Numa janela do edifício Prestes Maia 911

 

Em um de seus ensaios mais premiados, Bittencourt nos apresenta o cotidiano de pessoas marginalizadas na cidade de São Paulo.

Julio Bittencourt é um fotógrafo brasileiro que nasceu em 1980, na cidade de São Paulo. Como fotojornalista, teve trabalhos que apareceram em revistas e jornais como The Guardian e The New Yorker. Ele também publicou três livros: Ramos, Dead Sea e, o projeto que abordaremos nesta postagem, Numa Janela do Edifício Prestes Maia 911.
Legenda: Retrato de Julio Bittencourt, Nereu Jr. (2011)
Descrição: retrato do fotógrafo sobre o qual o texto fala, sorrindo para a câmera.
O edifício Prestes Maia era um dos muitos imóveis vazios na cidade de São Paulo. Antiga sede da Companhia Nacional de Tecidos, com diversos problemas estruturais, o prédio foi ocupado por movimentos sociais de luta por moradia, chegando a abrigar mais de 400 famílias.
Entre 2005 e 2008 o fotógrafo registrou diversos moradores do Edifício Prestes Maia através de suas janelas, em cenas cotidianas ou em momentos de intimidade. Essas fotos foram reunidas no livro Numa janela do Edifício Prestes Maia 911 publicado no Brasil em 2008 pela editora DBA.
Legenda: Julio Bittencourt, Numa janela do edifício Prestes Maia 911 (realizada entre 2005 e 2008)
Descrição: vemos através de uma janela um casal encarando a câmera, e ao lado um beliche com uma criança deitada.
O interesse do fotógrafo por janelas já vinha desde a infância, ao observar as pessoas do prédio onde vivia se comunicando pelas janelas. As fotografias mostram a relação que essas pessoas criam com o seu entorno. Em algumas fotos vemos vasos de flor que elas colocam para decorar a janela. Em outras vemos atitudes cotidianas, como um homem que aparece sem camisa, como se tivesse acabado de acordar, ou então vemos a relação entre os moradores, como na foto em que um homem abraça uma mulher grávida, mostrando uma relação de carinho, de afetuosidade.
Legenda: Julio Bittencourt, Numa janela do edifício Prestes Maia 911 (realizada entre 2005 e 2008)
Descrição: através da janela vemos um homem abraçando a barriga de uma mulher grávida em um gesto de carinho.
Embora a descrição possa dar a entender isso, o projeto não passa uma sensação voyeurística, de espiar a vida alheia por prazer, mas de interesse genuíno pelas pessoas e pelas relações entre elas e o local em que vivem. As fotos misturam a delicadeza e a simplicidade do cotidiano e da vida dos moradores com a crueza e a falta de estrutura do ambiente em que elas vivem.
Legenda: Julio Bittencourt, Numa janela do edifício Prestes Maia 911 (realizada entre 2005 e 2008)
Descrição: uma mulher joga em plantas que estão em baixo da janela.
É um projeto fascinante, combinando fotos lindas de um ponto de vista estético, com uma temática muito importante, a precariedade dos edifícios invadidos devido à falta de moradia nos grandes centros urbanos, nos fazendo refletir sobre a vida de pessoas desabrigadas nas grandes metrópoles. 
Legenda: Julio Bittencourt, Numa janela do edifício Prestes Maia 911 (realizada entre 2005 e 2008)
Descrição: um homem sem camisa aparece na janela abrindo a cortina, como se tivesse acabado de acordar.
Além desse livro, Julio Bittencourt tem várias séries interessantes, como a série Tokyo Subway, fotos de um metrô japonês. Para ver mais, confira o site do fotógrafo aqui.
Já conferiu este projeto? Comenta aqui embaixo o que você achou. E para acessar mais conteúdos sobre fotografia cadastre-se na nossa newsletter e receba uma seleção temática de textos do blog todo mês!

Links, Referências e Créditos

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Perfil “Dancing With Them”

Legenda: print de tela do perfil mencionado

O #dicade de hoje trás um perfil do Instagram que é dedicado a compartilhar fotos de casamentos de pessoas da comunidade LGBTQIA+.

Em todas as nossas colunas nós exploramos as diversas formas de se fazer fotografia, e seus diferentes impactos nas pessoas e no mundo.  A fotografia é uma grande forma de fazer recordações e contar histórias. No #dica de hoje, trazemos para vocês um perfil no Instagram dedicado a capturar e espalhar o amor, em todas as suas formas.

