Guerra de travesseiros

Fotografia que mostra um momento singelo da banda inglesa  The Beatles.

Fotografia que mostra um momento singelo da banda inglesa  The Beatles.

A fotografia abaixo foi tirada por Harry Benson em 1964, ela mostra os Beatles, uma das bandas mais importantes da cultura pop, durante uma divertida guerra de travesseiros no hotel George V em Paris. Os integrantes dos Beatles estavam eufóricos por causa da notícia de que a música “I want to hold your hand” tinha ficado em primeiro lugar nas paradas de sucesso dos Estados Unidos.

Na fotografia que está em preto e branco, podemos ver os quatro integrantes da banda inglesa os Beatles no meio de uma guerra de travesseiros. Ringo, George, Paul e John estão descalços e vestindo pijamas. Todos parecem se divertir muito.
Harry Benson

Na fotografia que está em preto e branco, podemos ver os quatro integrantes da banda no meio de uma guerra de travesseiros. Ringo, George, Paul e John estão descalços e vestindo pijamas. A felicidade e a diversão estão estampadas nos rostos dos jovens. Isso pode ser notado através da gargalhada dada por George e as feições brincalhonas de Ringo e de Paul.

Na época, a banda inglesa estava começando a fazer sucesso mundialmente. Logo, os Beatles se tornaram uma febre conhecida como a “Beatlemania”, responsável por levar milhares de pessoas aos shows e  vender milhões de discos musicais. A foto remete a uma época em que a banda não tinha muitos atritos e brigas e nem o peso da fama nas costas, por causa disso, penso que a sensação de leveza e de cumplicidade é mais perceptível na fotografia.

 O sentimento de aconchego e de euforia me chamou a atenção, pois ver os integrantes da banda em um momento de intimidade e de afeto me fez lembrar dos instantes em que ouvia as músicas dos Beatles na companhia de minha avó. Enquanto ouvíamos suas canções no rádio que ficava na cozinha, ela me contava sobre as doces lembranças de seu passado e de como, de certa maneira, os Beatles também estavam presentes nos momentos da juventude dela. Em conclusão, ver esta fotografia íntima e divertida da banda me remete diretamente para esses instantes de afeto e diálogo com a minha avó.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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DE PAULI, Beatriz Helena. Guerra de travesseiros. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:https://culturafotografica.com.br/guerra-de-travesseiros/. Publicado em: 6 de abr. de 2022. Acessado em: [informar data].

Passeata dos cem mil

Fotografia que retrata um importante protesto contra a ditadura militar brasileira.

A fotografia tirada por Evandro Teixeira mostra a passeata dos cem mil, uma manifestação contra a ditadura militar,  que aconteceu no Rio de Janeiro no dia vinte e seis de junho de 1968.

A fotografia é toda composta por uma multidão de manifestantes e há um cartaz e nele está escrito “abaixo a ditadura, povo no poder”.
Evandro Teixeira

No dia 28 de março de 1968, a polícia militar (PM) invadiu o restaurante universitário Calabouço, onde estudantes protestavam contra o preço das refeições. No confronto, o comandante da PM, Aloísio Raposo, matou o estudante Edson Luís com um tiro no peito. Por causa desse chocante assassinato, o movimento estudantil começou a organizar mais manifestações.

Outro cruel acontecimento que ocorreu  vinte dias depois do assassinato de Edson Luís foi a chamada “sexta- feira sangrenta”, na qual ocorreu um protesto estudantil contra o sucateamento de verbas do ensino superior da época, que  também foi movido pelo descontentamento com a repressão dos militares, a PM prendeu muitos manifestantes e matou vinte e oito pessoas.

Devido a esses acontecimentos foi marcado para o dia vinte e seis de junho de 1968 a passeata que reuniu mais de cem mil pessoas, dentre elas estavam estudantes, artistas e trabalhadores. Nesse dia, o fotógrafo Evandro Teixeira retratou o momento em que Vladimir Palmeira, líder do movimento estudantil,  fazia um discurso contra a repressão sofrida pelo governo ditatorial da época e a favor da volta da democracia brasileira.

