Fotógrafo de Guerra

 Jan Grarup arrisca sua vida para registrar os avanços da guerra. Quando sua ex-mulher morre, precisa aprender a conciliar seu trabalho com sua vida pessoal.

Nesse documentário, acompanhamos o trabalho de Jan Grarup em Mossul, onde ocorre o avanço das forças armadas iraquianas contra o Estado Islâmico. Mas, quando sua ex-esposa é diagnosticada com câncer terminal, ele se vê como o único responsável pelos filhos, tendo que aprender a conciliar o trabalho com sua vida familiar. O documentário gira em torno dessa trama, mostrando a dificuldade dessa conciliação, principalmente por seu trabalho ser cobrir guerras.

 
Jan Grarup está olhando para trás, com um capacete na cabeça, que tem uma câmera go pro presa. Ele está em uma rua, com sinais da guerra
Cena de “Fotógrafo de Guerra”, 2019
 

Dirigido por Boris B. Bertham, Fotógrafo de Guerra mostra a vida de um homem que se acostumou a presenciar e documentar os horrores da guerra, mas se encontra em uma batalha interna para conciliar sua vida profissional, suas novas responsabilidades com os filhos, dos quais não é muito próximo por causa de sua carreira, e seu próprio luto. Logo no início do filme vemos o grande contraste entre a vida de Jan com sua família na Dinamarca, e sua vida como fotógrafo.

Apesar de seu impressionante histórico profissional e da quantidade de histórias que Grarup tem para compartilhar, o documentário foca no difícil equilíbrio das suas relações pessoais e do seu trabalho. O principal foco do documentário é essa conciliação de um trabalho tão árduo com sua vida pessoal. Vemos ele como um rockstar do mundo da fotografia, mas o documentário equilibra essa imagem ao mostrar sua clara fragilidade ao ter de assumir seu papel de pai.

Assim como as fotos de Grarup são muito realistas, a câmera de Bertham não censura qualquer imagem nas zonas de guerra. Mostrando o quanto a morte é banalizada nas zonas de guerra. Mas além dos horrores da guerra, o momento mais emocionante do documentário se passa na Dinamarca, quando o filme mostra a tristeza das crianças ao perderem a mãe.

 

Jan Grarup está sentado no chão, com as castas encostadas em uma muro, fotografando uma criança que vem andando segurando um galho com uma sacola. Logo atrás, vemos uma mulher de burca e um homem andando na direção oposta
Cena de “Fotógrafo de Guerra”, 2019
 

Devido a abordagem do diretor, as cenas do Iraque são menos interessantes do que poderiam ser. É admirável não terem investido no conflito armado, cheio de tensão, preferindo as cenas mais tranquilas, como os momentos de espera, e flagrando também instantes em que Grarup ensina técnicas de fotografia à filha e levando o filho a um jogo de futebol. Achei tocante o modo como vemos ele aprendendo a se relacionar com os filhos, começando a construir uma relação que ele não tinha com eles anteriormente.

Fotógrafo de Guerra dá um rosto para uma profissão onde o fotógrafo se arrisca para mostrar as atrocidades que acontecem ao redor do mundo. Mas também, deu lugar para mostrar um homem que, apesar de presenciar coisas terríveis, tem suas próprias dificuldades com o luto.

 

Links, Referências e Créditos

  • http://www.adorocinema.com/filmes/filme
  • 278196/https://www.papodecinema.com.br/filmes/fotografo-de-guerra/

Como citar essa postagem

COSTA, Clara. Fotógrafo de Guerra. Cultura Fotográfica. Publicado em: 31 de jul. de 2020. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/fotografo-de-guerra/. Acessado em: [informar data].

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Fati Abubakar e a fotografia documental de Bordo

Conheça o trabalho documental e social “Bits of Borno” (Pedaços de bordo) da fotógrafa Fati Abubakar!