 
Print de tela do perfil mencionado

O perfil no Instagram “Dancing With Them” é dedicado à divulgação da revista de fotografias de casamentos de pessoas da comunidade LGBTQIA+. O projeto foi criado por Tara e Arlia, um casal americano que, quando começaram os preparativos para o seu casamento, encontraram uma indústria heteronormativa que não condizia bem com suas expectativas. Assim “Dancing With Them” surgiu para publicar e celebrar todo amor LGBTQIA+ com autenticidade e carinho.

Print de tela do perfil mencionado

As fotografias da página são um conjunto de vários fotógrafos de casamento, que foram compartilhadas pelos casais junto com suas histórias.

A representatividade em espaços de domínio público é uma coisa muito importante, porque fortalece o sentimento de orgulho para as pessoas da comunidade e é de grande ajuda para o combate da LGBTQIA+ fobia, normalizando a diversidade. As fotos desse perfil me tocaram bastante. Por ser parte da comunidade, sei que se tivesse visto fotos como essas quando era mais nova, meu processo de aceitação teria sido bem diferente.

Convido a todos vocês a irem conferir o perfil no Instagram, e depois virem falar com a gente o que acharam aqui no blog!

Links, Referências e Créditos

Como citar essa postagem

COSTA, Clara. Perfil “Dancing With Them”. Cultura Fotográfica. Publicado em: 4 de dez. de 2020. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/perfil-dancing-with-them/(abrir em uma nova aba). Acessado em: [informar data].

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Diante da dor dos outros

 

Sontag analisa imagens da guerra, desde as pinturas de Goya até fotos do atentado do 11 de setembro, refletindo e criticando nossa relação com elas.

Susan Sontag foi uma importante intelectual e escritora norte-americana. Cursou filosofia na Universidade de Chicago e fez pós-graduação na Universidade de Harvard, além de ter estudado literatura e teologia. Defensora dos direitos humanos, foi presidente do American Center of PEN (1987-1989), organização de escritores que lutavam pela liberdade de expressão, onde liderou diversas campanhas a favor de autores presos ou perseguidos. 
Legenda:Susan Sontag em 1993, Alen Macweeney/Corbis/Getty Images
Descrição: uma mulher encara a câmera enquanto se encosta no que parece ser uma porta.
Sontag publicou diversos romances, ensaios críticos e peças de teatro. Nos últimos anos de sua vida foi uma crítica do governo de George W. Bush e da Guerra do Iraque, o que pode ser percebido em seu último livro publicado em vida: Diante da dor dos outros (2003). Editado no Brasil pela Companhia das Letras, este livro retoma um dos pontos abordados pela autora em Sobre Fotografia, o de que o impacto das imagens violentas de guerra já teria diminuído por causa de seu uso constante pela mídia. 
Em Diante da dor dos outros, a ensaísta analisa diversas imagens violentas desde os quadros de Goya da guerra até os registros do atentado do 11 de setembro, passando pelas fotografias dos campos de concentração nazistas refletindo sobre questões como o fato de fotos de guerra terem sido encenadas faz com que elas percam sua força para o “público” ou se a divulgação dessas imagens  em revistas e jornais podem fazer com que elas se tornem banais, entre muitas outras. Cada capítulo do livro rende um debate.
Legenda: capa do livro, Companhia das Letras
Descrição: uma ilustração de um homem enforcado em uma árvore enquanto outro homem o encara. Na frente estão o título do livro, o nome da autora e da editora.
Um dos momentos mais interessantes do livro é quando a escritora condena a constante afirmação do senso comum de que por causa da mídia, a guerra se tornou um espetáculo. Ela classifica a afirmação como provinciana, já que partiria apenas de um grupo seleto de pessoas que jamais vivenciou a dor e a violência, a não ser através da tv e dos jornais.
Eu já havia lido e escrito sobre um livro de Sontag aqui para o blog, e como havia dito naquele post, fiquei muito intrigada para conhecer mais obras da autora. E posso dizer que essa segunda leitura não decepcionou, e por abordar um tema tão complexo como nossa relação com imagens de violência, conseguiu ser ainda mais engajante que o Sobre Fotografia, outro livro incrível.  
Mesmo tendo falecido há mais de uma década atrás, em 2004, Susan Sontag continua uma autora extremamente atual, trazendo reflexões não só sobre fotografia, mas sobre a mídia, o comportamento humano e a forma como retratamos a guerra dependendo de onde ela ocorre. Leitura indispensável.
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Links e referências

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O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares

Você com certeza deve ter lembranças de livros infantis e infanto-juvenis repletos de ilustrações que ajudam a tornar a leitura mais interessante, lúdica e colorida.

