Walker Evans: um homem da fotografia literária

Influenciado pelo intelectualismo europeu da modernidade e pelas vanguardas da década de 1930, Evans criou um novo estilo de fotografar.

Walker Evans é um fotógrafo e fotojornalista estadunidense de intensa dramaticidade e com um olhar incomum, fato que lhe rendeu grande autenticidade em seus trabalhos. Seus registros fotográficos refinados – cujo título desconsiderou durante anos – é consagrado até os dias de hoje.

A imagem mostra um homem sentado no metrô utilizando chapéu e agasalhos. Seu olhar e sua expressão demonstram alguma indignação com um objeto fora do alcance de visão do fotógrafo.
Walker Evans

Nascido em 1903, o fotógrafo faria sucesso logo na década de 1930, quando trabalhou no programa da Farm Security Administration (FSA) programa do governo estadunidense para propagar as ações governamentais para o desenvolvimento das áreas agrícolas.

Entre os anos de 1938 e 1940, Evans produziu um compilado de retratos de pessoas no metrô na cidade de Nova Iorque, chamado de Subway Portraits. Um fato curioso sobre o trabalho é que sua câmera estava escondida em seu paletó e, dessa forma, conseguiu captar vários momentos ao longo desses dois anos de produção.

A imagem mostra uma jovem moça em um metrô, com o braço escorado na janela e apoiando sua cabeça com ele. Ela se encontra com uma expressão sonhadora mas ao mesmo tempo cansada.
Evans Walker
A imagem mostra um senhor no metrô, ele usa terno e chapéu. Sua expressão é de cansaço e traz uma pitada de insatisfação.
Evans Walker
A imagem mostra um homem adulto, usando boina e agasalhos. Ele se encontra com uma expressão fechada e o corpo está posicionado de forma rígida, como se estivesse tenso.
Evans Walker
A imagem mostra duas senhoras sentadas no metrô. A senhora da direita está trajada de chapéu e agasalho bem trabalhados, passa a impressão de ter uma boa condição financeira. Já a senhora da esquerda, veste uma touca e agasalho mais finos, o que passa a impressão de não possuir muitos bens materiais. Ambas as senhoras estão com a expressão séria.
Evans Walker

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Diferentes ângulos

A curiosidade em meio a diferentes escolhas.

O fotógrafo Haruo Ohara fotografava cenas comuns do cotidiano enquanto andava por sua cidade. Foi durante um desses passeios que ele fotografou a imagem abaixo. Um menino posa para uma foto enquanto um outro fotógrafo registra seu retrato, que nunca chegará aos nossos olhos.

A curiosidade em meio a diferentes escolhas.
O fotógrafo Haruo Ohara fotografava cenas comuns do cotidiano enquanto andava por sua cidade. Foi durante um desses passeios que ele fotografou a imagem abaixo. Um menino posa para uma foto enquanto um outro fotógrafo registra seu retrato, que nunca chegará aos nossos olhos.
 
Um homem fotografa um menino com uma câmera antiga apoiada em um tripé. O homem está posicionado atrás da câmera, e o menino está parado com o corpo reto de frente para a câmera. O fundo da fotografia é composto pela vista de uma cidade, com uma casa e uma árvore no canto esquerdo, e mais árvores na outra extremidade.
Haruo Ohara

Curiosidade é a palavra que me vem ao ver essa fotografia, ao olhar para ela me sinto intrigada. É possível ver a cena, ver como ela acontece, como os objetos e as pessoas estão posicionados, mas não dá para saber como é a foto do menino. Talvez dê para ter uma ideia de como ela seja, mas nunca haverá a certeza. 

Essa cena me faz refletir em como ao fazer certas escolhas, deixamos passar outras oportunidades e nunca saberemos quais foram elas. Assim como o fotógrafo optou por um certo ângulo na imagem, não sabemos como a imagem seria de um outro lugar.

As próprias escolhas do fotógrafo que captura o menino nunca nos serão reveladas, ficarão sempre como um segredo ao ver esta imagem. Embora seja isso que me deixa intrigada, este é o rumo da vida, sempre haverá escolhas não feitas que resultariam em destinos que não saberemos, que estão ocultos para nós. Só nos resta aprender a lidar com essas incógnitas.

