Otto Stupakoff

Pioneiro na fotografia de moda no Brasil.


Otto nasceu em 1935, em São Paulo. Em 1943, ganhou uma máquina fotográfica do pai. Por falta de perspectivas profissionais no Brasil, mudou-se para os Estados Unidos e ingressou na Art Center College of Design, onde iniciou sua carreira como fotógrafo de moda. 


A fotografia, em preto e branco, mostra em primeiro plano uma mulher de traços caucasianos, trajando chapéu, regata, saia longa, camisa social  sobreposta aos ombros, sapato de salto e acessórios. Ela mira com olhar de espanto para trás, onde tem dois garotos sem sapatos carregando caixotes e uma caixa de madeira no ombro. Apesar disso, ela não parece estar olhando para os meninos, e sim para algo além, que não foi captado pela fotografia. Em segundo plano, em uma esquina, um grupo de pessoas observam com curiosidade a mulher.
Otto Stupakoff


No Brasil, Otto trabalhou como fotógrafo para agências e para a gravadora Odeon, onde desenvolveu capas de álbuns de músicos renomados, como Dorival Caymmi e Luiz Bonfá. Ainda, firmou parceria com Oscar Niemeyer e foi retratista de celebridades, como Pelé e Tom Jobim.

Nos Estados Unidos, Otto conheceu pessoas como Carmen Miranda e Coco Chanel, e trabalhou para a revista de moda Harper ‘s Bazaar. O fotógrafo desenvolveu um estilo único, marcado por fotos em preto e branco e muita ousadia. Em 1973, mudou-se para Paris, onde trabalhou para a Vogue. 

Apesar de ser reconhecido como fotógrafo de moda e retratista, seu trabalho não foi dedicado exclusivamente a isso, formando um acervo diverso.


Na fotografia em preto e branco, uma mulher de cabelo cacheado e sobretudo encara um gorila, que está dentro de uma jaula de vidro. O gorila está de boca aberta, e a mulher imita o movimento, dando a impressão de que está sonolenta. Um de seus cotovelos está apoiado no vidro, e o outro braço está apoiado em sua cintura.
Otto Stupakoff

A fotografia, em preto e branco, foi feita em uma praia, e  a única pessoa que aparece é Tom Jobim. Ele é jovem, tem cabelo liso, olha sorridente para a câmera, está vestido de camisa social e suéter, e seus braços estão postos para trás.
Otto Stupakoff


A fotografia, em preto e branco, mostra uma mulher que usa chapéu, vestido, sapato de salto e maquiagem, caindo sobre uma cerca. Ela está deitada no chão, com uma das pernas levantadas, e olha sorridente para a câmera.
Otto Stupakoff
A fotografia, em preto e branco, mostra uma mulher, na frente de um prédio, beijando um homem no rosto enquanto segura a coleira de três cachorros. Ela está bem penteada e vestida, e o homem também. Trata-se da atriz norte-americana Lois Chilez.
Otto Stupakoff

A fotografia, em preto e branco, mostra uma mulher branca e magra deitada nua sobre uma cama. Ela tapa seus olhos com o cotovelo, e traz as pernas juntas, escondendo as entranhas.
Otto Stupakoff
A fotografia mostra, em primeiro plano, uma mulher jovem, de cabelo curto, trajando chapéu, blusa estampada e saia rodada, de braços abertos, curvada e sorrindo, tentando se equilibrar numa superfície rochosa. Do outro lado dela, em outra superfície rochosa, um casal de homem e mulher, vestidos de bermuda e blusa social, calçando botas, apontam para a jovem, rindo.
Otto Stupakoff

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.


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Qual o preço da “liberdade de expressão”?

O Capitão Brasil e sua narrativa.

O Capitão Brasil e sua narrativa.

A fotografia de Pedro Ladeira publicada em 29 de setembro de 2021, mesmo dia do depoimento de Luciano Hang na CPI da Covid, mostra como o depoente utilizou desse espaço para fazer um espetáculo midiático. Ele foi chamado devido à suspeita de seu envolvimento com disparos de Fake News e de participação no Gabinete Paralelo, grupo extraoficial que aconselhava Bolsonaro a respeito da pandemia.

A fotografia apresenta Luciano Hang usando terno e máscara verde e gravata amarela. Ele segura em sua frente um cartaz também verde onde se lê em letras amarelas “Liberdade de Expressão”. A foto foi feita durante uma sessão da CPI da COVID-19 em 2021 no Senado Federal.