 Uma história de ficção criada a partir de fotografias antigas? Conheça a literatura verbo-visual de Ransom Riggs!

Você com certeza deve ter lembranças de livros infantis e infanto-juvenis repletos de ilustrações que ajudam a tornar a leitura mais interessante, lúdica e colorida. Mas o livro sobre o qual vou falar hoje neste #dicade é um pouco diferente daqueles que você já deve conhecer. Na verdade, ele é bastante surpreendente se levarmos em consideração como se deu o seu processo criativo. Uma dica: tem tudo a ver com o que nós do Cultura Fotográfica amamos. Isso mesmo… fotografia!

Um exemplar do livro é visto sobre uma mesa próximo a outras obras literárias, com um pires com biscoitos e uma xícara de café parcialmente visíveis no lado esquerdo na imagem. 
Kaio Veloso. Capa de O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares.

A experiência de leitura de O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, publicado no Brasil pelas editoras Leya e Intrínseca, não poderia ter sido mais curiosa. Jamais poderia imaginar que aquela imagem da capa – uma garotinha flutuando alguns centímetros acima do chão, claramente uma montagem (do tipo tosco, que te faz querer rir) – poderia indicar, assim como as demais presentes ao longo do livro, algo mais do que um teor meramente ilustrativo. É com muita estranheza que adentra-se na história criada pelo americano Ransom Riggs , que começou a ter seus volumes publicados em 2011 e foi adaptado para o cinema em 2016, sob direção de Tim Burton.

Se até certa altura o fato de as personagens descritas terem as mesmas características que aquelas figuras misteriosas das fotografias parece uma mera coincidência (Ele deve ter tido sorte em achar essas fotos para o livro) ou uma estratégia pensada (Elas devem ter sido produzidas exatamente para isso) logo, as coisas começam a ficar um pouco mais complexas, afinal, parece que ambas as coisas, imagens e texto, são praticamente uma coisa só. Mas como isso é possível? A resposta vem ao final do livro, quando há uma listagem de colecionadores de fotografias vintage (o próprio Rigs consta na lista) e as coisas começam a ficar um pouco mais claras.

Tudo bem. As fotos são reais. Mas por quê alguém tiraria fotos tão estranhas e com esses efeitos de décadas atrás? Afinal, não estamos falando de uma foto posada em uma reunião de família ou uma cena de um cotidiano bucólico, mas de uma garota que parece segurar uma luz sinistra, gêmeos em fantasias esquisitíssimas e a já citada  garota flutuante. Nesse ponto, as coisas já ficam mais nebulosas. É difícil dizer ao certo quais são as histórias por trás dessas imagens, mas o que podemos afirmar é que truques antigos de montagem fotográfica foram usados para criar muitas dessas cenas.

O livro é visto aberto sobre uma mesa. Na página esquerda, há uma fotografia de uma criança que olha diretamente para a câmera, com olhos iluminados e com as mãos em forma de cúpula de onde emana uma luz branca. Na página direita, há texto corrido. 
Kaio Veloso. Visão interna do livro O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares.

O mais legal nisso tudo é que o processo criativo aconteceu a partir de uma  sugestão do editor de Riggs (que originalmente apenas faria um livro especialmente para o Halloween com uma seleção da sua coleção pessoal de fotografias antigas) que lhe incentivou a criar um romance a partir das imagens, imaginando como seria uma história em que aquelas crianças estranhas fossem as personagens. E assim, nasceu a saga que acompanha Jacob Portman, um garoto de 16 anos que parte para uma viagem ao País de Gales para buscar  a verdade sobre o assassinato de sua avó, e descobre crianças com dons especiais, tais como invisibilidade e manipulação de fogo, vivendo no orfanato da Srta. Peregrine, uma mulher que é capaz de se transformar em um falcão, isso dentro de uma fenda temporal que os mantêm na década de 1940 como meio de sobreviverem a seus inimigos. 