 O mais impressionante da fotografia é a quantidade de pessoas retratadas, principalmente porque mesmo que a foto seja feita em plano aberto, toda a sua composição está preenchida pelos manifestantes, o que pode ser um indicativo da opinião popular que na época já estava farta do regime ditatorial. Esse entendimento é reforçado pelo o cartaz onde se lê “abaixo a ditadura, povo no poder”. Me emociona ver essa quantidade gigantesca de pessoas lutando pela democracia e pela liberdade de expressão.

Vivendo em um momento no qual muitos falam que a ditadura militar foi uma época boa, o registro de tantas pessoas lutando contra esse regime ditatorial é muito necessário para que fique claro o quão horrível foi esse período de repressão. Acredito que esta fotografia seja de extrema importância, pois marca o repúdio do povo aos atos hediondos da ditadura militar, além de deixar gravado na história um momento de união entre milhares de pessoas na luta pelos seus direitos. Assim, deixo aqui parte de uma canção, cantada por Geraldo Vandré, que representa o sentimento de coletividade que é essencial para continuar com a luta por nossos direitos e contra o governo atual que fere a democracia brasileira:

“Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão”

(VANDRÉ, 1979)

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DE PAULI, Beatriz Helena. Passeata dos cem mil.Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:https://culturafotografica.com.br/passeata-dos-cem-mil/. Publicado em: 30/03/2022. Acessado em: [informar data].

Elliott Erwitt

Humor e ironia em fotos do cotidiano norte-americano.

O fotógrafo judeu Elliott Erwitt, filho de migrantes russos, nasceu em Paris no ano de 1928, mas passou a maior parte de sua infância em Milão. Mudou-se para os Estados Unidos, em 1940, com sua família para escapar das leis fascistas da época. Com isso, ele passou a juventude em Hollywood, lugar em que começou sua carreira na fotografia.

A fotografia mostra uma pessoa sentada em uma escada que possui dois degraus. Além disso, existe a presença de dois cachorros, um deles está com as patas apoiadas nas duas pernas da pessoa e a cabeça dele está na frente da face de seu dono ou dona. O outro cão está com uma coleira e sentado ao lado do indivíduo
Elliott Erwitt

Elliott também morou em Nova Iorque, onde conheceu o fotógrafo Robert Capa que o convidou para tornar-se membro da memorável agência fotográfica Magnum em 1953, da qual viria a ser presidente em 1966.

As fotografias de Erwitt são repletas de humor e de ironia, características que ele retrata nas ruas, nos cotidianos e nas vivências encontradas nos lugares em que fotografou. Em seu trabalho há a presença de muitos cachorros e suas relações com o mundo humano. Além disso, Erwitt tirou fotos figuras famosas como Che Guevara e Marylin Monroe, também fotografou retratos mais íntimos e pessoais.

A fotografia mostra dois dálmatas que estão com óculos e coleiras no pescoço. Um deles está com a língua para fora da boca  e o outro não. Ao fundo, podemos ver uma roda gigante e alguns prédios.
Elliott Erwitt

 

A fotografia mostra uma mulher, a mãe do bebê retratado, trajando um vestido estampado. Ela apoia a cabeça em um canto da cama e olha para o bebê, sua filha, que está na sua frente. No outro canto do colchão está um gato que olha para a criança também.
Elliott Erwitt
 
A fotografia mostra Che Guevara, provavelmente posando para a câmera,  sentado em um sofá. Em sua boca há um charuto e ele, vestido com uma camisa de mangas longas, não olha diretamente para a câmera.
Elliott Erwitt

 

A fotografia mostra Marylin Monroe, provavelmente posando para a câmera,  com a cabeça apoiada na parte de cima de um sofá. Seu olhar é contemplativo e ela não olha diretamente para a câmera.
Elliott Erwitt
 
 
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HELENA, Beatriz. Elliott Erwitt. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:https://culturafotografica.com.br/elliott-erwitt/. Publicado em: 28 de fev. de 2022. Acessado em: [informar data].