Pedro Ladeira/Folhapress

“Qual é o preço de mentiras?”. A frase que abre a premiada minissérie da HBO Chernobyl é um bom ponto de partida para se analisar como o Brasil lidou com a Pandemia de COVID-19. Fake News dizendo que era apenas uma “gripezinha” ou que o tratamento precoce era eficaz fez com que as pessoas não respeitassem as medidas sanitárias e assim colocassem suas vidas em risco.

Na foto, Hang segura uma placa onde se lê “LIBERDADE DE EXPRESSÃO”. Durante seu longo depoimento ficou claro que a liberdade que ele busca é a de manter a sua narrativa de que poucas pessoas morreram por COVID-19, e que se elas tivessem feito o tratamento precoce não seriam vítimas da doença.

Além do cartaz presente na fotografia, o depoente levou vários outros. Seu objetivo era causar tumulto, cair na boca do povo, e assim conseguiu. Para alguns virou piada, para outros revolta. Nesse viés, vale lembrar que liberdade de expressão não é incondicional. Aquele que diz arca com as consequências de suas palavras, ainda mais quando essas são danosas para toda a sociedade. Como é o caso da liberdade ao qual Hang se refere.

As cores verde e amarelo estão presentes não só nas placas, como também no terno e na máscara de Hang. Isso é usado por ele como um sinal de patriotismo. Vale destacar que ele se veste com uma roupa de Super-herói e se declara Capitão Brasil. Assim, ao mesmo tempo que a imagem gera raiva, ela é cômica. Como mesmo disse Renan Calheiro na reunião da CPI do dia que a foto foi tirada, bobos da corte chamam a atenção e servem de cortinas de fumaça.

Assim, observa-se que a persona pública de Luciano Hang utiliza polêmicas, mentiras e extravagância como forma de autopromoção e para atingir os seus objetivos. Ele provoca e distorce, tudo isso para manter uma narrativa e se tornar um mártir, o Capitão Brasil que supostamente luta pela liberdade de expressão.

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Sobre o autor

Miller Henrique Corrêa de Brito é bacharelando em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

O Milagre de Rose Smith

Fotografia que carrega marcas e traumas da violência das gangues.

Tirada pela fotógrafa Barbara Davidson, a imagem retrata a cena de Miracle (Milagre em português) ajudando sua mãe a se sentar na cadeira de rodas. Uma foto que poderia facilmente significar uma cena apenas de carinho, mas que traz uma história de muita luta e sofrimento.

Descrição: A foto evidencia uma criança, de aparentemente com idade por volta dos 3 anos, ajudando uma mulher a acomodar-se na cadeira de rodas. É nítido que existe uma afinidade entre as duas, visto que o processo está sendo realizado com muita cautela e carinho. Elas estão em um quarto humilde. Nele, há uma cama grande com travesseiros em cima, um ventilador no canto esquerdo e itens pessoais ao redor do ambiente.
Barbara Davidson

A fotografia foi publicada em uma matéria da agência de notícias Los Angeles Times, em 31 de Dezembro de 2010. Nela, continham informações sobre o caso de Rose Smith, a mulher da foto. Rose morava no conjunto habitacional Watts Nickerson Gardens (Los Angeles) quando teve sua mandíbula, suas costas e braços alvejados por tiros.

Smith é uma mulher inocente e, mesmo assim, sofreu as consequências da violência e criminalidade das gangues em Los Angeles. Ela nunca mais poderá andar. Triste fato que exemplifica a vulnerabilidade de muitas pessoas que moram no subúrbio. Além de ter sua própria saúde violada, a forte mulher da imagem teve de lidar com o medo de perder o ser que mais amava na vida: a bebê que carregava em seu ventre.

Rose estava grávida de três meses quando foi atingida pelos tiros. Por um milagre, a criança não sofreu traumas físicos. Esse é o motivo para o nome de Miracle. Mas, apesar da sobrevivência da bebê ter sido uma vitória, ela não ficou alheia ao mal causado pela violência. Miracle nasceu viciada no remédio que sua mãe tomava para a dor que sentia.

Olhando exclusivamente para a foto, eu sinto amor e compaixão: ver uma criança tão pequena já sabendo o que fazer para cuidar da pessoa que lhe deu a vida. Me pego refletindo o quanto elas devem ser próximas uma da outra. Mas, quando associo a imagem que vejo à história por trás, sinto tristeza e revolta. Essa mãe tem suas tarefas dificultadas devido a uma ocorrência na qual não teve responsabilidade nenhuma. Ela foi apenas a vítima.