São também as escolhas que nos fazem ser quem somos, elas nos moldam conforme o tempo, assim como essa foto não seria a mesma se fosse fotografada por outro ângulo. É possível voltar atrás sobre algumas destas escolhas, mas o aprendizado sempre estará ali, para que na próxima vez ao seguir por um caminho saberemos melhor o que fazer.

Assim como na fotografia, é praticando que se aperfeiçoa, a vida também é assim, é se arriscando que se aprende a viver. Como diz o ditado, é errando que se aprende, pois sem o erro, como saberíamos que existe o acerto.

Mesmo que seja impossível ter uma certeza das nossas escolhas, sempre teremos que tomá-las, e no fim o certo e o errado não significam nada, são apenas caminhos tomados e que nos levam a lugares diferentes.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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PAES, Nathália. Diferentes ângulos. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/11/diferentes-angulos.html>. Publicado em: 4 de nov. de 2022. Acessado em: [informar data].

Haruo Ohara

Registro de uma vida no interior.

Registro de uma vida no interior.

 

O fotógrafo Haruo Ohara, em meio aos campos do interior do Paraná, onde viveu sua vida, fotografava o cotidiano de sua família. Ele utilizava como plano de fundo de suas imagens as lavouras de café e os campos, com um olhar delicado para os momentos singelos do dia a dia. 

 
Descrição: Homem segurando uma fotografia em uma mão e uma xícara em outra, na boca, ele segura um palito de dentes. Ele se encontra de lado e está olhando para a foto em sua mão.
Haruo Ohara

 

Haruo Ohara era filho de imigrantes japoneses e começou a fotografar em 1951 o dia a dia de sua família, sendo um fotógrafo amador. Ele costumava sair pelos arredores da cidade com outros amantes da fotografia para explorar os ambientes. Além de fotografar, ele também anotava todo o processo em seus diários. 

Depois de alguns momentos difíceis em sua vida, como a perda de sua esposa, Ohara começou a fazer um álbum de fotografias dedicado a cada um dos filhos, contando a história da família e suas particularidades. O autor produziu cerca de oito mil negativos em preto e branco, dez mil negativos coloridos.

 
Descrição: Homem caminhando em um campo, ele segura uma enxada apoiada no ombro e carrega na mão um embornal.  A figura veste uma calça escura, uma camisa e um chapéu de palha.
Haruo Ohara

Descrição: A imagem mostra uma pessoa andando em uma estrada de terra, à esquerda deste caminho há uma plantação de café, e à direita há algumas árvores e um matagal.
Haruo Ohara

Descrição: Três crianças segurando galhos com frutas nas pontas, elas posam para a foto. No fundo da fotografia, uma pessoa segura a mão de duas das crianças, aparecendo apenas a parte inferior de seu corpo.
Haruo Ohara

Descrição: Duas meninas sorridentes, uma delas usa um chapéu e um vestido com mangas bufantes, a outra usa um vestido listrado. Elas caminham sob um campo onde a grama chega até os joelhos delas.
Haruo Ohara

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PAES, Nathália. Haruo Ohara. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/10/haruo-ohara.html>. Publicado em: 1 de nov. de 2022. Acessado em: [informar data].

Sobrevivência a qualquer custo

Qualquer lugar é uma nova casa quando se enfrenta a perseguição e os horrores da guerra.

Há seis anos o mundo vivia uma das maiores crises humanitárias desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A Guerra Civil na Síria, conflito que teve seu estopim em 2011 e permanece até os dias de hoje, teve como uma das principais motivações a revolta contra o presidente do país, Bashar al-Assad. Trazendo um número alarmante de pessoas que tentavam deixar a Síria a qualquer custo, com a destruição e perigo constante causados pelo conflito, para recomeçar a vida em outros lugares. Entretanto, muitos países adotaram políticas que barravam a entrada desses refugiados. 
Refugiados sírios tentam passar por debaixo de uma cerca de arame para chegar à Hungria. Há uma mulher agachada passando por debaixo da cerca. Ela toca o chão com uma das mãos e olha para o lado com o rosto sério. A mulher ainda segura, com o outro braço, uma criança de colo. Atrás dela, vemos uma menina loira que se prepara para cruzar a cerca em seguida. Ela parece estar chorando. Ao lado da menina, um homem tenta passar por debaixo da cerca. Uma de suas mãos levanta o arame com cuidado e outra está prestes a tocar o chão. Atrás de todos eles está um homem de pé segurando uma manta. Todos os presentes na cena vestem roupas de frio apesar dos raios de sol sobre eles. Estão todos sujos de terra e envoltos em mato.
Bernadett Szabo/Reuters

