Henri Cartier-Bresson

Considerado um dos mais renomados fotógrafos da história, tanto no campo artístico como jornalístico, Bresson conseguiu sempre captar o “momento decisivo”.

Considerado um dos mais renomados fotógrafos da história, tanto no campo artístico como jornalístico, Bresson conseguiu sempre captar o “momento decisivo”.

Henri Cartier-Bresson nasceu em 22 de Agosto de 1908, em Chanteloup-en-Brie, França. Ainda pequeno, tirava fotos com sua câmera Box Brownie, mas não se imaginava como fotógrafo, já que sonhava ser pintor. Ele conta que  decidiu se tornar fotógrafo após ver a foto “Três garotos no Lago Tanganyika”, de Martin Munkacsi, na época ele tinha 23 anos de idade.

 Multidão jogando flores durante o cremação de Mahatma Gandhi,
Henri Cartier Bresson, Delhi, India, 1948

Em 1937, ele publica seu primeiro trabalho fotojornalístico,  a coroação da rainha Elisabeth. Alguns anos mais tarde, ele lutou na segunda guerra mundial, período no qual foi feito prisioneiro. Alguns anos depois, em 1947, ele lançou o documentário “The Return” e seu primeiro livro “Fotografias de Henri Cartier-Bresson”. Também foi neste ano que ele, Robert Capa, David Seymour, William Vandivert e George Rodger, fundaram a agência Magnum, considerada até hoje uma das mais importantes agências fotográficas do mundo.

Para fazer as suas fotos, ele sempre buscava o “instante decisivo”, que seria o momento exato em que uma cena se definiria como um todo, talvez tenha sido por essa busca, que ele se tornou um dos mais renomados fotojornalistas da história.

Liberação de Prisioneiros de Guerra Alemães, Henri Cartier Bresson, Alsácia, França, 1944
Dança Barong, Henri Cartier-Bresson, Delhi, India, 1949
Liberação de Paris, Henri Cartier-Bresson, Paris, França, 1944
Mulher muçulmana na encosta da colina Hari Parbal, Henri Cartier-Bresson, India, 1948
Henri Cartier-Bresson, Sevilha, Espanha, 1933

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

Links, Referências e créditos

Como citar esta postagem

CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Henri Cartier-Bresson. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/henri-cartier-bresson/>. Publicado em: 31 de maio de 2021. Acessado em: [informar data].

Hill e Adamson: Arte e técnica

A parceria de Hill e Adamson é um exemplo de como as competências artísticas e técnicas precisam caminhar juntas para se fazer uma boa foto.

A parceria de Hill e Adamson é um exemplo de como as competências artísticas e técnicas precisam caminhar juntas para se fazer uma boa foto.

David Octavius Hill e Robert Adamson, foram dois fotógrafos escoceses, que em apenas 4 anos de parceria, produziram mais de 3000 fotografias. Feitas com a técnica da calotipia, suas fotos abrangiam os mais diversos temas, como retratos, desde pessoas da nobreza a trabalhadores comuns, paisagens, arquitetura e cenas de rua.

Auto Retrato de Robert Adamson (Direita) E David Hill (Esquerda), 1845

Hill nasceu em 1802, na cidade de Perth, na Escócia, e era um pintor bem sucedido. Um dos motivos de seu sucesso foi a maneira como ele tratava seus clientes, tendo ficado conhecido por ser muito educado e gentil.  Já Robert Adamson nasceu em 1821, na cidade de St Andrews. Ele queria seguir carreira de engenheiro, mas devido a sua saúde frágil acabou desistindo. Foi em 1842 que seu irmão John lhe ensinou a técnica do calótipo para produzir fotografias, ele então decide seguir carreira na área, tendo sido instruído pelo próprio Fox Talbot, o inventor da técnica.

A parceria dos dois começou quando Hill decidiu fazer uma pintura com 190 ministros e dignitários escoceses. Um amigo do pintor recomendou os serviços do fotógrafo para ajudar na feitura do quadro. Robert fotografou individualmente todos os ministros e Hill os pintou, o quadro só ficou pronto mais de 20 anos depois. Infelizmente a parceria dos dois durou apenas 4 anos, já que Robert morreu ainda muito novo no ano de 1848. Depois da morte do amigo, Hill, continuou com a carreira de fotógrafo, porém nunca conseguiu o mesmo sucesso e acabou se estabelecendo apenas como pintor até sua morte em 1870.

