Três ações para desenvolver a imaginação fotográfica

Talvez, o principal recurso que dispomos para produzir fotografias seja a imaginação. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a imaginação não é uma capacidade que algumas delas possuem e outras não.

O principal recurso que dispomos para produzir fotografias é a imaginação. Neste artigo, apresentamos uma estratégia para desenvolvê-la.
Talvez, o principal recurso que dispomos para produzir fotografias seja a imaginação. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a imaginação não é uma capacidade que algumas delas possuem e outras não. Todos nós a temos. Trata-se de nossa capacidade de articular os elementos que compõem nosso repertório simbólico para interagirmos com os diferentes aspectos do mundo em que vivemos.
Contudo, se, para articular os elementos de nosso repertório em novas criações é necessário que realizemos um grande investimento imaginativo, para esquecê-las e repetir aquelas que conhecemos e temos o hábito de mobilizar basta que fiquemos desatentos por um instante. Por isso, é fundamental praticar a imaginação.
Neste artigo, apresentamos uma estratégia para desenvolvermos nossa imaginação como fotógrafos. Provavelmente, você já realiza uma, duas ou todas as ações que a compõe. Contudo, o mérito da metodologia que aqui expomos não está em cada processo isoladamente, mas em sua execução consciente e na articulação de cada um deles em uma rotina fotográfica estruturada. Dessa maneira, cada atividade passa a produzir os recursos que orientam a sua própria realização ou a das outras.

Pesquisa (arquivo pessoal e caderno de notas)

Em um livro acerca da importância da pesquisa na sustentação do trabalho fotográfico, Anna Fox e Natasha Caruana, comentam que uma obra fotográfica é o resultado do conhecimento criado enquanto se explora conscientemente o ambiente. Esse conhecimento também contribui para a construção do olhar de fotógrafas e fotógrafos, orienta-os em relação a o que ver, a como ver e a porque ver. Por essa razão, as autoras afirmam que é importante transformar a investigação em um recurso disponível para seu próprio autor e para outros pesquisadores. Para isso, é fundamental que ela seja arquivada.
Documentos e fotografias afixados em uma parede cinza. Uma maquete, uma bola de linha e livros diversos espalhados sobre a mesa.
Alec Soth – Arquivo da pesquisa para o projeto “Broken Manual
Por isso, recomendamos a manutenção de um arquivo pessoal, físico e/ou digital, cuja composição pode abranger desde registros espontâneos a documentos formais, passando por versões de trabalho de tratamentos e edições de fotografias e ensaios, e a utilização caderno de notas, onde possamos guardar os rascunhos, os planos e os resultados de coberturas, projetos e sessões fotográficas, as impressões de nossas leitura de produtos culturais diversos, as elucubrações acerca da fotografia, da arte, da cultura, da vida. Examinar atentamente e com regularidade o conjunto dessas informações reunidas deve ser parte de uma rotina de desenvolvimento de nossas competências fotográficas.

Leitura (de fotografias e de textos sobre fotografias)

As competências necessárias para ler uma fotografia são semelhantes àquelas empregadas na leitura de uma cena a ser fotografada. Se uma pessoa é capaz de compreender os elementos contextuais, morfológicos, compositivos e enunciativos presentes em uma fotografia, provavelmente também será capaz de apreendê-los enquanto age no mundo e de manejá-los enquanto fotografa.
Uma boa maneira de aprimorar essas competências é deixando-se inspirar por grandes artistas. Por essa razão, sugerimos que pesquise a vida e a obra de importantes autoras e autores. Não limite sua pesquisa apenas a profissionais da fotografia, amplie-a para diferentes domínios artísticos. Aproveite para se aprofundar na bibliografia acerca das histórias, das técnicas e das teorias da fotografia e da arte. Dedique um tempo para observar criticamente uma fotografia ou um ensaio fotográfico. Tome notas de suas descobertas, impressões e reflexões para que, eventualmente, possa retornar a elas.