Nascida em Maiduguri, estado de Bordo, Nigéria, a assistente social e fotógrafa documentarista Fati Abubakar, concentra seu trabalho no registro de cidades e vilas a partir da perspectiva de saúde. Destacando o que há de negativo e positivo nas diferentes comunidades.  
Suas fotografias têm como foco documentar culturas, tradições, conflitos, pobreza, e desenvolvimento urbano. Mas para além disso, é notável um  interesse especial: o de desenvolver contra narrativas para as comunidades sub representadas. Em entrevista a CNN em 2016, Abubakar  ela diz que “Embora eu encontre muitas histórias tristes, acho que você ainda pode encontrar muitas narrativas diferentes”. 
E foi nesse contexto, que em  2015, Abubakar, criou seu projeto de maior ênfase, intitulado “Bits of Borno” (Pedaços de bordo), publicado em meios de comunicação de destaque como New York Times, BBC, Reuters, CNN, Voice of America. No qual a fotógrafa nigeriana percorre sua cidade natal, afetada pelo grupo extremista islâmico Boko Haram, que causou milhares de mortes, para documentar histórias de resiliência.  
Conheça abaixo algumas das fotografias:

Dois adolescentes negros  dentro de um ônibus verde, olham pela janela para o lado de fora.
Educação Interrompida, Fati Abubakar –  “Bits of Borno”

Uma garota, segura uma um vaso de planta. Ela usa um turbante no cabelo e vestido.
Educação Interrompida, Fati Abubakar –  “Bits of Borno”

Um carro e quatro posicionadas em seu para-choque, duas estão sentadas e os outros dois encostados
Uma criança em crise, Fati Abubakar – “Bits of Borno”

Uma criança sorri para foto, ela usa uma blusa rosa, um pouco gasta e um par de brincos pequenos nas orelhas
Uma criança em crise, Fati Abubakar – “Bits of Borno”

Duas meninas, crianças, encostadas na parede, elas usam lenços que encobrem suas cabeças e o colo, além de óculos escuros
Eid Fashion, Fati Abubakar – “Bits of Borno”

Mercado da cidade. Um homem está parado pegando algo e sua imagem reflete no espellho
Monday Market, Fati Abubakar – “Bits of Borno”

Uma parede com escritos "Boko Hapam is Evil"
Paredes, Fati Abubakar – “Bits of Borno”

Uma mulher vista pelo buraco de uma parede, ela está carregando objetos.
Cidades Fantasmas, Fati Abubakar – “Bits of Borno”

Agora é com você! Nos conte suas impressões sobre o trabalho documental realizado por Abubakar. Se gostou deixe um comentário, curta ou compartilhe. Ah, e antes que me esqueça, confira nossa página no Instagram. e fique por dentro dos melhores conteúdos sobre fotografia. 

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Linhas horizontais, verticais e diagonais

As linhas são capazes de produzir sentido dentro da fotografia ao guiar o olhar do leitor. A direção das linhas, entretanto, pode fortalecer ou suavizar a imagem.

As linhas são capazes de produzir sentido dentro da fotografia ao guiar o olhar do leitor. A direção das linhas, entretanto, pode fortalecer ou suavizar a imagem.

