O que é fotojornalismo?

Fotos são registros do mundo real dotados de informações visuais a respeito do que foi registrado.

Fotos são registros do mundo real dotados de informações visuais a respeito do que foi registrado. Possuem possibilidades praticamente inesgotáveis, indo de ensaios artísticos a registros de festas de casamento ou aniversários, além de momentos importantes para a história da humanidade como guerras e manifestações. As fotos registram tais eventos no momento em que eles acontecem, permitindo que possamos revisitá-los através das imagens produzidas. Mas, o que diferencia uma fotografia do cotidiano tirada despretensiosamente de um trabalho fotojornalístico?

Na imagem, policiais uniformizados, com capacetes e cassetetes fazem uma abordagem truculenta frente a um homem, no meio de uma rua e em plena luz do dia. Pessoas são vistas ao fundo, algumas assistem a cena e outras parecem correr. O homem abordado é visto no primeiro plano e cai na tentativa de fugir.
Esta fotografia de Evandro Teixeira é um dos grandes registros da ditadura militar no Brasil. Na época, opositores ao governo eram perseguidos, presos, interrogados e muitas das vezes torturados e mortos.

O professor e pesquisador Jorge Pedro Sousa (2002) escreveu muito a respeito do fotojornalismo e o define como uma atividade fotográfica em que há por fim a documentação ou a informação. Ele ainda diferencia fotojornalismo de fotodocumentarismo, sendo o tempo dedicado a cada atividade, atrelado às diferentes metodologias de trabalho, o que delimita essa diferença. Enquanto o fotodocumentarista tende a trabalhar por projeto, se dedicando por mais tempo ao tema, escolhendo métodos de elaboração e abordagem; o fotojornalista, por sua vez, lida com acontecimentos imprevistos, fatos cotidianos e ainda deve atender às demandas da empresa na qual trabalha.

Os três artistas aparecem deitados em mesas de um bar, durante a comemoração do aniversário de Vinicius de Moraes.
Nesta foto, Evandro Teixeira registrou um momento de descontração entre Chico Buarque de Hollanda, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, grandes nomes da música, composição e literatura brasileiras, respectivamente. A ocasião tratava-se do aniversário de Morais.

Nesse sentido, Angie Biondi (2014), professora e pesquisadora, no capítulo “Fotojornalismo: um campo, uma atividade ou um objeto”, do livro “Para entender o jornalismo”, deixa demarcados dois gêneros para compreender as relações que se desenvolvem entre o fotojornalista e os fatos registrados. São eles spot news e feature photos. O primeiro se refere aos flagrantes, quando o fotojornalista presencia o fato e rapidamente precisa registrá-lo no momento em que ele se desenrola, não tendo assim muito controle sobre a foto. Já o segundo é mais aplicado às reportagens, onde as imagens produzidas servem mais como modo de “ilustrar, exemplificar ou comprovar” o ocorrido, passando por uma elaboração prévia, como explica Biondi. De certo, a ideia de feature photos parece se mesclar à de fotodocumentarismo, mas é importante lembrar que tais divisões não constituem um conceito fechado, e sim, como apontado pela própria autora, servem para “orientar o entendimento sobre a produção fotojornalística”.

Jorge Pedro Sousa (2002) coloca como questão em um de seus livros se todas as fotografias publicadas em jornais e revistas seriam de fato fotojornalísticas, e esclarece que, para ser considerada como tal, a fotografia precisa possuir valor jornalístico, ou, valor-notícia, levando informações de relevância junto ao texto que constitui. Então, não basta que a foto seja um registro de um acontecimento do cotidiano, até porque, todos os dias, milhares de eventos ocorrem em todos os cantos do mundo, e não são todos que se tornam notícia, principalmente ao se fazer delimitações de relevância, como o impacto regional, nacional ou mundial. Para que a foto seja jornalística, ela precisa possuir um caráter informativo e, em geral, estar acompanhada por uma notícia ou reportagem, uma vez que não é possível passar muitas informações importantes apenas através da linguagem visual. 

No texto “Usos Jornalísticos da Fotografia”, a autora Dulcilia Buitoni (2011), usando como referência o pesquisador espanhol Pepe Baeza, explica que, para ser considerada fotojornalística, a foto tem que ter sido planejada pelo corpo editorial da mídia na qual é veiculada, seja a imagem produzida pelos jornalistas da empresa ou comprada, diferenciando-se assim das fotografias publicitárias, que também são veiculadas por esses meios.

Um bom exemplo de fotojornalista é o baiano Evandro Teixeira, que possui trabalhos diversificados na área, tendo registrado momentos marcantes da história do Brasil a partir da década de 60. As fotografias que aparecem ao longo deste artigo são de sua autoria, sendo possível notar a variedade de temas possíveis de serem trabalhados. Como última imagem, destaco este retrato feito na comunidade Vila do João, no Rio de Janeiro, em 1988. Construído como conjunto habitacional pelo Governo Federal em 1982, a comunidade tornou-se uma das favelas que compõem o Complexo da Maré, onde questões envolvendo a violência e o crime organizado são presentes até hoje. Trata-se de uma construção do fotógrafo, com o cadáver ao fundo e um menino sorrindo à frente da câmera, sendo uma representação do contraste entre a inocência das crianças que lá vivem e a realidade que as cerca.

