Marc Riboud

Fotógrafo que registrou cenas cotidianas de países que estavam em guerra

Fotógrafo que registrou cenas cotidianas de países que estavam em guerra

O fotógrafo Marc Riboud nasceu em Lyon, na França, em 1923. Advindo de uma família burguesa, formou-se em engenharia e trabalhou em uma fábrica em sua cidade natal. Em 1951, o jovem de 23 anos tirou uma semana de férias com o objetivo de fotografar as cenas ao seu redor, com a câmera Kodak Vest Pocket, presente de seu pai em 1937. Como sua paixão pela fotografia era tão grande, nunca mais voltou para o trabalho, resolvido a fotografar o mundo. 

A imagem mostra as costas de quatro pessoas andando em uma rua, sendo uma delas uma mulher. Um dos homens carrega um violoncelo nos ombros, ele é o que se encontra mais atrás, na frente, um dos outros homem abraça a mulher.
Marc Riboud

Riboud fotografou suas primeiras imagens quando tinha apenas 14 anos, em 1937, na Exposição Universal de Paris. Já em 1953, estava atuando como fotógrafo oficial na agência Magnum — inclusive, chegando a ser presidente — foi nesse mesmo local  que, anos antes, ele aprendeu técnicas de fotografia com os mestres da Robert Capa, David Seymour e Henri Cartier-Bresson. 

Riboud se eternizou como fotógrafo quando, entre 1955 a 1985, viajou pela Ásia, pelo Oriente Médio e pela África fotografando não só as atrocidades da guerra e a degradação de culturas reprimidas, mas também momentos de delicadezas e de beleza presentes no cotidiano. Suas imagens eram retratos da sensibilidade onde o ser humano funcionava como objeto central.

A imagem mostra pessoas comendo, aparentemente, em um restaurante. O foco da câmera está fixado em duas pessoas específicas, as duas usam boinas, blusas de manga comprida e óculos redondos, elas comem em tigelas usando hashis, talheres típicos da ásia.
Marc Riboud
A imagem mostra três crianças asiáticas, duas delas segurando revólveres, elas posam para a fotografia. Uma das crianças encosta o revólver para a cabeça da outra.
Marc Riboud
A imagem mostra o perfil de uma mulher negra vestindo roupas típicas de seu país, sobreposto a ela, a fotografias de outras pessoas dançando que trajam roupas de salão.
Marc Riboud
A imagem mostra um casal se beijando embaixo de uma ponte, a alguns passos deles há um rio com barcos ancorados em sua orla.
Marc Riboud
A imagem mostra uma menina de cabelos curtos segurando uma flor perto de seu rosto, ela se posiciona de frente para uma fileira de homens armados e fardados.
Marc Riboud

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PAES, Nathália. Marc Riboud. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/marc-riboud/>. Publicado em: 30 de maio de 2023. Acessado em: [informar data].

Paulo Vainer

Fotógrafo de moda e diretor de filmes publicitários

Fotógrafo de moda e diretor de filmes publicitários

Paulo Vainer é reconhecido como um profissional de multimídia, que trabalha tanto com fotografia quanto com direção de filmagens. Começou sua carreira em estúdios como os de Steve Bronstein e de Andreas Heiniger, e fotografando para empresas como a Editora Abril. Ele também atuou para marcas como Itaú, Volkswagen, Nike, Nestlé e Renault.

A imagem mostra um quarto com uma iluminação azul. Nele há três pessoas, duas sentadas na beirada de uma cama de casal e a outra sentada em uma cadeira no canto. A pessoa que está na cadeira é destacada por um círculo de luz.
Paulo Vainer

O fotógrafo iniciou sua carreira em 1978, como assistente do fotógrafo Bob Wolfenson.  Em 1981, viajou para Nova Iorque para trabalhar com Steve Bronstein. Já em 1990, Paulo Vainer volta ao Brasil para abrir seu próprio estúdio, tornando-se um dos mais importantes fotógrafos de moda e publicidade brasileiro. Com o contato de profissionais como Ricardo Van Steen, Walter Salles, Andrucha Wadingtton e Fernando Meirelles, o artista adentrou no ramo da direção. Lançou, em 2004, seu primeiro longa-metragem, intitulado de  “Noel, o Poeta da Vila”, que foi indicado ao prêmio da Associação Brasileira de Cinematografia.

Através da fotografia, Vainer conta histórias. Por meio de apenas uma imagem é possível ir além da cena. Ele faz esse movimento mesclando técnicas de fotografia e de edição gráfica. Abusando de cores saturadas – que passam a ideia de um mundo fantasioso -, da iluminação e da composição da imagem.