Hill e Adamson, Praia de Newhaven, 1843-48
Hill e Adamson, construção do Monumento de Sir Walter Scoot, 1843
Hill e Adamson, James Linton com seus filhos e um Barco, 1844
Hill e Adamson, Cemitério Graydrirs’, Hil (esquerda) com suas sobrinhas e um homem desconhecido, 1843-48
Hill e Adamson, Mrs. Elizabeth Cockburn Cleghorn com John Henning como Miss Wardour e Eddie Ochiltree de Sir Walter Scott’s “The Antiquary”, 1846
Hill e Adamson, Lorde Cockburn em Bonaly, 1846

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Como citar esta postagem

CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Hill e Adamson: Arte e técnica. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/galeria-hill-e-adamson-arte-e-tecnica/>. Publicado em: 06 de abr. de 2021. Acessado em: [informar data].

Gold: Sebastião Salgado

Em sua última obra publicada, o fotógrafo Sebastião Salgado evidencia a opressão sofrida por trabalhadores do Garimpo de Serra Pelada.

Em sua última obra publicada, o fotógrafo Sebastião Salgado evidencia a opressão sofrida por trabalhadores do Garimpo de Serra Pelada.

Essa foto foi tomada no ano de 1986, quando Sebastião Salgado visitou o garimpo de Serra Pelada, no sudeste do Pará, enquanto produzia imagens para seu livro “Trabalhadores”, publicado em 1996. Mais de 30 anos depois, em 2019, o fotógrafo mineiro publica uma nova obra, chamada Gold com esta e outras fotografias, algumas já publicadas e umas inéditas.

Foto de Sebastião Salgado, Sem Título, Garimpo de Serra Pelada, 1986

Sebastião não foi o primeiro a retratar o garimpo de Serra Pelada, o pioneirismo foi do fotojornalista português naturalizado brasileiro, Juca Martins, que conseguiu acesso alguns anos antes. Talvez o que difere o trabalho de um e de outro, seja o fato de Salgado não ver o local apenas como um fotógrafo ou jornalista, mas como um economista que possui um olhar treinado para perceber como o capitalismo explora a força de trabalho.

Esse seu modo de retratar as pessoas já rendeu a ele algumas críticas, como as da escritora Susan Sontag que o acusou de estetizar a miséria. No entanto, nessa imagem, e em toda a série de fotos, por mais que seja mostrada a miséria de muitos, é possível observar como o fotógrafo busca mostrar a força e empoderar o trabalhador através de pequenas nuances.

Não se pode afirmar, se foi proposital, ou apenas obra do acaso, mas o fotógrafo está em uma posição abaixo das pessoas fotografadas, captando-as em um ângulo conhecido como contra-plongée. Assim, o garimpeiro, que já parecia enorme em comparação com o guarda, toma uma dimensão ainda mais grandiosa. Além do ângulo de visão, também existem alguns outros detalhes técnicos pensados para dar ainda mais magnitude ao trabalhador.

Através de uma fotometria muito bem calculada, uma luz suave e com o uso do preto e branco, que é excelente para realçar textura, temos uma foto com contraste muito suave, realçando a musculatura do trabalhador fazendo com que ele pareça ainda mais forte. Tudo isso se complementa com o ato de rebeldia feito por ele.

Na foto vemos um dos trabalhadores desafiar a ordem imposta pelo estado segurando o cano da arma do policial. Vista de maneira subjetiva, nessa imagem percebe-se a força dos trabalhadores como um todo, a capacidade que eles possuem para desafiar o sistema que os oprime. O que fica ainda mais interessante pelo fato de Sebastião a compor em um plano médio com uma grande profundidade de campo, mostrando os rostos dos trabalhadores que estão ao redor, captando uma enorme gama de emoções em seus rostos.

Como Sebastião narra no texto de introdução do livro Gold, existiam postos da polícia militar espalhados por todo garimpo. Os agentes do estado eram colocados lá para manter a ordem e proteger os interesses da Companhia Vale do Rio Doce, que exercia enorme influência econômica e política no estado do Pará.

Por fim vemos uma foto, feita por um fotógrafo que sabe muito bem como utilizar elementos compositivos, tanto quanto técnicos, que é capaz de perceber a força e a esperança em meio a miséria e o caos e que consegue transformar alguns milésimos de segundo em uma forte crítica a todo um sistema e a sociedade que o sustenta.