Um menino negro, de cabelos crespos e sem camisa sorri para a câmera em primeiro plano. Ao fundo, no chão, é possível ver o cadáver ensanguentado de um homem. Ao lado do menino, uma pessoa observa a cena com os braços cruzados, e outras são vistas fazendo o mesmo, sentadas no meio-fio da calçada do outro lado da rua
Evandro Teixeira fez um registro perturbador na comunidade Vila do João, no Rio de Janeiro, em 1988. Nela, um menino sorri para a câmera enquanto um cadáver é visto no chão ao fundo.

Assim, o fotojornalismo pode ser entendido como sobretudo, imagens produzidas a fins de registro de acontecimentos em diálogo com os critérios de noticiabilidade jornalísticos, também atendendo aos propósitos editoriais da empresa que a irá publicar. Os temas possíveis de serem trabalhados são tão diversos como as múltiplas possibilidades da vida cotidiana. Muitas vezes, algo sutil pode se transformar em um grande registro, e imagens que de início destinam-se a circulação por meio de jornais, revistas e demais meios jornalísticos podem um dia serem vistas expostas em museus ou livros próprios à memória, crítica, análise e apreciação de imagens fotográficas, destacando tanto o momento histórico congelado ali quanto as características técnicas e subjetivas trabalhadas pelo fotógrafo.

Referências: 

BIONDI, Angie. Fotojornalismo: um campo, uma atividade ou um objeto. In: LEAL, Bruno; ANTUNES, Elton; VAZ, Paulo Bernardo. Para entender o jornalismo. 1ª ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2014, p. 171-178.

SOUSA, Jorge Pedro. Fotojornalismo: Uma introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa. 1ª ed. Porto: Editora Letras Contemporâneas, 2002

BUITONI, Dulcilia. Usos Jornalísticos Da Fotografia: Informação, Ilustração. Expressão. In: Fotografia e Jornalismo: a informação pela imagem. São Paulo: Editora Saraiva, 2011
GUERRA de Tóxico – Vila do João, Rio de Janeiro RJ. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: 23 de Fev. de 2017. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra28762/guerra-de-toxico-vila-do-joao-rio-de-janeiro-rj>. Acesso em: 24 de Out. de 2019.
SANTORO, Giovanna; PELLUSO, Tayana. “O pintor cria a própria arte; o fotógrafo conta com os fatos”. Portal PUC Rio Digital. Rio de Janeiro: 26 de Nov. de 2015. Disponível em: <http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=27091&sid=55> Acesso em: 24 de Out. de 2019
FOTOS de Evandro Teixeira ao longo de 50 anos de carreira. In: O Globo. São Paulo: 24 de Set. de 2014. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/cultura/fotos-de-evandro-teixeira-ao-longo-dos-50-anos-de-carreira-14033861> Acesso em 24 de Out. de 2019.

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Alexandre Martins

Alexandre Martins retrata com sutileza o cotidiano da cidade de Ouro Preto, desde a década de 1980. Confira a pequena biografia do fotógrafo e fique mais por dentro da história de um carioca que demonstra sua paixão por Ouro Preto através de fotografias em preto e branco.
:  Foto tirada de baixo para cima, pegando parte do calçamento de pedras do que parece ser uma rua. Ao centro da imagem encontramos mulheres varrendo a rua, na cidade de Ouro Preto. Ao fundo da foto pode-se observar o casario colonial típico da cidade e a igreja de Santa Efigênia.


Foi por acaso que, em 1980, fazendo um trabalho do curso de Arquitetura, no Rio de Janeiro, que Alexandre Martins se viu de encontro pela primeira vez com a fotografia. Ele nos conta como foi seu primeiro encontro:

Foi por acaso que, em 1980, fazendo um trabalho do curso de Arquitetura, no Rio de Janeiro, que Alexandre Martins se viu de encontro pela primeira vez com a fotografia. Ele nos conta como foi seu primeiro encontro:

“Pesquisávamos sobre escolas e, uma das visitas foi ao Colégio São José, na Tijuca. Coube a mim fotografar com uma pequena câmera amadora emprestada por um colega. Quando chegamos no portão do Colégio me deparei com uma escadaria e no alto dela havia uma estátua. Achei imponente e um tanto intimidadora a cena e resolvi fotografá-la. Na hora resolvi me ajoelhar para ficar com o ângulo de visão das crianças que estudavam ali. Naturalmente que a escada e a estátua pareceram maiores e aquilo mexeu comigo: descobri que a fotografia era capaz de comunicar algo com muita força.”

Alexandre começou a fotografar com uma pequena câmera analógica de uso doméstico, sem saber nada sobre fotografia e sem saber também onde chegaria. Foi lendo, vendo e fotografando, sem grandes pretensões, mas seguindo toda a paixão que havia aparecido. No final de abril de 1981 foi a cidade de Ouro Preto pela primeira vez, em uma viagem de estudos, habitual no curso de Arquitetura “Quando cheguei aqui (Ouro Preto), senti no meu coração: “aqui é meu lugar”. Passei três dias em êxtase fotografando; na verdade, registrando a cidade. Foram cerca de 108 fotografias em negativo colorido. Descobri a fotografia e Ouro Preto, praticamente juntas”, disse Alexandre.