A foto acima é da fotógrafa Bernadett Szabo para a agência de notícias Reuters, sendo premiada pelo Pulitzer em 2016, na categoria Fotojornalismo. Naquela edição, o tema central foi a questão dos refugiados. A imagem mostra sírios que atravessam a cerca tentando entrar na Hungria, país que buscava reforçar suas fronteiras para impedir que refugiados adentrassem em seu território. 

Sem dúvidas, uma das primeiras sensações que me atingem quando olho para esta imagem é a de tensão. Não só pela situação agonizante. Afinal, se descobertos, aqueles imigrantes poderiam ser mortos, presos ou retornar para o seu país. Como também, pelo fato de haver uma criança chorando. Seu rosto transparece toda a energia daquele momento: o medo, a ansiedade e a incerteza que essas pessoas sentem ao tentar atravessar aquela cerca do modo mais imperceptível possível. 

Outro ponto que me chama atenção na imagem é a expressão da mulher e como ela se porta naquele momento. Pois, parece agir da forma mais fria possível, segurando uma criancinha em um de seus braços e com os olhos atentos a qualquer presença que possa colocar tudo a perder.  O que traz uma certa estabilidade, um equilíbrio com o desespero expressado pela menina atrás dela.

Outra coisa que não me escapa à mente enquanto observo a imagem é a reflexão sobre todo o contexto em que a foto foi tirada. Aquelas pessoas cujos direitos mais básicos para uma vida digna foram violados parecem ter perdido sua humanidade segundo o olhar dos outros. Vivendo em meio ao caos político que dura no país há tantos anos, não houve outra solução a não ser a fuga, mesmo que para um lugar em que eles não são bem-vindos. Penso que talvez eles jamais se imaginaram nessa situação e a sensação de estar na pele deles me atinge como um golpe físico. 

Sinto também que, mesmo que eles tenham conseguido cruzar aquela fronteira, os problemas vão continuar em grande escala. A sensação de que podem ser deportados a qualquer momento e o preconceito perseguirão essas pessoas por muito tempo. Saber que esse problema perdura até hoje só reforça a ideia de que, independente da razão, numa guerra não há vencedores. Todos perdemos de alguma forma e alguns, infelizmente, muito mais do que outros.

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MAIA, Amanda. Sobrevivência a qualquer custo. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/07/Sobrevivencia a qualquer custo.html>. Publicado em: 27 de out. de 2022. Acessado em: [informar data].

Vania Toledo

Com olhar libertário a fotógrafa deixou sua marca na cultura brasileira. 

Vania Toledo (1945-2020) foi uma fotógrafa brasileira que nasceu em Paracatu, Minas Gerais. Ela começou a fotografar de forma amadora em 1961, na cidade de São Paulo enquanto cursava Ciências Sociais na USP. Entretanto, o que era para ser apenas um hobby acabou se tornando uma profissão que lhe trouxe destaque por  registros ímpares da noite paulistana e de muitos artistas nacionais. Sendo muito querida nesse meio, ela é lembrada por imagens de Cazuza, Ney Matogrosso, Fernanda Montenegro e muitos outros artistas.
Foto da atriz Fernanda Montenegro em preto e branco. Ela está sentada numa cadeira de madeira com estofado. O encosto tem imagens de folhas e flores. O fundo é esfumado e a atriz está de perfil, olhando para a câmera. Esboça um sorriso e arqueia as sobrancelhas.
Vania Toledo

