O lado oculto das paisagens

Ensaios de arte fotográfica e escrita de Maria Antonia Veiga Adrião, publicados no Instagram.

Maria Antonia Veiga Adrião

Quando tento transformar as fotos conforme a sensação que a captura me causa, trata-se de provocar reflexões a respeito dos cuidados que devemos ter com o planeta. Reprimi isso por um bom tempo no decorrer da pandemia da covid19, para evitar as angústias do período das incertezas, fotografava o que alcançava com o olhar do meu quintal, direcionado ao horizonte. Portanto, as fotos são resultado da escuta às paisagens que me dizem por onde seguir, qual o melhor foco, o melhor ângulo para a captura, onde seus corações pulsão ou ficam escondidos. Claro que estou brincando, mas é algo parecido, acredito que precisamos entrar em sintonia com as paisagens fotografadas, as vezes até inventadas, porque não se trata do lugar, mas de como o represento. Tenho aproveitado para exercitar outro desejo reprimido, o de escrever.

Autora

Maria Antonia Veiga Adrião (http://lattes.cnpq.br/2691311738755835 | @dias_de_espera)

Local de publicação

Apenas no Instagram @dias_de_espera 


Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Maria Antonia Veiga Adrião, através do formulário Divulgue suas publicações!. Resposta número 10.

Os Flagelados da Seca no Ceará

A foto de Juca Martins mostra o abismo econômico que existe entre as classes mais ricas e mais pobres no Brasil

A foto de Juca Martins mostra o abismo econômico que existe entre as classes mais ricas e mais pobres no Brasil

Tirada em 1983, pelo fotojornalista Juca Martins, quando ele foi cobrir os impactos de um dos mais longos períodos de estiagem que atingiu o país, a foto mostra pessoas com vestes simples, à beira de uma estrada. Elas erguem suas mãos em súplica na direção de um Chevrolet Opala, um dos carros mais luxuosos de sua época, o carro apenas entra na contramão para se distanciar e segue seu caminho. 

Juca Martins

Na época retratada, o nordeste do país estava passando por um dos piores períodos de seca de sua história. Ele durou de 1979 a 1985, atingindo seu ápice em 1981. Criações de animais e plantações inteiras morreram, deixando milhares de famílias sem ter o que comer. Diante desta situação, João Figueiredo, presidente do regime ditatorial, declarou que “Só nos resta rezar para chover”.

Além da seca, o país também sofria com índices altíssimos de inflação. Com o intuito de contê-la, os militares criaram um modelo econômico que levou ao que ficou conhecido como “milagre econômico”, período com índices de inflação baixíssimos e com o PIB elevado. Porém, o modelo era mal planejado e por mais que a inflação tivesse caído a desigualdade social disparou e a economia ficou extremamente dependente da exportação de commodities. Em 1979, com a segunda crise do petróleo, a economia despencou, a inflação chegou a 200% e o país se viu afundado em dívidas.

O suposto “milagre econômico”, responsável por enfraquecer sindicatos e privar milhares de trabalhadores de seus direitos, acabou deixando o país em uma situação econômica ainda pior, na qual o 1% mais rico da sociedade detinha 30% de toda a renda do país.

Com essa composição, o fotojornalista traz uma mistura entre o chocante e o sutil. A fotografia com toda certeza tece críticas fortes ao governo da época, juntamente com seus modelos econômicos, mesmo sem fazer menção a ele. Isso era essencial para todos os profissionais de imprensa da época, devido a forte censura feita pelos militares, que, mesmo reduzida na época, ainda poderia ser perigosa para os jornais, mas principalmente para os jornalistas.  Na foto,

Juca Martins capta uma síntese de todos esses 20 anos de história. A direita vemos um Chevrolet Opala, fabricado em 1976, período auge do “milagre econômico”, representando o melhor da industrialização desenfreada, ocorrida com a vinda das montadoras automobilísticas para o Brasil. E a esquerda, separados do Opala por uma linha contínua, uma família faminta e sedenta, que, diferentemente da indústria, não recebeu nenhum auxílio governamental e apenas implora ajuda para uma elite econômica que insiste em ignorá-la.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

Como citar esta postagem

CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Os Flagelados da Seca no Ceará. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/os-flagelados-da-seca-no-ceara/>. Publicado em: 06 de out. de 2021. Acessado em: [informar data].