Fotografia de um homem sentado na grade de um píer, de costas, olhando um lago com patos.
Cornell Capa – Alec Guiness studying his lines (Alec Guiness estudando suas linhas), Londres, Inglaterra, 1952.
Tendemos a associar linhas horizontais com o ato de estar deitado e linhas verticais com o ato de estar em pé. Por isso, linhas horizontais remetem a calma, tranquilidade e descanso. É o caso, por exemplo, da linha do horizonte.
As linhas horizontais são indicadas para dar ênfase às paisagens naturais como na fotografia acima, de Cornell Capa. Nascido em uma família judaica em Budapeste, Cornell Capa iniciou sua carreira em 1937 na Agência Pix Photo, passando a trabalhar depois na câmara escura da revista Life. Se tornou fotógrafo da Life em 1946. Capa considerava que já havia muitos fotógrafos de guerra em sua família, como o famoso fotógrafo Robert Capa, então se dedicou a fotografar a paz.
Na fotografia, o homem contemplando o mar aparenta estar relaxado. A paisagem ajuda a transmitir a sensação, mas as linhas horizontais na grade do píer, nas montanhas, nas nuvens e da própria linha do horizonte levam essa impressão ao máximo.
As linhas verticais transmitem o oposto das linhas horizontais: força, poder e grandiosidade. Na imagem abaixo, a mensagem de guerra e potência passada pelos mísseis é completada com o fato deles estarem dispostos verticalmente e de haver, no fundo, um amontoado de árvores, também linhas verticais.
Fotografia de misseis em frente a uma floresta.
Cornell Capa – The 69th Tactical Missile Squadron (O 69º Esquadrão Tático de Mísseis), Near Hahn, Alemanha Ocidental.
As linhas mais inusuais são as linhas diagonais e é exatamente isso que elas transmitem: inovação, modernidade e dinamismo. Já falamos aqui no blog sobre uso das diagonais e como elas podem evitar que sua fotografia fique monótona e dar destaque a objetos descentralizados.
A fotografia abaixo, por exemplo, poderia ser entediante caso a linha que corta o casal fosse vertical ou se não houvesse linha, mas a presença da linha diagonal produz uma quebra de expectativas e dinamiza a imagem.
Fotografia da rainha Elizabete e do príncipe Charles. Elizabeth e Charles estão de costas, sentados em cadeiras distantes e olhando um para o outro. Entre eles é possível ver a faixa da rua a frente deles.
Cornell Capa – Queen Elizabeth and Prince Phillip during the Queen’s visit to the United States (Rainha Elizabeth e Príncipe Phillip durante a visita da rainha aos Estados Unidos), cidade de Nova Iorque, EUA, 1957.
As linhas diagonais também são importantes para criar a sensação de profundidade que constitui um elemento de composição muito importante, o ponto de fuga.
Se as linhas guiam o olhar do leitor pela imagem, é necessário lembrar que na nossa cultura lemos da esquerda para direita, de cima para baixo. Leve este fato em consideração ao dispor os objetos em uma composição com linhas. Como na fotografia abaixo, em que vemos primeiro os pés da esquerda e em seguida os acompanhamos ao centro até o fundo da fotografia. Isto cria um ritmo que é quebrado apenas pelo garoto, que nos devolve o olhar. Se esta foto tivesse sido feita com os pés começando pela direita e indo em direção ao centro, não teria o mesmo efeito rítmico.

Fotografia de uma rua comprida, na calçada pode-se ver uma fileira de pés.
Cornell Capa – The Funeral of William “Bojangles” Robinson (O funeral de William Bojangles Robinson), Nove Iorque, 1948.
Para mais dicas, acesse a postagem sobre linhas. Lá falamos por exemplo da combinação de direção das linhas e orientação da fotografia.
Agora que você sabe o significado de cada tipo de linha, faça duas fotografias para cada uma. Tire a primeira fotografia focando apenas nas linhas verticais, já a segunda tente combinar com a mensagem que ela passa. Depois, repita o processo utilizando linhas horizontais e, por último, linhas diagonais. Veja a diferença entre as fotos e compartilhe as suas observações no nosso instagram.

Referências

  • EXCELL, Laurie. Composição, de simples fotos a grandes imagens. Rio de Janeiro: Alta books, 2012.
  • Lightroom
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Amnésia

Em Amnésia, o protagonista precisa desvendar o assassinato de sua esposa. Entretanto, na noite do crime, ele sofreu uma pancada na cabeça que afetou sua capacidade de guardar novas memórias. Sua câmera se torna então sua maior aliada.