Suas obras em preto e branco possuem as pessoas como os elementos centrais. Sobre esse último detalhe, Vania declarou em 2018: “Meu vício é gente. Gente atuante, libertária, gente que produz e faz arte, que gosta de viver como eu. Por isso ou por aquilo, sempre fotografei pessoas assim, com esse perfil.”
Fotografia das atrizes em preto e branco. Nicete Bruno está sentada e coberta dos pés à cabeça por tecidos, remetendo aos tempos bíblicos. Ela segura Beth Goulart nua numa posição semelhante à Pietà de Michelangelo. Ao fundo, também esfumado, nota-se a sombra das duas.
Vania Toledo
Foto em preto e branco de Cazuza. Veste calça branca e sem camisa. Seus braços vão em direção à câmera e as mãos estão entreabertas. O fundo é branco levemente esfumado com cinza. Nele, vemos algumas bolinhas em preto e branco, dispostas de forma uniforme no fundo.
Vania Toledo

Foto em preto e branco de Marília Pera. Elegantemente vestida, com um colar e brincos de brilhante. Na frente dela, está um microfone antigo que remete aos anos 50. O fundo está desfocado.
Vania Toledo

Foto em preto e branco da atriz Regina Casé. Ela veste roupas simples e está com uma trouxa de tecido na cabeça remetendo a uma lavadeira. Suas mãos estão apoiadas na cintura, sendo que sua mão direita segura um objeto semelhante a uma escova de lavar e uma flanela. Ela olha para a câmera.
Vania Toledo

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MAIA, Amanda. Vania Toledo. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/07/VaniaToledo.html>. Publicado em: {colar data de publicação}. Acessado em: [informar data].

Palhaço triste?

O estranhamento ao ver o símbolo do riso infeliz


Quando pensamos em palhaços, ideias como circo, risadas, crianças e diversão são rapidamente associadas à personagem. A persona ‘Palhaço’ é símbolo de riso e felicidade. Afinal, na arte circense, é papel do palhaço produzir sorrisos e risadas do público. Porém, a foto abaixo retrata o palhaço de modo diferente do comum ao mostrá-lo de fisionomia triste, com um cigarro e numa foto sem coloração.


A fotografia em preto e branco mostra um homem branco fantasiado de palhaço bem ao centro, em sua mão esquerda ele segura um cigarro, na direita com filhote de cachorro preto. Ele usa uma camiseta listrada com uma camisa xadrez por cima, gravata borboleta, chapéu e maquiagem. Ao fundo podemos ver um trailer e o céu nublado.
Imogen Cunningham

A fotografia de autoria de Imogen Cunningham, fotógrafa estadunidense do início dos anos 90, faz parte de um álbum chamado On the Street, “na rua” em tradução direta. Dentre as dezenas de imagens que compõem o álbum, esta foi uma que me chamou a atenção devido a este estranhamento que acontece ao serem colocados símbolos contrastantes na mesma fotografia. Pensar que um personagem que simboliza risadas se encontra infeliz gera uma certa inquietação, um sentimento de que algo está errado. Ao mesmo tempo, sabemos que o palhaço é um papel interpretado, desse modo a pessoa que o representa está tão sujeita a sentimentos infelizes quanto qualquer um. Este tipo de dualidade sempre me agrada na fotografia devido a não ser comum, ou ao menos incentivado na maioria das vezes, é algo que foge ao padrão. Imogen possui diversas imagens nesse estilo, com contrastes explícitos e também alguns mais interpretativos, tornando-se uma de minhas fotógrafas preferidas.


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Foto em pauta com Lalo de Almeida

Foto em pauta realiza encontro com fotógrafo em Belo Horizonte

Fotografia de Lalo de Almeida em preto e branco. Homem caucasiano, cabelos lisos médios, com cavanhaque e olhar sereno.
Eduardo Knapp

No final do mês de outubro, acontecerá um encontro com Lalo de Almeida na capital mineira. Neste evento será feita uma projeção de suas fotografias, com enfoque em sua série fotográfica “Distopia Amazônica” recentemente contemplada pela Eugene Smith Grant in Humanistic Photography e  que em 2022 foi vencedora mundial da categoria Projeto de Longa Duração do World Press Photo.