Evandro Teixeira

Fotojornalista documentou importantes períodos da história do Brasil

Fotojornalista documentou importantes períodos da história do Brasil

Nascido na cidade de Irajuba, na Bahia, no ano de 1935, ainda muito novo, teve como professor de fotografia Teotônio Rocha, primo do diretor Glauber Rocha. Sua carreira como fotojornalista iniciou-se 1958,  no jornal Diário da Noite, onde era encarregado de fotografar casamentos que eram comentados nas páginas do periódico.

Evandro Teixeira

Em 1963, ele entra para o Jornal do Brasil, onde segue trabalhando até o ano de 2010. Sua obra possui uma pluralidade inegável, já que se destacou em vários campos relacionados à cobertura jornalística, desde temas referentes à política até fotografias de esporte. Em 1964, cobriu o golpe civil militar responsável por instaurar uma ditadura no país. Foi o único fotógrafo a ter acesso ao forte de Copacabana na madrugada do dia 1º de abril, onde registrou a chegada de Castelo Branco para seu pronunciamento e tomada de posse.

Também registrou as manifestações estudantis de 1968 e a derrubada do governo de Salvador Allende em 1973. Durante sua carreira publicou livros icônicos como “Fotojornalismo”, “Canudos 100 anos” e “68 destinos : passeata dos 100 mil”. Sua obra também foi imortalizada pelo poeta Carlos Drummond de Andrade, que dedicou a ele um dos poemas do livro “Amar se aprende amando”.

Evandro Teixeira
Evandro Teixeira
Evandro Teixeira
Evandro Teixeira

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Links, Referências e Créditos

Como citar esta postagem

CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Evandro Teixeira. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/evandro-teixeira/>. Publicado em: 04 de out. de 2021. Acessado em: [informar data].

Uma voz que precisa ser ouvida

A fotografia de Yasuyoshi Chiba é um grito de força e esperança.

Suor escorrendo pela pele, uma postura ereta, o queixo levantado, a mão aberta sobre o peito e uma expressão de bravura. O jovem, personagem central desta fotografia, não parece se intimidar com os olhos de diversas pessoas pousados sobre si, nem mesmo com a luz de cada celular usado para iluminar o seu rosto. O garoto, cujo nome não sabemos, marca sua presença como ninguém. 

Yasuyoshi Chiba/AFP/World Press Photo
Não havia luz no dia 19 de junho de 2019 em Cartum, capital de Sudão. O apagão imposto pelo governo aconteceu poucos dias antes de operações militares que resultaram no assassinato de milhares de manifestantes. Ainda assim, o grupo pró-democracia da imagem acima se reuniu mais uma vez para lutarem por seus direitos e, enquanto o garoto de blusa azul recitava um poema em forma de protesto, o sentimento de esperança parecia não ter desaparecido.  
A fotografia congela esse momento, como se a fala do garoto nunca tivesse cessado. E, todas as vezes que olhamos para ela, paramos tudo para ouvi-la novamente. O próprio nome da obra, “Straight Voice” ou voz direta (tradução livre), mostra a força do jovem da imagem. Mas, como uma fotografia não consegue emitir sons, é impossível saber exatamente o que ele diz e a mensagem é deixada em pequenas pistas. 
A primeira está nas mãos erguidas que se estendem em torno do garoto mostrando que, seja lá o que ele está dizendo com tanta firmeza, é ovacionado em um consenso geral. A outra está nos outros rostos jovens presentes na imagem que o rodeiam com a mesma destreza. É como se essa voz falasse por todos que estão presentes. Ela é a representação de uma geração jovem que está lutando para construir um futuro novo com as próprias mãos. 
A obra de Yasuyoshi Chiba ganhou o prêmio de fotografia do ano pela World Press Photo, um dos prêmios mais importantes do fotojornalismo profissional. Acredito que parte da paixão por essa imagem existe por conta do caráter poético em cada detalhe de sua composição. Começando por seu tom apático, mas ao mesmo tempo vibrante. Enquanto o redor aparenta ser devorado pela completa escuridão, os corpos se destacam em tons quentes, impossíveis de serem ignorados, mostrando que se o apagão foi feito com a intenção de calar essas pessoas, elas fariam o possível para serem ouvidas.
O registro é totalmente preenchido com os manifestantes, sobrando pouco espaço vazio. Esse enquadramento fechado ajuda a fortalecer o pequeno grupo pacífico que ganha uma imagem imbatível de união e força. Todos têm seus corpos direcionados ao menino, levando o nosso olhar mais uma vez para o centro da imagem. E a figura centralizada que exala uma juventude inquieta e que não teme nada, parece gritar que a sua voz deve ser ouvida. 
Ao fundo, as luzes dos celulares iluminam as costas do garoto e atribuem-lhe uma aura épica. Esse esforço em fazer com que o jovem seja visto e ouvido demonstra uma atitude admirável em meio a tanta violência, um sinal de que a empatia e comunhão não se perdeu. E, assim, se movem em uma só direção, com um poder que apenas um registro tão delicado como este pôde capturar. 
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Espaços e biografias

