O Vestido Branco Esvoaçante

A personalidade forte de Marilyn Monroe através das lentes de Sam Shaw.

A personalidade forte de Marilyn Monroe através das lentes de Sam Shaw.

Uma jovem loira, em pé sobre uma grade de ventilação no metrô de Nova York, usando um vestido branco cujo o ar está empurrando para cima. Essa é a descrição da fotografia mais famosa da grande estrela de Hollywood, Marilyn Monroe, que foi tirada em 15 de setembro de 1954 pelo fotógrafo Sam Shaw no set do filme Seven Year Itch e reimpressa milhões de vezes no mundo.
Sam Shaw

A famosa fotografia da atriz, modelo e cantora norte-americana poderia ser apenas o retrato de uma mulher comum segurando um vestido branco esvoaçante, mas o fato é que há muito mais por trás dessa imagem.

Nessa fotografia, Marilyn Monroe foi imortalizada pelos seus cabelos loiros, sua sensualidade e feminilidade. De forma espontânea,  ela acabou se tornando um símbolo da indústria cinematográfica, representando perfeitamente o padrão de beleza imposto como ideal às mulheres nos anos 60. 

No entanto, por se tratar de uma foto bastante sensual, ela também simboliza o oposto do que os costumes da época, afinal de contas, as  mulheres deviam se portar de forma mais recatada. 

O vestido voando enquanto ela o segura e o seu olhar de “ironia” geram uma provocação a todas essas regras morais ditadas por homens em uma sociedade patriarcal. Ela desafia os olhares julgadores e parece se divertir com isso. 

Sam Shaw não registrou apenas uma estrela do cinema hollywoodiano ou uma modelo famosa, mas sim uma grande personalidade cujo qual não pôde ser escondida das lentes da câmera e nem tinha a pretensão de se esconder.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

Como citar esta postagem

IASMIN, Jade. O Vestido Branco Esvoaçante. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/o-vestido-branco-esvoacante/>. Publicado em: 24 de nov. de 2022. Acessado em: [informar data].

Maureen Bisilliat e sua fotografia literária

O olhar antropológico e poético de Maureen Bisilliat

Sheila Maureen Bisilliat nasceu no dia 16 de fevereiro de 1931 em Englefield, no condado não metropolitano – entidade ao nível do condado na Inglaterra com cerca de 300 000 a 1,4 milhões de habitantes – de Surrey, na Inglaterra. Foi apenas em 1957 que Maureen se mudou para o Brasil e produziu um dos mais sólidos trabalhos de investigação fotográfica do país.
Maureen Bisilliat

Antes de se mudar para o Brasil, Maureen foi para Paris estudar artes plásticas com André Lhote no ano de 1955 e, logo em 1957, ela foi para Nova Iorque, onde passou a estudar no Art Student’s League. Neste mesmo ano, ela fez uma viagem para o Brasil e fixou residência em São Paulo. Assim, em 1962, ela substitui as artes plásticas pela fotografia e começa a trabalhar na Editora Abril entre 1964 e 1972, na revista Realidade. 

Com a sua trajetória artística, Bisilliat tinha a preocupação de fazer da fotografia um elemento narrativo, cujo os temas pudessem sugerir sequência, história e ritmo. Dessa forma, ela tentava fazer a combinação de textos literários com imagens. A partir da década de 1960, portanto, ela se tornou autora de livros de fotografia inspirados em obras de escritores relevantes da época, bem como João Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Euclides da Cunha e entre outros grandes nomes da literatura brasileira. 

Seu primeiro trabalho desse projeto foi “A  João Guimarães Rosa” (1966). Após a fotógrafa ler “Grande Sertão: Veredas”, Guimarães Rosa sugeriu a ela que fizesse uma viagem pelo interior do Brasil em busca do cenário onde se passa a história do livro. Como resultado, as legendas das imagens são substituídas por trechos do livro, traçando não apenas paralelos entre a escrita de Guimarães e as fotografias de Maureen, mas também se torna uma releitura poético-visual de “Grande Sertão: Veredas”.

