: um homem muito alto e, possivelmente, seus pais. Eles estão em um cenário que parece ser a sala de uma casa.
Diane Arbus

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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Soares, Maria Clara. Diane Arbus. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/diane-arbus>. Publicado em: 6 de dez. de 2022. Acessado em: [informar data].

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