Mãe e filha

Retrato, tirado por Elliott Erwitt, que vai te fazer sentir aquele calorzinho no coração.

A fotografia intitulada “Mãe e filha”  foi tirada por Elliott Erwitt em seu primeiro apartamento localizado em Manhattan no ano de 1953. Ele retratou sua filha recém nascida, Ellen, sua companheira Lucienne Matthews e um gato chamado Brutus, seu bichinho de estimação. 

 
A fotografia mostra uma mulher, a mãe, trajando um vestido estampado. Ela apoia a cabeça em um canto da cama e olha para o bebê, sua filha, que está na sua frente. No outro canto do colchão está um gato que olha para a criança também.
Elliott Erwitt

 

A imagem me transmite uma atmosfera de aconchego, de conforto e de zelo,  também  mostra Lucienne abaixada e muito perto de sua filha, seu olhar transparece ternura e carinho pelo bebê. Sinto que ela sorri com a boca e com os olhos,  contemplando a pequena e doce figura que está na sua frente. 
 
O gato, mascote da família, está do lado oposto ao de Lucienne, ele aparentemente olha para a criança e por causa disso, me parece que o bebê é protegido pela mãe e pelo felino. Os dois são figuras muito importantes para que essa sensação de proteção e de afeto seja mantida na cena. O gato, a meu ver, se sente seguro e tranquilo no ambiente e na família que ele se encontra.  A iluminação singela, fraca e difusa, provavelmente vinda de alguma janela, também contribui para a atmosfera de aconchego, de serenidade e de afeto. 
 
O preto e branco da fotografia me deixou pensativa sobre algumas concepções. Por ser um retrato mais íntimo, este modo de fotografar me remeteu a uma ideia de memória, de recordação e de lembrança. Acho que no momento em que as fotografadas e o autor da foto olharem para o retrato, eles se lembrarão das sensações que sentiram, daquele momento em si. É como se fosse a materialização da subjetividade daquele instante, pois pode ser relembrado de forma mais sensorial do que objetivo.  
 
A atmosfera da fotografia me faz lembrar da figura de minha avó, dona Rosângela, pois ela é o meu primeiro exemplo de afeto, de cuidado materno e de carinho. O jeito do olhar de Lucienne para sua filha, a meu ver, é parecido com o de minha avó quando olha para as minhas tias, para minha mãe e para mim. Fico contemplando o semblante brilhante de seus olhos juntamente com o sorriso confortante que dona Rosângela faz, muitas vezes, sem nem perceber, e levo esses doces momentos dentro do meu coração e da minha lembrança. 
 
 
 #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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HELENA, Beatriz. Mãe e filha. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:https://culturafotografica.com.br/mae-e-filha/. Publicado em: 23 de fev. de 2022. Acessado em: [informar data].

Alice Brill

Fotógrafa que retratou o cotidiano da capital paulista na década de 1950 

A judia Alice Czapski Brill nasceu na Alemanha no dia treze de dezembro de 1920 e veio para o Brasil em 1934, com o intuito de fugir do governo nazista juntamente com sua família. A artista atuou como fotógrafa na cidade de São Paulo, principalmente na década de 1950.

A fotografia mostra um menino e dois homens em uma banca de jornais e revistas. O garoto está lendo uma revista enquanto apoia sua cabeça  em uma de suas mãos. Um dos homens, com os punhos nos bolsos, olha para o chão enquanto o outro, usando um chapéu, parece que olha para algo que não está na fotografia.
Alice Brill

Alice Brill, além de fotógrafa, também foi artista plástica, ensaísta e pintora. Em 1950, ela começou a trabalhar para a revista Habitat e para o Museu de Arte de São Paulo. No decorrer da sua carreira fotográfica, Brill realizou muitas exposições individuais e coletivas e teve uma grande participação na primeira Bienal da capital paulista.

Em paralelo ao seu trabalho na revista Habitat e no museu de arte de São Paulo, Alice retratou fortemente as ruas, as arquiteturas urbanas e os cotidianos paulistas. Assim, as fotografias da artista são muito importantes para mostrar as mudanças que estavam ocorrendo na cidade de São Paulo.