O evento, organizado pelo Foto em Pauta, recebe fotógrafos em encontros com entrada gratuita, mas com vagas limitadas. Durante as duas horas de encontro será possível interagir com o autor e discutir sobre as fotografias apresentadas. Também será transmitida cobertura no YouTube no canal do projeto.

Local: Memorial Minas Gerais Vale – Praça da Liberdade, Belo Horizonte

Data: 27 de outubro de 2022, quinta-feira, 19h.

Preço: Entrada franca.

Contato: fototiradentes@gmail.com

#divulgação é uma coluna de divulgação científica e cultural. Utilize nossos formulários para divulgar seu trabalho em nossas mídias.


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BRITO, C. S. Foto em pauta com Lalo de Almeida. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://tinyurl.com/mpeudkd2. Publicado em: 19 de Out. de 2022. Acessado em: [informar data].

Imogen Cunningham

Botânica, nudez, paisagens e retratos são alguns dos temas fotografados pela fotógrafa

Botânica, nudez, paisagens e retratos são alguns dos temas fotografados pela fotógrafa 

Imogen Cunningham nasceu em Portland, Estados Unidos, em abril de 1883. Seu interesse pela fotografia surgiu aos 18 anos, após a compra de sua primeira câmera. Imogen produziu diversos retratos, estudos sobre a nudez, street photography (fotografia de rua), imagens botânicas e de sua família, além de autorretratos. Durante os 70 anos em que produziu centenas de fotos preto e branco, poucos temas não foram abordados pela artista.

A fotografia em preto e branco é composta por uma mulher branca, nua, de costas e com os cabelos presos num coque baixo, apoiada numa grande pedra que ocupa todo o fundo da foto.
Imogen Cunningham

A foto em preto e branco mostra um homem nu de costas, ele possui pele branca e cabelos escuros, e está tentando subir uma pedra, que ocupa todo o fundo da fotografia.
Imogen Cunningham

Ainda jovem, Imogen frequentou a Universidade de Washington, onde teve seu primeiro contato com a fotografia botânica. Entre 1907 e 1909, a artista trabalhou no estúdio de Edward Curtis, aprendendo diversas técnicas sobre impressão e retoque de negativos. Em 1910, abriu seu próprio estúdio de retratos em Seattle.

Em 1915, a fotógrafa produziu fotografias de modelos nus que foram expostas em diversas galerias dos Estados Unidos, aumentando sua popularidade. Nesse mesmo ano, Imogen se casou e teve seu primeiro filho. No final de 1917, Imogen fechou seu estúdio em Seattle e se mudou para Califórnia, onde nasceram seus dois filhos gêmeos.

Com filhos pequenos e reclusa à vida domiciliar, Cunningham se aprofundou no estudo da fotografia botânica por meio das plantas de seu quintal. Nos anos seguintes, também produziu um extenso ensaio fotográfico de seus três filhos e marido.

A foto em preto e branco mostra três garotos, brancos e de cabelos curtos e escuros brincando na praia. Eles usam shorts, camisetas brancas e estão descalços. Um deles está sentado na areia, um segundo está de pé ao seu lado, e o terceiro está de pé com o tronco abaixado, pegando pedras no córrego que cobre seus pés, em frente aos outros dois.
Imogen Cunningham

Dos anos 20 a 40, Imogen conheceu fotógrafos famosos e fez diversas exposições nacionais e internacionais, além de produzir retratos de artistas como Frida Kahlo e Martha Graham. Mais adiante em sua carreira a fotógrafa participou do Grupo f/64, um coletivo de fotógrafos que produzia imagens extremamente focadas, detalhadas e com grande contraste, boa parte dessas fotografias retratavam paisagens em preto e branco. No site em que são expostas suas fotografias, uma seção que me chamou atenção foi “Hands”, uma série de fotografias que exibem, como o próprio nome explica, as mãos de diversas pessoas, realizando atividades diferentes. Diria que é um foco de trabalho um tanto incomum, porém que muito me interessou.