Prática (reflexiva)

A tecnologia fotográfica, desde o anúncio de sua invenção, em 1839, desenvolveu-se com o objetivo de alcançar a automatização de seus processos. Disso decorre a falsa impressão de que para fotografar com competência não é necessário estudo, nem prática. Sabemos, no entanto, que o ato de fotografar mobiliza, ainda que de maneira inconsciente, um grande número de ferramentas conceituais e técnicas. Para desenvolver um conjunto de hábitos mentais que orientem o fotógrafo no manejo do aparelho e lhe permitam dedicar sua atenção à cena que ele pretende registrar, tão importante quanto a prática regular de suas competências fotográficas é a reflexão acerca dela.
Cena do filme Janela Indiscreta de Alfred Hitchcock. James Stewart interpreta o fotojornalista L. B. Jeff.
Alfred Hitchcock – James Stewart interpreta o fotojornalista L. B. Jeff em “Janela Indiscreta”
Desde que realizada de maneira reflexiva, isto é, mediante a exploração do mundo consciente do que, do como e do porque fotografar, a prática fotográfica também pode se constituir como um processo de pesquisa. Nessa perspectiva, ela nos oferece a oportunidade de tomar o nosso fazer como problema e de revisá-lo com base nas respostas elaboradas para os questionamentos que nos colocamos.
Disso decorre que uma etapa fundamental da prática fotográfica como processo de pesquisa é a avaliação do trabalho produzido, que pode ser realizada pelo próprio autor ou por algum leitor competente e de sua confiança. No entanto, para examinar o próprio trabalho é preciso estabelecer um distanciamento crítico, ou seja, afastar-se dele subjetivamente para poder abordá-lo de maneira objetiva. Essa não é uma tarefa fácil, por isso muitos fotógrafos recorrem à avaliação de colegas. Lembre-se de tomar notas dos questionamentos que lhe forem colocados e das respostas que elaborar.

Referências

Para redigir esta postagem consultamos os livros “Por trás da imagem: pesquisa e prática em fotografia”, escrito por Anna Fox e Natasha Caruana, e “Como criar uma fotografia”, escrito por Mike Simmons, ambos editados pela Gustavo Gili, o livro “Photographers Sketchbooks”, escrito por Stephen McLaren e Brian Formhals e editado pela Thames & Hudson, e o site “OSCARenFOTOS”, editado pelo professor da Universidad Panamericana (México), Oscar Colorado Nates.

Chamada de Conteúdo de Colaboradores

Quer publicar em nosso blog? Acesse nossa Chamada de Conteúdos de Colaboradores¹ para saber como enviar seus trabalhos.
-20.3775546-43.4190813

Félix Nadar

Quando Gaspard-Félix Tournachon, mais conhecido como Félix Nadar, começou a fotografar, em 1853, com o objetivo de registrar retratos que pudessem lhe servir de referência para a elaboração das caricaturas de sua obra, o Panteão Nadar, não imaginava que a fotografia se tornaria seu principal ofício.
Autorretrato de Félix Nadar
Autorretrato de Félix Nadar
Tampouco, que os retratos produzidos nesse período estariam entre os mais conhecidos de sua vasta produção, tanto em função das personalidades da política ou da cultura que que foram retratadas, quanto em razão da qualidade das imagens. São retratos nos quais os fotografados se posicionam para câmera com naturalidade. Sem recorrer aos cenários, figurinos e poses que caracterizam a prática comercial da fotografia na época, nesses retratos, Nadar servia-se apenas da luz e do gesto para destacar a personalidade fotografada. Ele fotografava como um desenhista ou um pintor, respeitando os cânones já estabelecidos, mas utilizando uma nova tecnologia de fazer visível. A contribuição de Nadar para a fotografia não se limita apenas aos retratos que produziu. Ele também foi o primeiro fotógrafo a realizar tomadas aéreas, durante um sobrevoo por Paris em 1858, e a realizar tomadas subterrâneas com o auxílio de iluminação artificial, nas catacumbas, em 1861, e nos esgotos de Paris, em 1864.

Como criar uma fotografia

Editora Gustavo Gili
O livro Como criar uma fotografia, escrito pelo fotógrafo e professor Mike Simmons, tem como tese principal a oposição entre tirar fotos e fazer fotografias. Tirar fotos pressupõe uma abordagem simples e casual do objeto fotografado. Em contrapartida, para fazer fotografias é preciso que o fotógrafo desenvolva um processo estruturado que lhe ofereça as condições necessárias para explorar profundamente o objeto que será fotografado.