Mulher, em um fundo azul, por trás de barras de led.
Paulo Vainer
Imagem em preto e branco e desfocada mostrando um espaço cheio de pessoas.
Paulo Vainer
Imagem de uma mulher usando uma roupa dourada e um acessório na cabeça de pelo preto. Ela não olha em direção a câmera.
Paulo Vainer
Imagem de uma mulher em chamas. Ela usa um véu e segura uma rosa branca.
Paulo Vainer
A imagem mostra uma mulher, vestida toda de preto e com o cabelo bagunçado, posando para a fotografia.
Paulo Vainer

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PAES, Nathália. Paulo Vainer. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/paulo-vainer/>. Publicado em: 25 de abr. de 2023. Acessado em: [informar data].

Luisa Dörr

O protagonismo feminino representado na fotografia.

O protagonismo feminino representado na fotografia.

Luisa Dörr é uma fotógrafa brasileira, natural do Rio Grande do Sul, formada em design gráfico. Sua história com a fotografia surgiu cedo; quando criança ela pedia câmeras fotográficas de presente de natal, mas foi aos seus 22 anos que começou a fotografar no estúdio de sua tia e se profissionalizou na área.

Auto retrato da fotógrafa Luisa Dorr. A imagem contém seu rosto enquadrado que se posiciona na diagonal, ela usa um óculos de grau e seus cabelos loiros se encontram trançados ao redor de sua cabeça.
Luiza Dörr

Luisa publica suas imagens em sua conta no instagram, onde monta seu portfólio. Ela já teve suas fotografias publicadas na capa da revista Time e também já fotografou para o jornal El País. Em seus projetos, Luisa captura a força da presença feminina, demonstrando através dos ângulos e enquadramentos, o protagonismo e a força destas personagens. 

Suas imagens transmitem a beleza natural do modelo fotografado, com cores leves e muita luz que passam a ideia de simplicidade. Suas obras também carregam um simbolismo etéreo, por meio da combinação da iluminação com as paisagens, que são, em sua maioria, lugares com uma natureza exuberante. 

Uma mulher roda com sua saia rosa e cheia de babados, ela usa também uma blusa toda coberta de rendas amarelas, na cabeça um chapéu e tranças. No fundo, bem distante, há várias montanhas e o céu azul com algumas nuvens.
Luiza Dörr
Duas crianças vestidas com vestidos na cor azul enfeitados. Uma das meninas, que aparentemente é mais velha, passa alguma coisa no rosto da mais jovem, como um gesto de cuidado, ela também está sentada para alcançar o rosto da outra que é menor. As duas, uma de frente para a outra, se olham, enquanto se arrumam.
Luiza Dörr
Uma mulher boiando em uma água verde com roupas típicas do Chile, uma blusa branca rendada e uma saia cumprida preta, ela usa tranças que flutuam ao seu redor. Na água também há pétalas de flores circundando seu corpo.
Luiza Dörr
Mulher sentada na beirada da carroceria de uma camionete, ela olha para longe da câmera e em suas mãos há luvas de boxe.
Luiza Dörr

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PAES, Nathália. Luisa Dorr. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/luisa-dorr-2/>. Publicado em: 11 de abr. de 2023. Acessado em: [informar data].

Contos de fadas

Campos floridos em nós mesmos.

A imagem abaixo foi fotografada pelo artista Steven Klein para a revista Vogue em 2020. Em um ensaio com a atriz Mia Goth chamado de Fantasy and Fashion. Com cores inexistentes no mundo real e cenários deslumbrantes, Steven faz uma mistura entre a moda e os contos de fadas.

A imagem mostra uma mulher de cabelos pretos e pele muito branca trajando um vestido rosa claro, ela está sentada em uma poltrona vermelha, enquanto ilumina com uma lanterna um canto do ambiente. O cenário mostra o cômodo de uma casa, com as paredes em um tom de azul, e o chão coberto por flores rosa, amarelo e laranja.
Steven Klein

Vestidos esvoaçantes, flores de diversas cores, exuberantes florestas, tons saturados, ainda que sejam ao mesmo tempo suaves; disso são feitos os sonhos e os contos de fadas. Entrelaçados, eles quase se confundem, sendo um necessário a existência do outro. Sem a habilidade de sonhar, histórias não seriam criadas, e sem histórias os sonhos não passariam de uma breve reprise de nossa memória.

Sempre fui uma criança muito solitária, que cresceu em uma roça sem o contato de outras pessoas da mesma idade. Para passar os meus dias e para poder suprir a falta de companhia, o melhor que eu podia fazer era criar histórias.

