#1min1foto – Maureen Bisilliat

A coluna #1min1foto é inspirada no projeto “Une minute pour une image” de Agnes Varda. Aqui, o participante é desafiado a olhar para uma foto, de escolha da editoria, durante um minuto e depois escrever suas impressões.

A coluna #1min1foto é inspirada no projeto “Une minute pour une image” de Agnes Varda. Aqui, o participante é desafiado a olhar para uma foto, de escolha da editoria, durante um minuto e depois escrever suas impressões.

A coluna #1min1foto é inspirada no projeto “Une minute pour une image” de Agnes Varda. Aqui, o participante é desafiado a olhar para uma foto, de escolha da editoria, durante um minuto e depois escrever suas impressões.

A primeira coisa que associo a essa imagem é a figura de Nossa Senhora de Aparecida, já que o personagem retratado é uma mulher que usa uma espécie de véu e uma coroa por cima da cabeça, semelhante a imagem da santa. Como na maioria das fotografias de retrato, sou imediatamente absorvida pelo olhar da pessoa, e, ao admirar seu rosto, notei a pele de cor avermelhada e logo presumi que trata-se de uma mulher indígena.

No fundo do retrato, em segundo plano, existe uma segunda personagem, vestindo roupas semelhantes, o que me fez pensar que elas estavam participando de algum tipo de celebração. Mas, apesar de celebrações serem, em geral, momentos alegres, nem a expressão da mulher em primeiro plano, nem a iluminação do ambiente me transmitiram tal ideia. Há, por causa desses dois elementos, as sombras e o rosto, uma atmosfera de mistério.

Curiosamente, não prestei muita atenção a presença da espada que a mulher segura. Essa foi uma percepção secundária. Mas, depois que assimilei a presença do objeto, a sensação de mistério ficou ainda mais intensa.

A festa de Folia de Reis por Maureen Bisilliat (acervo IMS)

Após fazer a leitura da imagem durante um minuto, não busquei imediatamente sua autora e nem o contexto em que ela foi registrada, pois quis prolongar meu exercício imaginativo. Comecei a conjecturar sobre a possibilidade dos elementos, como a espada, o véu, e a coroa, estarem ligados a algum tipo de religião sincrética.

Posteriormente, ao pesquisar sobre a autora, descobri alguns fatos importantes sobre ela e sobre o trabalho do qual esta fotografia faz parte. Seu nome é Maureen Bisilliat, nascida na Inglaterra, ela se mudou para o Brasil nos anos 50 e dedicou-se a fotografar temas como a cultura sertaneja, tribos indígenas e religiões. Nessa fotografia, Maureen registra a festa de Folia de Reis, uma manifestação folclórica e religiosa, celebrada em todo o país, principalmente no Nordeste. Atualmente, algumas imagens do acervo da fotógrafa estão disponíveis no site do Instituto Moreira Salles.

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Vivian Maier

Vivian Dorothea Maier, babá nova-iorquina que fotografava por lazer, tornou-se uma grande referência para a fotografia de rua. Sua fama póstuma levantou questionamentos sobre seu jeito misterioso, introvertido e cômico.

Vivian Dorothea Maier, babá nova-iorquina que fotografava por lazer, tornou-se uma grande referência para a fotografia de rua. Sua fama póstuma levantou questionamentos sobre seu jeito misterioso, introvertido e cômico.
Vivian está em uma calçada, apontando sua câmera Rolleiflex, que está envolvida em seu pescoço por uma alça, para um espelho de vitrine. Ela usa um chapéu, uma blusa de gola que está por dentro da calça e um chapéu. Sua expressão facial é séria. Devido ao reflexo do espelho é possível ver atrás dela prédios e carros.
Autorretrato | Vivian Maier
Nascida em 1926, Maier viveu sua adolescência entre a França e Estados Unidos. Por um tempo, ela e sua mãe chegaram a morar em Nova York com Jeanne Bertrand, renomada fotógrafa surrealista, com quem, supõe-se, que teve seu primeiro contato com a fotografia. Vivian se fixou nos Estados Unidos em 1951, quando começou a tirar fotos, prática que continuou aproximadamente até 1990, reunindo em torno de 150.000 negativos, a maioria deles tirados em Nova York e Chicago. Além da fotografia de rua suas fotos apresentam outros temas como o da infância, experimentações e autorretratos.
Suas fotos só receberam destaque quando John Maloof, produtor cinematográfico, comprou seus negativos em um leilão em 2007.  Após revelar suas fotos e perceber sua grandiosidade, John decidiu investigar mais sobre a misteriosa moça presente nas imagens.  No documentário “À Procura de Vivian Maier’’, Maloof e seu colega Charlie Siskel contam a história da introvertida fotógrafa com base nos relatos de pessoas que a conheceram. Pela sua notória introspecção, tanto seus conhecidos, quanto os produtores do documentário ficaram com o questionamento se Vivian gostaria de ter suas fotos expostas como estão hoje.