Pode-se dizer então que os livros que compõe a série (as continuações são os títulos Cidade dos Etéreos, Biblioteca das Almas e Mapa dos Dias) possuem uma forma de narrativa verbo-visual, já que as imagens presentes vão além da mera função de ilustração, mas compõem parte da história, sendo inspiração e parte dela ao mesmo tempo, à medida em que são mencionadas no texto e ajudam a compreendê-lo e até mesmo adentrar com mais intensidade na obra.

Você pode adquirir o livro aqui  e aqui

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3 perfis do Instagram que você precisa conhecer

Que o Instagram se tornou uma das maiores redes de compartilhamento de imagens do mundo já não é novidade para ninguém.

No #dicade hoje, conheça 3 perfis imperdíveis para seguir no Instagram!

Que o Instagram se tornou uma das maiores redes de compartilhamento de imagens do mundo já não é novidade para ninguém. A rede social lançada em 2010 e que hoje pertence ao Facebook começou com a proposta de ser um ambiente propício para o consumo e circulação de fotografias e hoje, reúne tanto fotógrafos e fotógrafos profissionais e amadores quanto pessoas com outros interesses.

Ainda que possa ser encontrado muito mais que fotografias ao utilizá-lo, é através da publicação de uma imagem que se dá a comunicação no aplicativo, seja o conteúdo uma foto, um vídeo ou uma arte gráfica com uma frase, por exemplo. Talvez por isso o “insta” ainda remeta tão fortemente à fotografia – essa forma de expressão que tanto amamos! – contando com uma logotipo que faz referência às antigas máquinas Polaroid.

Hoje, vamos usar o #dicade para apresentar 3 perfis no Instagram que você precisa conhecer. Afinal, com tantos perfis e tantas imagens sendo publicadas todos os dias fica difícil saber quem seguir, não é? Em meio ao turbilhão de selfies, fotos de comida, lifestyle, pets fofinhos e mais recentemente, lives de todos os jeitos e a toda hora, há contas interessantes que merecem receber mais atenção.

Prints de tela dos perfis do Instagram indicados

Já parou para pensar em quantas fotógrafas você conhece? Quantas você segue no Instagram? Quantas você está apoiando e prestigiando hoje? O Women Photographers History é um perfil no insta dedicado a compartilhar trabalhos fotográficos feitos por mulheres ao longo da história. Vale muito a pena conferir e conhecer fotógrafas fantásticas como Kate Simon e Maureen Bisilliat.

Agora, já parou para pensar no poder político de uma imagem? Quando fez a curadoria da exposição Levantes, George Didi-Huberman selecionou diversas fotografias de protestos políticos em diversos países ao longo da história. Além disso, também incluiu imagens mais simbólicas, que representam a repressão, a indignação e o desejo por uma mudança que leva um grupo de pessoas à ação.

A partir dessa exposição e da publicação que derivou dela com ensaios do próprio Didi Huberman e outros pensadores contemporâneos, surgiu o projeto de pesquisa Levantes que conta com alunos, docentes e pesquisadores da UFPA e da UNIFESSPA. O projeto conta com um perfil no Instagram onde são publicadas imagens que bem poderiam ter feito parte da exposição, além de trazerem mais do contexto nacional e principalmente, amazônico (correspondendo à localidade das universidades envolvidas).

Por fim, o perfil Iconografia da História traz uma seleção de imagens de acontecimentos tanto antigos quanto atuais e serve como um verdadeiro centro de memória do Brasil e do mundo, os acontecimentos da política, os marcos da cultura e diversos recortes temporais que de alguma forma deixaram sua marca e renderam imagens icônicas. Vale a pena conferir para conhecer, rememorar e até se divertir ao ver no mesmo local um frame de O Rei Leão e um registro de 1988 com o presidente dos Estados Unidos e, ao canto, um jovem Vladimir Putin que possivelmente o espionava a serviço da KGB.

Gostou das dicas? Em breve traremos mais! Conhece algum perfil legal e acha que mais pessoas devem conhecê-lo? Compartilha com a gente nos comentários! Vale divulgar o seu perfil pessoal também! Ah… e o Cultura Fotográfica tem um perfil no Instagram também! Segue lá pra ficar por dentro dos novos conteúdos do blog, acompanhar o desafio #1min1foto e ficar sabendo das novidades!