A fotografia mostra o que parece ser uma fila de pessoas.  No primeiro plano há uma mulher, com os óculos na cabeça, lendo um livro e segurando um casaco. Os indivíduos atrás dela estão desfocados.
Alice Brill
A fotografia mostra uma rua cheia de pombos voando e com dois caminhões estacionados, em um deles existe a presença de um homem que olha para a câmera. Também podemos ver um comércio aberto.
Alice Brill
A fotografia mostra um lugar com vários prédios em volta. Também há a presença de muitas pessoas, algumas delas parecem ser freiras, caminhando na rua.
Alice Brill
A fotografia mostra o que parece ser uma cafeteria lotada, pois uma pessoa segura um bule e parece que vai servir alguém. Também podemos ver alguns indivíduos tomando, possivelmente, café.
Alice Brill

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HELENA, Beatriz. Alice Brill. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://culturafotografica.com.br/alice-brill/. Publicado em: 21 de fev. de 2022. Acessado em: [informar data].

Tesão no forró

A fotografia de Nair Benedicto que pode te dar vontade de dançar ao som do forró

A fotografia intitulada “Tesão no forró” me transmite tranquilidade, entrega intensa ao momento retratado e uma sensualidade evidente. Na imagem, percebemos, em um primeiro plano, um homem e uma mulher abraçados, possivelmente dançando ao som inebriante do forró.

A fotografia mostra um local com várias pessoas. No centro, vemos um casal dançando agarradinho. Ele, vestido com uma camisa xadrez e um colete, segura a parceira pela cintura enquanto beija seu pescoço. Ela, trajada com uma blusa ou um vestido sem mangas, abraça e coloca seus braços nas costas dele.
Nair Benedicto

O casal está dançando agarradinho. Ele, vestido com uma camisa xadrez e um colete, segura a parceira pela cintura. Ela, trajada com uma blusa ou vestido sem mangas e um lenço estampado na cabeça, abraça o moço e coloca seus braços nas costas dele. O homem beija com sensualidade o pescoço da companheira e parece que ela, com os olhos fechados, se delicia com essa atitude afetuosa.

Essa fotografia me remete diretamente aos alegres momentos em que eu dançava com o meu companheiro. A tranquilidade e a entrega completa de um ao outro é uma belíssima síntese desses momentos de confiança e conforto que compartilhei com o meu parceiro. Espero que todos e todas sintam esse sentimento de cumplicidade, serenidade e sensualidade.

Nair Benedicto, responsável pelo registro, explica que, em meados do ano de 1980, estava fazendo um trabalho independente sobre segregação e discriminação contra os nordestinos e as nordestinas que viviam em São Paulo. Em decorrência disso, a curiosidade em saber e em ver como essas pessoas se divertiam foi despertada em Nair. Assim, através de algumas indicações, a fotógrafa descobriu que os e as migrantes iam a casas de forró, dentre as quais a mais conhecida era a do Mário Zan.

A imagem parece que carrega, com a dança típica nordestina, resistência e pertencimento, pois a foto gera visibilidade de uma população quase sempre marginalizada.  O forró também pode ser considerado um ato revolucionário, pois os nordestinos e as nordestinas se divertem e dançam em uma São Paulo que só os enxergam como mão de obra marginalizada.

A fotógrafa faz uso do flash devido à baixa luminosidade do local, o que faz com que a pele suada da mulher fique com um aspecto brilhante. Acho que está evidente o bem-estar e o conforto estampado no rosto e no corpo dessa mulher, com a entrega proporcionada pelo momento de afeto. Outra coisa interessante é que parece que ela não está desconfortável com a presença da câmera e nem com o que está acontecendo ao redor.

Em oposição ao conforto desta mulher, é possível perceber um jovem no canto da fotografia que nota a presença da câmera e parece haver certo incômodo em seu semblante. O corpo dele aparenta ficar mais enrijecido, por causa do aspecto tenso de suas mãos, e o movimento se esvai de seu corpo, logo dá a impressão de que o homem está parado enquanto todos dançam. O motivo do incômodo, nós nunca saberemos.