Referências 
Site Vivian Maier – http://www.vivianmaier.com

Vivian Dorothea Maier, babá nova-iorquina que fotografava por lazer, tornou-se uma grande referência para a fotografia de rua. Sua fama póstuma levantou questionamentos sobre seu jeito misterioso, introvertido e cômico. 
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Tales By Light

Tales By Light é uma série da Netflix sobre fotografia para quem tem interesse em saber mais sobre como é o processo de criativo de fotógrafos com trabalhos incríveis, como Krystle Wright, Richard I’Anson e Stephen Dupont.

Procurando conteúdo interessante sobre fotografia? A gente têm uma #dicade série!
Pôster da primeira temporada (Netflix)


Tales By Light é uma série da Netflix sobre fotografia para quem tem interesse em saber mais sobre como é o processo de criativo de fotógrafos com trabalhos incríveis, como Krystle Wright, Richard I’Anson e Stephen Dupont. A série também é atrativa para aqueles que gostam de viajar, pois cada episódio nos leva a destinos muito peculiares, das selvas de Uganda às ilhas da Indonésia.

Através de uma bela cinematografia, Tales By Light busca mostrar como é a relação dos fotógrafos com o que é fotografado, os desafios que enfrentam e a preocupação em tentar estabelecer algum tipo de conexão com o que será registrado, sejam estes objetos culturais ou naturais.

A série já está na sua terceira temporada e cada episódio traz um profissional que apresenta o projeto no qual está trabalhando, enquanto conta sua história e expõe suas ideias em relação a atividade de fotografar. No primeiro episódio da terceira temporada, por exemplo, podemos ver o fotógrafo Simon Lister registrando, em parceria com a UNICEF, o problema da exploração do trabalho infantil e da extrema pobreza em Bangladesh.

Apesar de ser uma boa opção de entretenimento, alguns podem achar os episódios sobre a natureza um tanto monótonos. Entretanto, a série não perde a capacidade de inspirar e emocionar. Ao tentar exibir outros pontos de vista, Tales by Light facilita nosso encontro com outras ideias e direções, mesmo que por breves vinte minutos.

