O operário da fotografia que documentou a luta de classes no Brasil.
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O operário da fotografia que documentou a luta de classes no Brasil.
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Como citar esta postagem
Capítulo de livro de Flávio Pinto Valle e Paulo Bernardo Vaz publicado em Sentidos da Morte: Na Vida da Mídia.
Capa do Livro |
Em 2008, Julio Bittencourt publicou o livro Numa Janela do edifício Prestes Maia 911, fotodocumentário que trata do cotidiano da ocupação. O ensaio, composto por retratos dos moradores nas janelas de suas habitações tomados a partir da janela do apartamento localizado no bloco oposto, não se propõe imparcial como dizem ser muitas as reportagens feitas sobre o edifício, tampouco se propõe engajado como as muitas intervenções artísticas realizadas no local. Trata-se de uma tentativa de representar uma situação social complexa, revelando-a em vez de apagá-la. No entanto, apesar do esforço do fotógrafo, que levou meses conhecendo o edifício e seus habitantes, planejando tomadas e fotografando, o aparelho que ele construiu captura as pessoas que vivem no Prestes Maia apenas sob um conceito (FLUSSER, 2002), o de ocupantes.
Autor(a/es/as)
Flávio Pinto Valle (http://lattes.cnpq.br/9224069355818051 / @flaviopintovalle)
Paulo Bernardo Vaz (http://lattes.cnpq.br/1682428830146432 / @paulobvaz)
Local de publicação
Sentidos da Morte: Na Vida da Mídia (@editoraappris)
Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/xmedwnxt
Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Flávio Pinto Valle, através do formulário Divulgue suas publicações!.
Fotografia, tirada há 71 anos atrás, em agosto de 1951, mas que ainda representa a triste realidade de assédio sexual vivenciada pelas mulheres.
Nomeada originalmente como “American Girl in Italy”, a imagem tirada por Ruth Orkin, no ano de 1951, retrata a importunação sexual que Ninalee Allen sofreu ao caminhar pelas ruas de Florença.
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Ruth Orkin |
A fotógrafa e a estudante de Ciências Sociais conheceram-se por acaso em uma viagem à Europa e se tornaram amigas. Após perceberem que partilhavam da mesma experiência feminina de viajarem sozinhas, decidiram retratá-la por meio de um ensaio fotográfico.
Na foto, a estudante é retratada caminhando, aparentemente apressada, com uma multidão de homens a encarando de forma desrespeitosa e sexual. Ela está com o semblante angustiado e desconfortável, uma vez que sua expressão facial está séria e transmite preocupação. O modo como segura os objetos e se posiciona corporalmente reforçam essa suposição. Em razão disso, tenho a impressão de que Allen esperava ansiosamente para acabar o trajeto daquela rua, para ficar, de fato, aliviada de olhares constrangedores.
Essa fotografia me causa uma sensação de incômodo e aflição, porque, como mulher, vivencio constantemente situações de assédio sexual na rua ou em qualquer outro ambiente e, por isso, me familiarizei com a situação exposta na imagem. Infelizmente, devido ao machismo e ao patriarcado estabelecido na sociedade, as mulheres são sexualizadas e têm seus corpos vistos como objetos de gerar prazer aos homens. Como resultado, somos limitadas e prejudicadas o tempo todo. Temos medo de realizar ações simples e básicas, como andar nas ruas. Temos medo de olhares maldosos. E, principalmente, temos medo de perder a liberdade de ir e vir. Mas, na realidade, já não a temos por inteiro.
Nesse viés, há uma discussão acerca da influência que a vestimenta das pessoas do sexo feminino exerce sobre a atitude do assediador, uma vez que, mulheres que usam roupas justas e apertadas são depreciadas e erroneamente julgadas como “menos dignas de respeito”. Esse debate é extremamente problemático, pois, além de atribuir a culpa à vítima, inferioriza e fetichiza as mulheres. A fotografia apresentada é um claro exemplo do quanto essa suposição é equivocada, visto que, Ninalee tem seu corpo completamente coberto e, mesmo assim, é desrespeitada. Ou seja, a culpa não é da vítima!
A imagem me faz refletir sobre como os pensamentos e as visões de mundo mudam ao longo do tempo. Na década de 50, a foto foi vista por muitos, inclusive pela própria modelo, como símbolo de feminilidade, desejo e liberdade. Mas, hoje – ano de 2022 – essa representação tem um viés pejorativo, afinal, retrata uma cena de importunação sexual. Isso me faz questionar, como essa foto será interpretada daqui há 70 anos? Haverá uma grande discrepância em relação à visão atual?
O ensaio fotográfico tinha como objetivo incentivar outras mulheres a realizarem a mesma experiência que as amigas, Ruth e Ninalee, estavam vivenciando. Contudo, devido ao resultado obtido, a imagem adotou um viés completamente diferente do proposto inicialmente.
