Diferentes ângulos

A curiosidade em meio a diferentes escolhas.

O fotógrafo Haruo Ohara fotografava cenas comuns do cotidiano enquanto andava por sua cidade. Foi durante um desses passeios que ele fotografou a imagem abaixo. Um menino posa para uma foto enquanto um outro fotógrafo registra seu retrato, que nunca chegará aos nossos olhos.

A curiosidade em meio a diferentes escolhas.
O fotógrafo Haruo Ohara fotografava cenas comuns do cotidiano enquanto andava por sua cidade. Foi durante um desses passeios que ele fotografou a imagem abaixo. Um menino posa para uma foto enquanto um outro fotógrafo registra seu retrato, que nunca chegará aos nossos olhos.
 
Um homem fotografa um menino com uma câmera antiga apoiada em um tripé. O homem está posicionado atrás da câmera, e o menino está parado com o corpo reto de frente para a câmera. O fundo da fotografia é composto pela vista de uma cidade, com uma casa e uma árvore no canto esquerdo, e mais árvores na outra extremidade.
Haruo Ohara

Curiosidade é a palavra que me vem ao ver essa fotografia, ao olhar para ela me sinto intrigada. É possível ver a cena, ver como ela acontece, como os objetos e as pessoas estão posicionados, mas não dá para saber como é a foto do menino. Talvez dê para ter uma ideia de como ela seja, mas nunca haverá a certeza. 

Essa cena me faz refletir em como ao fazer certas escolhas, deixamos passar outras oportunidades e nunca saberemos quais foram elas. Assim como o fotógrafo optou por um certo ângulo na imagem, não sabemos como a imagem seria de um outro lugar.

As próprias escolhas do fotógrafo que captura o menino nunca nos serão reveladas, ficarão sempre como um segredo ao ver esta imagem. Embora seja isso que me deixa intrigada, este é o rumo da vida, sempre haverá escolhas não feitas que resultariam em destinos que não saberemos, que estão ocultos para nós. Só nos resta aprender a lidar com essas incógnitas.

São também as escolhas que nos fazem ser quem somos, elas nos moldam conforme o tempo, assim como essa foto não seria a mesma se fosse fotografada por outro ângulo. É possível voltar atrás sobre algumas destas escolhas, mas o aprendizado sempre estará ali, para que na próxima vez ao seguir por um caminho saberemos melhor o que fazer.

Assim como na fotografia, é praticando que se aperfeiçoa, a vida também é assim, é se arriscando que se aprende a viver. Como diz o ditado, é errando que se aprende, pois sem o erro, como saberíamos que existe o acerto.

Mesmo que seja impossível ter uma certeza das nossas escolhas, sempre teremos que tomá-las, e no fim o certo e o errado não significam nada, são apenas caminhos tomados e que nos levam a lugares diferentes.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

Links, Referências e Créditos


Como citar essa postagem

PAES, Nathália. Diferentes ângulos. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/11/diferentes-angulos.html>. Publicado em: 4 de nov. de 2022. Acessado em: [informar data].

Haruo Ohara

Registro de uma vida no interior.

Registro de uma vida no interior.

 

O fotógrafo Haruo Ohara, em meio aos campos do interior do Paraná, onde viveu sua vida, fotografava o cotidiano de sua família. Ele utilizava como plano de fundo de suas imagens as lavouras de café e os campos, com um olhar delicado para os momentos singelos do dia a dia. 

 
Descrição: Homem segurando uma fotografia em uma mão e uma xícara em outra, na boca, ele segura um palito de dentes. Ele se encontra de lado e está olhando para a foto em sua mão.
Haruo Ohara

 

Haruo Ohara era filho de imigrantes japoneses e começou a fotografar em 1951 o dia a dia de sua família, sendo um fotógrafo amador. Ele costumava sair pelos arredores da cidade com outros amantes da fotografia para explorar os ambientes. Além de fotografar, ele também anotava todo o processo em seus diários. 

Depois de alguns momentos difíceis em sua vida, como a perda de sua esposa, Ohara começou a fazer um álbum de fotografias dedicado a cada um dos filhos, contando a história da família e suas particularidades. O autor produziu cerca de oito mil negativos em preto e branco, dez mil negativos coloridos.