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Velocidade

Será que o olho humano consegue realmente ver tudo o que ocorre durante seu dia? A resposta para essa questão tão simples pode ser solucionada quando pensamos na velocidade do que tudo acontece à nossa volta. O que o olho não capta, as lentes de um fotógrafo com a velocidade do obturador correta consegue mostrar.
Será que o olho humano consegue realmente ver tudo o que ocorre durante seu dia? A resposta para essa questão tão simples pode ser solucionada quando pensamos na velocidade do que tudo acontece à nossa volta. O que o olho não capta, as lentes de um fotógrafo com a velocidade do obturador correta consegue mostrar.
Um homem tocando violoncelo. Imagem em preto e branco.
Anton Giulio Bragaglia, violoncelista, 1913
A velocidade do obturador ou o tempo de exposição tem a função de controlar o modo como a luz e o movimento são registrados na imagem fotográfica. Partindo da escolha do fotógrafo, teremos uma foto nítida de um exato momento, ou, teremos a poesia de não saber de que se trata aqueles riscos de luz em frente a nossa tela, atualmente, chamados de Light Painting (pintura com luz).
O futurismo com a ideia de deslocamento e dinâmica, conseguiu através de seu movimento vanguardista artístico na fotografia trazer aspectos que fazem total diferença nos dias atuais, tal como capturar cenas que os olhos humanos não são capazes de enxergar.
Os irmãos Anton Giulio e Arturo Bragaglia exploravam criativamente o tempo de exposição em suas fotografias. A forma como esses artistas faziam suas imagens era devido ao fato de estarem impressionados pela nova era da máquina e embalados com o futurismo. Eles buscavam representar o movimento e a própria sensação dinâmica. Ao expor a velocidade do obturador ao um longo período de tempo, era possível captar imagens fantásticas de estímulos muitas vezes dados como simplórios.
Será que o olho humano consegue realmente ver tudo o que ocorre durante seu dia? A resposta para essa questão tão simples pode ser solucionada quando pensamos na velocidade do que tudo acontece à nossa volta. O que o olho não capta, as lentes de um fotógrafo com a velocidade do obturador correta consegue mostrar.
 Um homem acendendo e fumando seu cigarro. Imagem em preto e branco.
Anton Giulio Bragaglia, Arturo Bragaglia. O fumante – o fósforo – o cigarro 1911
Essa foto é um belo exemplo do trabalho dos irmãos. Na imagem é possível observar os detalhes de um homem acendendo o fósforo, o cigarro e logo após fumando-o. A forma como a fumaça deixa rastros na fotografia é bem significativa, traz um aspecto de real e ao mesmo tempo abstrato. Fugindo do instantâneo, os Bragaglia fizeram história com o fotodinamismo futurista, deixando assim verdadeiras obras de arte para o mundo contemporâneo.
Referências:
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Cindy Sherman

De aspirante a pintora à fotógrafa renomada, Cyndi Sherman é um nome de destaque na fotografia contemporânea, especialmente em temas voltados aos estereótipos de gênero e à identidade.

De aspirante a pintora à fotógrafa renomada, Cindy Sherman é um nome de destaque na fotografia contemporânea, especialmente em temas voltados aos estereótipos de gênero e à identidade.

Na foto, Sherman aparece deitada no chão, utilizando blusa laranja com saia quadriculada com a mesma cor. O chão possui tons que se assemelham às cores de suas roupas e até mesmo o seu cabelo e unhas. Com o olhar desviado da câmera, a personagem olha para o lado esquerdo. Em sua mão direita, ela segura um papel amassado com conteúdo não legível impresso. É possível notar que a barra de sua saia está levantada, o que pode ser interpretado como uma leve insinuação sexual.
Untitled #96, 1981

Ao passar a fazer o exercício de se vestir como diferentes pessoas, foi desenvolvendo o que viria a se tornar sua marca registrada como fotógrafa: usar o próprio corpo para dar vida a personagens que refletem de alguma forma arquétipos femininos presentes na sociedade americana.

Uma de suas séries mais conhecidas é Untitled Film Stills, em que dá vida a estereótipos de personagens femininas do cinema (aliás, a fotógrafa já se aventurou como diretora de alguns filmes). Sherman no entanto, não fica presa a apenas representar esses estereótipos já firmados como modelo de suas próprias fotos, mas suas composições muitas vezes subvertem traços desses estereótipos, geram incômodo, fascínio ou curiosidade, como apontado no artigo de Angélica da Costa Ramos (2017), “O Eu Pulverizado na Arte Performática de Cyndi Sherman”.

Mais do que ocupar simultaneamente os cargos de artista e modelo, o que Sherman faz pode ser visto como um ato de rebeldia e busca de liberdade quanto ao próprio corpo e existência – motivo pelo qual é citada e estudada nos meios feministas. Sherman toma o corpo feminino de volta, dando vida aos arquétipos construídos através da arte e da história e subvertendo-os à sua maneira.

As primeiras imagens da galeria são parte da série Untitled Film Stills, feita ao longo da década de 70. As imagens exploram arquétipos de personagens femininas no cinema americano e são todas em preto e branco.