Quando voltou para o Rio de Janeiro, comprou uma câmera reflex de 35mm, já pensando na viagem seguinte à Ouro Preto, cinco meses depois. As viagens se sucederam, até que em 1985 mudou-se para Ouro Preto. Com o tempo adquiriu câmeras e objetivas melhores e logo descobriu a fotografia com filme preto & branco. Alexandre sempre fez fotos em preto e branco e cor, mas prefere o preto e branco, que até hoje faz exclusivamente por uma câmera analógica, revelando suas fotos em um laboratório do Rio de Janeiro, onde reside e trabalha atualmente. Já para fotos coloridas, ele adotou o uso de uma câmera digital.

Do ponto de vista pessoal, a fotografia para Alexandre é fundamental como meio de expressão e de encontro com a vida. “Através da fotografia consigo interagir com o entorno e busco essencialmente a presença humana, o gesto de cada um, o corriqueiro cotidiano, especialmente na paisagem urbana, e mais especialmente ainda em Ouro Preto, sempre procurando contar histórias em cada série que produzo”, ele nos fala. Junto com o Coletivo Olho de Vidro, faz uma exposição por ano.

Alexandre diz que não se preocupa muito com uma foto única, isolada, mesmo que excepcional. Ele se vê mais como um documentarista. Seu anseio é corresponder ao fotografado e reter o seu tempo e o dele, naquele momento do encontro. Recorta imagens, não costuma construí-las artificialmente. Caminha por Ouro Preto e fotografa o que encontra, mesmo que focando em um tema específico, e sempre o mais discretamente possível.

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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Fundo desfocado

Um dos efeitos que as pessoas mais buscam quando fazem um retrato, é aquele fundo que aparece desfocado e que dá um charme especial à imagem. Este desfoque está ligado a profundidade de campo. Uma foto com profundidade de pequena tem apenas um item focado, deixando o restante desfocado.

Um dos efeitos que as pessoas mais buscam quando fazem um retrato, é aquele fundo que aparece desfocado e que dá um charme especial à imagem. Este desfoque está ligado a profundidade de campo. Uma foto com profundidade de pequena tem apenas um item focado, deixando o restante desfocado.


Um dos efeitos que as pessoas mais buscam quando fazem um retrato, é aquele fundo que aparece desfocado e que dá um charme especial à imagem. Este desfoque está ligado a profundidade de campo. Uma foto com profundidade de pequena tem apenas um item focado, deixando o restante desfocado.

A imagem mostra o rosto de uma jovem de origem afegã, com um tecido de cor terrosa  enrolando sua cabeça, e seus olhos verdes muito vívidos e penetrantes olhando diretamente para a câmera fotográfica. O fundo do retrato se encontra desfocado, mas parece ser uma parede de madeira pintada na cor verde escuro.
 Steve McCurry – Menina Afegã

Controlando a profundidade

Podemos controlar a profundidade de campo a partir de três elementos: a abertura, a distância focal e a distância do objeto focado. Com a abertura grande, a distância focal grande e o objeto focado próximo, a profundidade de campo será pequena, ou seja, o fundo da foto ficará desfocado.

Apesar de ser um pouco mais difícil, podemos chegar no mesmo efeito a partir das câmeras de Smartphones. Se aproxime o máximo possível do objeto a ser fotografado, e veja que o fundo da foto se encontrará com menos foco, chegando ao resultado desejado.

Steve McCurry, fotógrafo que ficou famoso pela National Geographic, e que possui dezenas de fotos em capas de revistas e livros, costuma utilizar a técnica de fundos desfocados em seus retratos. Um exemplo é uma de suas fotos mais conhecidas, “Menina Afegã”, onde podemos observar o fundo desfocado. Ele também possui outras fotos com a técnica do fundo desfocado. 

A imagem mostra duas meninas na Indonésia olhando para lados opostos. A primeira parece estar usando uma blusa verde com alças. A outra se encontra com o que parece ser uma blusa azul com bordados, de manga longa. As mãos se encontram sobre o queixo, e as unhas das estão pintadas na cor rosa. Elas estão tentando se proteger da chuva com uma peneira feita de palha, que a primeira menina segura sobre as suas cabeças. O fundo da foto se encontra desfocado, num tom de verde folha.

Steve McCurry – Java, Indonésia.

Aqui também podemos encontrar o fundo desfocado. Podemos observar mais claramente nesta foto a técnica descrita acima, a profundidade de campo pequena desfoca o fundo da fotografia e foca em apenas um objeto, deixando destaque maior nas meninas fotografadas tentando se proteger da chuva.

#artigos é uma coluna de caráter ensaístico e teórico. Trata-se de uma série de textos dissertativos por meio do qual o autor propõe uma reflexão fundamentada acerca de um ou mais elementos que constituem a cultura fotográfica. Quer conhecer melhor a coluna #artigos? É só seguir este link.

#fotografetododia Siga as dicas dadas acima, tire suas fotos, teste diferentes profundidades de campo para obter maior ou menor desfoque. Use a nossa hashtag. Mostre o resultado final das suas fotos!!