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Links, Referências e Créditos

  • https://brasil.elpais.com/brasil/2019/07/17/opinion/1563391633_402162.html
  • https://www.uol.com.br/urbantaste/noticias/redacao/2019/08/15/exposicao-de-sebastiao-salgado-retrata-sonhos-e-caos-em-busca-do-ouro.htm
  • https://www.youtube.com/watch?v=HAMZQZCYqiU&amp;t=5s
  • https://www.youtube.com/watch?v=mxTG1JKdGgc
  • Livro: SALGADO, Sebastião, SALGADO, Lélia Wanick. Gold, 2019, Editora Taschen

Como citar esta postagem

CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Gold: Sebastião Salgado. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/leitura-gold-sebastiao-salgado/>. Publicado em: 25 de maio .

Juca Martins

Manoel Joaquim Martim Lourenço, nasceu em 1949 em Portugal e aos 7 anos de idade se mudou com a família para São Paulo.

Fotografou importantes momentos históricos, e ajudou a fundar a F4, uma cooperativa de fotógrafos que lutou pelos direitos desses profissionais.

Manoel Joaquim Martim Lourenço, nasceu em 1949 em Portugal e aos 7 anos de idade se mudou com a família para São Paulo. Ele se tornou fotografo em 1970, e durante sua carreira fotografou para jornais como Folha de São Paulo e Jornal da Tarde, além de revistas como Veja e Quatro Rodas.

Na foto podemos ver os rostos de vários manifestantes, enquanto eles carregam uma faixa com a frase "Abaixo a ditadura" 
Juca Martins, Movimento pela Anistia, Praça da Sé, São Paulo 1979

Juca sempre foi muito politizado, suas fotografias na maioria das vezes retratam lutas sociais, como as  manifestações contra a ditadura militar e a greve dos trabalhadores do ABC paulista. Ao longo de sua carreira ele foi diretor de arte do jornal o Movimento, que era um dos principais jornais feitos em oposição ao golpe militar de 1964, foi vencedor do prêmio ESSO em 1981 por sua reportagem sobre Crianças abandonadas, e cobriu a guerra Civil em El salvador, que lhe rendeu o prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos em 1982.

Também foi um dos principais fundadores da Agência F4, que garantiu aos fotógrafos e fotografas o direito ao negativo,  uma tabela de preços para a comercialização das fotos e, além de outros direitos que esses trabalhadores não recebiam, um controle criativo maior sobre suas fotos.

Na foto vemos cinco pessoas no acostamento de uma estrada, com os braços esticados pedindo esmolas, enquanto um carro de luxo troca de faixa para se distanciar deles. 
Juca Martins. Flagelados da seca do Ceara, 1983
A imagem é composto por vários rostos dos operários parados um do lado do outro. 
Juca Martins, Greve de metalúrgicos da Volkswagen São Bernardo do Campo 1985
Na foto podemos ver 4 policiais armados em primeiro plano e ao fundo uma criança carregando uma arma de brinquedo.
Juca Martins, Intervenção Policial no Sindicato Dos Metalúrgicos São Bernardo do Campo 1980
Na foto em primeiro plano estão quatro policiais acompanhados de cachorros, na frente deles há mais um cordão formado por policiais e logo depois manifestantes parados lado a lado nas escadas de uma igreja. 
Juca Martins, Movimento contra o custo de vida Praça da Sé 1978
Na foto vemos vários trabalhadores em fila, estando 3 deles em primeiro plano e apoiados em uma pedra olhando para câmera.
Juca Martins, Garimpo de Ouro Serra Pelada Pará  1980
Na foto podemos ver dois policiais se ajoelhando em cima de uma travesti, que esta no chão com as mão atrás das costas
Juca Martins, Prisão de uma Travesti, São Paulo SP Juca Martins 1980

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Links, Referências e Créditos

  • https://utopica.photography/pt/artistas/juca-martins/
  • https://ims.com.br/titular-colecao/juca-martins/
  • http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8369/juca-martins
  • http://jucamartins.com/
  • https://focusfoto.com.br/o-fotojornalismo-independente-os-novos-caminhos-e-as-agencias-de-fotografos/

Como citar esta postagem

CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Juca Martins. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/galeria-juca-martins/(abrir em uma nova aba)>. Publicado em: 27 de jan. de 2021. Acessado em: [informar data].

Profundidade de Campo

A profundidade de campo é a área antes e depois do plano focado que pode ser considerada em foco.

A profundidade de campo é um assunto importantíssimo na hora de fotografar, nessa postagem vamos analisar vários fatores relativos a ela.