 Nesta primeira imagem, Sherman aparece em uma cozinha, posicionada à direita, com o olhar desviado para a mesma direção, partindo por cima de seu ombro esquerdo. Seus seios se destacam sob a blusa justa e sua mão repousa sobre o colo, onde um avental está amarrado à cintura. Os utensílios domésticos dispostos sobre o que parece ser a bancada, além do armário na parede do lado esquerdo não apenas identificam o local da cena como constituem a harmonia da composição. A cena mistura a noção da sexualidade da personagem aos afazeres de uma dona de casa.
Cindy Sherman, Untitled Film Still #3, 1977.
Localizada em um espaço aberto, a imagem apresenta como primeiro plano o corrimão de uma escada e paredes de prédios. Sherman aparece em segundo plano, diante de um canteiro de plantas, usando casaco e óculos escuros. Está em movimento, como se estivesse se dirigindo a algum lugar. Possui em sua mão direita um jornal, uma revista ou um livro e a mão esquerda erguida em direção ao rosto, como se ajustasse o par de óculos. Ao seu lado, três árvores de pequeno porte e ao fundo, prédios que deixam claro tratar-se de um ambiente urbano.
Untitled Film Still #83, 1980.
Também ao ar livre, a imagem traz Sherman como primeiro plano e em contra-plongée (de baixo para cima), em que é vista olhando para cima e à sua direita. Um lenço cobre-lhe a cabeça, e o movimento deste, assim como o de seus cabelos indica a presença de vento. Ao fundo, um prédio com diversas janelas preenche o espaço visível. A luz natural incide em seu rosto da esquerda para a direita.
Untitled Film Still #58, 1980.
Sherman, mais uma vez na rua, porém desta vez  durante a noite, é vista usando casaco pesado e bolsa que pende de seu braço esquerdo. Seu gestual parece demonstrar uma mistura de frio, pressa e apreensão. À sua direita, é possível notar construções urbanas, como casas ou prédios. Pontos de luz diante da câmera e poças de água no chão indicam que há presença de uma leve chuva.
Untitled Film Still #54, 1980.
herman é vista dentro de casa, especificamente em uma sala de visitas, com sofás, cadeiras de descanso, uma mesa de madeira à esquerda com o que parecem ser um copo e tigelas, uma lareira apagada também à esquerda e ao fundo e um abajur aceso ao fundo, atrás da modelo. Com o olhar vago e um copo à mão, a personagem parece estar esperando a chegada de alguém. A iluminação artificial, que incide de cima para baixo e, através do abajur, de trás para a frente, cria sombras que se direcionam ao lado oposto, fora do campo coberto pela fotografia e para onde a personagem olha fixamente, criando uma tensão e dando dramaticidade à cena, reforçada pelo fato da imagem ser em preto e branco.
Untitled Film Still #50, 1979.
Sherman é vista de costas para a câmera, de pé e com os braços repousados juntos atrás de sua coluna. O cenário é uma estrada durante o que parece ser o nascer ou o pôr do sol, e é possível ver uma mala à esquerda da personagem. À esquerda, um pedregulho e à direita, é possível ver a linha do horizonte para além da estrada, que sai do campo de visão da imagem devido a uma curva à esquerda. A personagem parece à espera de algo, como se esperasse alguém vir buscá-la ou algum meio de transporte para lhe dar carona. É possível notar também o uso de flash ou outra fonte de iluminação dura, que rebate sobre a personagem, a mala, parte da estrada no canto inferior da imagem e parte do pedregulho.
Untitled Film Still #48, 1979.