Em 1968, Maureen demonstra o seu interesse em registrar os sertões e o Nordeste do país através de seu ensaio fotojornalístico “Caranguejeiras”, no qual fotografou o trabalho de mulheres que coletam caranguejos mergulhando na lama em um mangue de Pernambuco. Por meio de suas fotos, Bisilliat mostra os gestos e movimentos dessas mulheres como uma dança a partir de um ponto de vista bastante antropológico, respeitoso e poético. 

Mesmo após abandonar o fotojornalismo, Maureen continuou preocupada em registrar essa parte do Brasil,essa curiosidade e vontade de conhecer e mostrar mais sobre esse país desconhecido seguiu norteando o seu trabalho. Por volta de 1970, Bisilliat viaja para o Parque Indígena do Xingu a convite dos irmãos Orlando Villas-Bôas e Cláudio Villas-Bôas e produz uma série de registros fotográficos, tendo como resultado o livro “Xingu Território Tribal”, combinação de suas fotografias com textos dos irmãos sertanistas Villas-Bôas. Também teve como resultado a produção do longa-metragem “Xingu/Terra”, feito por ela, os irmãos Villas-Bôas e o diretor Lúcio Kodato, onde mostram o cotidiano e os hábitos do povo Mehinaku, localizados no Alto Xingu. A partir dessa experiência, Bisilliat passa a se expressar através do vídeo e imprime, da mesma forma que imprimia isso na fotografia, a sua visão poética por meio de seus documentários.

Em 1985, Maureen expõe na 18° Bienal Internacional de São Paulo um ensaio fotográfico inspirado no livro “O Turista Aprendiz” escrito por Mário de Andrade e em 1988, ela, Jacques Bisilliat e seu sócio, Antônio Marcos Silva, foram convidados pelo antropólogo Darcy Ribeiro a levantar um acervo de arte popular latino-americano para a Fundação Memorial da América Latina. Deste modo, para fazer o levantamento, eles viajaram para o México, Guatemala, Equador, Peru e Paraguai recolhendo peças para a coleção permanente do Pavilhão da Criatividade, cujo qual ela dirigiu de 1989 até 2010.


Maureen Bisilliat

Maureen Bisilliat
Maureen Bisilliat
Maureen Bisilliat

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.


Links, Referências e Créditos


Como citar esta postagem

IASMIN DA SILVA, Jade. Maureen Bisilliat e sua fotografia literária. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/11/maureen-bisilliat-e-sua-fotografia.html>. Publicado em: 15 de nov. de 2022. Acessado em: [informar data]. 

A tradição e o moderno

Luisa Dorr registrou a fusão do urbano e do Chola Cochabambina


A foto abaixo mostra as Imilla, garotas indígenas bolivianas da cidade de Cochabamba que promovem o skate para o público feminino. Mesmo com a marginalização sofrida pelos indígenas Aymara e Quechua Cholitas durante séculos, nas últimas décadas, essas comunidades vêm recuperando seu orgulho e uma forma das Imilla mostrarem isso é vestindo suas roupas tradicionais, fugindo do visual ocidentalizado que era aceito como o justo para a assimilação cultural. 


Luisa Dorr

Esta fotografia da Luisa Dorr, demonstra perfeitamente como o urbano e o moderno podem se fundir à tradição sem prejudicar um ao outro, mas sim se complementando. Ao olhar para essa imagem, é possível visualizar quatro mulheres de tranças no cabelo, usando saias coloridas, tênis de skatista, blusas brancas e chapéus. Suas roupas aparentemente são parte de um costume cultural e é notável que é latino americano, devido às características das vestimentas.  Fora isso, também é possível ver que a rua na qual elas estão andando de skate é bem arborizada. 

O que mais se destaca neste registro feito por Luisa: mulheres com roupas tradicionais de sua cultura andando de skate. Isso pode parecer simples e cotidiano em alguns lugares, mas é importante viver e honrar as próprias raízes, receber o novo e esse grupo de mulheres indígenas skatistas demonstra que é possível fazer os dois ao mesmo tempo através desta imagem e também através do próprio coletivo de skate. 