Uma foto de Polaroid mostra o protagonista, o nome do filme e os atores. Dentro da foto, há outra personagem
Poster Oficial

Amnésia é um filme de suspense lançado em 2000. Nele, Leonard Shelby (Guy Pearce) está a procura do assassino de sua esposa. Na noite do crime, ele sofreu um golpe na cabeça que o torna incapaz de fazer novas memórias por mais de 15 minutos. Para resolver o caso, ele tatua informações cruciais em seu corpo, além de carregar uma câmera Polaroid 690 por onde vai. Suas fotos são uma forma rápida de entender sobre os lugares em que está ou as pessoas que o cercam.

O personagem principal no momento em que tira uma foto, utilizando um terno bege e camisa azul, em frente a plantas com flores vermelhas.
Captura de tela | Autor desconhecido

O filme foi lançado em 2000 e é daqueles que não dá para assistir apenas uma vez. Isso porque o diretor Christopher Nolan pensou numa narrativa diferente. A história é contada de trás para frente, o que nos coloca um pouco na pele do personagem principal: sabemos o que ocorre no presente, sem saber ainda o que levou ele àquele lugar ou àquela situação. Para ficar mais claro, o início de cada cena é o final da cena seguinte.
Apesar de já sabermos o final da história logo no início, o “spoiler” não tira a emoção do longa-metragem. Fiquei ansioso e angustiado, igual ao personagem, como se fosse eu quem precisasse solucionar o quebra-cabeça. A única ressalva que faço sobre o filme é bem pessoal. Acho que exige muita concentração do espectador.  Assisti-o duas vezes e, em ambas, fiquei confuso em certo momento pois, a cada cena, precisava rebobinar a história na minha cabeça.

O personagem principal veste um terno bege e camisa azul. Ele está segurando sua câmera em frente a um estacionamento cheio de veículos brancos.
Captura de tela | Autor desconhecido

É interessante observamos a importância das fotos para Leonard. Muito mais que simples imagens, elas são registros de sua memória e de sua vida. Imagino que seria muito mais difícil para ele se precisasse trabalhar apenas com anotações e sem o aspecto visual. Devido à sua condição, elas se tornaram suas melhores amigas.
Penso que fotos têm mesmo esse papel histórico, por gravarem para sempre um acontecimento, um lugar, uma pessoa, em um determinado momento. Não precisa ser necessariamente algo histórico e grandioso. Por meio delas, por exemplo, eu posso saber como era minha cidade 70 anos atrás. No futuro, meus netos poderão ver como eu era durante minha juventude. Eu posso me lembrar de um romance que vivi ou uma viagem que fiz. Tudo é eternizado a partir de um simples clique.

Referências

Site oficial de Amnésia
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Rui Mendes

A galeria de hoje vai falar sobre Rui Mendes, importante fotógrafo brasileiro do meio da música, responsável por muitas capas de discos de rock nos anos 80.

Rui Mendes é um fotógrafo brasileiro nascido em São Paulo. Começou a fotografar com dezesseis anos, enquanto cursava fotografia em Vancouver, Washington. No entanto, sua carreira realmente começou enquanto ele cursava jornalismo na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Seu primeiro trabalho foi quando fotografou as bandas Ratos de Porão, Ira! e Mercenárias para a revista Pipoca Moderna. 
O rosto de um homem aparece com o que pode ser um mapa ao fundo.
Retrato de Rui Mendes – Revista Babel.
Descrição: um homem encara a câmera em um enquadramento focado em seu rosto.
A partir daí, Mendes passou por diversos veículos de música, chegando a se tornar fotógrafo principal da revista Bizz. Durante a década de 80, ele ganhou destaque principalmente com o Rock nacional, fotografando diversas capas de álbuns e de revistas. Entre os artistas que passaram por suas lentes, estão Lulu Santos, Paulo Ricardo (ex-vocalista da banda RPM) e as bandas Legião Urbana e Ultraje a Rigor. 
A título de curiosidade, em uma entrevista do site Olhavê, Rui comenta que a capa do álbum “Música calma para pessoas nervosas”, da banda Ira!, seria sua favorita, dentre as que ele produziu. Além de fotografar, Rui Mendes também chegou a dirigir videoclipes para artistas como Charlie Brown Jr. e Racionais MCs. 
Uma montagem com quatro rostos desfocados e deformados em fundos coloridos.
Capa do álbum “Música calma para pessoas nervosas” da banda Ira! – Rui Mendes
Descrição: colagem de rostos borrados com fundos coloridos e o nome da banda e do álbum escritos por cima.
Mendes também tem vários trabalhos envolvendo o Samba, como o ensaio “A velha guarda do samba”, pelo qual foi finalista do Prêmio Funarte de Fotografia em 1998. Em 2009, o fotógrafo reuniu negativos guardados e textos sobre sua experiência com artistas no livro “Música”.