Sherman aparece sugestivamente deitada em uma cama com lençóis escuros. Sua camisa está amarrotada e um pouco levantada, sendo que não usa peça de roupa inferior, e portanto, suas pernas e coxas estão expostas, além de ser possível ver parte de sua roupa íntima. Sua expressão facial e demais linguagem corporal parece demonstrar desejo, como se estivesse à espera de seu amante. Dois exemplares de um livro voltado ao público feminino estão ao seu lado direito na cama.
Untitled Film Still #34, 1979.
Sherman é vista em primeiríssimo plano, com janelas ao fundo, mostrando tratar-se de uma cena no interior de uma casa. Marcas escuras e profundas em seus olhos e lábio inferior inchado deixam explícito que a personagem sofreu agressão, muito provavelmente, vítima de violência doméstica. Sua expressão é de espanto.
Untitled Film Still #30, 1979.
Às lágrimas e com a boca semiaberta, Sherman é vista sentada à uma mesa em um local que parece ser um bar. Devido à maquiagem escura, as lágrimas deixam seu rosto manchado. Possui uma taça de bebida próxima à sua mão direita, que segura um cigarro entre os dedos indicador e médio. Ambas as mãos repousam sobre a mesa. Seu dedo anelar da mão esquerda possui um anel com uma pedra visível.
Untitled Film Still #27, 1979.
Em primeiro plano e contra-plongée (de baixo para cima), Sherman é vista com o olhar voltado à direita da foto, passando sobre seu ombro esquerdo. Ao fundo, prédios são vistos, localizando a foto em uma ambientação urbana.
Untitled Film Still #21, 1978.
Na imagem, Sherman aparece em um quarto, recostada dramaticamente contra uma parede, com os olhos fechados e boca levemente aberta, com uma expressão facial que demonstra angústia. Diante de si, uma mala aberta abarrotada de roupas está sobre a cama, que também possui roupas, sapatos e outros objetos espalhados sobre ela. A personagem parece se preparar para fugir ou deixar o local após a ocorrência de algum evento desagradável no âmbito de sua intimidade.
Untitled Film Still #12, 1978
Sherman aparece na imagem de forma bastante desajeitada. Ao lado direito da imagem, de pé diante de uma entrada para um quarto, usando sapatilhas, meia-calça, camisola e óculos escuros. Tem o seu cabelo bagunçado e segura uma taça de Martini com a ponta dos dedos da mão esquerda, erguida à altura de sua cabeça. Com o mesmo braço, afasta as grossas cortinas brancas do quarto. O sol incide diretamente sobre a personagem, embora a sombra formada impeça a visão do interior do quarto, exceto por uma cadeira com um cobertor jogado por cima, logo atrás da moça. À frente e no canto inferior esquerdo da fotografia, é possível ver uma camisa branca e um chapéu de praia sobre o que parece ser uma cadeira.
Untitled Film Still #7, 1978
Após explorar o preto e branco durante a década de 70 com sua série baseada em personagens cinematográficas, Sherman chega aos anos 80 explorando as cores e outras perspectivas de representações femininas. Na foto, ela aparece deitada no chão, utilizando blusa laranja com saia quadriculada com a mesma cor. O chão possui tons que se assemelham às cores de suas roupas e até mesmo o seu cabelo e unhas. Com o olhar desviado da câmera, a personagem olha para o lado esquerdo. Em sua mão direita, ela segura um papel amassado com conteúdo não legível impresso. É possível notar que a barra de sua saia está levantada, o que pode ser interpretado como uma leve insinuação sexual.
Untitled #96, 1981