As fotografias de “Noturno” narram sentimentos de pessoas que convivem com a guerra no Oriente Médio.

Qual sentimento o espaço onde você está agora, te provoca? Na fotografia abaixo, a mulher atravessada por um pequeno feixe de luz, com sua mão esquerda com o seu corpo apoiado na parede, seu lado direito estático e seus olhos fechados, nos sugere algum sentimento que provém da presença no espaço onde ela está.


Foto: Gianfranco Rosi/2020.


O feixe de luz  indica uma pequena abertura no alto do cômodo. As paredes desgastadas e sujas sugerem um ambiente que não passa por reformas há algum tempo. Mas o interessante é que essas e outras circunstâncias remetem e causam sentimentos nessa mulher, que parece experimentá-los à medida que tateia esse espaço.


Desde que li “Biografia, corpo e espaço” de Delory Momberger, a ideia de que os espaços constituem nossa biografia não sai da minha cabeça. As fotografias que escolhi para este trabalho provocam essa  ideia, pois a casa onde moramos ou os caminhos que percorremos, por exemplo, constituem a nossa  memória, a nossa história e os nossos sentimentos.


Foto: Gianfranco Rosi/2020.


Ou seja, o espaço não é apenas um cenário ou uma ilustração presente nas fotografias ou no nosso dia a dia. Ele também reflete sobre nós a dimensão da nossa experiência geográfica ou sentimental, condiciona nossas práticas e nossas representações do mundo, pois é constituído culturalmente e socialmente.

Mas não podemos deixar de lado que nós interferimos no espaço, assim como ele interfere em nós, e  essa troca é constante, uma vez que o nosso corpo é um espaço dentro do espaço. Assim nasce parte do processo da nossa biografia. 

Vale ressaltar que essas fotografias são do documentário “Noturno”, dirigido por Gianfranco Rosi. 


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Links, Referências e Créditos


https://piaui.folha.uol.com.br/notturno-um-feito-cinematografico-admiravel/


DELORY-MOMBERGER, C. Biografia, corpo e espaço. In: Biografia e educação: figuras do indivíduo-projeto. Natal: EDUFRN, São Paulo: PAULUS. (2008)


O melodrama de Alex Prager

O cinema e a cultura pop são fortes influências no portfólio da fotógrafa.