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
Jesus Cristo foi encontrado estirado em uma calçada em São Paulo e estava com sede.
Esta é a legenda da fotografia abaixo, de autoria do fotógrafo Daniel Kfouri, postada pelo padre Julio Lancellotti em suas redes sociais no dia 3 de outubro de 2021. A imagem mostra um homem deitado na calçada, de corpo coberto mas com os pés expostos, encolhido para o lado do muro enquanto o padre abaixa-se e toca seu ombro.
Esta fotografia expressa a contradição entre o claro e o escuro, entre as luzes e as trevas, entre o abandono e o acolhimento. O homem, morador de rua, possui o chão como seu anteparo, dali ele não passa. Excluído da vida social, após infringidos seus direitos, o homem parece alheio à sua própria situação, como em um gesto de conformismo. Daí, surge o padre, com um jaleco branco resplandecente que ilumina o ambiente, estende seu braço até o homem e, ao encostar nele, o retira da indiferença. Naquele homem que ninguém vê nada, o padre vê Jesus e, após um breve diálogo, descobre que ele tem sede.
Então o padre entrega um copo d’água ao Jesus sedento.
A fome, a sede e a marginalização são um calvário que Jesus carrega hoje. Há outros desertos e outras cruzes, atravessados de solidão. Da mesma forma, ainda existem os soldados romanos, agora eles colocam pregos e pedras embaixo de viadutos e em cima de bancos. Mais de 2000 anos se passaram, mas todo dia nasce e morre um Cristo no mundo, sem que ninguém perceba.
Ao ver as duas fotos, sinto, ao mesmo tempo, tristeza e esperança. Lembro-me dos moradores de rua que enxerguei da janela do ônibus em Belo Horizonte, carregando seus carrinhos, sujos, maltrapilhos, abandonados. E nós sendo meros espectadores daquela desgraça. É difícil alguém enxergar quem está excluído, é mais fácil fingir que não vê, que não é problema nosso, isso é o que muitas pessoas fazem. Então acho bonito e reconfortante que alguém consiga ver Jesus em um morador de rua. Que possamos fazer o mesmo.
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Fotógrafo registra o trabalho do padre Julio Lancellotti em prol dos moradores de rua, na capital paulista.
Nascido em São Paulo, em 1975, Daniel Kfouri é filho de Juca Kfouri, jornalista esportivo brasileiro. Enquanto fotojornalista, recebeu o prêmio World Press Photo de Esportes de Ação em 2010. No ano seguinte, ganhou o Picture of the Year Latin America.
Atualmente, o fotojornalista tem se destacado no audiovisual com a produção de documentários que tratam de problemáticas sociais, como o rompimento da barragem de Brumadinho.
Em parceria com o padre Julio Lancellotti – da paróquia de São Miguel Arcanjo, na Mooca, em São Paulo – o fotógrafo registra o cotidiano da obra social. O padre Julio é conhecido no país por seu trabalho em favor dos moradores de rua da capital paulista. Inspirado pela Teologia da Libertação, o presbítero presta serviço aos marginalizados, denunciando o que ele chama de “crise humanitária em São Paulo”. Além de ser um registro, esse trabalho fotográfico é capaz de dar visibilidade a realidade miserável e desumana em que se encontra a população de rua da maior cidade brasileira.
Daniel Kfouri
#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.
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Artigo em periódico de Flávio Pinto Valle publicado em Interin, Revista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Linguagens da Universidade Tuiuti do Paraná.
Guilherme Gaensly / Brasiliana Fotográfica / Biblioteca Nacional Digital |
Autor(a/es/as)
Flávio Pinto Valle (http://lattes.cnpq.br/9224069355818051 / @flaviopintovalle)
Local de publicação
Interin, Revista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Linguagens da Universidade Tuiuti do Paraná.
Acesse a publicação completa em https://interin.utp.br/index.php/i/article/view/1527.
Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Flávio Pinto Valle, através do formulário Divulgue suas publicações!.
Fotografia que mostra um momento singelo da banda inglesa The Beatles.
Fotografia que mostra um momento singelo da banda inglesa The Beatles.
A fotografia abaixo foi tirada por Harry Benson em 1964, ela mostra os Beatles, uma das bandas mais importantes da cultura pop, durante uma divertida guerra de travesseiros no hotel George V em Paris. Os integrantes dos Beatles estavam eufóricos por causa da notícia de que a música “I want to hold your hand” tinha ficado em primeiro lugar nas paradas de sucesso dos Estados Unidos.
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Harry Benson |
Na fotografia que está em preto e branco, podemos ver os quatro integrantes da banda no meio de uma guerra de travesseiros. Ringo, George, Paul e John estão descalços e vestindo pijamas. A felicidade e a diversão estão estampadas nos rostos dos jovens. Isso pode ser notado através da gargalhada dada por George e as feições brincalhonas de Ringo e de Paul.