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HELENA, Beatriz. Tesão no forró. Cultura Fotográfica. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/tesao-no-forro/. Publicado em: 12 de jan. de 2022. Acessado em: [informar data].

Lola Álvarez Bravo

Fotógrafa mexicana que retrata o cotidiano do povo mexicano

Lola Álvarez Bravo nasceu em Jalisco, estado mexicano , no ano de 1907. Seu trabalho fotográfico ficou conhecido por retratar o cotidiano das pessoas que ali viviam, principalmente das mulheres em ambientes urbanos e rurais.

A fotografia mostra a pintora Frida Kahlo com um vestido longo e sua imagem refletida em um espelho. Há a presença de dois cachorros perto dela. Um deles está cheirando as pernas de Frida e o outro, o chão.
Lola Álvarez Bravo

Em 1916, Lola  se mudou para a Cidade do México, local que foi extremamente importante para a sua formação fotográfica, além de ser o lugar onde ela se casou com o seu parceiro de profissão, Manuel Álvarez Bravo, em 1924. Reconhecida como uma figura central na fotografia mexicana, Lola iniciou sua carreira como fotógrafa em meados da década de 1930, colaborando na revista El Maestro Rural.

Ela trabalhou em mais de um nicho fotográfico – o fotojornalismo, o retrato profissional, a fotografia comercial e a documental -, além de ter sido artista plástica. Lola retratou, por meio de imagens documentais, a vida cotidiana nas ruas das cidades mexicanas. Ela também tirou fotos de sua amiga, Frida Kahlo, na década de 1940.  Em 1951, Lola assumiu a direção de Fotografia do Instituto Nacional de Belas Artes e abriu uma galeria de arte, onde divulgou a obra de Frida Kahlo na Cidade do México, além de mostrar várias fotografias de sua autoria.

A fotografia mostra três lances de escada que formam linhas diagonais. Em cada lance há um homem de terno, totalizando três figuras.  Além disso, podemos perceber a silhueta da fotógrafa, pois sua sombra aparece na foto.
Lola Álvarez Bravo
A fotografia mostra uma menina, com duas tranças no cabelo, que parece estar vestida com uma blusa ou um vestido de mangas longas e colares no pescoço. Ela também segura um cobertor estampado contra o seu corpo.
Lola Álvarez Bravo
A fotografia mostra a artista Frida Kahlo sentada, com os braços apoiados em suas pernas e uma de suas mãos serve de apoio para a sua cabeça. Ela está vestida com um vestido longo e com brincos nas orelhas e anéis nos dedos.
Lola Álvarez Bravo
A fotografia mostra uma criança, vestida com uma blusa de mangas curtas e um macacão comprido. Ela está deitada, com os olhos fechados, em uma espécie de lona que está no chão e ao redor dela está cheio de pares de sapatos.
Lola Álvarez Bravo
A fotografia mostra uma mulher nua. Sua pele brilha devido à iluminação, ela  está sentada e apoiada na parede. Uma de suas mãos serve de apoio para sua cabeça e seus olhos estão fechados.
Lola Álvarez Bravo

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HELENA, Beatriz. Lola Álvarez Bravo. Cultura Fotográfica.Disponível em: https://culturafotografica.com.br/lola-alvarez-bravo/. Acessado em: [informar data].

Garota americana na Itália

A história por trás da fotografia de Ruth Orkin e minhas impressões acerca dela

A fotografia, feita em 1951, retrata uma mulher que caminha sozinha por uma rua que está cheia de homens, quinze figuras masculinas no total.  A grande maioria deles a encaram com “olhares de abutre”. O homem, à sua direita, assobia ou fala algo enquanto ela passa. Enquanto o outro, a sua frente, permanece parado enquanto olha para ela, como se quisesse impedir  sua passagem.

Ruth Orkin

A mulher me parece aflita, ansiosa e incomodada com a situação. Seus olhos apontam para o chão, como se  quisesse evitar ou se desviar dos olhares desses homens. Ela segura seu xale com a sua mão direita e com a esquerda, um caderno e uma bolsa. Tenho a impressão de que seus passos são rápidos e apressados e que por isso segura suas coisas com tanta força.