Confira alguns dos trabalhos do fotógrafo:

Quatro pessoas posam em frente a um fundo branco com sombras pretas semelhantes a galhos cruzando toda a fotografia.
As Mercenárias – Rui Mendes
Descrição: quatro mulheres em uma parede branca olham para o horizonte. Por cima delas há um tipo de projeção de linhas pretas.
Um homem sentado em uma cama com um violão encara a câmera.
Renato Russo – Rui Mendes
Descrição: um homem sentado em uma cama tocando violão
Um homem posa sentado em um banquinho em frente a um fundo liso rosa do mesmo tom da camisa que ele está usando.
Seu Jorge – Rui Mendes
Descrição: um homem sentado em um banquinho encara a câmera sorrindo em um fundo cor de rosa que combina com sua blusa.
Um homem parece ajeitar o cinto da calça em uma rua.
Bezerra da Silva – Rui Mendes
Descrição: um homem mais velho com uma camisa brilhante posa para a câmera no meio da rua.
O trabalho de Rui Mendes faz parte da história da música no Brasil, e mostra a importância do aspecto visual no imaginário coletivo. 
O que você achou da galeria de hoje? Você sabe quem são os fotógrafos por trás das suas capas de álbum preferidas? Comente com a gente!
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Quadros dentro de quadros

Utilizar elementos da paisagem como molduras interiores pode criar composições mais interessantes. Para entender melhor, confira o post!

A técnica do quadro dentro do quadro é uma forma muito simples de tornar suas fotos visualmente mais atraentes. Consiste em enquadrar o objeto da foto dentro de uma moldura, usando um elemento da paisagem como uma janela ou uma porta.
Através de uma janela, se vê uma mulher em um ambiente que parece um bar ou restaurante.
Jasper Tejano
Descrição: uma mulher é vista através de uma janela em um ambiente que se parece com um restaurante.

Mesmo sendo uma ideia muito simples, ela acrescenta muito à composição, permitindo brincar com o formato da foto, normalmente quadrado ou retangular, como por exemplo usando um buraco na parede como moldura. O quadro dentro do quadro também adiciona camadas à fotografia, criando mais profundidade. Outra vantagem é que a moldura guia o olhar de quem visualiza ao objeto da foto, mesmo que este não esteja centralizado.
Jasper Tejano é um fotógrafo de rua e suas fotos já foram expostas em diversos lugares pelo mundo, segundo seu próprio site, de Kuala Lumpur até Paris. Seu perfil no instagram é citado em diversas listas do Brasil, EUA, entre outros, como um dos melhores perfis de fotógrafos para seguir na rede social. Através de suas lentes, ele registra diversas cenas do cotidiano, e uma das técnicas que aparecem com frequência em seus registros são as molduras interiores.
Três homens aparecem destacados contra a luz do farol de um carro que parece entrar em um galpão ou garagem.
Jasper Tejano
Descrição: três silhuetas de pessoas são vistas no que se parece um túnel ou uma garagem, com uma luz forte dos faróis de um carro atrás deles iluminando o local escuro.
Na foto acima, por exemplo, as pessoas estão enquadradas dentro da abertura do que parece um galpão ou garagem, criando senso de profundidade, e, juntamente com a contraluz, um senso de intriga, o que torna a foto visualmente chamativa.
A técnica de quadro dentro de quadro é extremamente simples, porém agrega em muitos sentidos à fotografia, exigindo apenas um olhar mais apurado ao ambiente.
Observe o ambiente e utilize os elementos simples ao seu redor. Fotografe através de portas e janelas, e compartilha sua experiência com a gente nos comentários!