Me traz angústia pensar no quanto as pessoas que moram nas favelas, não só em Los Angeles, mas no mundo todo, estão vulneráveis a ter seu bem estar violado. Vivem entre guerras e conflitos, dificilmente conseguem paz e descanso. O medo de “estar na hora e no local errado” assombra os moradores. Infelizmente, foi o que aconteceu com Rose, pois ela estava prestes a entrar em casa quando foi alvejada pelas costas.

É difícil não associar essa situação à criminalidade que assola grande parte dos países, dentre eles, o Brasil. O Rio de Janeiro, por exemplo – uma das metrópoles brasileiras – atingiu a marca de 100 vítimas de bala perdida em 2021, sendo 58% homens, 38% mulheres e 4% com o gênero não identificado. Entre elas, 5 crianças e 5 adolescentes. É desolador pensar na quantidade de pessoas que são feridas ou que perdem a vida todos os dias em razão de conflitos entre policiais e gangues. Pessoas que, muitas vezes, não têm conhecimento do que está acontecendo, como pode ser o caso das crianças.

Além das marcas físicas, há também as psicológicas. Famílias perdem seus parentes para a violência, crianças perdem seus direitos básicos: brincar na rua, ir à escola, ter o sono tranquilo…  Espero que, no futuro, o mundo seja um lugar mais seguro de se viver.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link

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SOARES, Maria Clara. O Milagre de Rose Smith. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/o-milagre-de-rose-smith/>. Publicado em: 10 de ago. de 2022. Acessado em: [informar data].

Sebastião Salgado e o ativismo ambiental

Fotógrafo, economista e ativista ambiental.

Hoje, Sebastião Salgado vive em Paris, mas ele é natural da cidade de Aimorés, interior de Minas Gerais e nasceu no dia 8 de fevereiro de 1944. Além de ser um grande fotógrafo, ele é formado no curso de Economia pela Faculdade de Economia de Vitória (ES).

Retrato do fotógrafo Sebastião Salgado, na qual ele está olhando diretamente para a câmera enquanto dá um leve sorriso. Um senhor de cabelos grisalhos vestindo uma blusa azul.
Autor(a) desconhecido

Salgado não se destaca apenas por ser um excelente fotógrafo, mas também pelo seu ativismo ambiental. Sebastião e sua esposa, Lélia Wanick, trabalham desde os anos 90 na recuperação de uma pequena parte da Mata Atlântica. Juntos, eles reflorestaram uma parcela de terra que possuíam e, em 1998, ela foi transformada numa Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). No mesmo ano, eles criaram o Instituto Terra que tem como missão reconstituir o ecossistema florestal da região de Aimorés, através de diferentes formas de intervenção, recuperando os processos ecológicos e contribuindo para a manutenção da biodiversidade local. 

Ele também fez diversos registros fotográficos com essa temática. O projeto fotográfico “Amazônia”, por exemplo, mostra a importância da preservação da floresta e da demarcação de terras indígenas. 

Foto do Sebastião Salgado olhando para a câmera com um indígena atrás
Autor(a) desconhecido

Foto de Sebastião Salgado e sua esposa em um campo olhando para o nada
Autor(a) desconhecido


Foto de diversas árvores fechando a mata
Sebastião Salgado

Indígenas andando em um barco no rio
Sebastião Salgado

Chamada para ação

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Como citar esta postagem

{SILVA, Jade Iasmin}. {Sebastião Salgado e o ativismo ambiental}. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<{https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/08/sebastiaosalgadoeoativismoambiental.html}>. Publicado em: {08/08/2022}. Acessado em: [informar data].

Exemplo de acolhimento e hospitalidade: venezuelanos não encontram abrigo no Brasil

Uma fotografia de venezuelanos no Brasil, um retrato da indiferença.

Uma fotografia de venezuelanos no Brasil, um retrato da indiferença.

Um garoto cabisbaixo se destaca no grupo aglomerado na calçada de uma loja na cidade de Pacaraima, em Roraima. Assim como a Branca de Neve, princesa presente na coberta colorida na qual o garoto está enrolado, ele parece estar em busca de um lugar melhor.

Fotografia de um grupo de desabrigados na calçada de uma loja. A frente da foto está um garoto de braços cruzados enrolado em uma coberta colorida. A foto foi tirada de um ângulo um pouco acima do nível dessas pessoas.