Eu via nas flores vestidos de fadas, que se camuflavam enquanto houvessem humanos por perto. Nos galhos das árvores que se juntavam, formando um arco, enxergava um portal que poderia levar para diferentes mundos. Nas frutas, via dádivas que quando ingeridas eram capazes de conceder superpoderes. 

Ao crescer, eu converti essa minha imaginação em necessidade de livros; me apoiando neles quando precisava fugir do mundo real. Ainda é assim. É na fantasia onde posso ser outra pessoa, e, não preciso ser ninguém, ou apenas acompanhar a vida de outra pessoa enquanto me esqueço de mim mesma. Mesmo que os finais não sejam felizes para sempre, eles me confortam das dificuldades do mundo.

Ainda continuo procurando por fadas e reinos encantados. E nas horas vagas, caço borboletas coloridas. Porque sem essas histórias o mundo seria somente cinzento, sem nenhum sonho. Não haveria motivo para continuar tentando, não haveria um refúgio para se esquecer dos problemas.

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PAES, Nathália Paes. Contos de fadas. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<{colar link da postagem}>. Publicado em: {colar data de publicação}. Acessado em: [informar data]. 

Steven Klein

Um toque de obscuridade e surrealismo

Um toque de obscuridade e surrealismo

Steven Klein é um cineasta e fotógrafo de moda estadunidense. Com uma técnica que ultrapassa a intenção documental da fotografia, visando uma abordagem mais artística e criando imagens icônicas. Ele é conhecido também pelo seu trabalho ao fotografar celebridades como Madonna, Rihanna, Britney Spears e Lady Gaga.

Fotografia da cantora Madonna, vestindo uma roupa preta de bolinhas brancas com um tecido transparente na parte dos ombros. Ela apoia a nuca em uma mesa enquanto toca um saxofone.
Steven Klein

O fotógrafo Steven Klein nasceu em Nova Iorque em 1962. Ele estudou desenho na Rhode Island School of Design, mas mudou para o curso de Fotografia, preferindo se dedicar a essa área. A partir da fotografia, ele pode trabalhar com marcas como Calvin Klein, D&G, Alexander McQueen e Nike, além de revistas como Vogue, i-D, Numéro, W e Arena.

As fotografias de Steven Klein trazem narrativas transgressoras capazes de desconstruir os clichês relacionados à fotografia. Suas imagens possuem um tom sensual e sombrio, misturando o mundo da moda e comercial, com o erotico e o obscuro. Fazendo uma junção do belo e do horror, em um desarranjo, que causam um certo desconforto ao observador. As maiores marcas de seu trabalho são os elementos que circundam o cinema, a cultura cyberpunk e os fetiches sexuais.

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Paes, Nathália. Steven Klein. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2023/03/steven-klein.html>. Publicado em: 7 de mar. de 2023. Acessado em: [informar data]. 

Cega pela luz

A transformação pela luz.

A transformação pela luz.

 

Na fotografia abaixo, Paulo Vainer utiliza a técnica de motion blur em conjunto com o alto contraste, para passar a sensação de que a imagem está em movimento. Este trabalho faz parte do ensaio fotográfico chamado “movimento”.

 
A imagem, em preto e branco, mostra a vista através da janela de um carro. Apresentando uma rua vazia, a noite, com a luz dos postes acesas.
Paula Vainer

Apesar de todo o movimento aparente na fotografia, ao observá-la só me vem à mente a imprecisão da imagem. A forma que a luz toma, toda estourada, é o que mais se sobrepõe. Essa é uma imagem recorrente para mim. É assim que eu enxergo o mundo, como uma imagem desfocada. 

Me lembro de ter como passatempo, quando criança, ficar deitada olhando para a luz fixamente, vendo seus raios se dissolverem formando caminhos. Aquilo, para mim, sempre foi o normal, enxergar a luz daquela forma. Até que um dia descobri que nem todos viam daquela maneira. Eu só enxergava assim por um problema em meus olhos, e isso não era o normal para os outros. Seria preciso corrigir aquilo.

Com o passar do tempo a minha visão ficou mais prejudicada. Sem os óculos para corrigi-la, eu sou praticamente cega. Ainda mais quando a luz atinge diretamente meus olhos. Andar na rua à noite, é quase impossível. Toda vez que um carro vem em minha direção com seus faróis acesos, sou tomada pela cegueira. A luz domina tudo, me deixando sem ver absolutamente nada.

A luz que antes era divertida, agora só me causa dores de cabeça. Quanto mais luz, mais meus olhos doem. O escuro, que causava medo, agora é reconfortante e querido. Mas, apesar de tudo, ainda gosto de me lembrar de como a luz sempre foi um abrigo para mim, de como ela era minha diversão e me protegia dos monstros à noite. 