Na raiz dessa questão está o confronto entre duas maneiras de conceber a fotografia: uma passiva, que reduz o fotógrafo a um mero operador da câmera fotográfica, que seria responsável pela registro automático da imagem captada; outra ativa, em que o fotógrafo utiliza o aparelho fotográfico como um instrumento para se aproximar do objeto fotografado e produzir um conhecimento sobre ele.

O livro é apresentado como um guia com base no qual o leitor pode orientar o desenvolvimento de seu processo criativo, desde a concepção do projeto fotográfico até sua publicação, passando pelas etapas de desenvolvimento. Seu conteúdo está organizado em seis capítulos, cada um composto pela discussão de um tema, por um estudo de caso e por um exercício. Em todos eles, Simmons apresenta e comenta uma grande variedade de obras fotográficas. Dessa maneira, aborda diferentes práticas e técnicas fotográficas. No entanto, sem aprofundar nelas, pois o foco do livro é o processo fotográfico.

Mike Simmons – Editora Gustavo Gili
Orientar o desenvolvimento do processo de criação de uma fotografia ou de uma série fotográfica é uma tarefa que comporta muitos riscos porque o processo criativo se desenvolve no encontro do fotógrafo com o objeto fotografado e, por isso, é sempre único. Nesse sentido, o leitor não deve ler este livro como se estivesse seguindo uma receita na qual cada etapa deve ser cumprida conforme descrita para que dê certo.
Entretanto, o debate e a reflexão acerca dos processos criativos de outros fotógrafos pode ser uma ótima referência para o desenvolvimento do próprio processo de criação. Nessa perspectiva, o livro Como criar uma fotografia deve ser lido como se fosse um roteiro de viagem, no qual a experiência de outros fotógrafos serve para balizar o percurso do leitor. Dessa maneira, percorrer o caminho sugerido por Simmons, perder-se e realizar as próprias descobertas constitui aquilo que de mais rico este livro tem a oferecer.
FICHA TÉCNICA
Título: Como criar uma fotografia
Autor: Mike Simmons
Editora: Gustavo Gili
carregando…
carregando…

Posição da iluminação

Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa

Assim como a luz, a sombra é um elemento fundamental da fotografia. A maneira como ela cai sobre o objeto fotografado pode revelar seu contorno, sua forma, sua textura e seu volume, além de acrescentar profundidade a imagem. A posição da fonte de iluminação em relação ao objeto determina quais de suas partes serão iluminadas ou sombreadas.

A fonte de luz pode estar posicionada a frente do objeto, atrás dele ou ao seu lado. Essas são as três posições principais de iluminação, cada uma delas cobre uma gama variada de ângulos em relação ao objeto e suas fronteiras não são precisas. Além disso, existe outra posição bastante comum que é acima do objeto e duas posições intermediárias, entre a frontal e a lateral e entre a lateral e a traseira.
Frontal
A fonte de iluminação está posicionada a frente do objeto. As sombras são projetadas atrás dele, onde a câmera não alcança. Por isso, há pouca informação sobre sua forma, volume e textura.
Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
Lateral
A fonte de iluminação está posicionada ao lado do objeto. Produz áreas iluminadas e sombreadas que destacam a forma, o volume e a textura do objeto e acrescenta profundidade a imagem.
Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
Contraluz
A fonte de iluminação está posicionada ao lado do objeto. As sombras são projetadas a frente do objeto, apagando a informação sobre sua forma, volume e textura. Por outro lado, o contorno geral do objeto é realçado.
Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
Pino
A fonte de iluminação está posicionada acima do objeto. Produz sombras que são projetadas abaixo do objeto. Por isso, há pouca informação sobre sua forma, volume e textura.
Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
Quarenta e cinco graus (45º)
Posição intermediária entre a frontal e a lateral. Projeta sombras suficientes para revelar a forma, o volume e a textura do objeto. Porém, menores que as projetadas pela posição lateral. Preservando detalhes do objeto que poderiam ficar escondidos nas áreas menos iluminadas.
Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
Contorno
Posição intermediária entre a lateral e a contraluz. Circunda e dá brilho às bordas do objeto. Contudo, projeta sombras maiores que as da posição lateral.
Marco Mendes e Márcio RodriguesSol no céu de nossa casa
No ensaio Sol no céu de nossa casa, que ilustra essa postagem, os fotógrafos Marco Mendes e Márcio Rodrigues exploram a iluminação colocada em diferentes posições. Embora o trabalho tenha sido encomendado por uma grande empreiteira e tinha como propósito a documentação de famílias beneficiadas pelo projeto Luz para Todos, programa realizado pelo Ministério do planejamento que tem o objetivo de promover o acesso de populações isoladas a energia elétrica, a dupla de profissionais recebeu grande liberdade de criação e pode explorar diversos tipos de iluminação.