Mathilde Missioneiro/Folhapress 

Dois elementos se destacam ao observarmos a foto acima. O garoto enrolado na coberta colorida que está em primeiro plano e que ocupa a parte central da imagem e o aglomerado de pessoas ao seu redor que compõem o fundo da imagem. A foto em plano aberto nos permite visualizar que eles estão em uma calçada e o fato de ter pessoas deitadas em pedaços de papelão nos faz perceber que estas pessoas estão desabrigadas.

O movimento migratório, apesar de estar presente em tratados e acordos nacionais e internacionais como um direito humano, ainda hoje não é plenamente respeitado. No Brasil, segundo a Constituição de 88 e a Nova Lei de Migração instituída em 2017, é garantida às pessoas em deslocamento interno ou transfronteiriço direitos fundamentais como educação, saúde, liberdade, moradia e trabalho. Além disso, cabe ao Conare, Comitê Nacional para os Refugiados, garantir assistência e proteção às pessoas refugiadas no país. Apesar disso, como é possível perceber através da foto, um incontável número de indivíduos não recebe a assistência necessária. Para ser mais exata, ao ler a reportagem, somos informados que estes são apenas alguns dos 2065 migrantes e refugiados desabrigados em Pacaraima, cidade brasileira que faz fronteira com a Venezuela.

A cidade, mencionada pelo Presidente Bolsonaro como exemplo de acolhimento, não parece se esforçar para garantir o mínimo de dignidade aos imigrantes, pois as vagas oferecidas para os abrigos da Operação Acolhida, liderada pelo exército, não atendem nem metade da demanda e o governo municipal, por sua vez, não oferece nenhuma estrutura para quem está fora dos abrigos. Sendo assim, para a maioria dos imigrantes, a única ajuda parte de iniciativas voluntárias, como a ONG Médicos Sem Fronteiras e a Caritas, uma organização católica que apoia migrantes e refugiados.

Além disso, a foto, feita por Mathilde Missioneiro e publicada em 6 de agosto de 2021, foi tirada durante a pandemia de covid-19, onde as recomendações principais eram: fique em casa, evite aglomerações e use máscara. Coisas que parecem simples, para quem não tem o básico se tornam impossíveis.

A imagem nos faz questionar o lema já conhecido e atribuído à Pacaraima pelo presidente. Será mesmo que somos um país acolhedor? E por que essas pessoas não são dignas de terem seus direitos mais básicos respeitados? Infelizmente, cenas como essas são comuns, e não só aqui. Uma fotografia de venezuelanos no Brasil, um retrato da indiferença humana.

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Sobre a autora

Larissa Caroline Lopes Fonseca é bacharelanda em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Ordem e progresso

São Paulo – A história do Brasil contada por meio da fotografia. Esta é uma das propostas da exposição Um olhar sobre o Brasil – A fotografia na construção da imagem da nação, que será apresentada até 27 de janeiro do próximo ano no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo

Lembranças de um passado ditatorial nem tão distante.

A imagem abaixo foi fotografada por Orlando Brito em 1991, em Brasília, e mostra soldados militares marchando em frente a bandeira do Brasil. As fotografias do autor retratam momentos e personagens marcantes da história brasileira, narrando temas como política, sociedade e cultura.

 

Fotografia em preto e branco de soldados militares fardados e em filas segurando armas apontadas para cima, ao fundo encontra-se a bandeira do Brasil.
Orlando Brito

A bandeira do Brasil possui uma frase, com conotação positivista, que clama por ordem e progresso. Sempre ao olhar para a bandeira, essa frase me vem à mente, sem mesmo a ler, ela já é um elemento associado. Policiais e soldados são outros objetos que constantemente também são associados à ordem. A fotografia de Orlando Brito faz uma combinação dos dois objetos na fotografia, ligando-os por esse elemento em comum: a ordem.

A ligação entre esses dois elementos pode ser percebida facilmente ao olhar a imagem, a forma como os soldados estão alinhados com suas armas apontadas para cima e no fundo a bandeira gigante em comparação com eles. Em primeiro plano, as sombras se destacam mais, sombreando o rosto dos soldados, e ao fundo, a bandeira se ilumina, em contraste.

Essa imagem me faz refletir sobre como não estamos distantes desse passado, onde a ordem estava acima dos direitos civis. A cada dia que passa, a democracia que se diz ter no país é mais uma vez agredida por políticos e policiais que passam por cima da população para garantirem os seus próprios benefícios. A ordem que muitos políticos dizem que é necessária se instaurar no país é apenas uma forma de calar novamente a sociedade que clama por seus direitos.