Links, Referências e Créditos
  • O novo manual da fotografia de John Hedgecoe

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Cidade de Deus

Um clássico brasileiro, Cidade de Deus, é um filme que vale a pena ser visto e revisto. Te convido a assisti-lo pelo ângulo da fotografia, vamos?

Atrás um muro pichado. Buscapé, o personagem, segura uma câmera.
Cena do filme: Cidade de Deus
“Em uma tacada, eu descolei uma câmera e uma chance de virar fotógrafo” (Busacapé).

De fato, “Cidade de Deus” é um clássico brasileiro. Muitos já assistiram ou pelo menos ouviram falar. Mas te convido a velo-lo sobre uma nova perspectiva: a fotografia.

Ambientado, no bairro Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro, em decorrência de um processo de remoção de favelas situadas na zona sul da cidade, o filme retrata o desenvolvimento do crime organizado no período entre o final dos anos 60 e o começo dos 80. 
A narrativa é constituída sob a perspectiva do jovem narrador e protagonista Buscapé, Alexandre Rodrigues, que em meio ao ambiente de crime e tráfico no qual estava inserido, encontra uma oportunidade, quase acidental, de virar fotógrafo. (Digo, se não fosse também pelo seu sonho de ser fotógrafo.)
A história relaciona o contexto de vida na favela: o conflito entre policiais, criminosos e a população que se tornava vítima desta violência. Essa relação é  evidenciada em cenas que mostram, de um modo geral, o descaso do Estado quanto a população. Na trama, as várias histórias se fundem, e dentre as quais a de ascensão e queda de  um dos traficantes mais perigosos da  Cidade de Deus, que quando criança era conhecido como Dadinho e após alguns anos passou a ser Zé Pequeno (Leandro Firmino).
Pôster: Cidade de Deus
Vale ressaltar que a obra está inserida em um contexto de redemocratização do audiovisual brasileiro (pós ditadura), no qual, temas como violência e  tráfico nas favelas eram mostrados exaustivamente. A construção do filme é posta, entre os momentos de ação, drama e as cenas de humor ácido. A crítica social é evocada em toda narrativa, trazendo a tona  imaginários sobre a pobreza e violência no Brasil, o que dá margem para estigmatização social, racial, sobre violência nas comunidades brasileiras. 
Sobretudo,  Cidade de Deus se tornou um clássico do cinema nacional, evoca questões latentes em nossa sociedade, principalmente no que diz respeito à políticas falhas do Estado. Ainda hoje, no Brasil a concentração de renda nas mãos de um pequeno grupo, reforça sistemas desiguais de oportunidades para muitos jovens. No enredo, Buscapé, encontra uma possibilidade (quase acidental) de escapar, desse sistema imperfeito, pela fotografia. O filme te trará muitas sensações e poderá levantar questões até mesmo sobre o nosso papel de luta por novas políticas justas e igualitárias. Agora, se tratando de imagens, pode ser que em meio a tantas dificuldades, a fotografia pode vir a ser um escape para novas realidades seja como instrumento de  ação, denúncia ou resistência. 
Cidade de Deus é uma produção de 2002, baseado no romance homônimo do escritor Paulo Lins. Com direção de Fernando Meirelles e Kátia Lund, e roteiro de Bráulio Mantovani.
“Uma fotografia podia mudar a minha vida, mas na Cidade de Deus, se correr o bicho pega, e se ficar, o bicho come.”  (Buscapé)