Sherman aparece deitada em uma cama com lençóis pretos. Suas mãos puxam o lençol cobrindo-lhe na altura dos seios. As alças de sua roupa íntima são visíveis. O olhar está fixado à sua frente, que corresponde à esquerda da imagem. A iluminação cobre o lado direito do corpo da personagem. O ângulo de câmera usado pode passar a ideia de submissão.
Untitled #93, 1981
Sherman, trajando vestimenta púrpura, aparece deitada em um sofá marrom. Um telefone de gancho violeta está posto sobre o sofá, à frente da personagem, que o olha cabisbaixa. Parece estar a espera de um telefonema, e sua linguagem corporal demonstra cansaço, como se já esperasse há muito tempo.
Untitled #90, 1981
Travestida como um personagem masculino, Sherman aparece trajando calça listrada, camisa, um cinto grande, jaleco e um lenço de renda branca enrolando o pescoço. Seu olhar está fixado na câmera e sua expressão facial indica certa superioridade, mas têm um resultado quase cômico.
Untitled #201, 1989
Sherman aparece vestida como uma rainha, com vestes antigas, um manto azul que cobre seu ombro direito e uma coroa na cabeça. Seu olhar está voltado para baixo. Uma boneca envolta em panos brancos repousa em seu braço direito, como se fosse um bebê, e Sherman possui um seio falso exposto, remetendo à amamentação.
Untitled #216, 1989
Sherman aparece mais uma vez irreconhecível, com uma peruca loira volumosa, vestido claro e meias. Está agachada em cima de uma cama e com as pernas exageradamente abertas; sua mão esquerda segura flores brancas e a direita está apoiada na cintura. Seu olhar está fixado na câmera.
Untitled #276, 1993
Sentada em frente a um fundo laranja brilhante, Sherman aparece usando um vestido transparente com um tecido mais escuro sobre os ombros e luvas quadriculadas. Tatuagens falsas são visíveis em seu corpo, assim como piercings em seu nariz e boca. Na mão direita segura um cigarro e a esquerda aponta para a sua cabeça simulando uma arma. Seu lábio aparece repuxado para o canto, o que pode indicar sarcasmo. Seus olhos estão vermelhos e fixam a câmera, além disso, é possível notar a presença de olheiras.
Untitled #299, 1994
Sherman aparece olhando diretamente para a câmera, usando um macacão azul e rosa. O cabelo loiro platinado contrasta com a pele bronzeada, sendo que o entorno dos olhos aparece branco. A boca parece mais preenchida pelo uso de maquiagem. A imagem parece representar com ironia os padrões de beleza feminina norte-americanos.
Untitled #397, 2000
Sherman aparece de perfil, olhando para a câmera por cima de seu ombro direito. Parece muito mais velha, com marcas de idade visíveis mesmo estando bastante maquiada. Observa-se seu colar de pérolas e brincos chamativos. O fundo parece artificial, como se tivesse sido adicionado na pós-produção. Trata-se de uma escadaria com detalhes em mármore em um jardim que aparece desfocado como nos efeitos de softwares e aplicativos de edição fotográfica.
Untitled #465, 2008
Quatro figuras femininas de aparente idade são vistas. Todas elas são Sherman, que usou truques de edição para tal efeito. Ao centro, usa uma blusa rosa clara por baixo de um avental branco e com uma gravata borboleta preta chamativa. As outras três figuras usam uma blusa estampada e saia preta, sendo que as que estão à direita e à esquerda tem o olhar desviado para os lados correspondentes e a localizada atrás da personagem central também encara a câmera. Todas aparecem usando óculos e cortes de cabelo distintos. O fundo mais uma vez parece ser artificial, sendo uma paisagem florida e desfocada.
Untitled #577, 2016.