Diante da ordem em favor do progresso, muitos se veem sem saída ou como reclamar de sua situação, pois o que o país está passando, segundo a classe dominante, é em benefício de algo maior. Os direitos vão sendo revogados, assim como a liberdade de expressão e a liberdade de fazer questionamentos. Ao mínimo sinal de revolta a polícia é acionada para deter os protestos de uma população oprimida. 

Ao olhar os jornais é possível ver que não estamos tão distantes dessa realidade, pessoas são agredidas, presas e mortas, pois estavam violando a ordem estipulada pelas atuais políticas. Tudo o que se vê, não é ordem, mas sim uma dissimulação da palavra que é usada contra o povo.

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Barbara Davidson

Fotógrafa que retrata mulheres e crianças atingidas pela violência das gangues em Los Angeles.

“Aprendi muito cedo a lutar contra a rejeição, a nunca desistir e nunca deixar ninguém me impedir de me tornar uma fotojornalista”. Assim declara Barbara Davidson, no ano de 2019, em sua colação de doutorado.

Nascida em Montreal, Canadá, Barbara lutou muito para ascender profissionalmente em um ramo predominantemente masculino. 

Descrição: Barbara sorrindo de forma singela, seu rosto é marcado por expressões de felicidade. Ela olha diretamente para a câmera e usa brincos popularmente conhecidos como argolas. Seu cabelo é loiro ondulado e, na parte da frente, está parcialmente preso.
Barbara Davidson

Famosa por suas imagens sobre a crise humanitária, Davidson captura principalmente fotos de guerras, da violência causada pelas gangues e dos desastres naturais. A fotógrafa ganhou bastante destaque midiático após ganhar seu primeiro Prêmio Pulitzer devido a sua cobertura do furacão Katrina. Em 2007, Barbara entrou como fotojornalista na agência de notícias Los Angeles Times, mas, dez anos depois, deixou o cargo relatando que “Era hora de me recalibrar para abrir novos caminhos”.

Segundo a profissional, a arte de fotografar é baseada em contar boas histórias e ter paixão pelo trabalho. Neste contexto, ela utilizou seu amor pela fotografia em prol de denunciar a negação dos direitos básicos, especialmente a crianças e mulheres.

Barbara Davidson
Dois meninos, de idade aparentemente próxima, em um lugar que parece ser um campo com arbustos. O menino da esquerda aponta uma arma para a cabeça do outro, que está de braços abertos e olhos fechados.
Barbara Davidson
Cinco crianças dormem amontoadas em uma cama de casal. Aparentemente desconfortáveis, em razão do pouco espaço disponível. Duas das crianças dormem curvadas para a esquerda e as outras dormem de barriga para cima com os braços levantados. Na cama também há três almofadas escuras.
Barbara Davidson

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Até onde se pode ir para conseguir comer

Fome é exposta durante a pandemia.

Fome é exposta durante a pandemia.

Uma fotografia costuma ser capaz de dizer mais coisas que milhões de palavras e quando uma fotografia tem muito a dizer, há uma história por trás. É isso que a fotografia do Danilo Verpa, que busca retratar como a fome leva famílias a revirar lixo e buscar alimentos próximos do descarte, trazendo uma sensação constante de revolta, e um certo pavor, temendo que amanhã seja a nossa vez de não ter o que comer.  Conhecendo esse fato é preciso analisar como as políticas públicas deixaram a desejar no que tange a segurança alimentar.

5 pessoas em volta de um lixeiro com resíduos,  algumas delas usam luvas,  estão com as mãos dentro da lixeira, aparentemente estão revirando em busca de algo para comer.
Danilo Verpa

 

A fotografia do Danilo Verpa permite observar 5 pessoas, em volta de um lixeiro, no que entende – se por ambiente urbano, pela composição das ruas, e carros, uma das mulheres coleta algo que aparenta ser uma fruta, a luz ambiente é característica do dia isso no que se refere aos elementos observáveis mais técnicos, com significação formal, pode – se destacar que a fotografia está na horizontal, no plano médio, sob ponto de vista superior e a expressão de movimento congelada.

Mas para além dos elementos visíveis, o contexto no qual a foto foi tirada significa muito, ver essa fotografia causa revolta e certa repulsa a pensar que provavelmente o alimento de algumas pessoas vem dos restos de outras pessoas. Conhecendo o contexto da fotografia, o sentimento de revolta fica ainda mais evidente, a foto foi tirada no 23 de outubro de 2021 no contexto pandêmico a situação do Brasil no que tange a fome se tornou ainda mais agravante.

