A proporção entre a largura e a altura de uma imagem frequentemente é determinada pelo formato da câmera utilizada em sua produção, sobretudo quando se fotografa com analógico. No entanto, esse é um parâmetro sobre o qual o fotógrafo não deveria abrir mão de seu controle. Pois, tal como a orientação, a proporção de uma imagem interfere na maneira como ela será lida.
Na fotografia, o termo proporção se refere a relação quantitativa entre a largura e a altura da imagem. Entretanto, não podemos esquecer que essa relação influência as relações que os demais elementos da composição estabelecem um com os outros. Proporções mais estreitas tendem a exercer mais influencia sobre os elementos da composição. Pois, nestas proporções, a presença de uma direção dominante é mais acentuada. No entanto, mesmo em proporções mais largas, é preciso que haja uma distinção entre largura e altura para que o leitor perceba que se trata de uma composição vertical ou horizontal. O formato quadrado não apresenta uma direção dominante. Por isso, ele tende a impor um rigor formal sobre a composição e a ser percebido como equilibrado e estático.
Se a
orientação do quadro indica o sentido de leitura da imagem, a proporção sugere a intensidade em que ela flui nessa direção. O formato quadrado sugere que os elementos horizontais são tão importantes quanto o verticais. Ao passo que o formato retangular sugere que uma direção é mais importante que a outra. Enquanto a horizontal cria uma sensação de amplitude, a vertical cria uma de altitude. A
orientação do quadro ajuda a promover essa sensação, mas o quão amplo ou o quão alto é o espaço representado depende da proporção.
O fotógrafo Tiago Santana utilizou uma câmera panorâmica, cuja proporção é 3:1, para produzir as fotografias que integram o livro
Céu de Luiz. A escolha do formato pouco usual foi bastante adequada para a série de imagens. Nelas, a amplitude dos espaços representados se contrapõe aos cortes intempestivos e secos que incidem sobre os corpos. É por meio dessa tensão, entre o espaço e o homem, que Santana alcança e nos revela o tema de sua obra: a vida sertaneja.
O livro, porém, não é composto somente por imagens panorâmicas, mas também por algumas fotografias um pouco menos estreitas, cuja proporção é 2:1, e outras quadradas, 1:1. O fotógrafo certamente se orientou pelo formato do quadro que observava pelo visor e que era determinado pela câmera para elaborar a composição das imagens que produziu. Entretanto, isso não lhe impediu de depois, no laboratório, propor novas composições a imagem que ele havia capturado.
Fotografe a mesma cena utilizando diferentes proporções. Tente adaptar a mensagem que deseja transmitir à proporção escolhida.
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