“Imilla”, o nome deste coletivo de skate, é uma palavra Aymara e Quechua que significa meninas. Elas são uma referência cultural e uma fusão entre o urbano e o Chola Cochabambina – vestimenta no estilo tradicional Chola de pessoas que vivem no departamento de Cochabamba – e tem como objetivo, além de popularizar o skate na Bolívia, gerar empoderamento feminino às meninas que se interessarem pelo esporte, mostrando que elas não são diferentes dos homens em capacidade e em direitos. Além disso, elas também tem o intuito de fazer um chamado a toda a sociedade para conciliar diferenças culturais e estereótipos centenários de mulheres, a fim de mudar perspectivas machistas e retrógradas a partir de um esporte que antigamente era considerado como masculino. 

Nessa foto, especificamente, elas estão na entrada do Parque Pairumani, um dos lugares preferidos das meninas para andar de skate por conta da beleza do local. É uma pequena descida localizada em Quillacollo, nos arredores de Cochabamba. A ImillaSkate quis partilhar lugares que representassem a sua cidade e a natureza que está sempre presente. A estrada está repleta de árvores emblemáticas da flora de Cochabamba e é também área de plantações, responsáveis ​​por muitos locais de trabalho agrícolas para pessoas da comunidade. Logo, esse lugar também é um pedaço da cultura dessas jovens skatistas. 

Em suma, essa foto representa a mistura cultural entre a cultura tradicional e a cultura moderna, sendo também a quebra e a manutenção, pois não é 100% moderno e nem 100% tradicional. Ela mostra como o tempo pode ser enriquecedor e acrescentar coisas novas no que já existia,  gerando mudanças funcionais e significativas para as pessoas. No caso da Imilla, o skate veio para fortalecer e empoderar essas mulheres, gerando um avanço na independência delas e na igualdade de gênero no lugar onde elas moram. 


#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

Links, Referências e Créditos



Como citar esta postagem

IASMIN, Jade. A tradição e o moderno. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/11/a-tradicao-e-o-moderno.html>. Publicado em: 10 de nov. de 2022. Acessado em: [informar data].

O grito por socorro que não ecoa

O pedido de ajuda dos yanomami foi registrado por Sebastião Salgado em seu projeto “Amazônia”.
A fotografia de Sebastião Salgado revela um pedido de socorro. Por meio dela, vemos três indígenas em um trecho de rio cercado pela floresta. O primeiro deles, o Xamã, realiza um ritual.
Sebastião Salgado
A fotografia feita por Sebastião Salgado se trata de um registro fotográfico imponente e necessário. A foto em questão traz ao público uma importante mensagem: o pedido de socorro dos povos indígenas da Amazônia. 
Na imagem é possível ver a aflição do Xamã Yanomami – o senhor em destaque na foto – enquanto ele e os outros dois homens no fundo estão em um rio. Além disso, existem outros elementos na imagem que ajudam a construir essa narrativa, bem como os tons de branco e preto tradicionalmente utilizados pelo autor que dão a sensação de aflição, por exemplo. Outro aspecto importante a ser observado são os galhos em torno do rio que parecem engolir os três homens no meio. Isso, junto com a expressão de cansaço estampada no rosto do Xamã enquanto ele clama aos céus.
Com as mãos para o alto, a expressão e a posição do xamã não apenas aparenta ser um pedido de ajuda, como de fato o é: No momento desse registro, ele estava fazendo um ritual pedindo às forças superiores de sua crença para que parasse de chover e eles pudessem seguir em frente, rumo ao Pico da Neblina. 
De acordo com o G1, recentemente garimpeiros estupraram uma menina yanomami de 12 anos. Após o ocorrido, todo o povo yanomami desapareceu. Eles foram encontrados apenas dias depois do ocorrido fugindo do garimpo que invadiu suas terras. Ao considerar isso e toda a história dos povos indígenas, essa fotografia passa a simbolizar não apenas o cansaço de um caminho exaustivo debaixo de chuva, mas também toda a jornada de luta e resistência pela sobrevivência e dignidade ignorada pelas grandes mídias. 
Não houveram grandes movimentações contra o desaparecimento de um povo inteiro e, como consequência, também não houve justiça. Os responsáveis pela invasão das terras yanomamis e pelo estupro da menina de 12 anos não foram responsabilizados pelos seus crimes. 
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