 No #dicade hoje, conheça 3 perfis imperdíveis para seguir no Instagram!

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Sobre Fotografia

 É um livro da década de 70 que se encaixa como uma luva nos dias de hoje.

Susan Sontag foi uma escritora e intelectual norte-americana, nascida em Nova York. Estudou filosofia, teologia e política na Harvard University, EUA, no Saint Anne’s College, Oxford, ambos na Inglaterra, e na Universidade de Paris, além de ter sido uma importante ativista dos direitos humanos. Organizou campanhas a favor de escritores presos ou censurados, e foi presidente de uma organização de escritores pela liberdade de expressão. 
Nos últimos anos de sua vida, foi uma das opositoras das políticas de George Bush. Sontag publicou romances, ensaios, peças de teatro e coletâneas de contos. Hoje, vamos falar de uma de suas obras mais conhecidas: o livro Sobre Fotografia.
Uma mulher de meia idade sentada em uma poltrona encara a câmera. O ambiente ao seu redor parece ser de uma sala.
Susan Sontag (Juan Esteves, 1993).
Descrição: uma mulher encara a câmera sentada no que parece ser um sofá, passando a impressão de uma foto tirada em casa.
O livro é uma coletânea de seis ensaios que a autora publicou na década de 70, em que ela reflete sobre a fotografia, e sobre seu desenvolvimento como fenômeno da civilização ao longo dos anos, percorrendo diversos temas. 
Alguns deles são a banalização do sofrimento, o papel do fotógrafo, a fotografia como arte, a mudança dos objetos da fotografia, o mundo das imagens versus o mundo real, entre diversos  outros. Em 224 páginas a autora consegue explorar inúmeras temáticas. Cada ensaio do livro pode ser usado para diversas discussões. 
Uma capa de livro cinza, com uma foto em preto e branco no centro de um homem e uma mulher segurando o que parece ser uma câmera antiga. Abaixo da foto está o título do livro e o nome da autora. Mais embaixo está a logo da editora que publicou o livro.
Capa do Livro, Companhia das Letras.
Descrição: capa do livro mostra uma foto com um casal segurando um retrato antigo.
E apesar dessa prolixidade, Sontag não torna o livro impossível de ler. A linguagem é fluida e clara, com inúmeras referências a outros fotógrafos, a livros e filmes. Aliás, é melhor ler o livro com o Google ao lado. E talvez com um bloco de notas. As interpretações que a escritora traz à obras como Montanha Mágica, Carta para Jane e Janela Indiscreta me fizeram querer ler e rever tudo.
O que mais me impressionou ao ler o livro é o quanto ele soa atual. Publicado em 1977 por uma autora que morreu em 2004, Sobre Fotografia se encaixa perfeitamente na nossa sociedade atual, em que consumimos milhares de imagens por dia, por exemplo no Instagram, nos fazendo refletir sobre qual papel a fotografia assumiu em nossas vidas. Por que nossas viagens parecem mais reais ao serem fotografadas? Por que nos incomodamos quando uma foto não revela a nossa melhor aparência? 
Sobre Fotografia, publicado no Brasil pela Companhia das Letras, é um livro absolutamente indispensável para os amantes da fotografia. Provocativo, instigante e reflexivo, e me fez querer ler tudo que Susan Sontag escreveu, até sua lista de compras do supermercado. E se você ainda está na dúvida sobre ler o livro ou não, recomendo este vídeo aqui. Talvez desperte sua curiosidade.
Vocês já leram Sobre a Fotografia? O que achou? Compartilhe suas impressões com a gente nos comentários e no grupo do Facebook!
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Dupla Exposição

Dupla Exposição é um livro que adquiri por acaso. Encontrei-o em uma livraria na minha cidade natal meio largado em um canto. 

O #dicade dessa semana é sobre um livro que une a linguagem verbal e a visual em uma narrativa sensível e nostálgica.

Dupla Exposição é um livro que adquiri por acaso. Encontrei-o em uma livraria na minha cidade natal meio largado em um canto.  A capa me chamou a atenção por ser uma daquelas edições cobertas por uma película semi-transparente (que guardei separada em casa com medo de estragá-la), mas foi só quando o abri para folheá-lo e li o texto de apresentação, escrito por Maria Esther Maciel, escritora e professora de Teoria da Literatura e Literatura Comparada da UFMG, que senti que precisava mergulhar naquela leitura.