Essa é a segunda publicação do Cultura Fotográfica sobre este assunto, então para melhor compreendimento vale a pena ler a primeira, na qual falamos sobre como aplicar o efeito de fundo desfocado configurando a lente para uma abertura máxima, com a maior distância focal possível e se aproximando o máximo possível do objeto. Agora vamos nos aprofundar um pouco mais no assunto.

Em primeiro plano vemos um homem encostado em uma parede, com uma placa no pescoço. Mais ao fundo, mesmo estando desfocadas, vemos várias pessoas transitando.
Henri Cartier-Bresson, Desempregado em Hamburgo, Alemanha 1952-1953

A profundidade de campo é a área antes e depois do plano focado que pode ser considerada em foco. Pense que um plano focado de uma imagem é formada por milhares de pequenos pontos, e conforme a distância em relação a ele vai aumentando os pontos se tornam círculos, quando esses ficam muito grandes, temos o que chamamos de círculo de confusão, a partir daí a imagem está desfocada.

O círculo de confusão poderá variar de tamanho devido a vários fatores. O tamanho no qual a foto será exibida é um deles por isso uma foto que pareça desfocada na tela de um computador pode não parecer vista em um celular.

Entender bem esses conceitos ajuda na hora de decidir a configuração que vamos usar na hora de fotografar. No caso de paisagens, por exemplo, é ideal usar grandes profundidades de campo para que toda a cena esteja nítida, também é necessário pensar bem onde colocar o foco da câmera, se você focar em um objeto próximo, mesmo com uma grande profundidade de campo, é possível que os objetos mais distantes estejam desfocados e vice versa.

Já no caso de retratos, muitas vezes uma curta profundidade de campo pode ser a melhor escolha, mas cuidado, caso ela seja muito curta pode ser que uma boa parte do rosto de uma pessoa fique desfocado.

Henri Cartier-Bresson, famoso fotógrafo francês responsável por algumas das mais icônicas fotos da história e um dos fundadores da agência Magnum, que é considerada uma das mais importantes agências de fotografia da história, tem em seu portfólio várias imagens na qual podemos observar profundidades de campo muito bem calculadas.

Quatro mulheres vestindo roupas brancas que cobrem todo o corpo, estão paradas na encosta duma colina. Uma delas está com as mão erguidas em sinal de oração. Ao fundo podemos ver uma vale cheio de árvores e um rio, além da silhueta de uma cadeia de montanhas.
Henri Cartier-Bresson, Mulher muçulmana na encosta da colina Hari Parbal 1948

Ainda que nessa foto os objetos principais sejam as quatro mulheres, percebesse o uso de uma longa profundidade de campo. Mesmo não estando completamente nítidos, o vale  abaixo delas e o céu contribuem muito para a composição, se eles tivessem sido retratadas com um fundo completamente desfocado a foto não teria tanto impacto.

Na foto vemos dois homen, um deles está de costas e desfocada, já  o outro está em foco de frente para a câmera, ele está vestindo um grosso casaco de pele e fuma um cachimbo. Atrás podemos ver alguns lampiões de iluminação e o telhada de alguma construção.
Henri Cartier-Bresson Jean-Paul Sartre, Paris, 1946

Essa situação é diferente, o objeto principal da foto é o escritor Jean-Paul Sartre, mas há  um homem entre a câmera e ele. Utilizando uma pequena profundidade de campo Bresson consegue contornar esse fator,  mesmo não estando em primeiro plano Sartre é colocado como principal objeto da foto. 

Então na hora de sair para fotografar não se esqueça de prestar muita atenção  na profundidade de campo, ela é um fator importantíssimo na hora de destacar ou esconder detalhes. E vale lembrar que, assim como o círculo de confusão varia com o tamanho com que uma foto é impressa, a profundidade de campo também varia.

Links, Referências e Créditos

Como citar esta postagem

CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. #fotografetododia – Profundidade de Campo. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em <https://culturafotografica.com.br/fotografetododia-profundidade-de-campo/>. Publicado em: 18 de jan. de 2021. Acessado em: [informar data].

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A Cores ou P&B

Já ficou em dúvida na hora de optar por fotos a cores ou em preto e branco? O texto de hoje é para você!

Já ficou em dúvida na hora de optar por fotos a cores ou em preto e branco? O texto de hoje é para você!

Já ficou em dúvida na hora de optar por fotos a cores ou em preto e branco? O texto de hoje é para você!