Referências

  • CARROLL, Henry. Leia isto se quer tirar fotos incríveis de gente (tradução Edson Furmankiewicz). São Paulo: Gustavo Gili, 2015. Págs.40-41.
  • FOLTS, James A; LOVELL, Ronald P.; ZWAHLEN, Fred C. Manual de fotografia. São Paulo: Pioneira 2007. Págs. 33-38. 
  • LANGFORD, Michael John; FOX, Anna; SMITH, Richard Sawdon. Fotografia básica de Langford: guia completo para fotógrafos. 8.ed. Porto Alegre: Bookman 2009. Págs. 60-63. 
  • PhotoPro: Fundo desfocado e a profundidade de campo
  • Falando de Foto: Profundidade de Campo
  • Galeria de Steven McCurry

Links:

https://culturafotografica.com.br/fotografetododia-fundo-desfocado/

 
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#1min1foto – Maureen Bisilliat

A coluna #1min1foto é inspirada no projeto “Une minute pour une image” de Agnes Varda. Aqui, o participante é desafiado a olhar para uma foto, de escolha da editoria, durante um minuto e depois escrever suas impressões.

A coluna #1min1foto é inspirada no projeto “Une minute pour une image” de Agnes Varda. Aqui, o participante é desafiado a olhar para uma foto, de escolha da editoria, durante um minuto e depois escrever suas impressões.

A coluna #1min1foto é inspirada no projeto “Une minute pour une image” de Agnes Varda. Aqui, o participante é desafiado a olhar para uma foto, de escolha da editoria, durante um minuto e depois escrever suas impressões.

A primeira coisa que associo a essa imagem é a figura de Nossa Senhora de Aparecida, já que o personagem retratado é uma mulher que usa uma espécie de véu e uma coroa por cima da cabeça, semelhante a imagem da santa. Como na maioria das fotografias de retrato, sou imediatamente absorvida pelo olhar da pessoa, e, ao admirar seu rosto, notei a pele de cor avermelhada e logo presumi que trata-se de uma mulher indígena.

No fundo do retrato, em segundo plano, existe uma segunda personagem, vestindo roupas semelhantes, o que me fez pensar que elas estavam participando de algum tipo de celebração. Mas, apesar de celebrações serem, em geral, momentos alegres, nem a expressão da mulher em primeiro plano, nem a iluminação do ambiente me transmitiram tal ideia. Há, por causa desses dois elementos, as sombras e o rosto, uma atmosfera de mistério.

Curiosamente, não prestei muita atenção a presença da espada que a mulher segura. Essa foi uma percepção secundária. Mas, depois que assimilei a presença do objeto, a sensação de mistério ficou ainda mais intensa.

A festa de Folia de Reis por Maureen Bisilliat (acervo IMS)

Após fazer a leitura da imagem durante um minuto, não busquei imediatamente sua autora e nem o contexto em que ela foi registrada, pois quis prolongar meu exercício imaginativo. Comecei a conjecturar sobre a possibilidade dos elementos, como a espada, o véu, e a coroa, estarem ligados a algum tipo de religião sincrética.

Posteriormente, ao pesquisar sobre a autora, descobri alguns fatos importantes sobre ela e sobre o trabalho do qual esta fotografia faz parte. Seu nome é Maureen Bisilliat, nascida na Inglaterra, ela se mudou para o Brasil nos anos 50 e dedicou-se a fotografar temas como a cultura sertaneja, tribos indígenas e religiões. Nessa fotografia, Maureen registra a festa de Folia de Reis, uma manifestação folclórica e religiosa, celebrada em todo o país, principalmente no Nordeste. Atualmente, algumas imagens do acervo da fotógrafa estão disponíveis no site do Instituto Moreira Salles.

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Vivian Maier

Vivian Dorothea Maier, babá nova-iorquina que fotografava por lazer, tornou-se uma grande referência para a fotografia de rua. Sua fama póstuma levantou questionamentos sobre seu jeito misterioso, introvertido e cômico.

Vivian Dorothea Maier, babá nova-iorquina que fotografava por lazer, tornou-se uma grande referência para a fotografia de rua. Sua fama póstuma levantou questionamentos sobre seu jeito misterioso, introvertido e cômico.
Vivian está em uma calçada, apontando sua câmera Rolleiflex, que está envolvida em seu pescoço por uma alça, para um espelho de vitrine. Ela usa um chapéu, uma blusa de gola que está por dentro da calça e um chapéu. Sua expressão facial é séria. Devido ao reflexo do espelho é possível ver atrás dela prédios e carros.
Autorretrato | Vivian Maier
Nascida em 1926, Maier viveu sua adolescência entre a França e Estados Unidos. Por um tempo, ela e sua mãe chegaram a morar em Nova York com Jeanne Bertrand, renomada fotógrafa surrealista, com quem, supõe-se, que teve seu primeiro contato com a fotografia. Vivian se fixou nos Estados Unidos em 1951, quando começou a tirar fotos, prática que continuou aproximadamente até 1990, reunindo em torno de 150.000 negativos, a maioria deles tirados em Nova York e Chicago. Além da fotografia de rua suas fotos apresentam outros temas como o da infância, experimentações e autorretratos.
Suas fotos só receberam destaque quando John Maloof, produtor cinematográfico, comprou seus negativos em um leilão em 2007.  Após revelar suas fotos e perceber sua grandiosidade, John decidiu investigar mais sobre a misteriosa moça presente nas imagens.  No documentário “À Procura de Vivian Maier’’, Maloof e seu colega Charlie Siskel contam a história da introvertida fotógrafa com base nos relatos de pessoas que a conheceram. Pela sua notória introspecção, tanto seus conhecidos, quanto os produtores do documentário ficaram com o questionamento se Vivian gostaria de ter suas fotos expostas como estão hoje.