A princípio as fotografias de Alex Prager podem gerar uma sensação de estranhamento. Porém os enquadramentos  pouco convencionais, as temáticas hiper realistas com cores vibrantes de seus registros carregam vários elementos da cultura pop e de uma Hollywood vintage, tornando tudo muito familiar e nostálgico. Seu trabalho consiste em registros encenados, contendo atores pagos, tudo para construir uma narrativa melodramática.
Alex Prager é uma fotógrafa americana nascida em 1979, Los Angeles.  Sua cidade natal é conhecida pelos vários estúdios de cinema e pode explicar suas constantes referências a Hollywood, tanto como fotógrafa quanto como cineasta. Ela largou a escola aos 14 anos de idade e passou boa parte de seu tempo vago viajando pela Europa de trem. Quando voltou para os Estados Unidos, visitou uma exibição do fotógrafo William Eggleston que a fez se apaixonar por fotografia e, até os dias de hoje, é uma grande influência em seu trabalho. 
Aprendeu a fotografar de maneira autodidata e teve sua primeira exibição com apenas seis meses após decidir mergulhar na carreira. Em 2011, ela dirigiu uma série de vídeos denominada Touch of Evil para a revista The New York Times, em que atores famosos como Brad Pitt, Viola Davis, George Clooney e Glenn Close representam grandes vilões do cinema, a galeria visual ganhou um Emmy Awards.
 
Alex Prager
Alex Prager
Alex Prager
Alex Prager
Alex Prager
Alex Prager
Alex Prager

Alex Prager

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Links, Referências e Créditos.

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  • Biografia e Fotografias à venda
  • Exibições
  • Artigo sobre o trabalho da fotógrafa


O Feminino e o Fotográfico: Uma visão de Sherman, Ventura e Rennó

Dissertação de Nicoli Braga Macedo, publicado em Apresentação oral no Congresso Internacional Luso Brasileiro, 2018, Lisboa, Portugal.

Nesta dissertação analisamos os conceitos do Feminino e do Fotográfico, estabelecendo as particularidades que compõem cada um deles. Sobre o feminino realizamos um estudo objetivo presente em meados dos anos de 1970, que engendrou uma mudança significativa na produção das artes visuais, principalmente nos Estados Unidos e Europa, juntamente com o surgimento de movimentos radicais feministas. Aliados, as artes visuais e os movimentos feministas foram importantes para que houvesse uma proliferação de manifestações, tanto artísticas, quanto sociais, voltadas à crítica dos modelos e pensamentos que viam a mulher em um papel secundário. O segundo termo, o Fotográfico, advém também do mesmo período histórico, quando novas formas e médiuns artísticos foram explorados neste fazer, e a fotografia adquiriu um papel importante nessa trajetória. O ato fotográfico foi compreendido como uma mensagem que estrutura uma realidade ficcional, construída através do olhar de cada artista, que, nos referidos casos, denuncia códigos ideológicos presentes na sociedade no que diz respeito à composição da imagem da mulher. A partir desta perspectiva, a dissertação reflete, a partir do trabalho de três artistas: a norte americana Cindy Sherman (n.1954); a portuguesa Júlia Ventura (n.1952) e a brasileira Rosângela Rennó (n.1962), as relações entre o campo da fotografia e orientação figurativa em torno da imagem da mulher. Relacionando as imagens com os reflexos dos desdobramentos sociais, culturais e políticos em torno da formação ideológica da figura feminina, resultantes da ideologia patriarcal. A análise das imagens, dentro das séries escolhidas em cada uma das artistas, torna-se o cerne das indagações. Deste modo, decompomos o alicerce desses estereótipos restritivos em relação as mulheres e, sobretudo, os contrapor como uma realidade ficcional. Em suma, compreender como as obras são, para além de um resultado dos elementos sociais, críticas e questionadoras dessas problemáticas.

Autora

Nicoli Braga Macedo (https://orcid.org/0000-0001-7269-2622 | @nicolibraga)

Orientador

Professor Doutor Pedro Lapa (https://orcid.org/0000-0003-3775-2030)

Local de publicação

Apresentação oral no Congresso Internacional Luso Brasileiro, 2018, Lisboa, Portugal.

Acesse a publicação completa em https://repositorio.ul.pt/handle/10451/33408.


Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Nicoli Braga Macedo, através do formulário Divulgue suas publicações!. Resposta número 8.

Cerimônia fúnebre de Kosovo

A controversa fotografia de George Mérillon, vencedora do World Press Photo em 1991.