Links:

Acervo do Metro Pictures
Saatchi Gallery
MoMA
Guggenhein
Instagram pessoal de Cyndi Sherman 

Referências:

RAMOS, Angélica da Costa. “O Eu Pulverizado na Arte Performática de Cindy Sherman”. eRevista Performatus, Inhumas, ano 5, n. 18, jul. 2017.

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Congelar um movimento

Uma técnica muito utilizada por fotógrafos é a de congelar o movimento. Dessa forma, o objeto principal pode parecer imóvel, como se o tempo fosse, de fato, congelado. Para criar esse efeito, é preciso ajustar a velocidade do obturador.

Uma técnica muito utilizada por fotógrafos é a de congelar o movimento. Dessa forma, o objeto principal pode parecer imóvel, como se o tempo fosse, de fato, congelado. Para criar esse efeito, é preciso ajustar a velocidade do obturador.

Michael Phelps e Chad le Clos lado a lado durante uma etapa da natação durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.
David Ramos / Getty Images


Para congelar um movimento, é necessária uma velocidade alta. A velocidade ideal vai depender do que você estiver fotografando. O tempo de exposição para congelar um carro de corrida vai ser muito menor do que o necessário para congelar uma pessoa andando, por exemplo.
Nas câmeras em geral, existe um modo “prioridade de velocidade do obturador”, em que você define apenas a velocidade e a máquina ajusta o ISO e a abertura automaticamente, de acordo com a situação. Se preferir, pode também utilizar o modo manual e configurar esses controles da maneira que achar mais adequado.
David Ramos é formado em fotografia e comunicação pela Universidade Politécnica da Catalunha. Trabalha para o Getty Images desde 2010, cobrindo notícias e eventos esportivos por todo o mundo. Para fotografar atletas em ação, David precisa utilizar velocidades muito rápidas para capturar imagens com nitidez.

Dois boxeadores lutam entre si durante um duelo pelos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016
David Ramos / Getty Images
Com uma velocidade alta, foi possível capturar o momento em que o lutador de vermelho foi atingido por um soco. Pode-se ver seu rosto ainda deformado e as gotas de suor voam pelo ar. São detalhes que o olho humano não são capazes de enxergam na velocidade real.
E aí, que tal pegar sua câmera e praticar? Dá pra capturar carros na estrada, pessoas andando de bicicleta, de skate ou até correndo! Use a tag #fotografetododia e compartilhe com a gente!


Referências

• Leia isto se quer tirar fotos incríveis – Henry Carroll

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Félix Nadar

Quando Gaspard-Félix Tournachon, mais conhecido como Félix Nadar, começou a fotografar, em 1853, com o objetivo de registrar retratos que pudessem lhe servir de referência para a elaboração das caricaturas de sua obra, o Panteão Nadar, não imaginava que a fotografia se tornaria seu principal ofício.
Autorretrato de Félix Nadar
Autorretrato de Félix Nadar
Tampouco, que os retratos produzidos nesse período estariam entre os mais conhecidos de sua vasta produção, tanto em função das personalidades da política ou da cultura que que foram retratadas, quanto em razão da qualidade das imagens. São retratos nos quais os fotografados se posicionam para câmera com naturalidade. Sem recorrer aos cenários, figurinos e poses que caracterizam a prática comercial da fotografia na época, nesses retratos, Nadar servia-se apenas da luz e do gesto para destacar a personalidade fotografada. Ele fotografava como um desenhista ou um pintor, respeitando os cânones já estabelecidos, mas utilizando uma nova tecnologia de fazer visível. A contribuição de Nadar para a fotografia não se limita apenas aos retratos que produziu. Ele também foi o primeiro fotógrafo a realizar tomadas aéreas, durante um sobrevoo por Paris em 1858, e a realizar tomadas subterrâneas com o auxílio de iluminação artificial, nas catacumbas, em 1861, e nos esgotos de Paris, em 1864.

Como criar uma fotografia

Editora Gustavo Gili
O livro Como criar uma fotografia, escrito pelo fotógrafo e professor Mike Simmons, tem como tese principal a oposição entre tirar fotos e fazer fotografias. Tirar fotos pressupõe uma abordagem simples e casual do objeto fotografado. Em contrapartida, para fazer fotografias é preciso que o fotógrafo desenvolva um processo estruturado que lhe ofereça as condições necessárias para explorar profundamente o objeto que será fotografado.

Na raiz dessa questão está o confronto entre duas maneiras de conceber a fotografia: uma passiva, que reduz o fotógrafo a um mero operador da câmera fotográfica, que seria responsável pela registro automático da imagem captada; outra ativa, em que o fotógrafo utiliza o aparelho fotográfico como um instrumento para se aproximar do objeto fotografado e produzir um conhecimento sobre ele.

O livro é apresentado como um guia com base no qual o leitor pode orientar o desenvolvimento de seu processo criativo, desde a concepção do projeto fotográfico até sua publicação, passando pelas etapas de desenvolvimento. Seu conteúdo está organizado em seis capítulos, cada um composto pela discussão de um tema, por um estudo de caso e por um exercício. Em todos eles, Simmons apresenta e comenta uma grande variedade de obras fotográficas. Dessa maneira, aborda diferentes práticas e técnicas fotográficas. No entanto, sem aprofundar nelas, pois o foco do livro é o processo fotográfico.