Referências 
Site Vivian Maier – http://www.vivianmaier.com

Vivian Dorothea Maier, babá nova-iorquina que fotografava por lazer, tornou-se uma grande referência para a fotografia de rua. Sua fama póstuma levantou questionamentos sobre seu jeito misterioso, introvertido e cômico. 
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Tales By Light

Tales By Light é uma série da Netflix sobre fotografia para quem tem interesse em saber mais sobre como é o processo de criativo de fotógrafos com trabalhos incríveis, como Krystle Wright, Richard I’Anson e Stephen Dupont.

Procurando conteúdo interessante sobre fotografia? A gente têm uma #dicade série!
Pôster da primeira temporada (Netflix)


Tales By Light é uma série da Netflix sobre fotografia para quem tem interesse em saber mais sobre como é o processo de criativo de fotógrafos com trabalhos incríveis, como Krystle Wright, Richard I’Anson e Stephen Dupont. A série também é atrativa para aqueles que gostam de viajar, pois cada episódio nos leva a destinos muito peculiares, das selvas de Uganda às ilhas da Indonésia.

Através de uma bela cinematografia, Tales By Light busca mostrar como é a relação dos fotógrafos com o que é fotografado, os desafios que enfrentam e a preocupação em tentar estabelecer algum tipo de conexão com o que será registrado, sejam estes objetos culturais ou naturais.

A série já está na sua terceira temporada e cada episódio traz um profissional que apresenta o projeto no qual está trabalhando, enquanto conta sua história e expõe suas ideias em relação a atividade de fotografar. No primeiro episódio da terceira temporada, por exemplo, podemos ver o fotógrafo Simon Lister registrando, em parceria com a UNICEF, o problema da exploração do trabalho infantil e da extrema pobreza em Bangladesh.

Apesar de ser uma boa opção de entretenimento, alguns podem achar os episódios sobre a natureza um tanto monótonos. Entretanto, a série não perde a capacidade de inspirar e emocionar. Ao tentar exibir outros pontos de vista, Tales by Light facilita nosso encontro com outras ideias e direções, mesmo que por breves vinte minutos.

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Velocidade

Será que o olho humano consegue realmente ver tudo o que ocorre durante seu dia? A resposta para essa questão tão simples pode ser solucionada quando pensamos na velocidade do que tudo acontece à nossa volta. O que o olho não capta, as lentes de um fotógrafo com a velocidade do obturador correta consegue mostrar.
Será que o olho humano consegue realmente ver tudo o que ocorre durante seu dia? A resposta para essa questão tão simples pode ser solucionada quando pensamos na velocidade do que tudo acontece à nossa volta. O que o olho não capta, as lentes de um fotógrafo com a velocidade do obturador correta consegue mostrar.
Um homem tocando violoncelo. Imagem em preto e branco.
Anton Giulio Bragaglia, violoncelista, 1913
A velocidade do obturador ou o tempo de exposição tem a função de controlar o modo como a luz e o movimento são registrados na imagem fotográfica. Partindo da escolha do fotógrafo, teremos uma foto nítida de um exato momento, ou, teremos a poesia de não saber de que se trata aqueles riscos de luz em frente a nossa tela, atualmente, chamados de Light Painting (pintura com luz).
O futurismo com a ideia de deslocamento e dinâmica, conseguiu através de seu movimento vanguardista artístico na fotografia trazer aspectos que fazem total diferença nos dias atuais, tal como capturar cenas que os olhos humanos não são capazes de enxergar.
Os irmãos Anton Giulio e Arturo Bragaglia exploravam criativamente o tempo de exposição em suas fotografias. A forma como esses artistas faziam suas imagens era devido ao fato de estarem impressionados pela nova era da máquina e embalados com o futurismo. Eles buscavam representar o movimento e a própria sensação dinâmica. Ao expor a velocidade do obturador ao um longo período de tempo, era possível captar imagens fantásticas de estímulos muitas vezes dados como simplórios.
Será que o olho humano consegue realmente ver tudo o que ocorre durante seu dia? A resposta para essa questão tão simples pode ser solucionada quando pensamos na velocidade do que tudo acontece à nossa volta. O que o olho não capta, as lentes de um fotógrafo com a velocidade do obturador correta consegue mostrar.
 Um homem acendendo e fumando seu cigarro. Imagem em preto e branco.
Anton Giulio Bragaglia, Arturo Bragaglia. O fumante – o fósforo – o cigarro 1911
Essa foto é um belo exemplo do trabalho dos irmãos. Na imagem é possível observar os detalhes de um homem acendendo o fósforo, o cigarro e logo após fumando-o. A forma como a fumaça deixa rastros na fotografia é bem significativa, traz um aspecto de real e ao mesmo tempo abstrato. Fugindo do instantâneo, os Bragaglia fizeram história com o fotodinamismo futurista, deixando assim verdadeiras obras de arte para o mundo contemporâneo.
Referências:
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Cindy Sherman

De aspirante a pintora à fotógrafa renomada, Cyndi Sherman é um nome de destaque na fotografia contemporânea, especialmente em temas voltados aos estereótipos de gênero e à identidade.