Os primeiros filmes fotográficos coloridos a serem comercializados foram os autocromos dos irmãos Lumiére que suurgiram em 1907, mas a fotografia colorida só começou a fazer mais sucesso com o grande público em 1942 com o lançamento do Kodacolor. Muitos fotógrafos se recusaram a fotografar com filmes coloridos em um primeiro momento. Henri Cartier Bresson foi um deles. Ele escreveu em seu livro “O Momento Decisivo” (1952) que filmes coloridos não deveriam ser usados devido aos tempos de exposição mais longos que eram necessários. Hoje, com a tecnologia digital, o sensor capta as informações de cor que podem ou não ser desprezadas caso deseje-se que a fotografia seja em PB. O próprio Bresson acabou cedendo e fotografou em cores posteriormente.

As fotos em cores caíram no gosto popular, e ao longo da década de 70 a maioria esmagadora das revistas publicaram fotos coloridas em suas capas e fotorreportagens, já que elas eram mais atrativas para o público e a tecnologia avançou e permitiu a impressão de fotos em alta definição. Com isso, o preto e branco passou a ser considerado obsoleto. Ainda assim, a fotografia em P&B não foi totalmente abandonada. Hoje, a decisão de  se produzir uma imagem com cores ou sem elas não implica necessariamente uma limitação tecnológica. Ao contrário, princípios de composição e sentidos estéticos as tornam distintas da fotografia em cores.

Talvez você já tenha ouvido falar em cores primárias e secundárias, em tons quentes e tons frios e até mesmo na psicologia das cores. É  possível começar a perceber que a composição visual e as cores presentes na foto podem fazer toda a diferença no resultado final. As fotos coloridas são ideais caso deseje-se passar sensações térmicas como calor e frio, sendo responsáveis pela sugestão de sensações que podem dizer tanto de um horário ou localidade geográfica, clima e até mesmo emoções humanas. Uma foto tirada durante o dia, em uma praia, mostrando uma família brincando feliz, usualmente trará a presença de cores quentes, como o laranja e o amarelo, enquanto uma foto mostrando uma pessoa em estado introspectivo, lendo um livro em um dia frio e chuvoso provavelmente terá cores frias, como tons de azul.

Ainda nesse sentido, as cores podem auxiliar na produção de uma narrativa fotográfica, já que as cores carregam significados, sendo cores quentes usualmente ligadas à sentimentos alegres, festivos e apaixonantes, enquanto as cores frias estão ligadas à tranquilidade, à introspecção ou à tristeza. Em geral, as fotos coloridas também prendem a atenção, em especial quando são trabalhados os contrastes e harmonias entre as cores.

Um exemplo de fotógrafo que trabalha bastante com a cor  é o norte-americano David LaChapelle, que vem trabalhando com fotografia desde a década de 80 e tem um trabalho que mistura referências da arte clássica, barroca e elementos da cultura pop. LaChapelle trabalha sobretudo com fotos com cenários montados e muita pós produção, com tratamento de imagem e um uso de contraste forte, brilhante e chamativo nas cores, o que as dá ares de fantasia.

Uma mulher adulta negra está com uma mão dada à uma menina negra em meio à uma rua. Ambas estão de frente para a câmera, usam roupas cor de rosa chamativas que contrastam com o restante da imagem. Há quatro casas ao fundo, sendo a primeira do lado direito encoberta por um tecido da mesma cor que a das roupas das modelos. 
David LaChapelle. This is My House. 1977.

Na fotografia “This is My House”, é possível notar como a cor é um elemento chamativo e importante. Há uma harmonia nos tons pastéis do ambiente, como nas três casas vistas ao fundo, mas o tom de rosa elétrico presente nos trajes das modelos, uma mulher adulta e uma menina, ambas negras, também presente na casa na extremidade direita da imagem, roubam a cena e fazem com que a atenção concentre-se sobretudo nelas, permitindo também compreender que a casa, aparentemente envolta por completo em um tecido cor de rosa, é provavelmente a mencionada no título da obra. A casa onde residem as personagens retratadas, que posam para a câmera com atitude.

Já as fotos em preto e branco não transmitem a temperatura de uma cena, mas elas tem suas vantagens. Cores podem desviar a atenção do objeto principal da foto, mas isso não acontece no caso das fotos em preto e branco. Muitos fotógrafos preferem a ausência de cores na hora de fazer retratos, pois assim, há destaque para as expressões faciais ou padrões e formas geométricas.

Outra vantagem da ausência de cores nas fotos é que o contraste entre os locais iluminados e escuros fica muito mais claro. Por isso, fotos em preto e branco são excelentes quando o objetivo principal é retratar como a luz está se comportando. Do ponto de vista técnico, o preto e branco tem a vantagem de apresentar menos ruído que as fotos coloridas, além de ser uma escolha interessante para fotógrafos que pretendem usar a técnica do High Dynamic Range nos softwares de edição, já que o resultado da mesclagem de fotos em preto e branco tende a ser mais sutil que o das fotos coloridas.