A fotógrafa que capturou a imagem foi a americana Ruth Orkin. Durante uma viagem pela Itália, conheceu a jovem Ninalee Allen, mulher que aparece na fotografia. Ninalee tinha acabado de se formar em Ciências Humanas e havia atravessado sozinha o Atlântico em uma viagem de navio. Além disso, Ninalee se hospedou no mesmo hotel que a fotógrafa quando viajou para a Itália.

Quando Ruth Orkin conheceu Ninalle Allen, a fotógrafa teve a ideia de fazer um ensaio sobre o cotidiano de uma mulher sozinha em viagens. Era para ser algo leve e divertido. Entretanto, dentre as várias fotografias tiradas naquela manhã em Florença, uma delas se transformou em um retrato de assédio sexual.

A fotógrafa conta que pediu para os homens não olharem para a câmera quando tirou a fotografia acima. Com esta instrução em mente, eles passaram a encarar Ninalee Allen, ato que deu um aspecto estranho para a imagem. Mesmo que Allen diga que não se incomodou com os olhares masculinos, penso que a fotografia retrata o triste e cansativo cotidiano de mulheres em um mundo machista. Recebemos olhares e cantadas que não pedimos, que nos objetificam e nos deixam extremamente desconfortáveis.

Na visão de Ninallee pode não ter ocorrido assédio, pois ela conta que não se sentiu incomodada. Entretanto, alguns aspectos e conceitos mudam com o passar dos anos. Há transformações, novas leituras de textos, fotografias, visões de mundo. Portanto, penso que no momento em que eu me encontro agora, esta fotografia é um retrato de assédio sexual. Como você a vê?

Essa fotografia me lembrou da música “Garota de Ipanema”, escrita por Tom Jobim e Vinicius de Moraes, pois  a canção apresenta uma mulher passando pela rua e sendo observada por homens. Será que ela se sentiu incomodada no momento em que passava? Me parece que a letra normaliza esses  tipos de atitudes, em que a percepção de que  encarar uma mulher passando pela rua são tratadas como se fosse algo normal. Muitas mulheres carregam marcas e cicatrizes por causa dessas representações.

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HELENA, Beatriz. Garota americana na Itália. Cultura Fotográfica. Publicado em: 10 de nov. de 2021. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/garota-americana-na-italia-2/. Acessado em: [informar data].

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Nair Benedicto

Importante fotógrafa para a história do fotojornalismo brasileiro. Sua obra mostra movimentos sociais e populares muito marcantes

 Filha de imigrantes italianos, Nair Benedicto nasceu na capital paulista, no ano de 1940. Estudou e se formou em Rádio e Televisão na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Ela queria produzir vídeos independentes, mas seguiu no ramo da fotografia, que foi uma “entortada no caminho” nas palavras da própria fotógrafa.

Nair Benedicto

Quando Nair ainda estava na faculdade, ela foi presa pela ditadura militar por causa de sua militância política junto à Ação Libertadora Nacional (ALN). Após sair da prisão, a fotógrafa decidiu registrar, através da fotografia, questões sociais e seu trabalho é fortemente marcado por temas populares e políticos.

Em sua obra, Nair registra o cotidiano e a realidade das classes minoritárias, a condição da mulher e da criança, alguns movimentos sociais, populares e eventos históricos que fazem parte da história da classe trabalhadora.

Em 1979, fundou a primeira agência brasileira de Fotojornalismo, intitulada como F4, juntamente com Juca Martins, Delfim Martins e Ricardo Malta. A  ideia principal da agência era uma produção pautada e editada pelo próprio fotógrafo, com isso, as fotografias passariam a pertencer ao mesmo e não mais às redações.

Nair Benedicto
Nair Benedicto
Nair Benedicto
Nair Benedicto

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HELENA, Beatriz. Nair Benedicto. Cultura Fotográfica. Publicado em: 8 de nov. de 2021. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/nair-benedicto/. Acessado em: [informar data].

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