De aspirante a pintora à fotógrafa renomada, Cindy Sherman é um nome de destaque na fotografia contemporânea, especialmente em temas voltados aos estereótipos de gênero e à identidade.

Na foto, Sherman aparece deitada no chão, utilizando blusa laranja com saia quadriculada com a mesma cor. O chão possui tons que se assemelham às cores de suas roupas e até mesmo o seu cabelo e unhas. Com o olhar desviado da câmera, a personagem olha para o lado esquerdo. Em sua mão direita, ela segura um papel amassado com conteúdo não legível impresso. É possível notar que a barra de sua saia está levantada, o que pode ser interpretado como uma leve insinuação sexual.
Untitled #96, 1981

Ao passar a fazer o exercício de se vestir como diferentes pessoas, foi desenvolvendo o que viria a se tornar sua marca registrada como fotógrafa: usar o próprio corpo para dar vida a personagens que refletem de alguma forma arquétipos femininos presentes na sociedade americana.

Uma de suas séries mais conhecidas é Untitled Film Stills, em que dá vida a estereótipos de personagens femininas do cinema (aliás, a fotógrafa já se aventurou como diretora de alguns filmes). Sherman no entanto, não fica presa a apenas representar esses estereótipos já firmados como modelo de suas próprias fotos, mas suas composições muitas vezes subvertem traços desses estereótipos, geram incômodo, fascínio ou curiosidade, como apontado no artigo de Angélica da Costa Ramos (2017), “O Eu Pulverizado na Arte Performática de Cyndi Sherman”.

Mais do que ocupar simultaneamente os cargos de artista e modelo, o que Sherman faz pode ser visto como um ato de rebeldia e busca de liberdade quanto ao próprio corpo e existência – motivo pelo qual é citada e estudada nos meios feministas. Sherman toma o corpo feminino de volta, dando vida aos arquétipos construídos através da arte e da história e subvertendo-os à sua maneira.

As primeiras imagens da galeria são parte da série Untitled Film Stills, feita ao longo da década de 70. As imagens exploram arquétipos de personagens femininas no cinema americano e são todas em preto e branco.

