Nan Goldin

A fotografia como forma de abordar temas socialmente negligenciados.

A fotografia como forma de abordar temas socialmente negligenciados.

Nascida em Washington DC em setembro de 1953, Nan Goldin cresceu numa família judia de classe média-alta em Boston. Com apenas 11 anos, enfrentou o luto devido ao suícidio de sua irmã mais velha. Próximo aos 16 anos, foi introduzida ao mundo da fotografia ao ganhar sua primeira câmera fotográfica.

Em suas imagens, há uma espécie de composição quase orgânica, elas retratam momentos íntimos e ‘naturais’, sem muito preparo ou interferência da fotógrafa na cena. Goldin evidencia em suas fotos temas como o sexo, drogas e as comunidades gay, trans e travesti do final do séc XX.

Seu trabalho mais conhecido, “The Ballad of Sexual Dependency” – A Balada da Dependência Sexual – publicado em 1986, retrata a cultura gay, bem como familiares e amigos da artista.

 

Descrição: “Rise and Monty Kissing” retrata um beijo entre duas pessoas. Uma está em cima da outra, que por sua vez está sentada numa cadeira bege. A única iluminação é um foco de luz projetado sobre o casal.
Nan Goldin
Descrição: “Nan and Brian in Bed.”. Do lado esquerdo da foto vemos um homem sem camisa sentado e fumando um cigarro. Do lado direito vemos a artista deitada encarando o namorado. A iluminação parece vir de uma janela à frente de Brian, que projeta uma iluminação bastante amarelada sobre o casal.
Nan Goldin

Em todos os seus trabalhos, Goldin traz questões como sexo, drogas e momentos de intimidade, recorrentes em nossa sociedade, isto devido a seu olhar humanizado e intimista. A maior contribuição da artista para a fotografia, foi o ato de fotografar momentos considerados “não merecedores” de retratação.

Em 1984, Nan publicou seu mais famoso autorretrato, a foto foi tirada um mês após ser brutalmente agredida pelo namorado Brian, anteriormente presente nas fotografias da artista.

Descrição: O Auto Retrato mostra Nan, uma mulher branca, com grandes hematomas abaixo dos olhos, a parte branca de seu olho esquerdo está completamente vermelha. Retratada do busto para cima, ela usa brincos e um colar de pérolas, seus cabelos cacheados vão até pouco abaixo de seus ombros.
Nan Goldin

A comunidade LGBTQIA+ sempre foi um tema presente nas fotografias de Goldin. Após se formar na School of the Museum of Fine Arts no ano de 1973 em Boston, a artista se mudou para New York, onde teve maior contato com mulheres trans e travestis.

Durante as décadas de 70, 80 e 90, Nan tirou diversas fotografias dentro do tema, publicando, em 1991, a série “Jimmy Paulette e Taboo! Undressing” na qual acompanhou todo o momento de transformação das duas travestis.

Descrição: Dois homens sem camisa se maquiando, um deles olha diretamente para a câmera, o outro está de costas.
Nan Goldin
Descrição: Duas travestis montadas, sentadas no banco de trás de um carro. A mais à esquerda utiliza uma blusa preta, peruca e maquiagem azul e grandes brincos prateados. A mais à direita usa um top dourado e uma peruca loira, além do batom vermelho.
Nan Goldin

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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COUTO, Sarah. Nan Goldin. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/nan-goldin/>. Publicado em: 18/07/2022. Acessado em: [informar data].

Johnny Duarte

Para fotógrafo de animais o processo criativo da fotografia é como caçar

Para fotógrafo de animais o processo criativo da fotografia é como caçar

Brasileiro, fotografa profissionalmente desde muito novo. Ainda em 1996, iniciou sua carreira como fotógrafo profissional tendo se dedicado exclusivamente à fotografia de animais em 2001. Hoje – Abril de 2022 -, ele é referência em seu  trabalho, tendo prestado serviço para diversas marcas importantes. Tais como: Pedigree, Bayer, Total Alimentos, Merial, Sanol, entre outras… Seu trabalho tem crescido nos últimos anos e atualmente possui cerca de 10.000 seguidores no Instagram.