A imagem mostra o livro Dupla Exposição sobre uma mesa branca ao lado de uma xícara de porcelana. Na fotografia da capa, uma mulher de costas usando blusa larga e branca é vista de costas. Sobre ela é projetada uma imagem com uma mulher em pé em um campo aberto.
Capa do livro Dupla Exposição, Editora Rocco. Imagem de capa por Elisa Pessoa, 2016.

No tal texto, Maciel começa falando sobre como o livro não cabe em classificações, com textos e imagens mantendo uma relação instável, ora afastando-se, ora aproximando-se. Desejei ver de perto como funcionaria uma obra em que texto e imagem se comunicam, não com as imagens servindo ao texto como ilustração nem mesmo como complemento, mas como parte integrante e igualmente relevante dos caminhos narrativos.  Além disso, é anunciada a ideia de mistura entre real e ficção, que é algo que já me chama a atenção a bastante tempo em obras literárias.

O livro é composto por diversos textos curtos, escritos por Paloma Vidal, escritora e professora de Teoria Literária na UNIFESP, nascida em Buenos Aires e residente do Brasil desde os dois anos de idade. São eles: Please Come Flying; EFA; Sun In An Empty Room; Sempre a Partida; Venice; Tavistock Square; 10 Exercícios Para; Un Petit Noir Comme Celui-Là; Melancolia: Modo de Usar. Cada um deles escrito em primeira pessoa, revelando os pensamentos da narradora-personagem e promovendo uma sensação de intimidade por parecerem ter saído de cartas, diários e anotações pessoais.

Enquanto isso, as imagens são obra de Elisa Pessoa, brasileira que, em Paris, formou-se em Artes Plásticas e começou seu trabalho com a fotografia e o vídeo, continuados após o retorno para o Brasil com produções em forma de vídeo-instalações e intervenções urbanas. Distribuídas ao longo das páginas, seja dividindo espaço com os textos, seja ganhando destaque sozinhas, as fotos apresentam personagens femininas com ares de mistério, utilizando os efeitos de dupla exposição e hologramas, assemelhando-se em muitos momentos a uma performance, em que a mulher vista em muitas das imagens movimenta-se frente a projeções de cidades e fotos antigas.

O livro é visto aberto sobre uma mesa branca, onde há também um arranjo de flores e uma xícara de porcelana. Uma mão segura o livro do lado esquerdo. Na página esquerda há uma fotografia mostrando a silhueta de uma mulher em movimento. Sobre ela, é projetada uma imagem de prédios urbanos com arquitetura européia.
Visão interna do livro Dupla Exposição, Editora Rocco. Foto de Elisa Pessoa, 2016.

É curiosa a forma como os temas são trabalhados nos textos e nas imagens, evocando a ideia de uma dupla exposição fotográfica em ambos os casos. Já no primeiro texto esse aspecto é revelado, baseando-se em um ensaio da escritora e poetisa Elizabeth Bishop sobre sua relação com a também poeta Marianne Moore. Em uma mistura de recorte do texto da autora e observações de uma leitora desejosa por mostrar o seu fascínio por ele, há a formação de um “dupla exposição textual” revelando que o título do livro não justifica-se apenas pela estética do conteúdo visual. É ainda mais fascinante notar os diferentes artifícios usados para evocar tal ideia, utilizando tempos diferentes (passado e presente), diálogos e pensamentos, além de fluxos mentais.

As fotografias revelam muito da nostalgia que os textos carregam. Quando a narradora lembra suas passagens por Paris ou Alemanha e os acontecimentos que a deixaram de alguma forma marcada, há imagens em que são projetadas cenas urbanas que lembram a arquitetura européia. A narradora deixa claro ao longo de todo o livro como arquivos pessoais são importantes para ela. Fotografias, cartas e diários são constantemente evocados e vemos imagens que parecem ter sido retiradas de um álbum de família empoeirado.

Assim, Dupla Exposição, fruto desta parceria entre artistas de duas áreas distintas, consegue funcionar quando lidos apenas os textos; apenas as imagens ou, como proposto, ambos juntos, sem perder a aura nostálgica e a ideia de uma viagem temporal em pensamento, como o sentimento que toma conta da mente ao observar nossas fotos antigas e lembranças carregadas de afetos.