A fotografia em preto e branco mostra um par de mãos, há um anel no dedo mindinho da mão direita. As mãos são refletidas na superfície de um grande balde de água.
Imogen Cunningham

Em fevereiro de 1975 Imogen fundou o Imogen Cunningham Trust a fim de exibir, preservar e promover seu trabalho fotográfico. A artista faleceu em 1976, aos 93 anos, em São Francisco, Califórnia.

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COUTO, Sarah. Imogen Cunningham. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em <https://culturafotografica.com.br/imogen-cunningham/>. Publicado em: 18/10/2022. Acessado em: [informar data].

A dor de uma família em extrema pobreza

Fotografia que retrata a situação de vulnerabilidade de uma mãe e seus quatro filhos..

A imagem, tirada por Andy Goldstein, em São Paulo, é resultado de um trabalho que o fotógrafo realizou em 14 países da América Latina. Goldstein desejava captar os impactos da pobreza nas diferentes regiões.

 

Há quatro crianças sentadas em uma beliche e uma mulher encostada na cama. Eles estão em uma casa simples, de estrutura bastante precária.
Andy Goldstein

A foto mostra a doméstica Débora de Jesus da Silva, de 28 anos, e seus filhos, sentados em uma beliche humilde. A jovem mãe encontra-se escorada na cama, com um semblante pensativo e preocupado.

Ao visualizar esse cenário, reflito sobre o sofrimento dessa família. Débora, com 21 anos, teve sua primeira filha, hoje com 9. Seu bebê mais novo, com apenas 11 meses, já vive em uma realidade na qual seus direitos básicos são negados; o de brincar, de ter um sistema de saúde eficiente, uma escola e uma alimentação de qualidade. Daí surge o questionamento: como essas crianças poderão mudar essa realidade de pobreza se não recebem o devido suporte para ascender socialmente?

É por essa falta de assistência que muitas famílias continuam vivendo à margem da sociedade ao passar das gerações, porque falta apoio para essas pessoas crescerem, seja de forma econômica ou social. É aí que eu me pergunto: Cadê o governo para garantir os direitos dos cidadãos? Onde está o Estado que assegura o bem-estar da população?

É comum escutarmos um discurso meritocrático que diz “Fulano nasceu na favela, sem privilégios e hoje é um médico/jogador de futebol/juiz (ou qualquer outra profissão de prestígio social) bem-sucedido”. Discurso este que tenta isentar a culpa do abandono do governo, como se por falta de força de vontade, as outras pessoas no mesmo caso do exemplo citado não conseguissem atingir tal êxito.

Também é importante frisar que, devido à situação de vulnerabilidade, milhões de brasileiros sujeitam-se, por necessidade, a trabalhos informais que os exploram até a exaustão e, paradoxalmente, não recebem o suficiente para manter uma vida minimamente digna.

O que essa fala completamente equivocada não divulga, é que as pessoas que conseguem ascender socialmente em condições precárias, sem o devido auxílio, são exceções. Por isso, reproduzir esse tipo de discurso é problemático, porque pode gerar frustração e depreciar os indivíduos que, por falta de estrutura e suporte, não alcançam este lugar de prestígio.

Na imagem posta, me pego imaginando a dor dessa mãe ao, muitas vezes, não ter o que dar de comer a suas crianças ou a si mesma. Penso sobre sua revolta de residir em um país tão desigual, onde uns desfrutam dos melhores e mais caros alimentos, enquanto outros não têm nenhum. Em que algumas crianças têm o privilégio (que, na realidade, deveria ser garantido a todas) de só estudar e aproveitar a infância, enquanto outras têm que abandonar a escola para trabalhar em empregos informais e ajudar a família.

Até quando o Brasil terá sua renda tão mal distribuída entre os cidadãos? Até quando o país terá 24% de sua população vivendo em situação de pobreza? Sendo mulheres e negros – grupos históricamente marginalizados – a maior parte dessa revoltante porcentagem. São questionamentos que faço, mas, infelizmente, não encontro respostas.

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Soares, Maria Clara. A dor de uma família em extrema pobreza. Cultura Fotográfica (blog).

Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/a-dor-de-uma-familia-em-extrema-pobreza/>. Publicado em: 13 de out. de 2022 . Acessado em: [informar data].

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