Confira o trailer!
 E aí, o que achou do #dicadefilme dessa semana? Compartilhe em nossas redes e nos conte sua experiência, no nosso Instagram
Um clássico brasileiro, Cidade de Deus, é um filme que vale a pena ser visto e revisto. Te convido a assisti-lo pelo ângulo da fotografia, vamos? 
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Melissa Spitz

Melissa Spitz encontrou na fotografia a oportunidade de “pausar o caos”, registrando a doença mental de sua mãe.
Fotografia de uma mulher loira de meia idade tomando sol na parte rasa da piscina. A mulher veste um maiô rosa e óculos escuros.


Melissa Spitz encontrou na fotografia a oportunidade de “pausar o caos”, registrando a doença mental de sua mãe.
Fotografia de uma mulher loira de meia idade tomando sol na parte rasa da piscina. A mulher veste um maiô rosa e óculos escuros.
Melissa Spitz – Pool Day (Dia na piscina), 2015
“Pausar o caos”, foi como Melissa Spitz, fotógrafa americana nascida no Missouri em 1988, definiu o ato de fotografar a sua mãe na sua conferência no TEDxIndianopolisWomen. Desde a infância Melissa conviveu com os altos e baixos da genitora, diagnosticada com esquizofrenia paranoide, depressão e transtorno bipolar. Ela se acostumou ao fato de que algumas vezes sua mãe iria comprar cigarros para que ela parecesse legal entre os amigos, outras vezes a tentaria apunhalar com uma tesoura por ter contado para a mãe de uma amiga que seus pais brigavam muito.

Melissa começou a fotografar no Ensino Médio. “Eu sempre matava aulas e gostava da detenção porque pelo menos eu não precisava ir para casa. Mas logo eu encontrei uma aula que eu não queria matar e ela oferecia atividades extra curriculares: Fotografia. Eu tinha sido exposta a fotos através do meu avô, que tinha uma câmara escura em seu porão, e minha avó frequentemente me mostrava fotos da parte da família de Viena que não escapou (dos campos de concentração). Então eu sabia que esse veículo tinha essa maravilhosa capacidade de misturar o presente e o passado. Aos dezesseis anos eu entrei de cabeça. Eu fui a todas as aulas de fotografia que minha escola oferecia. Eu frequentemente continuava na escola depois das aulas”, contou Melissa Spitz no TED.

Apesar das dificuldades em casa por conta do comportamento instável da mãe, Melissa sabia que a vida podia ser pior. Ainda na sua conferência para o TED, ela contou que: “Eu não havia nascido na época da minha avó. Eu não era uma mulher nascida em uma sociedade misógina, uma refugiada separada dos meus pais ou uma adolescente crescendo em uma América em guerra. Eu era uma garota branca judia de classe média, com um carro, uma terapista. Eu tinha minha liberdade de expressão. Minha avó tinha tido a capacidade de manter a cabeça dela erguida quando ela tinha muito com o que se preocupar. Por que eu não poderia?”.

E não é a toa que ela ficou famosa com um ensaio chamado “You Have Nothing to Worry About”, ou Você não Precisa se Preocupar com Nada. O ensaio teve início em 2009, quando um professor da universidade passou um trabalho que requeria tirar fotos de algo privado. No começo, Melissa chegou a se perguntar se tirar as fotos era correto, mas os anos de abusos  sofridos a deram confiança para continuar.

Segundo Melissa, o ensaio não só permitiu que ela se graduasse com honras e fizesse seu mestrado, como lhe ensinou sobre empatia. Com as fotos ela teve oportunidade de “pausar todo o caos”, de olhar para o passado e para o presente, de entender como era lidar com uma doença mental e de descobrir mais sobre a mulher que lhe deu a luz.