 

Retrato de Johnny Duarte. Ele  olha para frente, munido de sua câmera Canon e carrega duas aves nos ombros. Da esquerda para a direita, um falcão-de-coleira e uma coruja-das-torres.
Johnny Duarte
 
Em entrevista para o site brunosantana.com, Duarte afirmou que entende “…a fotografia como uma caça”, o que ajuda a ilustrar a ideia de sua concepção e criação artística. As fotografias de Duarte aliam o enquadramento com as noções de proporção dos animais, de modo a não deixá-los se tornarem meros detalhes nas imagens, mas seu principal elemento. 
Golden Retriever em cima de tronco de árvore repleto de musgo. Fundo da foto com queda d’água numa cachoeira.
Johnny Duarte
 
Cavalo branco de crina acastanhada visto de sua posição caudal numa floresta.
Johnny Duarte
Fotografia de um cão dentro de um casaco surrado de cor bege em cima de um puff.
Johnny Duarte
Tigre sentado numa planície.
Johnny Duarte
Cachorro preso à coleira num emaranhado de coisas. Seu rosto exibe culpa do acidente/bagunça que está inserido.
Johnny Duarte
 
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A beleza negra sob a ótica de Cristian Maciel

Fotógrafo carioca que busca retratar a beleza do povo afro-brasileiro.


Cristian é um jovem negro da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Ele ingressou na fotografia em 2018, inspirado em retratar o povo preto que, segundo ele, desde a invenção da foto foi excluído dos registros oficiais. Desse modo, seus trabalhos propõem a valorização da beleza, cultura e ancestralidade do povo afro-brasileiro

Em primeiro plano, há uma mulher negra sentada em uma cadeira. Ela usa brincos de argola preto e um vestido laranja. Em seu colo, está sentado um menino de camisa e bermuda amarelos. A mulher e o menino estão de mãos dadas, com os braços esticados, apontando à direita. Atrás deles, tem um homem negro, de camisa amarela e calça bege, em pé, segurando outro menino no colo, que também está de amarelo. Todos posam sorrindo para a câmera. O cenário é constituído de árvores.
Cristian Maciel

Apesar de ter começado a fotografar profissionalmente há quatro anos, Cristian demonstra muito talento e potencialidade. O jovem conta que começou a fotografar com uma “câmera velha e ruim” de seu irmão e que, ao experimentar fazer fotos, descobriu sua nova paixão. Ele comprou uma câmera fotográfica nova em 2018, ao conseguir um trabalho como jovem aprendiz.

Durante alguns anos, Cristian foi fotógrafo amador. Com o tempo, ele decidiu se profissionalizar, fazendo alguns cursos na internet e, atualmente, graduação em Fotografia pela Cruzeiro do Sul. Ele ainda não participou de nenhum concurso ou exposição de fotografia, o que não diminui a grandeza de seu trabalho; aliás, é um ótimo começo!


Em primeiro plano, há uma mulher negra, de olhos fechados e sorrindo, segurando uma coroa na cabeça. Ela usa brincos, braceletes e pulseira, veste um cropped estampado de onça, e uma saia com fenda de estampa africana. Atrás dela, há uma vegetação rasteira, constituída principalmente por arbustos e capim.
Cristian Maciel
Em primeiro plano, há uma mulher negra, usando turbante e adornos coloridos e brilhantes na cabeça. Ela olha para a esquerda, onde segura um espelho na mão, e sua mão direita está despendida sob sua cabeça. Ela usa um bustiê branco e uma saia branca com uma camada dourada externa. Ao seu redor, é possível visualizar uma mata.
Cristian Maciel
Em primeiro plano, há um homem negro com o corpo voltado à sua direita. Ele veste um terno e calça azul-marinhos, e usa um pente fincado no cabelo, brinco e um tênis. Ao seu redor, há capim, e no fundo, desfocado, é possível ver algumas árvores.
Cristian Maciel