Já quanto à significação cultural é preciso considerar que a saída do Brasil do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014 foi um marco mundialmente reconhecido no caminho à promoção do direito humano à alimentação adequada e saudável. Durante a pandemia de COVID – 19, o Brasil retornou para o mapa da fome. Os dados são da pesquisa “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil”, elaborada pela Rede Penssan e mostram que o Brasil retrocedeu 15 anos em cinco, voltando a ter a fome como problema estrutural.

Urge no Brasil uma ação mais incisiva para garantir a segurança alimentar para a população. O brasileiro sente o descaso na pele. São 19 milhões de brasileiros passando fome no nível mais grave, cerca de 9% da população. Não basta se revoltar, é preciso agir, o que pode ser feito para que as necessidades associadas ao sentimento de revolta é cobrar uma ação dos órgãos públicos, exigir do ministério da economia investimentos em projetos para assegurar a alimentação do brasileiro.

A prerrogativa de segurança alimentar é uma questão tão forte quanto a de 15 anos atrás, isso causa revolta, mas é função do fotojornalismo retratar isso, evidenciar questões que afetam a população vulnerável. Portanto, a fotografia analisada exige sensibilidade de compreender que além de entender o problema é preciso buscar soluções que viabilizem a segurança alimentar da população brasileira.

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Sobre a autora

Maria Eduarda Gomes é bacharelanda em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Bandeira LGBTQIA+

A importância das simbologias

A importância das simbologias

Na imagem abaixo podemos ver uma bandeira sendo tremulada de uma varanda cheia de pessoas. A foto, tirada de um ângulo baixo em comparação à varanda, mostra parte do céu, desse modo as cores do fundo, de maioria cinza-azulado, acabam por contrastar com as cores vibrantes da bandeira representante do movimento LGBTQIA+ centralizada na foto.

Descrição: A imagem retrata uma varanda na qual diversas pessoas se apoiam no parapeito, levemente descentralizada podemos ver uma bandeira LGBTQIA+ sendo agitada por alguém. Devido a fotografia foi tirada de um ângulo abaixo do nível da varanda vemos boa parte do céu nublado que, juntamente com a cor da varanda compõe uma imagem majoritariamente em tons azul claro e cinza.
Sofia Santoro

Foi em 25 de junho de 1978, Dia da Liberdade Gay nos Estados Unidos, que a bandeira gay, hoje símbolo da comunidade LGBTQIA+, foi vista nas ruas pela primeira vez.

A primeira versão, contendo 8 cores – rosa, vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta -, foi obra do artista e designer Gilbert Baker que buscava um símbolo que promovesse a ideia de diversidade e inclusão. Antes da década de 70, a comunidade gay utilizava um triângulo rosa como símbolo do movimento. A marca do triângulo rosa classificava homossexuais dentro dos campos de concentração no período da Alemanha Nazista.

Nesse sentido, é nítida a rápida aceitação e adesão da bandeira ao movimento, pois ela sugere uma história de representação e orgulho, pensada para incluir e não segregar. Um símbolo proposto com respeito e admiração, além de projetado por um integrante da comunidade.

Com o tempo, devido a dificuldade de se reproduzir a bandeira com tantas cores, as cores rosa e anil acabaram por serem retiradas da bandeira, mas esta ainda carrega o caráter de representação e respeito merecidos pela comunidade LGBTQIA+.

Pessoalmente, esta imagem me chama a atenção de diversas formas, tanto o contraste entre as cores da bandeira em relação ao fundo acinzentado, como o contraste de movimento. Se olharmos bem a imagem, percebemos que as pessoas apoiadas no parapeito parecem estar apertadas, sem muito espaço para se movimentar. Entretanto, a mão sem dono que tremula a bandeira parece ter todo o espaço necessário para tal movimentação.

Muitos não percebem a importância de bandeiras para movimentos político-sociais, mas o peso carregado pela simbologia e a rápida ligação feita entre esta e o movimento em si é de extrema relevância. As associações feitas são parte do movimento e é dessa forma que a bandeira acaba por se tornar um símbolo de liberdade amorosa, de respeito e aceitação.

É preciso valorizar e enaltecer nossas simbologias.

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Links, Referências e Créditos

Como citar este artigo

COUTO, Sarah. Bandeira LGBTQIA+. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/bandeira-lgbtqia/>. Publicado em: 27/07/2022. Acessado em: [informar data].

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