O famoso fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado é um dos principais nomes da fotografia em preto e branco da atualidade. Todos os seus fotolivros publicados até hoje são compostos inteiramente de imagens em P&B. Segundo ele, esse tipo de fotografia faz com que o espectador tenha uma conexão maior com o objeto fotografado, seja ele uma pessoa, um animal ou uma paisagem. Muitos ainda consideram Salgado como sendo o responsável por reviver a fotografia em preto e branco depois que as coloridas tomaram conta dos jornais e revistas.

Na foto podemos ver um homem parado com as mãos na cintura olhando diretamente para a câmera. Ele está coberto de lama, em sua cabeça está amarrado um pano, ele usa uma camiseta que está amarrada, e um short. O fundo está desfocado, mas podemos perceber que existem vários homens trabalhando no local.

Sebastião Salgado, Serra Pelada, 1986

Nessa foto, podemos ver várias das mais importantes características das fotos em preto e branco. O olhar do homem é o que mais chama a atenção devido ao grande contraste entre o branco da esclera e todo o ambiente à sua volta. A textura de suas roupas também é muito importante para a composição da foto, pois mostra bem como o homem está coberto de lama e isso ajuda a perceber as difíceis condições de trabalho em Serra Pelada.

E você? Prefere fotos coloridas ou em preto e branco? Conta pra gente aqui nos comentários! E não se esqueça de seguir o Cultura Fotográfica lá no Instagram!

Texto escrito em co-autoria com Pedro Olavo. 

Links, Referências e Créditos

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Parasita

É um filme de suspense e drama sul-coreano de 2019 com direção de Bong Joon-ho e cinematografia de Kyung-pyo Hong.

Vencedor de melhor filme do Oscar em 2020, não só apresenta uma narrativa ímpar como também uma direção de fotografia excelente.

É um filme de suspense e drama sul-coreano de 2019 com direção de Bong Joon-ho e cinematografia de Kyung-pyo Hong. Parasita foi uma das grandes surpresas do Oscar 2020, ninguém esperava que um filme não falado em inglês pudesse ganhar a principal premiação, mas ele superou todas as expectativas e além do prêmio de melhor filme também ganhou como melhor diretor, roteiro original e filme internacional.

No poster podemos ver vários personagens do filme parados em um gramado na frente de uma casa. Todas as pessoas estão com tarjas pretas no rosto.
Pôster do Filme

O filme  retrata a vida precária da família Kim que é composta por quatro integrantes. O pai (Ki-taek), a mãe (Chung-Sook), a filha (Ki-Jung) e o filho (Ki-Woo). Eles vivem em uma espécie de porão muito sujo e apertado e enfrentam problemas financeiros já que todos estão desempregados. A história começa a se desenrolar quando, por uma indicação de um  amigo, Ki-Woo começa a dar aulas de inglês para a filha dos Park, uma família de classe alta. Encantados com a luxuosa vida deles, os Kim pensam em um plano para entrar no âmbito familiar da rica família, e ao decorrer do filme, todos eles conseguem um espaço ao redor da família burguesa.

O filme carrega uma forte crítica ao gigantesco abismo social que há entre as parcelas mais ricas e mais pobres da sociedade, que é percebida durante toda a narrativa. A direção cria metáforas visuais que completam a mensagem transmitida pelo roteiro. A começar pelo usa das linhas, que aparecem sempre entre os personagens mais ricos e mais pobres para simbolizar a segregação que ocorre entre eles e como eles parecem não pertencer ao mesmo lugar. Outro artifício fotográfico é a variação dos ângulos da câmera. Os Kim quase sempre aparecem em plongée enquanto os Parks aparecem em contra plongée.

A iluminação também desempenha um papel importante nas metáforas visuais. A casa dos Kim sempre está como pouca iluminação, as cenas que se passam lá sempre são cheias de sombras, já a dos Park sempre está bem iluminada, e o diretor fez questão de gravar todas as cenas diurnas na casa com iluminação natural, já que a luz do sol é citada na história como um fator motivante para a família dos Kim.

a cena vemos a Sra Park segurando uma cachorro enquanto fala com KI-Woo, que está de costas para a câmera. 
Cena do Filme

Nessa cena podemos ver a importância da luz do sol na narrativa, quando Ki-Woo entra na casa dos Park pela primeira vez a câmera o acompanha subindo as escadas em contraluz, e com isso podemos perceber a enorme incidência de luz no lugar.