Na fotografia, há 4 mulheres negras sentadas em um sofá. Elas usam vestidos em tons de laranja, vermelho e marrom. Todas utilizam braceletes e brincos, e estão com as unhas pintadas. Uma delas está usando uma coroa dourada. As mulheres posam sorrindo para a câmera.
Cristian Maciel

Em primeiro plano, há uma mulher negra, grávida. Ela usa um adorno de pedras na cabeça, na altura da testa. Veste um bustiê e uma saia laranja. Ao redor de sua barriga, há um enfeite de pedras. Ela olha diretamente para a câmera, sem sorrir. Segura em seus braços um arco-flecha, apontando para sua esquerda. O cenário é composto de árvores e plantas.
Cristian Maciel

A fotografia apresenta uma mulher negra, com flores no cabelo, que olha e sorri à sua direita. Ela usa brincos e maquiagem, e sua blusa é branca. Na sua frente, à altura do busto, há ramos de flores.
Cristian Maciel

Um homem e uma mulher negros olham para a direita, sérios. O homem está com o corpo voltado para frente, enquanto a mulher está completamente voltada à direita. Ele está sem camisa, e ela utiliza uma regata marrom.
Cristian Maciel

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Daniel Arroyo

De cenas cotidianas no ambiente urbano a registros em ambientes hostis: o cru e singular trabalho do fotojornalista Daniel Arroyo.

Daniel Arroyo é fotojornalista no portal Ponte Jornalismo, organização criada para falar de direitos humanos através do jornalismo. Entre as suas publicações, estão matérias relacionadas a minorias; Daniel coleciona registros de cenas fortes caracterizadas por protestos, pessoas em situação de rua e violência. 
Além disso, ele também retrata momentos singulares do cotidiano que passariam despercebidos. Como exemplo, temos a primeira e a quinta imagem desta postagem, que retratam um salto protagonizado por três meninos jogando bola num dia ensolarado e a identificação de mãe e filha com um grafite de pessoas negras, respectivamente.
Três meninos jogam futebol num espaço urbano. A foto registra dois meninos num pulo, enquanto outro está com os dois pés no chão. Há casas atrás do  campinho, que é de terra. Há um homem observando a ação um pouco mais afastado, à direita, e um menino numa bicicleta à esquerda.
Daniel Arroyo

O nome de Daniel Arroyo ganhou destaque nacional em 2019 quando foi atingido com uma bala de borracha disparada pela PM durante uma manifestação em São Paulo. O jornalista estava cobrindo os protestos feitos pelo Movimento Passe Livre (MPL) quando o fato ocorreu. Segundo o colega de Daniel, que também cobria as manifestações,  o clima estava tenso principalmente em relação aos jornalistas.
Uma mulher ensina outras a fazer exercícios físicos numa laje. Elas vestem roupas apropriadas para a ação e estão com os braços abertos, o corpo levemente inclinado para o lado esquerdo e uma perna se apoia à outra.
Daniel Arroyo

Um policial armado segura uma mulher pelos cabelos. Ela está agachada e ao redor, nota-se outros policiais.
Daniel Arroyo

Um pai e seu filho, uma criança pequena, sobem as escadas de uma viela. Ele guia a criança segurando-a por uma mão e segura uma bíblia com a outra. Está de noite e as luzes das casas iluminam a cena.
Daniel Arroyo

Uma mãe segura a filha no colo diante de um grafite com pessoas negras no desenho. Elas também são negras e sorriem para a câmera.
Daniel Arroyo

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MAIA, Amanda. Daniel Arroyo. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/06/Daniel Arroyo.html>. Publicado em: 27 de jun. de 2022. Acessado em: [informar data].

Aline Motta

A fotógrafa que usa da arte para resgatar memórias ancestrais africanas.

A fotógrafa que usa da arte para resgatar memórias ancestrais africanas.

 
O acervo da artista Aline Motta combina fotografia, vídeo e instalação para discutir temas como ancestralidade e memórias familiares. Usando destes recursos, ela debate sobre a violência do passado colonial e sobre o patriarcado na sociedade brasileira.