Na época, a banda inglesa estava começando a fazer sucesso mundialmente. Logo, os Beatles se tornaram uma febre conhecida como a “Beatlemania”, responsável por levar milhares de pessoas aos shows e vender milhões de discos musicais. A foto remete a uma época em que a banda não tinha muitos atritos e brigas e nem o peso da fama nas costas, por causa disso, penso que a sensação de leveza e de cumplicidade é mais perceptível na fotografia.
O sentimento de aconchego e de euforia me chamou a atenção, pois ver os integrantes da banda em um momento de intimidade e de afeto me fez lembrar dos instantes em que ouvia as músicas dos Beatles na companhia de minha avó. Enquanto ouvíamos suas canções no rádio que ficava na cozinha, ela me contava sobre as doces lembranças de seu passado e de como, de certa maneira, os Beatles também estavam presentes nos momentos da juventude dela. Em conclusão, ver esta fotografia íntima e divertida da banda me remete diretamente para esses instantes de afeto e diálogo com a minha avó.
Fotografia que retrata um importante protesto contra a ditadura militar brasileira.
A fotografia tirada por Evandro Teixeira mostra a passeata dos cem mil, uma manifestação contra a ditadura militar, que aconteceu no Rio de Janeiro no dia vinte e seis de junho de 1968.
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Evandro Teixeira |
No dia 28 de março de 1968, a polícia militar (PM) invadiu o restaurante universitário Calabouço, onde estudantes protestavam contra o preço das refeições. No confronto, o comandante da PM, Aloísio Raposo, matou o estudante Edson Luís com um tiro no peito. Por causa desse chocante assassinato, o movimento estudantil começou a organizar mais manifestações.
Outro cruel acontecimento que ocorreu vinte dias depois do assassinato de Edson Luís foi a chamada “sexta- feira sangrenta”, na qual ocorreu um protesto estudantil contra o sucateamento de verbas do ensino superior da época, que também foi movido pelo descontentamento com a repressão dos militares, a PM prendeu muitos manifestantes e matou vinte e oito pessoas.
Devido a esses acontecimentos foi marcado para o dia vinte e seis de junho de 1968 a passeata que reuniu mais de cem mil pessoas, dentre elas estavam estudantes, artistas e trabalhadores. Nesse dia, o fotógrafo Evandro Teixeira retratou o momento em que Vladimir Palmeira, líder do movimento estudantil, fazia um discurso contra a repressão sofrida pelo governo ditatorial da época e a favor da volta da democracia brasileira.
O mais impressionante da fotografia é a quantidade de pessoas retratadas, principalmente porque mesmo que a foto seja feita em plano aberto, toda a sua composição está preenchida pelos manifestantes, o que pode ser um indicativo da opinião popular que na época já estava farta do regime ditatorial. Esse entendimento é reforçado pelo o cartaz onde se lê “abaixo a ditadura, povo no poder”. Me emociona ver essa quantidade gigantesca de pessoas lutando pela democracia e pela liberdade de expressão.
Vivendo em um momento no qual muitos falam que a ditadura militar foi uma época boa, o registro de tantas pessoas lutando contra esse regime ditatorial é muito necessário para que fique claro o quão horrível foi esse período de repressão. Acredito que esta fotografia seja de extrema importância, pois marca o repúdio do povo aos atos hediondos da ditadura militar, além de deixar gravado na história um momento de união entre milhares de pessoas na luta pelos seus direitos. Assim, deixo aqui parte de uma canção, cantada por Geraldo Vandré, que representa o sentimento de coletividade que é essencial para continuar com a luta por nossos direitos e contra o governo atual que fere a democracia brasileira:
(VANDRÉ, 1979)
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As narrativas fotográficas de Dalda 13, documentam um dos principais momentos da construção da Nação Indiana.
Homai Vyara Walla, popularmente conhecida como Dalda 13 (1913-2012), foi a primeira fotojornalista da Índia. Ela estudou na Universidade de Bombay, na Escola de Arte Sir J, e começou a tirar fotos na década de 1930 com o marido, tornando-se uma das praticantes mais originais e influentes da época.
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Mulher sentada ao centro da fotografia com uma câmera no colo apoiada pelas mãos, rodeada por vasos de plantas.
Dalda 13 é responsável por algumas das principais imagens que documentam o período do processo de Independência da Índia, desde o assassinato de Gandhi até o otimismo da “Jovem India”.
Embora ela não tenha fotografado em seus últimos 40 anos de vida, foi premiada com o Prêmio Nacional de Fotografia, bem como o Padma Vibhushan em 2010 e 2011, a segunda maior homenagem civil da Índia. Em 2012 aos 98 anos, Homai Vyarawalla faleceu.
Dalda 13 |
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