Fotografia Descolonizada

Como a fotografia acontece fora dos países que historicamente dominam esta área de atuação.

Como a fotografia acontece fora dos países que historicamente dominam esta área de atuação.

Quando falamos de fotografia, é quase inevitável que a maioria das pessoas busque referências europeias e norte-americanas para se guiarem. Seja por interesse em compreender a história da fotografia, para buscar referências técnicas e conceituais para a inspiração de um portfólio ou por simples facilidade em encontrar fotógrafos e fotógrafas de países colonialistas. Por isso, este texto busca evidenciar artistas e profissionais de países muitas vezes esquecidos nos livros teóricos.

Alberto Korda

Compreender a história da fotografia do outro lado mundo auxilia na extensão do repertório cultural, além de proporcionar uma visão mais crítica e ampliada a respeito deste tema. Desde amantes desta arte/profissão até mesmo apenas curiosos, ver como a fotografia se desenvolve na ásia ou na américa latina pode ser enriquecedor devido a suas características próprias, sejam elas culturais ou técnicas.
Se sentiu interessado por esta proposta, convido-o a viajar na arte e trabalho dos profissionais citados abaixo e desvendar o lado “B” da fotografia.

Postagens do Percurso

Questões Orientadoras

  • Os cinco primeiros tópicos são referentes a alguns dos países que compõem a Ásia. São eles: Japão, Índia, Irã, Rússia e Paquistão.
  • O sexto e sétimo tópicos são referentes a alguns dos países que compõem a África. São eles: Etiópia e Nigéria.
  • Do oitavo ao décimo terceiro tópicos são alguns dos países que compõem a América Latina. São eles: Brasil, Nicarágua, Cuba e México.
#percurso é uma coluna de caráter formativo. Trata-se de pequenos roteiros  pelos conteúdos publicados no Cultura Fotográfica, elaborados para orientar o leitor em sua caminhada individual de aprendizado. Quer conhecer melhor a coluna #percurso? É só seguir este link.
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Diante da dor dos outros

 

Sontag analisa imagens da guerra, desde as pinturas de Goya até fotos do atentado do 11 de setembro, refletindo e criticando nossa relação com elas.

Susan Sontag foi uma importante intelectual e escritora norte-americana. Cursou filosofia na Universidade de Chicago e fez pós-graduação na Universidade de Harvard, além de ter estudado literatura e teologia. Defensora dos direitos humanos, foi presidente do American Center of PEN (1987-1989), organização de escritores que lutavam pela liberdade de expressão, onde liderou diversas campanhas a favor de autores presos ou perseguidos. 
Legenda:Susan Sontag em 1993, Alen Macweeney/Corbis/Getty Images
Descrição: uma mulher encara a câmera enquanto se encosta no que parece ser uma porta.
Sontag publicou diversos romances, ensaios críticos e peças de teatro. Nos últimos anos de sua vida foi uma crítica do governo de George W. Bush e da Guerra do Iraque, o que pode ser percebido em seu último livro publicado em vida: Diante da dor dos outros (2003). Editado no Brasil pela Companhia das Letras, este livro retoma um dos pontos abordados pela autora em Sobre Fotografia, o de que o impacto das imagens violentas de guerra já teria diminuído por causa de seu uso constante pela mídia. 
Em Diante da dor dos outros, a ensaísta analisa diversas imagens violentas desde os quadros de Goya da guerra até os registros do atentado do 11 de setembro, passando pelas fotografias dos campos de concentração nazistas refletindo sobre questões como o fato de fotos de guerra terem sido encenadas faz com que elas percam sua força para o “público” ou se a divulgação dessas imagens  em revistas e jornais podem fazer com que elas se tornem banais, entre muitas outras. Cada capítulo do livro rende um debate.
Legenda: capa do livro, Companhia das Letras
Descrição: uma ilustração de um homem enforcado em uma árvore enquanto outro homem o encara. Na frente estão o título do livro, o nome da autora e da editora.
Um dos momentos mais interessantes do livro é quando a escritora condena a constante afirmação do senso comum de que por causa da mídia, a guerra se tornou um espetáculo. Ela classifica a afirmação como provinciana, já que partiria apenas de um grupo seleto de pessoas que jamais vivenciou a dor e a violência, a não ser através da tv e dos jornais.
Eu já havia lido e escrito sobre um livro de Sontag aqui para o blog, e como havia dito naquele post, fiquei muito intrigada para conhecer mais obras da autora. E posso dizer que essa segunda leitura não decepcionou, e por abordar um tema tão complexo como nossa relação com imagens de violência, conseguiu ser ainda mais engajante que o Sobre Fotografia, outro livro incrível.  
Mesmo tendo falecido há mais de uma década atrás, em 2004, Susan Sontag continua uma autora extremamente atual, trazendo reflexões não só sobre fotografia, mas sobre a mídia, o comportamento humano e a forma como retratamos a guerra dependendo de onde ela ocorre. Leitura indispensável.
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Links e referências