A fotografia contém uma mão segurando um espelho que reflete o rosto de uma mulher negra que está usando um turbante; em seu rosto uma expressão séria. No fundo do cenário há água.
Aline Motta

Aline Motta é uma artista visual que nasceu em Niterói (RJ), graduada em artes visuais e pós-graduada em Cinema. Ela busca, com a arte, reconstruir memórias afetivas e ancestrais que perpassam o passado do povo negro, tanto brasileiro, quanto africano, utilizando de documentos de sua própria família. Motta também investiga corporalidades e memórias através de pesquisas em arquivos públicos e privados, de entrevistas e da ficção de narrativas.
Aline Motta combina fotografia, vídeo, instalação, performance, colagem e tecidos para dar sentido às suas criações, assim, reconstruindo as memórias afetivas dos seus antepassados. Suas obras usam cores, contrastes e sombras para evocar histórias e mostrar o passado, além de misturar elementos técnicos com cânticos africanos para voltar às origens e mostrar uma realidade geralmente não percebida.

Folhas de papel estão espalhadas no tronco de uma árvore que contém musgos e pequenas plantas. Na folha que está mais atrás, está impresso uma carta escrita à mão. Mais acima folhas que se completam formam uma parte do rosto de uma mulher negra.
Aline Motta

Mulher boiando na água, aparentemente de um rio, com um pano em cima de seu corpo  no qual está impresso o rosto de um menino negro. Este tecido é translúcido e por baixo dele é possível ver um pouco do corpo da mulher.
Aline Motta

No meio da fotografia há um tecido transparente com o rosto de uma mulher negra impresso. No ambiente ao redor, encontra-se uma construção que está em ruínas, e ao entorno, um matagal.
Aline Motta

Braços seguram um espelho que enquadra o rosto de um homem negro que encara fixamente o observador. Ao fundo da foto se encontra uma construção ribeirinha e várias canoas no mar.
Aline Motta

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Como citar esta postagem

PAES, Nathália. Aline Motta. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/04/aline motta.html>. Publicado em: 20 de jun. de 2022. Acessado em: [informar data].

Maya Goded e o Sagrado Feminino

Maternidade, misticismo, violência de gênero, marginalidade, desigualdade e sexualidade feminina são alguns dos temas abordados pela fotógrafa Maya Goded. 
Maya Goded é uma fotógrafa e cineasta documental mexicana reconhecida mundialmente por seus trabalhos de cunho crítico, social e cultural. Além de retratar a violência de gênero na sociedade, a profissional também trata de mulheres curandeiras e defensoras de seu território.
A imagem apresenta uma vegetação seca com um céu em tons pastéis de azul e roxo, e no centro, entre a vegetação, existe um bezerro.
Maya Goded

Maya sempre manteve o foco no sagrado feminino. Tratar de temas relacionados a mulheres e considerados tabus pela sociedade é seu objetivo. Criou o projeto Land of Witches (Terra das Bruxas) que consiste em mostrar como a conquista espanhola e o catolicismo trouxeram e intensificaram a perseguição das mulheres – espanholas e indígenas – que, supostamente, estariam ligadas à feitiçaria e/ou bruxaria. Antes de realizar esse trabalho, Maya Goded se dedicou ao projeto Missing (Desaparecidas), que busca retratar as mulheres que foram sequestradas e assassinadas na fronteira do México com os Estados Unidos e a violência de gênero na sociedade local. 

A imagem apresenta um gramado verde e uma silhueta humana pegando fogo no centro da foto.
Maya Goded
A imagem mostra um garotinho deitado num chão de terra e pedras e uma senhora em pé, próxima à sua cabeça segurando um facão com a mão direita e um crucifixo com a mão esquerda.
Maya Goded

A imagem mostra uma garotinha em frente a um altar cristão enquanto segura algum objeto. Seu posicionamento mostra que ela está prestes a destruir as imagens cristãs.
Maya Goded
A imagem apresenta um cômodo com pouca iluminação, onde contém uma mesa e uma cadeira de plástico ao fundo. Em primeiro plano, existe uma pessoa coberta dos ombros para baixo com um lençol branco.
Maya Goded

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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Entre véus brancos e indecisão

Seria o sonho de muitos achar a sua alma gêmea e viver junto dela, mas às vezes pode existir a indecisão se essa é a escolha certa.