#fotografetododia

Explore as diferentes posições em que uma fonte de iluminação pode estar posicionada. Perceba como as áreas iluminadas e sombreadas variam em cada uma delas.
carregando…
carregando…

Luz dura e luz suave

Julio Bittencourt - Ramos
Julio BittencourtRamos

A luz é a substância com a qual trabalhamos. Por isso, é importante conhecer a maneira como ela se comporta. A luz se move em linha reta pelo espaço. Disso decorre que quando seus raios são obstruídos por um objeto opaco, uma área de sombra é criada imediatamente atrás dele. Se os raios de luz estão paralelos um em relação aos outros, a sombra tem contornos bem definidos; se estão transversais, a sombra é pouco delimitada.

Chamamos de contraste a característica da luz que é definida pela relação de direção que os raios de luz emitidos por uma fonte mantém um em relação aos outros. Se os raios são paralelos, a luz apresenta alto contraste; se são transversais, a luz apresenta baixo contraste.
No entanto, os raios de luz não são percebidos pela visão humana. Por isso, a maneira mais fácil de identificar o contraste de uma fonte luz é observando as sombras que ela produz. Quando a borda da sombra é bem marcada, dizemos que se trata de uma sombra dura e, por extensão, de uma luz dura; quando os limites da sombra não são precisos, trata-se de uma sombra e de uma luz suave. O contraste não é um valor absoluto, entre uma luz dura e outra suave existem diversas gradações.
Durante quatro verões, o fotógrafo paulistano Julio Bittencourt fotografou os banhistas do Piscinão de Ramos. As fotografias da série Ramos revela como os frequentadores desse balneário, localizado no subúrbio do Rio de Janeiro, aproveitam esse espaço que ao mesmo tempo é de lazer e de segregação.
As fotografias que compõem o ensaio foram produzidas em dias de pouco nebulosidade. Sem nuvens para difundi-los em diferentes direções, os raios de luz solar incidem diretamente sobre os corpos dos banhistas projetando sombras duras atrás deles. Nessa fotografia, vemos como a sombra da jovem que descolore os pelos do corpo aparece bem definida.
Explore as variações de contrastes da luz. Observe as características das sombras projetadas por diferentes fontes de luz.
carregando…
carregando…

Enquadramento

A todo momento estamos ajustando nosso campo de visão em função dos interesses que temos em relação a cena que estamos observando. Quando fotografamos, também.

Limitless – #brokenindia
A todo momento estamos ajustando nosso campo de visão em função dos interesses que temos em relação a cena que estamos observando. Quando fotografamos, também. Na fotografia (e em outras artes), damos o nome de enquadramento a esse gesto de delimitar o campo visual que será captado
O enquadramento é responsável pela constituição do espaço da representação. Ele também indica a relação estabelecida pela fotografia entre o espectador e o espaço representado. Com base nessa relação, descrevemos suas principais características: as dimensões do espaço representado a posição do observador e a profundidade.
Excluindo o mundo ao redor, o enquadramento atrai o olhar do leitor para o que está em seu interior. Dessa maneira, ele opera um corte e uma focalização. Um corte porque ele separa o que será registrado na fotografia, daquilo que não será. Uma focalização porque ele intensifica as relações entre os elementos que compõem a cena que será captada pela câmera.
A Índia é um país de contrastes, onde beleza e miséria podem estar lado a lado. Para criticar as imagens que destacam pequenos fragmentos de harmonia do caótico cotidiano indiano, a agência de conteúdo Limitless elaborou a campanha #brokenindia. Por meio da utilização de um enquadramento interior, a agência revela que a realidade apresentada em uma fotografia pode ser bem diferente daquela em que ela foi tomada.
Limitless – #brokenindia
Se, por um lado, o segundo enquadramento constrói uma cena agradável, como tantas outras que vemos espalhadas pelas redes sociais, por outro, o primeiro revela o que ele oculta. O quadro interior, cuja moldura é semelhante a um perfil do Instagram, exclui toda miséria que constitui o contexto da tomada e reforça as relações entre os elementos internos do quadro. No entanto, quando expandimos nosso olhar para além desses limites, vemos que a garota que sorri para nós está brincando (ou trabalhando) em meio a um monte de lixo.