Confira algumas fotos do ensaio “You Have Nothing to Worry About”:
Fotografia de uma mulher loira em frente a um lago usando um casaco até aos pés.
Melissa Spitz – Mom at the lake Creeve (Mamãe no lago Creeve), 2016
Fotografia de uma mulher loira de perfil. Seu maxilar tem contusões e há um pequeno corte na sua testa.
Melissa Spitz – “I fell down and broke my jaw” (“Eu caí e quebrei o meu maxilar), 2012
Fotografia de uma mulher loira, de olhos fechados e com um pequeno sorriso segurando uma máscara com uma expressão parecida com a sua.
Melissa Spitz – Mom’s mask, part 1 (A máscara da mamãe, parte 1), 2011

Fotografia de duas mulheres em frente ao espelho. A mulher da frente é loira e idosa, usa bobs nos cabelos e está passando creme no rostoa de trás é morena e jovem e segura a câmera para tirar a foto.
Melissa Spitz – Mom’s mask, part 2 (A máscara da mamãe, parte 2), 2016

Retrato de uma mulher loira idosa.
Melissa Spitz – St Augustine, 2016

Referências


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Pôr do sol

Pôr do sol é um tipo de fotografia clássica. Porém, um cenário perfeito pode virar uma imagem escura ou muito clara. Saiba um pouco mais sobre esse tipo de fotografia aqui!

Quantas vezes estamos passando pelo nosso feed nas redes sociais e nos deparamos com uma fotografia de nascer ou pôr do sol? Fazer uma foto dessa não é tão fácil quanto imaginamos. Por muitas vezes, ao disparar a câmera e ver o resultado, nos decepcionamos com a imagem captada pela lente.

Mateus França, 2020.

Essas fotos são feitas geralmente em lugares onde consegue-se ver o sol se pôr inteiramente, e também, onde possa haver oportunidades de tirar fotografias que incluam elementos para composição, pois ajuda a dar destaque ao objeto fotografado.

Apesar da iluminação disponível para fazer esse tipo de foto não ser muito intensa, porque o sol ainda não nasceu ou já se pôs, muitos fotógrafos optam por manter o ISO em valores baixos para melhor captarem a variedade de cores que tomam conta do céu. Essa configuração somada a pequena abertura do diafragma, utilizada para manter grandes áreas em foco, exige que eles façam longas exposições e consequentemente posicionem suas câmeras em superfícies estáveis para evitar que as fotografias saiam tremidas. Disso, decorre o efeito borrado que costumamos ver nas nuvens que aparecem nessas fotos.

Mateus França é um fotógrafo ouro-pretano que, apesar da pouca idade, vem fazendo grandes trabalhos de fotografia, captando imagens e momentos únicos com o seu jovem olhar.

Mateus França, 2020.

Podemos observar na fotografia a utilização das técnicas descritas acima. Houve movimentação das nuvens durante a exposição, sugerindo que ela foi longa. No entanto, a foto não está tremida,  podendo supor que a câmera estava apoiada em uma superfície estável. O ISO se manifesta de maneira bem sutil, no baixo contraste das cores, expressado no degradê de laranjas e azuis, ou seja, pela transição suave de cores. A regra dos terços aparece com no posicionamento da linha do horizonte e, neste caso, a área ocupada pela silhueta. Conseguiu capturar o pôr do sol do outono de Ouro Preto, com suas cores douradas que inundam o céu todo fim de tarde.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

#fotografetododia Agora é com você! Faça sua fotografia de pôr do sol, compartilhe no Instagram utilizando a nossa hashtag e marque nosso perfil !!! 

Links, referências e créditos:

https://www.zoom.com.br/camera-digital/deumzoom/5-dicas-de-como-fotografar-paisagens
https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2011/09/como-fotografar-o-por-do-sol.html
https://fotodicasbrasil.com.br/14-dicas-para-fotografar-um-por-do-sol-impressionante/

Pôr do sol é um tipo de fotografia clássica. Porém, um cenário perfeito pode virar uma imagem escura ou muito clara. Saiba um pouco mais sobre esse tipo de fotografia aqui!

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