Seria o sonho de muitos achar a sua alma gêmea e viver junto dela, mas às vezes pode existir a indecisão se essa é a escolha certa.

Na imagem abaixo, fotografada por Dulce Soares, podemos ver uma moça com uma grinalda branca, ela não parece feliz, mas preocupada com algo. Não é possível saber as circunstâncias na qual a fotografia foi tirada, mas essa não é uma expressão muito comum de se ver no rosto de uma noiva, pelo menos não é uma imagem que é comumente associada ao casamento.

Fotografia, em preto e branco, contendo uma mulher negra, de costas, com cabelos curtos e usando uma grinalda de flores brancas.
Dulce Soares

Véus brancos remetem ao mundo dos sonhos, um sonho doce e tranquilo que faria qualquer um se sentir bem. É assim que a fantasia do casamento também nos é passada, desde os contos de fadas até os filmes de romance, crescemos com a ideia de que o casamento é o mesmo que achar sua alma gêmea e passar o resto da sua vida com essa pessoa. Mas a realidade pode ser muito diferente da ficção.
Na realidade, o casamento traz grandes responsabilidades, nem tudo é alegria e sonhos que sempre são associados a essa relação. Dividir sua vida com uma pessoa criada em costumes diferentes e com seus próprios medos pode ser algo extremamente difícil, pode gerar conflitos que nem mesmo poderiam ser imaginados antes de chegar a tal situação.

Os filmes nos ensinam que o amor sempre vence tudo, que mesmo com diversos problemas que assombram a relação, no final haverá um “felizes para sempre”. Essa ideia de que tudo é possível com o amor, pode prolongar relações desagradáveis que não fazem bem para nenhuma das partes.

Desde pequena eu tenho medo da  ideia do casamento, mas é no rosto dessa moça que eu me identifico, eu consigo me ver facilmente no lugar dela, com a mesma expressão. Embora eu não me deixaria chegar tão facilmente na posição dela, a ponto de estar vestida para a cerimônia. Para mim a ideia de viver uma vida solitária é bem mais doce e suave do que ter que dividir uma vida com alguém. A princípio, pode parecer um pensamento muito melancólico, mas eu já tenho medos demais para carregar comigo e lutar contra.

Pode ser que, em algum momento da minha vida, eu mude de ideia, as coisas são passageiras demais para sempre se manterem como são, principalmente pensamentos que são tão efêmeros.

Mesmo assim, eu vejo a beleza de uma união assim e, no fundo, invejo quem consegue se entregar tanto para outra pessoa, a ponto de compartilhar cada um de seus pensamentos e indecisões. Estas são pessoas que me parecem muito fortes e prontas a encarar tudo o que as espera, pois atingir tal nível de confiança não é algo fácil.

Talvez, seja sobre essas incertezas que a mulher retratada na fotografia estivesse pensando, em tudo o que está por vir. Ou, talvez, ela só estivesse se sentindo desconfortável por ser fotografada. Isto é algo que nunca dará para descobrir, mas é também esse mistério por trás de sua expressão que torna a fotografia ainda mais curiosa.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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PAES, Nathália. Entre véus brancos e indecisão. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/07/entre-veus-brancos-e-indecisao.html>. Publicado em: 08 de jun. de 2022. Acessado em: [informar data].

Dulce Soares

Fotografias que através da repetição das imagens mostram um contexto que não seria visto de outra forma

Fotografias que através da repetição das imagens mostram um contexto que não seria visto de outra forma.
Dulce Soares é uma fotógrafa brasileira nascida no Rio de Janeiro. Ela começou a atuar na fotografia em 1970 fazendo ensaios paisagísticos, sendo a maioria deles urbanos. Seu trabalho se caracteriza pela crônica visual e pelas sequências e séries de imagens que ampliam o contexto sobre o local que fotografa, através também da alternância de planos e detalhes capturados.