Cor da luz

Daniel Protzner - Limites
Daniel Protzner – Limites

Fotografar é fabricar imagens por meio da manipulação da luz. Por isso, é fundamental que o fotógrafo conheças as características da matéria com a qual irá trabalhar: o contraste, a cor, a intensidade e a direção. O controle adequado de cada um desses parâmetros ajuda o fotógrafo a construir o visual que deseja.

A luz visível é um tipo de radiação eletromagnética, cujo comprimento de onda se encontra num intervalo sensível a visão humana. Esse intervalo é formado pelas cores do arco-íris: violeta, anil, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. A luz branca é composta pela mistura equilibrada de todas as cores que compõem o espectro visível e é percebida como incolor. Mesmo que uma pequena variação na proporção entre as cores promova uma dominante cromática, a luz continua a ser percebida como incolor e, portanto, branca. Pois, o cérebro humano tende a perceber os objetos conhecidos como eles são. No entanto, a câmera fotográfica não é capaz de realizar a mesma operação. Para compensar a dominante cromática de uma luz branca é necessário ajustar o balanço de brancos da câmera.
A cor da luz solar varia ao longo do dia em razão da variação na maneira como suas componentes cromáticas são filtradas pela atmosfera. Assim, na alvorada e no crepúsculo ela apresenta uma cor mais azulada, no amanhecer e no entardecer, uma cor mais alaranjada e no restante do dia ela permanece branca.
No ensaio Limites, o fotógrafo Daniel Protzner, explora visualmente as fronteiras do município de Belo Horizonte. As fotografias foram tomadas no limiar entre a aurora e o amanhecer e entre o entardecer e o crepúsculo e exploram a riqueza de cores proporcionada pelas luzes destes períodos do dia.

Daniel Protzner - Limites
Daniel Protzner – Limites
Nesta fotografia, Protzner combina a gama variada de cores proporcionada pelo crepúsculo com o laranja da iluminação pública. Como o sol já está posto, a luz solar não incide diretamente sobre os objetos fotografados, permitindo combiná-la facilmente com a iluminação noturna da cidade.

#fotografetododia

Explore a variação de cor da luz solar ao longo do dia. Ilumine a cena com fontes de luz de cores variadas. Perceba como os objetos se comportam quando iluminados por luzes de cores diferentes.

carregando…
carregando…

Proporção

Tiago Santana - Céu de Luiz
Tiago Santana – Céu de Luiz

A proporção entre a largura e a altura de uma imagem frequentemente é determinada pelo formato da câmera utilizada em sua produção, sobretudo quando se fotografa com analógico. No entanto, esse é um parâmetro sobre o qual o fotógrafo não deveria abrir mão de seu controle. Pois, tal como a orientação, a proporção de uma imagem interfere na maneira como ela será lida.

