Blow-up: Depois daquele beijo

Presente em quase todas as listas sobre filmes que abordam a fotografia, Blow-up, que no Brasil recebeu o título “Depois daquele beijo”, é um clássico do cinema. Inspirado no conto Las Babas del Diablo, publicado em 1959, do escritor argentino Júlio Cortázar, o filme conta a história de Thomas, um jovem fotógrafo de moda londrino que, ao fotografar casualmente cenas em um parque, acaba revelando um grande mistério.
O filme têm como plano de fundo a cidade de Londres dos anos 60, década em que foi lançado, e envolve na trama personagens bem caricatos, o que pareceu ser uma tentativa não só de mostrar o contexto cultural de uma época, mas também de divertir o espectador, já que a imagem revelada pelo fotógrafo expõe o oposto da atmosfera de diversão.
   

Revelada em preto e branco, a imagem mostra em princípio apenas a cena de um casal passeando no parque, mas, depois de passarem pelo olhar atento de Thomas, junto com o auxílio de várias ampliações, outros elementos surgem. A imagem mostra um outro contexto, que não é o mesmo das experiências pitorescas que o fotógrafo têm durante o filme, como se a fotografia fizesse emergir uma outra realidade. Depois que Thomas entra nesse outro mundo revelado pela fotografia, não consegue mais sair dele. A fotografia misteriosa é a grande protagonista do filme, é por causa dela que Thomas entra em situações que rompem com sua rotina e com sua percepção sobre o que o cerca. Não é atoa que Blow-up está sempre nas listas de indicações, é um filme essencial para descobrir o poder de uma imagem sobre as nossas vidas.

#1min1foto – Maureen Bisilliat

A coluna #1min1foto é inspirada no projeto “Une minute pour une image” de Agnes Varda. Aqui, o participante é desafiado a olhar para uma foto, de escolha da editoria, durante um minuto e depois escrever suas impressões.

A coluna #1min1foto é inspirada no projeto “Une minute pour une image” de Agnes Varda. Aqui, o participante é desafiado a olhar para uma foto, de escolha da editoria, durante um minuto e depois escrever suas impressões.

A coluna #1min1foto é inspirada no projeto “Une minute pour une image” de Agnes Varda. Aqui, o participante é desafiado a olhar para uma foto, de escolha da editoria, durante um minuto e depois escrever suas impressões.

A primeira coisa que associo a essa imagem é a figura de Nossa Senhora de Aparecida, já que o personagem retratado é uma mulher que usa uma espécie de véu e uma coroa por cima da cabeça, semelhante a imagem da santa. Como na maioria das fotografias de retrato, sou imediatamente absorvida pelo olhar da pessoa, e, ao admirar seu rosto, notei a pele de cor avermelhada e logo presumi que trata-se de uma mulher indígena.

No fundo do retrato, em segundo plano, existe uma segunda personagem, vestindo roupas semelhantes, o que me fez pensar que elas estavam participando de algum tipo de celebração. Mas, apesar de celebrações serem, em geral, momentos alegres, nem a expressão da mulher em primeiro plano, nem a iluminação do ambiente me transmitiram tal ideia. Há, por causa desses dois elementos, as sombras e o rosto, uma atmosfera de mistério.

Curiosamente, não prestei muita atenção a presença da espada que a mulher segura. Essa foi uma percepção secundária. Mas, depois que assimilei a presença do objeto, a sensação de mistério ficou ainda mais intensa.

A festa de Folia de Reis por Maureen Bisilliat (acervo IMS)

Após fazer a leitura da imagem durante um minuto, não busquei imediatamente sua autora e nem o contexto em que ela foi registrada, pois quis prolongar meu exercício imaginativo. Comecei a conjecturar sobre a possibilidade dos elementos, como a espada, o véu, e a coroa, estarem ligados a algum tipo de religião sincrética.

Posteriormente, ao pesquisar sobre a autora, descobri alguns fatos importantes sobre ela e sobre o trabalho do qual esta fotografia faz parte. Seu nome é Maureen Bisilliat, nascida na Inglaterra, ela se mudou para o Brasil nos anos 50 e dedicou-se a fotografar temas como a cultura sertaneja, tribos indígenas e religiões. Nessa fotografia, Maureen registra a festa de Folia de Reis, uma manifestação folclórica e religiosa, celebrada em todo o país, principalmente no Nordeste. Atualmente, algumas imagens do acervo da fotógrafa estão disponíveis no site do Instituto Moreira Salles.

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Tales By Light

Tales By Light é uma série da Netflix sobre fotografia para quem tem interesse em saber mais sobre como é o processo de criativo de fotógrafos com trabalhos incríveis, como Krystle Wright, Richard I’Anson e Stephen Dupont.

Procurando conteúdo interessante sobre fotografia? A gente têm uma #dicade série!
Pôster da primeira temporada (Netflix)


Tales By Light é uma série da Netflix sobre fotografia para quem tem interesse em saber mais sobre como é o processo de criativo de fotógrafos com trabalhos incríveis, como Krystle Wright, Richard I’Anson e Stephen Dupont. A série também é atrativa para aqueles que gostam de viajar, pois cada episódio nos leva a destinos muito peculiares, das selvas de Uganda às ilhas da Indonésia.

Através de uma bela cinematografia, Tales By Light busca mostrar como é a relação dos fotógrafos com o que é fotografado, os desafios que enfrentam e a preocupação em tentar estabelecer algum tipo de conexão com o que será registrado, sejam estes objetos culturais ou naturais.

A série já está na sua terceira temporada e cada episódio traz um profissional que apresenta o projeto no qual está trabalhando, enquanto conta sua história e expõe suas ideias em relação a atividade de fotografar. No primeiro episódio da terceira temporada, por exemplo, podemos ver o fotógrafo Simon Lister registrando, em parceria com a UNICEF, o problema da exploração do trabalho infantil e da extrema pobreza em Bangladesh.

Apesar de ser uma boa opção de entretenimento, alguns podem achar os episódios sobre a natureza um tanto monótonos. Entretanto, a série não perde a capacidade de inspirar e emocionar. Ao tentar exibir outros pontos de vista, Tales by Light facilita nosso encontro com outras ideias e direções, mesmo que por breves vinte minutos.

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