Fotografia de uma casa no estilo colonial com duas meninas de mãos dadas brincando no pátio. No pátio, há um jardim com árvores ao redor.
Dulce Soares

A autora cria narrativas visuais dos lugares que fotografa, mostrando a alma dos locais por meio de séries de fotografias. Com esses retratos, Dulce examina aspectos da vida cotidiana das paisagens que captura.
As duas principais exposições da fotógrafa foram: “Esquinas, fachadas e interiores” e “Vestidos de noiva”. No primeiro ensaio, ela realizou uma documentação da arquitetura do antigo bairro da Barra Funda, mostrando a importância arquitetônica da região. No segundo, foi feito um ensaio mostrando as lojas e ateliês de vestidos de noivas na rua São Caetano, onde através da repetição das imagens ela expunha a relação da mulher com o sonho do casamento.

Mulheres em uma fábrica, aparentemente, costurando vestidos de noiva. No ambiente há várias mesas onde estas mulheres trabalham, há também caixas empilhadas
Dulce Soares

Uma noiva sorridente em seu vestido posando em frente a um espelho e com vários vestidos ao seu redor pendurados em araras de roupas.
Dulce Soares

Fachada de uma casa antiga, dividida ao meio, cada metade da fotografia mostra diferentes épocas. Do lado esquerdo, a casa está mais conservada do que a do lado direito.
Dulce Soares

Quatro pessoas reunidas conversando, em frente a uma porta, há o anúncio de aluga-se.
Dulce Soares

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PAES, Nathália. Dulce Soares. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/07/dulce-soares.html>. Publicado em: 06 de jun. de 2022. Acessado em: [informar data].

Shomei Tomatsu

Retratou o Japão pós guerra, abordando temas que vão desde os ataques a  Nagasaki e Hiroshima até a invasão da cultura estadunidense em seu país

Retratou o Japão pós guerra, abordando temas que vão desde os ataques a  Nagasaki e Hiroshima até a invasão da cultura estadunidense em seu país

Tomatsu, iniciou sua carreira na fotografia enquanto estava no curso de economia da universidade de Aichi, onde foi responsável por fotografar os protestos estudantis, os quais ele era um grande apoiador. Seu primeiro trabalho de importância foi a exposição “Jünin no me” (Olhos de Dez), ocorrida em 1957.

 
A foto é em preto e branco e consiste basicamente em uma garrafa plástica derretida, que devido a sua textura e a maneira com que esta retorcida se assemelha a uma carcaça em decomposição.
Shomei Tomatsu

Juntamente com os outros fotógrafos que participaram da Jünin no me, foi fundador da cooperativa Vivo, que mesmo tendo existido apenas de 1959 a 1961 teve um grande impacto na fotografia japonesa da época, já que abordou temas extremamente pertinentes, como os ataques nucleares às cidade de Hiroshima e Nagasaki, a ascensão de partidos de extrema direita e a invasão da cultura estadunidense, que gerou no Japão pós-guerra uma cultura de consumismo desenfreado.   

Porém, Tomatsu não se destacou apenas por ter abordado esses temas, mas sim pela maneira que o fez. Diferentemente dos fotógrafos ocidentais da época, ele fugia da objetividade, já que suas fotografias focam em  temas sensíveis de maneira extremamente sutil e subjetiva. Um bom exemplo disso é a foto que abre essa publicação, pois ao se referir aos ataques nucleares Tomatsu foge do olhar ocidental que buscava mostrar pessoas mutiladas e doentes devido à radiação. Em vez disso, ele consegue causar no espectador muito mais desconforto e repulsa pelas bombas nucleares apenas com uma garrafa plástica.

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OLAVO, Pedro. Shomei Tomatsu. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/shomei-tomatsu/>. Publicado em: 23 de mai. de 2022. Acessado em: [informar data].

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