Na cena vemos a Sra Park segurando uma cachorro enquanto fala com KI-Woo, que está de costas para a câmera. 
Cena do Filme

Já nessa cena vemos claramente a alça da geladeira formando uma linha imaginária separando Ki-Woo de sua chefe.

Na cena vemos o pai Ki-Teak olhando por uma janela que fica no mesmo nível que a rua.
Cena do Filme

E aqui podemos ver o ângulo da câmera em plongée, que diminui o personagem, e o efeito ainda é maximizado já que ele está abaixo do nível do chão.

Parasita é um filme excelente que leva o espectador a refletir sobre o funcionamento da sociedade em que vivemos. Ele consegue prender muito bem a atenção, faz você torcer contra ou a favor dos personagens de uma maneira brilhante do início ao fim o filme surpreende seja pela bela fotografia, ou pela história cheia de plot twists.

Links, Referências e Créditos

Como citar essa postagem

HELENA, Beatriz. Parasita. Cultura Fotográfica. Publicado em: 18 de dez. de 2021. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/parasita/. Acessado em: [informar data].

Marc Ferrez

Marc Ferrez foi um grande responsável por criar a identidade visual brasileira de sua época, tendo retratado desde paisagens a celebridades de sua época.

Marc Ferrez foi um grande responsável por criar a identidade visual brasileira de sua época, tendo retratado desde paisagens a celebridades de sua época.

Marc Ferrez nasceu em sete de dezembro de 1843, aos sete anos de idade seus pais morreram e ele se mudou para Paris, onde morou com a família do escultor e gravador de medalhas Joseph Eugène Dubois. Foi lá onde ele provavelmente teve seus primeiros contatos com a fotografia e começou a estudar a seu respeito. Em 1860 retorna ao Brasil e se estabeleceu como fotógrafo.

Na foto vemos Marc Ferrez com os cabelos penteados para trás e uma longa barba. Ele está vestido com um terno  preto e uma gravata borboleta.
Marc Ferrez, autorretrato, 1876

Durante o período que passou na França, Ferrez teve contato com as mais novas tecnologias de fotografia, como por exemplo o flash de magnésio e as placas secas coloridas dos irmão Lumiere. Mas seus esforços foram concentrados principalmente na técnica de fotografia panorâmica, que lhe rendeu uma medalha de ouro na Exposição Universal da Filadélfia do ano de 1876, quando ele apresentou uma fotografia panorâmica da cidade do Rio de Janeiro.

Suas fotos foram importantes para criar a identidade visual do Brasil de sua época. Ele fotografou a modernização da cidade do Rio de Janeiro, retratou pessoas importantes, como o Imperador D. Pedro II e sua família, além de ter sido o primeiro a fotografar os indígenas Bororos quando fez parte da Comissão Geológica e Geográfica que percorreu o Brasil de Norte a sul. 

Na foto vemos uma criança indígena, se vestindo com roupas típicas de seu povo. Ela usa adornos de penas na cabeça e nos braços, e em seu pescoço estão vários colares.
Marc Ferrez Menino Índio, c. 1880
A foto mostra vários navios ancorados no porto. Suas velas estão recolhidas e os mastros são refletidos na água, que está muito calma.
Marc Ferrez, Porto de Santos, 1880
Um homem de chapéu está ajoelhado olhando para baixo, atrás dele vemos uma baía, a água do mar parece estar calma e na outra margem pode-se ver a cidade de Recife.
Marc Ferrez Charles F. Hartt, com a cidade do Recife ao fundo, durante levantamento da Comissão Geológica do Império Recife – PE – Brasil – 1875
Várias pessoas trajando roupas finas, como ternos e vestido, posam para a foto, alguns estão em pé outros sentados alguns olham para a cãmera e outros não, atrás deles vemos várias plantas de diferentes espécies.
Marc Ferrez, Imperatriz Teresa Cristina e o Imperador Dom Pedro 2°  com a princesa Isabel e a família no Paço Imperial, 1887
Podemos ver a cidade do Rio de Janeiro de uma posição muito elevada. Mais ao loje se destaca o Pão de Açúcar, famoso cartão postal da cidade
Marc Ferrez, Panorama da Cidade do Rio de Janeiro, 1885

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Sensores Digitais

Durante a guerra fria os pesquisadores precisavam que as sondas espaciais  mandassem  imagens até a Terra, para isso foi criado o sensor CMOS, capaz de converter ondas luminosas em informação digital que era enviada por meio de ondas de rádio e depois (re)convertidas em imagens.