Mike Simmons – Editora Gustavo Gili
Orientar o desenvolvimento do processo de criação de uma fotografia ou de uma série fotográfica é uma tarefa que comporta muitos riscos porque o processo criativo se desenvolve no encontro do fotógrafo com o objeto fotografado e, por isso, é sempre único. Nesse sentido, o leitor não deve ler este livro como se estivesse seguindo uma receita na qual cada etapa deve ser cumprida conforme descrita para que dê certo.
Entretanto, o debate e a reflexão acerca dos processos criativos de outros fotógrafos pode ser uma ótima referência para o desenvolvimento do próprio processo de criação. Nessa perspectiva, o livro Como criar uma fotografia deve ser lido como se fosse um roteiro de viagem, no qual a experiência de outros fotógrafos serve para balizar o percurso do leitor. Dessa maneira, percorrer o caminho sugerido por Simmons, perder-se e realizar as próprias descobertas constitui aquilo que de mais rico este livro tem a oferecer.
FICHA TÉCNICA
Título: Como criar uma fotografia
Autor: Mike Simmons
Editora: Gustavo Gili
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Posição da iluminação

Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa

Assim como a luz, a sombra é um elemento fundamental da fotografia. A maneira como ela cai sobre o objeto fotografado pode revelar seu contorno, sua forma, sua textura e seu volume, além de acrescentar profundidade a imagem. A posição da fonte de iluminação em relação ao objeto determina quais de suas partes serão iluminadas ou sombreadas.

A fonte de luz pode estar posicionada a frente do objeto, atrás dele ou ao seu lado. Essas são as três posições principais de iluminação, cada uma delas cobre uma gama variada de ângulos em relação ao objeto e suas fronteiras não são precisas. Além disso, existe outra posição bastante comum que é acima do objeto e duas posições intermediárias, entre a frontal e a lateral e entre a lateral e a traseira.
Frontal
A fonte de iluminação está posicionada a frente do objeto. As sombras são projetadas atrás dele, onde a câmera não alcança. Por isso, há pouca informação sobre sua forma, volume e textura.
Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
Lateral
A fonte de iluminação está posicionada ao lado do objeto. Produz áreas iluminadas e sombreadas que destacam a forma, o volume e a textura do objeto e acrescenta profundidade a imagem.
Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
Contraluz
A fonte de iluminação está posicionada ao lado do objeto. As sombras são projetadas a frente do objeto, apagando a informação sobre sua forma, volume e textura. Por outro lado, o contorno geral do objeto é realçado.
Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
Pino
A fonte de iluminação está posicionada acima do objeto. Produz sombras que são projetadas abaixo do objeto. Por isso, há pouca informação sobre sua forma, volume e textura.
Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
Quarenta e cinco graus (45º)
Posição intermediária entre a frontal e a lateral. Projeta sombras suficientes para revelar a forma, o volume e a textura do objeto. Porém, menores que as projetadas pela posição lateral. Preservando detalhes do objeto que poderiam ficar escondidos nas áreas menos iluminadas.
Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
Contorno
Posição intermediária entre a lateral e a contraluz. Circunda e dá brilho às bordas do objeto. Contudo, projeta sombras maiores que as da posição lateral.
Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
No ensaio Sol no céu de nossa casa, que ilustra essa postagem, os fotógrafos Marco Mendes e Márcio Rodrigues exploram a iluminação colocada em diferentes posições. Embora o trabalho tenha sido encomendado por uma grande empreiteira e tinha como propósito a documentação de famílias beneficiadas pelo projeto Luz para Todos, programa realizado pelo Ministério do planejamento que tem o objetivo de promover o acesso de populações isoladas a energia elétrica, a dupla de profissionais recebeu grande liberdade de criação e pode explorar diversos tipos de iluminação.

#fotografetododia

Explore as diferentes posições em que uma fonte de iluminação pode estar posicionada. Perceba como as áreas iluminadas e sombreadas variam em cada uma delas.
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