Na fotografia, o termo proporção se refere a relação quantitativa entre a largura e a altura da imagem. Entretanto, não podemos esquecer que essa relação influência as relações que os demais elementos da composição estabelecem um com os outros. Proporções mais estreitas tendem a exercer mais influencia sobre os elementos da composição. Pois, nestas proporções, a presença de uma direção dominante é mais acentuada. No entanto, mesmo em proporções mais largas, é preciso que haja uma distinção entre largura e altura para que o leitor perceba que se trata de uma composição vertical ou horizontal. O formato quadrado não apresenta uma direção dominante. Por isso, ele tende a impor um rigor formal sobre a composição e a ser percebido como equilibrado e estático.
Se a orientação do quadro indica o sentido de leitura da imagem, a proporção sugere a intensidade em que ela flui nessa direção. O formato quadrado sugere que os elementos horizontais são tão importantes quanto o verticais. Ao passo que o formato retangular sugere que uma direção é mais importante que a outra. Enquanto a horizontal cria uma sensação de amplitude, a vertical cria uma de altitude. A orientação do quadro ajuda a promover essa sensação, mas o quão amplo ou o quão alto é o espaço representado depende da proporção.
Tiago Santana - Céu de Luiz
Tiago Santana – Céu de Luiz
O fotógrafo Tiago Santana utilizou uma câmera panorâmica, cuja proporção é 3:1, para produzir as fotografias que integram o livro Céu de Luiz. A escolha do formato pouco usual foi bastante adequada para a série de imagens. Nelas, a amplitude dos espaços representados se contrapõe aos cortes intempestivos e secos que incidem sobre os corpos. É por meio dessa tensão, entre o espaço e o homem, que Santana alcança e nos revela o tema de sua obra: a vida sertaneja.
Tiago Santana - Céu de Luiz
Tiago Santana – Céu de Luiz
O livro, porém, não é composto somente por imagens panorâmicas, mas também por algumas fotografias um pouco menos estreitas, cuja proporção é 2:1, e outras quadradas, 1:1. O fotógrafo certamente se orientou pelo formato do quadro que observava pelo visor e que era determinado pela câmera para elaborar a composição das imagens que produziu. Entretanto, isso não lhe impediu de depois, no laboratório, propor novas composições a imagem que ele havia capturado.

#fotografetododia

Fotografe a mesma cena utilizando diferentes proporções. Tente adaptar a mensagem que deseja transmitir à proporção escolhida.

carregando…
carregando…

Leia isto se quer tirar fotos incríveis

Editora Gustavo Gili
O livro Leia isto se quer tirar fotos incríveis oferece ao leitor exatamente aquilo que ele propõe: acompanhar o usuário leigo de aparelhos fotográficos em seu primeiro contato com o universo da fotografia amadora. Com base na observação do trabalho de fotógrafos de renome, seu autor, Henry Carroll, apresenta as ferramentas conceituais e técnicas que eles mobilizam na produção de suas fotografias e incentiva o leitor a praticá-las.

O projeto gráfico simples permite ao leitor acessar com facilidade os conteúdos do livro. O livro é organizado em 5 grandes unidades: Composição, Exposição, Luz, Objetivas e Ver. Cada uma delas é composta por uma introdução geral, seguida por subseções que tratam dos assuntos individualmente. A maioria dos temas é abordado em duas páginas: uma de texto e outra de imagem. Carroll utiliza uma linguagem acessível para explicar os conceitos abordados e, embora não se aprofunde neles, os explica o suficiente para que o leitor iniciante possa compreendê-los com facilidade.  
Henry Carroll – Editora Gustavo Gili
As fotografias que ilustram cada um dos temas tratados não foram escolhidas apenas para tornar a publicação mais atraente. Cada umas delas integra a argumentação do assunto que acompanha. Após explicá-lo, Carroll comenta como o fotógrafo se apropria do conceito em questão para construir a imagem. A maioria das fotografias são de autores que marcaram a história desta arte, o que faz do livro um excelente ponto de partida para quem deseja começar a construir seu repertório fotográfico.
Carroll aborda de maneira suave, e às vezes superficial, assuntos que muitas vezes exigem ser tratados de modo mais duro e profundo. No entanto, ele aborda com correção as questões conceituais e técnicas que ele se propõe enfrentar. Por isso, o livro Leia isto se quer tirar fotos incríveis é uma publicação que sempre recomendo para pessoas que desejam ter um primeiro contato com a fotografia.
FICHA TÉCNICA
Título: Leia isto se quer tirar fotos incríveis
Autor: Henry Carroll
Editora: Gustavo Gili

carregando…
carregando…
Sair da versão mobile
Pular para o conteúdo
×
%%footer%%