Hildegard Rosenthal e o protagonismo feminino no fotojornalismo brasileiro

A primeira mulher fotojornalista do Brasil


Hildegard Rosenthal é natural de Zurique, na Suíça e viveu grande parte de sua vida em Frankfurt na Alemanha, onde estudou pedagogia durante os anos de 1929 até 1933. Entre 1934 e 1935 viveu em Paris, mas depois retornou para Frankfurt e estudou fotografia no Instituto Gaedel, com Paul Wolf, especialista em câmera de pequenos formatos e técnicas de laboratório. Após se formar, foi contratada como fotógrafa pela empresa Hein Mainischer Bildverlag, até que em 1937, ela e seu namorado, Walther Rosenthal, precisaram deixar a Alemanha e emigrar para São Paulo no Brasil, pois ele era judeu e precisava fugir do regime nazista.


Hildegard Rosenthal

Já em São Paulo, no ano de 1938, Hildegard começou a trabalhar como orientadora de laboratório na empresa de materiais e serviços fotográficos Kosmos, na Rua São Bento. No mesmo ano, a agência Press Information a contratou para atuar como fotojornalista, onde realizou reportagens para jornais nacionais e internacionais e teve fotos publicadas no “La Prensa”, de Buenos Aires, “Gazeta do Sul”, de Cananeia, e “Folha da Noite”, “Folha da Manhã” e “Estado de São Paulo”.

Neste trabalho, Hildegard Rosenthal fez registros do processo de urbanização da grande São Paulo, das cidades do interior paulista, do Rio de janeiro e de algumas cidades do sul. Suas fotografias registraram o fluxo de pessoas nas ruas, o transporte público, a arquitetura, vendedores ambulantes e cidadãos comuns em situações prosaicas. Ela costumava registrar pessoas desconhecidas ou modelos que simulavam situações cotidianas. Desse modo, Hildegard humanizou e congelou no tempo uma metrópole movimentada.

Além desses importantes registros históricos do início da urbanização no Brasil, ela também fez fotos de grandes nomes da arte e da literatura brasileira, capturando os artistas em momentos de criação. Dentre esses grandes nomes estão: o pintor Lasar Segall, os escritores Guilherme de Almeida e Jorge Amado, o humorista Aparício Torelly – conhecido também Barão de Itararé – e o desenhista Belmonte. 


#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

Links, Referências e Créditos

Sebastião Salgado e o ativismo ambiental

Fotógrafo, economista e ativista ambiental.

Hoje, Sebastião Salgado vive em Paris, mas ele é natural da cidade de Aimorés, interior de Minas Gerais e nasceu no dia 8 de fevereiro de 1944. Além de ser um grande fotógrafo, ele é formado no curso de Economia pela Faculdade de Economia de Vitória (ES).

Retrato do fotógrafo Sebastião Salgado, na qual ele está olhando diretamente para a câmera enquanto dá um leve sorriso. Um senhor de cabelos grisalhos vestindo uma blusa azul.
Autor(a) desconhecido

Salgado não se destaca apenas por ser um excelente fotógrafo, mas também pelo seu ativismo ambiental. Sebastião e sua esposa, Lélia Wanick, trabalham desde os anos 90 na recuperação de uma pequena parte da Mata Atlântica. Juntos, eles reflorestaram uma parcela de terra que possuíam e, em 1998, ela foi transformada numa Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). No mesmo ano, eles criaram o Instituto Terra que tem como missão reconstituir o ecossistema florestal da região de Aimorés, através de diferentes formas de intervenção, recuperando os processos ecológicos e contribuindo para a manutenção da biodiversidade local. 

Ele também fez diversos registros fotográficos com essa temática. O projeto fotográfico “Amazônia”, por exemplo, mostra a importância da preservação da floresta e da demarcação de terras indígenas. 

Foto do Sebastião Salgado olhando para a câmera com um indígena atrás
Autor(a) desconhecido

Foto de Sebastião Salgado e sua esposa em um campo olhando para o nada
Autor(a) desconhecido


Foto de diversas árvores fechando a mata
Sebastião Salgado

Indígenas andando em um barco no rio
Sebastião Salgado

Chamada para ação

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

Links, Referências e Créditos



Como citar esta postagem

{SILVA, Jade Iasmin}. {Sebastião Salgado e o ativismo ambiental}. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<{https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/08/sebastiaosalgadoeoativismoambiental.html}>. Publicado em: {08/08/2022}. Acessado em: [informar data].