 
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
 
 

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PAES, Nathália. Cegada pela luz. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2023/01/cegada-pela-luz.html>. Publicado em: 26 de jan. de 2023. Acessado em: [informar data].
 

Nada mais que o cotidiano

Lembranças cotidianas de uma rua pacata

Lembranças cotidianas de uma rua pacata

A fotografia do autor Marc Riboud foi produzida em Liu Li Chang, uma rua de antiquários em Pequim. Essas lojas eram muito procuradas durante a Revolução Cultural, – movimento social com intuito de eliminar as influências capitalistas da China – onde a população chinesa entregava suas jóias para o Estado.

A imagem mostra a vista de dentro de uma loja, o lado de fora é exibido através de seis vidros. Na rua é possível ver a fachada de outros comércios e algumas pessoas, dentre elas sete crianças e quatro adultos. Duas das crianças observam o interior da loja, onde o fotógrafo se encontra, as outras se espalham pela imagem.
Mark Riboud

A cena retratada poderia ser facilmente confundida, caso não houvesse uma contextualização, com um momento cotidiano encontrado em qualquer lugar do mundo. Apesar de todo seu significado histórico, num primeiro momento, o que vemos são pessoas vivendo suas vidas rotineiramente.

O que salta aos olhos é o humano, que torna aquela rua habitada e cheia de vida, independente do motivo de estarem naquele lugar, naquele momento em questão. Os adultos conversam sentados na calçada e observam o que acontece ao redor, enquanto várias crianças se espalham pelo ambiente prontas para iniciar uma brincadeira.

Consigo imaginar essa imagem na rua da cidade onde nasci, durante as pacíficas tardes de domingo quando nenhum carro transita mais. Os adultos se reúnem para conversar na calçada e vigiar as crianças que aproveitam para brincar de jogar bola ou de pega-pega. Por mais monótono que possa parecer ter uma vida rotineira, sem muitas aventuras, é nessas pequenas situações do dia que se encontram a calmaria e o conforto dos problemas. São pequenas coisas acalentadoras que tornam esses momentos mais suportáveis fazendo com que a vida valha a pena, como por exemplo, ir ao bar com os amigos, assistir a novelas sempre nos mesmos horários ou comer macarronada nas datas comemorativas em família.

A beleza do cotidiano está em passar pelos mesmos cenários e provações, e só perceber quando um belo dia você para e olha para tudo aquilo com outra percepção, vendo como esses momentos fazem falta. Nenhuma aventura consegue ser melhor do que ter uma conversa sincera com alguém querido, por mais corriqueiro que possa ser, a vida é feita em sua maioria dessas situações.

Talvez a vida nunca proporcione grandes conquistas dignas de um livro, e isso não é algo para se sentir mal, isso não a torna menos interessante, a beleza está escondida nas entrelinhas de cada momento, tudo começa a fazer mais sentido quando se para de procurar por histórias épicas e se passa a aproveitar cada instante.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
 

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PAES, Nathália. Nada mais que o cotidiano. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2023/01/nada-mais-que-o-cotidiano.html>. Publicado em: 19 de jan. de 2023. Acessado em: [informar data].

E o mar passou

A força do mar abatida pela imponência de um homem

A força do mar abatida pela imponência de um homem

O mar, em toda sua intensidade, atinge o homem fotografado por Luisa Dorr. Atinge suas costas, mas não o desestabiliza, ele mantém sua postura firme, com a bacia que carrega em sua cabeça, e não parece ter, ao menos, um tremor. Ele olha firmemente para a câmera e apenas permanece naquele local imponente.

Vemos na imagem, uma pessoa, vestida com roupas típicas da Bahia, com as costas voltadas para o oceano, as ondas quebram. Na cabeça, ele carrega uma bacia e no pescoço um colar de miçangas.
Luisa Dorr

Junto com as ondas do litoral baiano, onde foi tirada a fotografia, histórias vem sendo carregadas. O oceano sempre esteve presente, assistindo todas as vidas que passaram por ali, vendo as mudanças que ocorreram durante séculos, embora ele sempre se mantivesse como o mesmo, arredio. Ele mesmo conta uma história, mesmo que silenciosamente, suas ondas sussurram-na para a beirada da praia, como se contasse-as em segredo.

Minha primeira vez vendo o mar foi com 18 anos, foi como renascer, dei meus primeiros passos vendo o azul infinito, não houve o choro do parto, apenas o mar ecoando com seu chiado e um sorriso que se espalhou até se tornar uma gargalhada toda vez que era tocada pela água. 