Se interessou pelo livro? No site da Editora Rocco tem a lista de lojas on-line em que você pode comprá-lo: https://www.rocco.com.br/livro/?cod=2803 

Referência:

VIDAL, Paloma; PESSOA, Elisa. Dupla Exposição. 1ª ed. Rio de Janeiro: Anfiteatro – Editora Rocco, 2016.
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Pinterest

O Pinterest é uma rede social criada em 2009 que rapidamente ganhou adeptos, sendo a maior parte dos usuários pessoas que trabalham com ou são interessadas em fotografia, design, arquitetura e moda.

Procurando por um site com boas referências visuais e que ainda sirva como Portfólio para os seus próprios trabalhos? O Pinterest é a #dicade dessa semana!

O Pinterest é uma rede social criada em 2009 que rapidamente ganhou adeptos, sendo a maior parte dos usuários pessoas que trabalham com ou são interessadas em fotografia, design, arquitetura e moda. Considerado como uma rede social semelhante ao Instagram, o Pinterest tem como foco a publicação e circulação de imagens, sendo possível seguir perfis e salvar conteúdos chamados de “pins”.

O Pinterest é uma rede social criada em 2009 que rapidamente ganhou adeptos, sendo a maior parte dos usuários pessoas que trabalham com ou são interessadas em fotografia, design, arquitetura e moda. Considerado como uma rede social semelhante ao Instagram, o Pinterest tem como foco a publicação e circulação de imagens, sendo possível seguir perfis e salvar conteúdos chamados de “pins”.

Montagem feita com print da tela inicial do site Pinterest e logo oficial do site. O fundo surge desfocado e com baixa saturação enquanto a logo na cor vermelha surge à frente com destaque.
Montagem autoral

Tudo no Pinterest parece como um mundo de sonhos particular de designers e fotógrafos, com uma interface muito limpa e fácil de usar dando destaque completo às imagens que formam o seu conteúdo. Como toda rede social, é necessário fazer uma conta gratuita com um e-mail e uma senha. Logo em seguida, você poderá dar nome à sua conta e classificá-la como um negócio, caso queira utilizá-la para divulgar um produto ou serviço. Em seguida, você será apresentado a algumas ferramentas para que possa fazer as suas próprias postagens e por fim, poderá escolher os seus interesses para receber recomendações do site.

Print de tela do site Pinterest mostrando algumas opções de temas para serem escolhidos. No topo,, lê-se: “Escolha interesses para seu feed inicial. O feed inicial é uma coleção de Pins, ou seja, ideias com links de toda a Web”. Abaixo, alguns temas para serem escolhidos com uma imagem representativa de cada um. Lê-se: “Decoração; Faça você mesmo; Comida saudável; Frases inspiradoras; Comida e bebida; Doces e sobremesas/ Moda feminina casual; Acessórios femininos; Casamento; Wallpaper para celular”.
Print de tela

Uma das vantagens do Pinterest que  torna-o uma  ferramenta de pesquisa de imagens interessante está na sua organização por pastas. É possível encontrar diversas pastas organizadas por usuários a partir de uma pesquisa por palavras chaves como “casa”, “natureza” ou “comida”. Eu usei essa tática para encontrar algumas das imagens que utilizei na série sobre flash do #fotografetododia e consegui chegar aos arquivos originais com informações sobre autoria, ano de publicação e contexto. Isso é possível porque a maior parte dessas imagens possuem hiperlinks para os blogs e sites onde elas foram publicadas inicialmente.

Eu particularmente utilizo o site como ferramenta de pesquisa pessoal e para inspiração tanto para fotografia quanto para ilustração. Às vezes, gosto de navegar entre as pastas de diversos usuários e encontrar imagens que nunca tinha visto antes e tenho pastas com alguns dos meus “pins” favoritos salvos. É possível criá-las clicando em “salvar” no canto da imagem escolhida.

Além disso, há várias pessoas utilizando essa rede social para mostrar o seus próprios trabalhos fotográficos ou mesmo outros tipos de arte e empreendimentos. Os conteúdos costumam ter uma vida útil maior que em redes sociais como o Instagram e o Facebook por causa da forma como os algoritmos trabalham. Um conteúdo publicado no Instagram, por exemplo, seria exibido por um dia antes de ser encoberto por outras publicações enquanto pode continuar a ser recomendado no Pinterest por mais de um mês.