 
Descrição: Homem caminhando em um campo, ele segura uma enxada apoiada no ombro e carrega na mão um embornal.  A figura veste uma calça escura, uma camisa e um chapéu de palha.
Haruo Ohara

Descrição: A imagem mostra uma pessoa andando em uma estrada de terra, à esquerda deste caminho há uma plantação de café, e à direita há algumas árvores e um matagal.
Haruo Ohara

Descrição: Três crianças segurando galhos com frutas nas pontas, elas posam para a foto. No fundo da fotografia, uma pessoa segura a mão de duas das crianças, aparecendo apenas a parte inferior de seu corpo.
Haruo Ohara

Descrição: Duas meninas sorridentes, uma delas usa um chapéu e um vestido com mangas bufantes, a outra usa um vestido listrado. Elas caminham sob um campo onde a grama chega até os joelhos delas.
Haruo Ohara

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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Como citar essa postagem

PAES, Nathália. Haruo Ohara. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/10/haruo-ohara.html>. Publicado em: 1 de nov. de 2022. Acessado em: [informar data].

Textura

Textura é o que, junto com a forma, nos revela qual é o objeto fotografado.

Textura é o que, junto com a forma, nos revela qual é o objeto fotografado.

Haruo Ohara – Sem Nome
Descrição: Fotografia em preto e branco. Mostra uma plantação de árvores que, juntas, formam formam vários relevos arrendondados na extensão do campo.

Na fotografia acima, de Haruo Ohara, as formas revelam diversos objetos arredondados, mas são os relevos das folhas que deixam claro se tratar de uma plantação. A fotografia é de Haruo Ohara, fotógrafo nascido no Japão que veio para o Brasil com a sua família em 1927. Aqui, a família Ohara trabalhou em lavouras do interior de São Paulo até adquirir suas próprias terras no Paraná, em 1933. Em 1938 Haruo comprou sua primeira câmera, passando a registrar o cotidiano rural.

A utilidade de se realçar a textura é bem perceptível no trabalho de Ohara. A natureza em suas fotos nunca é evocada apenas por sua aparência geral, mas por enfatizar a textura dos detalhes para transmitir sensações. É o caso da fotografia abaixo, em que a textura revela a secura do solo e nos transmite a ideia de aridez. Dentro do contexto campestre em que a foto foi tirada, portanto, a textura traz consigo a narrativa do solo infértil, da impossibilidade do plantio e, possivelmente, da presença da fome.

Haruo Ohara – A seca
Descrição: Fotografia em preto e branco. Mostra um solo seco com rachaduras bem pronunciadas.

Como usar a textura

As fotografia de Haruo Ohara conseguem transformar a textura em protagonistas apenas isolando-as em fotografias em que se repetem e se transformam em um padrão. O fotógrafo também utiliza padrões da própria natureza para constituir um senso de textura, como as nuvens abaixo, que da forma que foram fotografadas aparentam ser relevos macios no céu.
Haruo Ohara – Nuvens da Manhã
Descrição: Fotografia em preto e branco. Mostra o nascer do sol com uma composição que põe o céu em destaque, deixando que mais da metade da fotografia seja ocupada por nuvens fragmentadas que se espalham por todo o céu. No canto direito há a sombra de um homem equilibrando uma enxada no dedo.
Outra forma de dar destaque às texturas é colocá-las próximas a uma textura contrastante. Como o tronco áspero contrasta com as jabuticabas lisas abaixo.
Haruo Ohara – Jabuticaba
Descrição: Fotografia em preto e branco. Close de um galho cheio de jabuticabas.

Revelando a Textura

A textura é revelado principalmente pelas luzes que refletem as saliências e pelas sombras que se formam nas reentrâncias da figura. Assim, a luz dura é o melhor realçador de textura, pois gera muita sombra nas fissuras. Como já falamos aqui, a luz na posição 45º graus também ajuda a destacar a textura (assim como a forma e o volume) do que está sendo fotografado.
Observe na fotografia das espigas de milho abaixo como a luz direta do sol ajuda a reconhecer os grãos de milho, gerando sombra nos espaços entre eles.
Haruo Ohara – Milho
Descrição: Fotografia em preto e branco. Mostra milhos amontoados.
Assim como a luz direta e em ângulo agudo deve-se ser usada para realçar texturas, a luz suave disfarça a textura em casos necessários, como para fazer uma pessoa parecer mais jovem ou com a pele mais uniforme em retratos.
Experimente fotografar com textura! Escolha um objeto com muitos relevos, fotografe em luz dura e, depois, em luz suave e observe com a luz influencia na revelação da textura. Em seguida experimente isolar a textura para criar uma fotografia abstrata com padrão.

Referências:

  • HEDGECOE, John. O novo manual de fotografia. São Paulo: Senac, 2005.
  • IMS
-20.3775546-43.4190813
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