Campos de concentração para japoneses

O preconceito sob o olhar de Dorothea Lange.

A fotografia abaixo, tirada por Dorothea Lange, mostra um campo de concentração para japoneses nos Estados Unidos no período da Segunda Guerra Mundial. Nesses campos, que possuíam condições horríveis, eles eram obrigados a trabalhar de forma injusta e viviam presos, sem nunca ter cometido nenhum crime. Apenas em 1988 o Governo se desculpou oficialmente pelo estabelecimento de campos de concentração para cidadãos nipo-americanos nos Estados Unidos e admitiu que essa medida foi baseada em princípios racistas.


Descrição: esta é uma fotografia em preto e branco onde há uma bandeira dos Estados Unidos no meio de um campo. Ao redor, há diversas casas iguais e ao fundo há algumas montanhas.
Dorothea Lange 

A fotógrafa fez um registro crítico e com teor expositivo do que de fato estava acontecendo ali. Pode-se notar isso a partir do foco em um elemento: a bandeira dos Estados Unidos centralizada em meio a um campo de concentração. Dorothea aceitou o trabalho justamente para denunciar a remoção dos cidadãos nipo-americanos e, por isso, suas fotografias foram confiscadas e censuradas pelo exército. Essas fotos ficaram guardadas no Arquivo Nacional sem acesso permitido até 2006. Após a liberação do trabalho de Dorothea em 2006, suas fotografias foram reunidas em um livro. 

O trabalho de Dorothea Lange dá abertura para muitas questões, sendo uma delas o fato de que em plena Segunda Guerra Mundial, enquanto se combatia os nazistas e seus campos de concentração, os Estados Unidos também estavam – por motivações preconceituosas e etnocêntricas – removendo os cidadãos nipo-americanos para campos de concentração. Embora as propagandas do governo quisessem passar a imagem de que os Estados Unidos era uma nação democrática e de acolhimento à diversidade, por detrás dos panos, a realidade era outra. 

A fotografia da autora demonstra toda a história citada acima. Inicialmente, ao olhar apenas a fotografia, pode-se ver um campo de trabalho dos Estados Unidos, posto que a bandeira é o grande foco da imagem e a paisagem atrás aparenta ter muita neve. Não se sabe, apenas olhando a foto, em que ano ela foi tirada ou se era um campo de trabalho forçado ou não. No entanto, ainda assim, muitas reflexões podem surgir a partir dela, como: por que em meio a segunda guerra mundial, há um campo de concentração nos Estados Unidos? Eles não estavam combatendo o fascismo alemão? Por que um campo de trabalho é normal nos Estados Unidos? Por que isso não é contado nos livros de história?

Essas são algumas das perguntas que podem ser feitas ao olhar esta fotografia a fundo e entender, a partir da bandeira e de toda a história imperialista do país, que este não é um campo qualquer e que, tanto quanto em países fascistas, essa fotografia demonstra o preconceito e a desigualdade social entre os cidadãos dos Estados Unidos, mostrando assim que o sonho americano não é para todos como pintava as campanhas publicitárias antigamente, mas para alguns, especialmente para quem o governo do país aceitar como “aceitável”, pois até hoje há campos para latino-americanos, por exemplo, dentro dos Estados Unidos.

Essa fotografia de Lange, mostra uma face escondida dos Estados Unidos e que, por sua vez, é tão obscura quanto o fascismo da Alemanha, Itália, Espanha, Japão e Portugal. Demonstra que apesar de não haver o discurso sobre a pureza americana, existem práticas que demonstram esse tipo de pensamento e preconceito.


#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.


Como citar esta postagem

SILVA, Jade Iasmin. Campos de concentração para japoneses. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/06/Campos%20de%20concentracao%20para%20japoneses.html>. Publicado em: 29 de jun. de 2022. Acessado em: [informar data].
Sair da versão mobile
Pular para o conteúdo
%%footer%%