Então, o Pinterest mostra-se uma boa rede social para amantes de fotografia que desejam conhecer novos trabalhos sobre  assuntos de seu interesse ou mesmo divulgar as suas próprias criações, podendo tanto achar pastas interessantes quanto formular as suas próprias. No caso de quem pretende usar para mostrar seu trampo como fotógrafo, dá pra usar o perfil como portfólio para conseguir novos trabalhos.

E aí? Gostou da #dicade dessa semana? Conta pra gente suas descobertas no Pinterest no nosso grupo de discussão no Facebook! Até mais!

Links:

Procurando por um site com boas referências visuais e que ainda sirva como Portfólio para os seus próprios trabalhos? O Pinterest é a #dicade dessa semana!
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Chamada de Conteúdos de Colaboradores¹

Convidamos todes autores que atuam no campo da fotografia a colaborar conosco, enviando-nos conteúdos para serem publicados em nossas mídias.

O principal objetivo que pretendemos alcançar por meio da publicação das mídias do Cultura Fotográfica é fomentar a cultura da fotografia mediante a produção, a distribuição, o consumo e o debate de conteúdos fotográficos e sobre fotografia. Sabemos que não estamos sozinhos nesta missão e acreditamos que podemos ser mais eficazes e eficientes se somarmos nossos esforços aos de outros agentes da cadeia produtiva da fotografia.
Por essa razão, convidamos tod_s autor_s que atuam no campo da fotografia a colaborar conosco, enviando-nos, por meio do formulário anexado ao final desta chamada, conteúdos para serem publicados em nossas mídias, conforme os termos a seguir:
1.1. A presente chamada visa receber conteúdos originais para serem publicados no blog do Cultura Fotográfica.
1.2. Os conteúdos dos colaboradores deverão estar em conformidade com uma das colunas listadas abaixo:
1.2.1. #ensaiofotografico é uma coluna de ensaios compostos por um conjunto coerente e coeso de imagens fotográficas, acompanhadas ou não de legendas e textos, por meio do qual o autor expressa sua perspectiva acerca de um determinado assunto.
1.2.2. #artigos é uma coluna de textos dissertativos por meio do qual o(a) autor(a) propõe uma reflexão fundamentada acerca de um ou mais elementos que constituem a cultura fotográfica.

1.3. As orientações e o modelo de produção de conteúdo para cada uma das colunas estão disponíveis nos anexos desta chamada.

2. Políticas editoriais
2.1. Política de Acessibilidade: Adotamos dois recursos de acessibilidade: a Audiodescrição, que consiste na tradução de imagens em palavras por meio de uma descrição objetiva, e o Sistema de leitura de tela, que consiste na locução, por meio de uma voz sintetizada, de todas as informações verbais exibidas na tela.
2.2. Política de Direitos Autorais: A utilização de obras intelectuais é feita sem fins comerciais ou lucrativos e com propósitos de crítica, de ensino e de pesquisa. Por isso, não constitui ofensa aos direitos patrimoniais de seus autores, conforme previsões contidas na legislação brasileira e internacional (mais informações).
3. Envio de conteúdos
3.1. O envio de conteúdos deverá ser feito exclusivamente pelo formulário disponível no seguinte endereço eletrônico: https://forms.gle/z8TiLPr7hPvrGdoM6
3.2. Os documentos a serem anexados deverão ser salvos no formato .docx, quando se tratar de arquivo de texto, no .pptx, quando se tratar de arquivo de apresentação, e no .jpg, quando se tratar de arquivo de imagem.
4. Seleção de conteúdos para publicação
4.1. A seleção de conteúdos para publicação será realizada pelo Prof. Dr. Flávio Valle, coordenador do Cultura Fotográfica.
4.1.1. Serão observados os seguintes critérios de seleção:
a. Adequação do conteúdo a coluna em que será publicado.
b. Qualidade técnica do conteúdo.
c. Qualidade da redação do conteúdo.
4.2. O resultado da seleção será comunicado ao autor do conteúdo pelo email informado no ato de inscrição.
5. Disposições gerais
5.1. Dúvidas a respeito desta convocatória devem ser encaminhadas para o e-mail culturafotografica@ufop.edu.br. No campo assunto, coloque Dúvida – Chamada de Colaboradores – Cultura Fotográfica
6.2. O ato de envio de conteúdo implica em plena concordância com os termos aqui estabelecidos.
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