Em 1990, George Mérillon registrou, em Kosovo, a fotografia “Cerimônia fúnebre de Kosovo” que posteriormente foi intitulada como “Pietá de Kosovo”. A imagem retrata a dor de uma mãe, rodeada por mulheres familiares, ao perder o filho, vítima de conflitos que ocorreram no território.

George Mérillon

A fotografia “Cerimônia fúnebre de Kosovo” mostra o corpo de Elshani, na época com vinte e sete anos, envolto em uma mortalha branca. Ele foi assassinado em um protesto contra a perda de autonomia da região. Nela também vemos sua mãe, Sabrié, dando um doloroso grito por causa do assassinato do filho.

A meu ver, a imagem da mãe, pode ser comparada com a da Pietá, escultura de Maria abraçada ao corpo morto de Jesus Cristo, após seu descendimento da cruz. A expressão do rosto da virgem é estranhamente sereno e idealizado. Já o semblante de Sabrié não mostra nenhum resquício de serenidade, pois é possível perceber a dor e o sofrimento diante do trauma da morte de seu filho. Seu grito atravessa a fotografia, é como se pudéssemos ouvir sua expressão angustiante.

Após algumas leituras, sinto um certo incômodo em relação ao embelezamento de uma cena trágica mediante a utilização de técnicas de composição e edição. Além disso, me veio o questionamento do motivo desta fotografia ter ganho o prêmio da World Press Photo Foundation, será que é por causa dela ser considerada esteticamente bela e não pela importância do acontecimento político?

Podemos observar que o fotógrafo captura a imagem no meio de um ritual fúnebre, ato que pode simbolizar um extremo desrespeito às pessoas ali de luto. Além disso, o fotógrafo se utiliza de técnicas de composição e edição para produzir uma imagem que se aproxima esteticamente de pinturas do renascentismo italiano, por exemplo a “Madona Sistina” realizada por Rafael Sanzio. Logo, uma possível hipótese é que o fotógrafo não se preocupe com o sofrimento causado pela perda e, talvez, busque apenas alcançar um valor estético.

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HELENA, Beatriz. Cerimônia fúnebre em Kosovo. Cultura Fotográfica. Publicado em: 25 de ago. de 2021. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/cerimonia-funebre-de-kosovo/. Acessado em: [informar data].

Tina Modotti

A força das mulheres é destaque em sua obra.

Tina Modotti, mulher, militante e artista, nasceu  em 16 de agosto de 1896 na cidade de Udine, no norte da Itália, batizada como Assunta Adelaide Luigia Modotti Mondini. Trabalhou como atriz, editora e fotógrafa, foi filiada ao Partido Comunista Mexicano, integrante do Escudo Rojo Internacional e voluntária na Guerra Civil Espanhola.

Tina Modotti

Seu primeiro contato com a fotografia foi na infância, quando visitou o estúdio fotográfico de seu tio Pietro Modotti. Com 21 anos, se casou com o poeta e pintor Roubaix de l’Abrie Richey, mais conhecido como “Robo”, passando a conviver com artistas da Califórnia, entre eles o fotógrafo Edward Weston, com quem retomou seu contato com a fotografia. Em 1923, Tina Modotti se mudou para o México, onde posou como modelo para alguns murais de Diego Rivera. Em um deles, apareceu ao lado de Frida Kahlo, com quem manteve uma amizade.

Inicialmente, a obra de Tina Modotti mostra a beleza da natureza, como as flores. Entretanto com o passar dos anos, isso muda e ela começa a retratar a vida dos trabalhadores mexicanos. Um dos temas que ela aborda é a representação feminina, na qual é ressaltada a beleza e a força das mulheres fotografadas.

 Tina Modotti ,1926
Tina Modotti, 1929
   Tina Modotti, 1926
  Tina Modotti, 1929

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HELENA, Beatriz. Tina Modotti. Cultura Fotográfica. Publicado em: 23 de ago. de 2021. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/tina-modotti/. Acessado em: [informar data].

Cultura Fotográfica

Grupo de Cultura, Ensino, Extensão e Pesquisa visa oferecer valor a sociedade mediante a produção de conhecimentos úteis ao campo da cultura e da fotografia.

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