Sempre tive um fascínio pela água, ao mergulhar em uma piscina era como adentrar um mundo novo, a calmaria e o silêncio me faziam querer nunca emergir. Com o mar a experiência foi a mesma, eu o sentia me puxando para junto de si e me sentia acolhida, era como um abraço. Quando as ondas passavam, me via com o coração a disparar, a ansiedade era tanta, o medo de que quando o mar me atingisse e eu fosse desestabilizada, mas ao mesmo tempo, a sensação de ser abraçada era bem vinda. 

Após ser atingida, todo o medo passava e a calmaria reinava, a água em toda a sua fúria, já não estava mais tão revolta, ela agora só queria voltar para o seu lugar, para logo em seguida se lançar novamente. E esse ciclo se segue infinitamente, sem descanso nenhum, apenas com mais intensidade ou não, trazendo coisas perdidas para a areia, expulsando-as de seu domínio, e arrastando outras para as suas profundezas, coisas essas que nunca mais serão achadas ou que serão levadas para lugares distantes. 

Vendo a imagem desse homem tão imponente de costas para a água, fico a pensar em toda a sua força e coragem, para se manter tão tranquilo e firme diante da profusão de ondas. Ele quase parece fazer parte do mar, com suas roupas se mesclando à espuma marítima. Quando estive diante do oceano, só consegui me sentir pequena e frágil, prestes a ser quebrada e arrastada para longe, o que me deixa ainda mais impressionada com a leveza da figura fotografada.

 

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
 

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PAES, Nathália. E o mar passou. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2023/01/e-o-mar-passou.html>. Publicado em: 5 de jan. de 2023. Acessado em: [informar data].

Diferentes ângulos

A curiosidade em meio a diferentes escolhas.

O fotógrafo Haruo Ohara fotografava cenas comuns do cotidiano enquanto andava por sua cidade. Foi durante um desses passeios que ele fotografou a imagem abaixo. Um menino posa para uma foto enquanto um outro fotógrafo registra seu retrato, que nunca chegará aos nossos olhos.

A curiosidade em meio a diferentes escolhas.
O fotógrafo Haruo Ohara fotografava cenas comuns do cotidiano enquanto andava por sua cidade. Foi durante um desses passeios que ele fotografou a imagem abaixo. Um menino posa para uma foto enquanto um outro fotógrafo registra seu retrato, que nunca chegará aos nossos olhos.
 
Um homem fotografa um menino com uma câmera antiga apoiada em um tripé. O homem está posicionado atrás da câmera, e o menino está parado com o corpo reto de frente para a câmera. O fundo da fotografia é composto pela vista de uma cidade, com uma casa e uma árvore no canto esquerdo, e mais árvores na outra extremidade.
Haruo Ohara

Curiosidade é a palavra que me vem ao ver essa fotografia, ao olhar para ela me sinto intrigada. É possível ver a cena, ver como ela acontece, como os objetos e as pessoas estão posicionados, mas não dá para saber como é a foto do menino. Talvez dê para ter uma ideia de como ela seja, mas nunca haverá a certeza. 

Essa cena me faz refletir em como ao fazer certas escolhas, deixamos passar outras oportunidades e nunca saberemos quais foram elas. Assim como o fotógrafo optou por um certo ângulo na imagem, não sabemos como a imagem seria de um outro lugar.

As próprias escolhas do fotógrafo que captura o menino nunca nos serão reveladas, ficarão sempre como um segredo ao ver esta imagem. Embora seja isso que me deixa intrigada, este é o rumo da vida, sempre haverá escolhas não feitas que resultariam em destinos que não saberemos, que estão ocultos para nós. Só nos resta aprender a lidar com essas incógnitas.

São também as escolhas que nos fazem ser quem somos, elas nos moldam conforme o tempo, assim como essa foto não seria a mesma se fosse fotografada por outro ângulo. É possível voltar atrás sobre algumas destas escolhas, mas o aprendizado sempre estará ali, para que na próxima vez ao seguir por um caminho saberemos melhor o que fazer.

Assim como na fotografia, é praticando que se aperfeiçoa, a vida também é assim, é se arriscando que se aprende a viver. Como diz o ditado, é errando que se aprende, pois sem o erro, como saberíamos que existe o acerto.

Mesmo que seja impossível ter uma certeza das nossas escolhas, sempre teremos que tomá-las, e no fim o certo e o errado não significam nada, são apenas caminhos tomados e que nos levam a lugares diferentes.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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PAES, Nathália. Diferentes ângulos. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/11/diferentes-angulos.html>. Publicado em: 4 de nov. de 2022. Acessado em: [informar data].
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