 Nesta primeira imagem, Sherman aparece em uma cozinha, posicionada à direita, com o olhar desviado para a mesma direção, partindo por cima de seu ombro esquerdo. Seus seios se destacam sob a blusa justa e sua mão repousa sobre o colo, onde um avental está amarrado à cintura. Os utensílios domésticos dispostos sobre o que parece ser a bancada, além do armário na parede do lado esquerdo não apenas identificam o local da cena como constituem a harmonia da composição. A cena mistura a noção da sexualidade da personagem aos afazeres de uma dona de casa.
Cindy Sherman, Untitled Film Still #3, 1977.
Localizada em um espaço aberto, a imagem apresenta como primeiro plano o corrimão de uma escada e paredes de prédios. Sherman aparece em segundo plano, diante de um canteiro de plantas, usando casaco e óculos escuros. Está em movimento, como se estivesse se dirigindo a algum lugar. Possui em sua mão direita um jornal, uma revista ou um livro e a mão esquerda erguida em direção ao rosto, como se ajustasse o par de óculos. Ao seu lado, três árvores de pequeno porte e ao fundo, prédios que deixam claro tratar-se de um ambiente urbano.
Untitled Film Still #83, 1980.
Também ao ar livre, a imagem traz Sherman como primeiro plano e em contra-plongée (de baixo para cima), em que é vista olhando para cima e à sua direita. Um lenço cobre-lhe a cabeça, e o movimento deste, assim como o de seus cabelos indica a presença de vento. Ao fundo, um prédio com diversas janelas preenche o espaço visível. A luz natural incide em seu rosto da esquerda para a direita.
Untitled Film Still #58, 1980.
Sherman, mais uma vez na rua, porém desta vez  durante a noite, é vista usando casaco pesado e bolsa que pende de seu braço esquerdo. Seu gestual parece demonstrar uma mistura de frio, pressa e apreensão. À sua direita, é possível notar construções urbanas, como casas ou prédios. Pontos de luz diante da câmera e poças de água no chão indicam que há presença de uma leve chuva.
Untitled Film Still #54, 1980.
herman é vista dentro de casa, especificamente em uma sala de visitas, com sofás, cadeiras de descanso, uma mesa de madeira à esquerda com o que parecem ser um copo e tigelas, uma lareira apagada também à esquerda e ao fundo e um abajur aceso ao fundo, atrás da modelo. Com o olhar vago e um copo à mão, a personagem parece estar esperando a chegada de alguém. A iluminação artificial, que incide de cima para baixo e, através do abajur, de trás para a frente, cria sombras que se direcionam ao lado oposto, fora do campo coberto pela fotografia e para onde a personagem olha fixamente, criando uma tensão e dando dramaticidade à cena, reforçada pelo fato da imagem ser em preto e branco.
Untitled Film Still #50, 1979.
Sherman é vista de costas para a câmera, de pé e com os braços repousados juntos atrás de sua coluna. O cenário é uma estrada durante o que parece ser o nascer ou o pôr do sol, e é possível ver uma mala à esquerda da personagem. À esquerda, um pedregulho e à direita, é possível ver a linha do horizonte para além da estrada, que sai do campo de visão da imagem devido a uma curva à esquerda. A personagem parece à espera de algo, como se esperasse alguém vir buscá-la ou algum meio de transporte para lhe dar carona. É possível notar também o uso de flash ou outra fonte de iluminação dura, que rebate sobre a personagem, a mala, parte da estrada no canto inferior da imagem e parte do pedregulho.
Untitled Film Still #48, 1979.
Sherman aparece sugestivamente deitada em uma cama com lençóis escuros. Sua camisa está amarrotada e um pouco levantada, sendo que não usa peça de roupa inferior, e portanto, suas pernas e coxas estão expostas, além de ser possível ver parte de sua roupa íntima. Sua expressão facial e demais linguagem corporal parece demonstrar desejo, como se estivesse à espera de seu amante. Dois exemplares de um livro voltado ao público feminino estão ao seu lado direito na cama.
Untitled Film Still #34, 1979.
Sherman é vista em primeiríssimo plano, com janelas ao fundo, mostrando tratar-se de uma cena no interior de uma casa. Marcas escuras e profundas em seus olhos e lábio inferior inchado deixam explícito que a personagem sofreu agressão, muito provavelmente, vítima de violência doméstica. Sua expressão é de espanto.
Untitled Film Still #30, 1979.
Às lágrimas e com a boca semiaberta, Sherman é vista sentada à uma mesa em um local que parece ser um bar. Devido à maquiagem escura, as lágrimas deixam seu rosto manchado. Possui uma taça de bebida próxima à sua mão direita, que segura um cigarro entre os dedos indicador e médio. Ambas as mãos repousam sobre a mesa. Seu dedo anelar da mão esquerda possui um anel com uma pedra visível.
Untitled Film Still #27, 1979.
Em primeiro plano e contra-plongée (de baixo para cima), Sherman é vista com o olhar voltado à direita da foto, passando sobre seu ombro esquerdo. Ao fundo, prédios são vistos, localizando a foto em uma ambientação urbana.
Untitled Film Still #21, 1978.
Na imagem, Sherman aparece em um quarto, recostada dramaticamente contra uma parede, com os olhos fechados e boca levemente aberta, com uma expressão facial que demonstra angústia. Diante de si, uma mala aberta abarrotada de roupas está sobre a cama, que também possui roupas, sapatos e outros objetos espalhados sobre ela. A personagem parece se preparar para fugir ou deixar o local após a ocorrência de algum evento desagradável no âmbito de sua intimidade.
Untitled Film Still #12, 1978
Sherman aparece na imagem de forma bastante desajeitada. Ao lado direito da imagem, de pé diante de uma entrada para um quarto, usando sapatilhas, meia-calça, camisola e óculos escuros. Tem o seu cabelo bagunçado e segura uma taça de Martini com a ponta dos dedos da mão esquerda, erguida à altura de sua cabeça. Com o mesmo braço, afasta as grossas cortinas brancas do quarto. O sol incide diretamente sobre a personagem, embora a sombra formada impeça a visão do interior do quarto, exceto por uma cadeira com um cobertor jogado por cima, logo atrás da moça. À frente e no canto inferior esquerdo da fotografia, é possível ver uma camisa branca e um chapéu de praia sobre o que parece ser uma cadeira.
Untitled Film Still #7, 1978
Após explorar o preto e branco durante a década de 70 com sua série baseada em personagens cinematográficas, Sherman chega aos anos 80 explorando as cores e outras perspectivas de representações femininas. Na foto, ela aparece deitada no chão, utilizando blusa laranja com saia quadriculada com a mesma cor. O chão possui tons que se assemelham às cores de suas roupas e até mesmo o seu cabelo e unhas. Com o olhar desviado da câmera, a personagem olha para o lado esquerdo. Em sua mão direita, ela segura um papel amassado com conteúdo não legível impresso. É possível notar que a barra de sua saia está levantada, o que pode ser interpretado como uma leve insinuação sexual.
Untitled #96, 1981
Sherman aparece deitada em uma cama com lençóis pretos. Suas mãos puxam o lençol cobrindo-lhe na altura dos seios. As alças de sua roupa íntima são visíveis. O olhar está fixado à sua frente, que corresponde à esquerda da imagem. A iluminação cobre o lado direito do corpo da personagem. O ângulo de câmera usado pode passar a ideia de submissão.
Untitled #93, 1981
Sherman, trajando vestimenta púrpura, aparece deitada em um sofá marrom. Um telefone de gancho violeta está posto sobre o sofá, à frente da personagem, que o olha cabisbaixa. Parece estar a espera de um telefonema, e sua linguagem corporal demonstra cansaço, como se já esperasse há muito tempo.
Untitled #90, 1981
Travestida como um personagem masculino, Sherman aparece trajando calça listrada, camisa, um cinto grande, jaleco e um lenço de renda branca enrolando o pescoço. Seu olhar está fixado na câmera e sua expressão facial indica certa superioridade, mas têm um resultado quase cômico.
Untitled #201, 1989
Sherman aparece vestida como uma rainha, com vestes antigas, um manto azul que cobre seu ombro direito e uma coroa na cabeça. Seu olhar está voltado para baixo. Uma boneca envolta em panos brancos repousa em seu braço direito, como se fosse um bebê, e Sherman possui um seio falso exposto, remetendo à amamentação.
Untitled #216, 1989
Sherman aparece mais uma vez irreconhecível, com uma peruca loira volumosa, vestido claro e meias. Está agachada em cima de uma cama e com as pernas exageradamente abertas; sua mão esquerda segura flores brancas e a direita está apoiada na cintura. Seu olhar está fixado na câmera.
Untitled #276, 1993
Sentada em frente a um fundo laranja brilhante, Sherman aparece usando um vestido transparente com um tecido mais escuro sobre os ombros e luvas quadriculadas. Tatuagens falsas são visíveis em seu corpo, assim como piercings em seu nariz e boca. Na mão direita segura um cigarro e a esquerda aponta para a sua cabeça simulando uma arma. Seu lábio aparece repuxado para o canto, o que pode indicar sarcasmo. Seus olhos estão vermelhos e fixam a câmera, além disso, é possível notar a presença de olheiras.
Untitled #299, 1994
Sherman aparece olhando diretamente para a câmera, usando um macacão azul e rosa. O cabelo loiro platinado contrasta com a pele bronzeada, sendo que o entorno dos olhos aparece branco. A boca parece mais preenchida pelo uso de maquiagem. A imagem parece representar com ironia os padrões de beleza feminina norte-americanos.
Untitled #397, 2000
Sherman aparece de perfil, olhando para a câmera por cima de seu ombro direito. Parece muito mais velha, com marcas de idade visíveis mesmo estando bastante maquiada. Observa-se seu colar de pérolas e brincos chamativos. O fundo parece artificial, como se tivesse sido adicionado na pós-produção. Trata-se de uma escadaria com detalhes em mármore em um jardim que aparece desfocado como nos efeitos de softwares e aplicativos de edição fotográfica.
Untitled #465, 2008
Quatro figuras femininas de aparente idade são vistas. Todas elas são Sherman, que usou truques de edição para tal efeito. Ao centro, usa uma blusa rosa clara por baixo de um avental branco e com uma gravata borboleta preta chamativa. As outras três figuras usam uma blusa estampada e saia preta, sendo que as que estão à direita e à esquerda tem o olhar desviado para os lados correspondentes e a localizada atrás da personagem central também encara a câmera. Todas aparecem usando óculos e cortes de cabelo distintos. O fundo mais uma vez parece ser artificial, sendo uma paisagem florida e desfocada.
Untitled #577, 2016.