Hoje, graças ao sensores digitais, podemos armazenar e compartilhar imagens com muito mais facilidade, por isso vale a pena saber mais sobre essa tecnologia.

Durante a guerra fria os pesquisadores precisavam que as sondas espaciais  mandassem  imagens até a Terra, para isso foi criado o sensor CMOS, capaz de converter ondas luminosas em informação digital que era enviada por meio de ondas de rádio e depois (re)convertidas em imagens. Foi em 1965 que, pela primeira vez, a sonda Mariner 4, usando essa tecnologia, enviou imagens da superfície de Marte, porém as fotos não poderiam ser consideradas digitais, já que também usavam processos analógicos.

Na foto uma pessoa segura um sensor digital com a penas a ponta de um dedo e logo atrás podemos ver uma câmera compacta da Nikon. 
Foto de Eugen Visan por Pixabay

A primeira câmera totalmente digital foi feita em 1975 pela Kodak ela usava o sensor CCD, o sucessor do CMOS, e podia fazer imagens de 0,01 megapixels, mas nunca foi comercializada, pois os executivos da empresa acreditavam que a invenção poderia atrapalhar na venda dos filmes fotográficos, essa hesitação em adotar a tecnologia digital  foi uma das principais causas da falência da empresa anos depois

Em 1981, a Sony lançou a primeira câmera digital para o público, porém ela era extremamente cara. Somente na década de 1990, as câmeras digitais passaram a ter preços mais acessíveis. Hoje elas dominam o mercado. A maioria delas é equipada com um sensor CMOS. Hoje também temos uma grande variedade de tamanho de sensores, e isso pode influenciar muito na hora de fotografar. Quanto maior o sensor,  maior é o alcance dinâmico, menor o índice de ruído em ISOs altos, e  menor a profundidade de campo.

Na foto podemos ver uma mulher segurando a câmera Mavica em uma mão e um disquete na outra. 
Campanha publicitária da câmera Mavica

A variação de tamanho nos sensores causa algo chamado fator de corte. Esse fator altera o ângulo de visão proporcionado por um objetiva, por exemplo, nas câmeras DSLR os dois tipos de sensores mais comuns são os Full Frame (FF) e os APS-C, uma lente de distância focal 35mm não sofreria nenhuma alteração em um sensor FF, pois ele é o tamanho padrão, mas teria o aspecto de uma lente de 56mm, que tem um ângulo de visão menor, em um sensor APS-C, que é um pouco menor que o FF.  Essa relação entre sensores pode variar com as marcas, por exemplo, no caso de sensores APS-C Canon a relação é de 1,6, já nos sensores APS-C Nikon e Sony a relação é de 1,5.

Hoje a maioria dos fotógrafos usam câmeras digitais, pelo fato de elas permitirem uma fácil organização de arquivos, e por produzirem imagens de excelente qualidade, mas esse não é o caso do fotógrafo japonês Daido Moriyama que diz que não se importa com a qualidade imagética que as mais modernas DSLR podem trazer, para ele o que mais importa é que a câmera seja leve, fácil de carregar e discreta, por isso só fotografa usando câmeras compactas. Ele iniciou a carreira com as versões analógicas, mas com o avanço da tecnologia rapidamente passou a usar os modelos digitais.

Na foto podemos ver uma escada na parte esquerda, e uma rua estreita na parte direita. A foto foi tirada a noite, pois podemos ver vários postes de luz acessos.
Daido Moriyama , 2017 Getsuyosha

Se olharmos a foto acima com atenção vemos que a imagem possui uma grande quantidade de ruído que acontece pelo fato de Daido usar uma câmera compacta com um sensor bem pequeno. Mas o ruído não é um problema, já que toda a estética dele se baseia em imagens cheias de ruído, muitas vezes tremidas e com grande contrastes.

Esse é um exemplo interessante de como uma boa foto nem sempre precisa dos equipamentos mais caros, mesmo câmeras compactas ou de celulares podem trazer resultados muito interessantes, e agora graças aos sensores digitais, que ajudaram a baratear a fotografia,  uma parcela bem maior da população pode ter acesso a câmeras, e usar a criatividade para produzir as mais criativas fotos. 

Links, Referências e Créditos

Como citar esta postagem

CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Sensores Digitais. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/fotografetodia-sensores-digitais/>. Publicado em: 07 de dez. de 2021. Acessado em: [informar data].

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