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Sobre Fotografia

 É um livro da década de 70 que se encaixa como uma luva nos dias de hoje.

Susan Sontag foi uma escritora e intelectual norte-americana, nascida em Nova York. Estudou filosofia, teologia e política na Harvard University, EUA, no Saint Anne’s College, Oxford, ambos na Inglaterra, e na Universidade de Paris, além de ter sido uma importante ativista dos direitos humanos. Organizou campanhas a favor de escritores presos ou censurados, e foi presidente de uma organização de escritores pela liberdade de expressão. 
Nos últimos anos de sua vida, foi uma das opositoras das políticas de George Bush. Sontag publicou romances, ensaios, peças de teatro e coletâneas de contos. Hoje, vamos falar de uma de suas obras mais conhecidas: o livro Sobre Fotografia.
Uma mulher de meia idade sentada em uma poltrona encara a câmera. O ambiente ao seu redor parece ser de uma sala.
Susan Sontag (Juan Esteves, 1993).
Descrição: uma mulher encara a câmera sentada no que parece ser um sofá, passando a impressão de uma foto tirada em casa.
O livro é uma coletânea de seis ensaios que a autora publicou na década de 70, em que ela reflete sobre a fotografia, e sobre seu desenvolvimento como fenômeno da civilização ao longo dos anos, percorrendo diversos temas. 
Alguns deles são a banalização do sofrimento, o papel do fotógrafo, a fotografia como arte, a mudança dos objetos da fotografia, o mundo das imagens versus o mundo real, entre diversos  outros. Em 224 páginas a autora consegue explorar inúmeras temáticas. Cada ensaio do livro pode ser usado para diversas discussões. 
Uma capa de livro cinza, com uma foto em preto e branco no centro de um homem e uma mulher segurando o que parece ser uma câmera antiga. Abaixo da foto está o título do livro e o nome da autora. Mais embaixo está a logo da editora que publicou o livro.
Capa do Livro, Companhia das Letras.
Descrição: capa do livro mostra uma foto com um casal segurando um retrato antigo.
E apesar dessa prolixidade, Sontag não torna o livro impossível de ler. A linguagem é fluida e clara, com inúmeras referências a outros fotógrafos, a livros e filmes. Aliás, é melhor ler o livro com o Google ao lado. E talvez com um bloco de notas. As interpretações que a escritora traz à obras como Montanha Mágica, Carta para Jane e Janela Indiscreta me fizeram querer ler e rever tudo.
O que mais me impressionou ao ler o livro é o quanto ele soa atual. Publicado em 1977 por uma autora que morreu em 2004, Sobre Fotografia se encaixa perfeitamente na nossa sociedade atual, em que consumimos milhares de imagens por dia, por exemplo no Instagram, nos fazendo refletir sobre qual papel a fotografia assumiu em nossas vidas. Por que nossas viagens parecem mais reais ao serem fotografadas? Por que nos incomodamos quando uma foto não revela a nossa melhor aparência? 
Sobre Fotografia, publicado no Brasil pela Companhia das Letras, é um livro absolutamente indispensável para os amantes da fotografia. Provocativo, instigante e reflexivo, e me fez querer ler tudo que Susan Sontag escreveu, até sua lista de compras do supermercado. E se você ainda está na dúvida sobre ler o livro ou não, recomendo este vídeo aqui. Talvez desperte sua curiosidade.
Vocês já leram Sobre a Fotografia? O que achou? Compartilhe suas impressões com a gente nos comentários e no grupo do Facebook!
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