Links:

Acervo do Metro Pictures
Saatchi Gallery
MoMA
Guggenhein
Instagram pessoal de Cyndi Sherman 

Referências:

RAMOS, Angélica da Costa. “O Eu Pulverizado na Arte Performática de Cindy Sherman”. eRevista Performatus, Inhumas, ano 5, n. 18, jul. 2017.

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Congelar um movimento

Uma técnica muito utilizada por fotógrafos é a de congelar o movimento. Dessa forma, o objeto principal pode parecer imóvel, como se o tempo fosse, de fato, congelado. Para criar esse efeito, é preciso ajustar a velocidade do obturador.

Uma técnica muito utilizada por fotógrafos é a de congelar o movimento. Dessa forma, o objeto principal pode parecer imóvel, como se o tempo fosse, de fato, congelado. Para criar esse efeito, é preciso ajustar a velocidade do obturador.

Michael Phelps e Chad le Clos lado a lado durante uma etapa da natação durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.
David Ramos / Getty Images


Para congelar um movimento, é necessária uma velocidade alta. A velocidade ideal vai depender do que você estiver fotografando. O tempo de exposição para congelar um carro de corrida vai ser muito menor do que o necessário para congelar uma pessoa andando, por exemplo.
Nas câmeras em geral, existe um modo “prioridade de velocidade do obturador”, em que você define apenas a velocidade e a máquina ajusta o ISO e a abertura automaticamente, de acordo com a situação. Se preferir, pode também utilizar o modo manual e configurar esses controles da maneira que achar mais adequado.
David Ramos é formado em fotografia e comunicação pela Universidade Politécnica da Catalunha. Trabalha para o Getty Images desde 2010, cobrindo notícias e eventos esportivos por todo o mundo. Para fotografar atletas em ação, David precisa utilizar velocidades muito rápidas para capturar imagens com nitidez.

Dois boxeadores lutam entre si durante um duelo pelos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016
David Ramos / Getty Images
Com uma velocidade alta, foi possível capturar o momento em que o lutador de vermelho foi atingido por um soco. Pode-se ver seu rosto ainda deformado e as gotas de suor voam pelo ar. São detalhes que o olho humano não são capazes de enxergam na velocidade real.
E aí, que tal pegar sua câmera e praticar? Dá pra capturar carros na estrada, pessoas andando de bicicleta, de skate ou até correndo! Use a tag #fotografetododia e compartilhe com a gente!


Referências

• Leia isto se quer tirar fotos incríveis – Henry Carroll

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