Planos interiores

Maurício Lima - Libya Hurra
Maurício LimaLibya Hurra
Toda fotografia representa, em uma superfície plana, um espaço tridimensional com base em uma combinação de planos que se sucedem em profundidade. Daí decorrem os conceitos de primeiro plano, de planos intermediários (segundo, terceiro e assim por diante) e de último plano.

A representação da profundidade reforça o realismo da imagem e promove, no espectador, a sensação de estar presente na cena representada. Os planos interiores são construídos pelo aspecto projetivo das fotografias, isto é, pela apresentação dos elementos que compõem a imagem conforme as diferenças que as posições de cada um, em relação ao ponto de vista, lhes confere. O efeito de profundidade também é construído pela superposição das figuras representadas, que permite distinguir os objetos que estão mais próximos daqueles que estão mais distantes do ponto em que está localizado o observador.

Maurício Lima - Libya Hurra
Maurício LimaLibya Hurra
No ensaio Libya Hurra, o fotojornalista Maurício Lima acompanha a tomada Sirte, na Líbia. Em diversas imagens, a profundidade do espaço representado proporcionada pela presença de planos interiores nos oferece uma visão que não se limita a apenas acompanhar as ações dos rebeldes líbios, mas que sobretudo nos mostra uma cidade devastada pela guerra, um cotidiano interrompido por tiros e bombas. Os imóveis destruídos que vemos ao fundo revelam uma vida que já não se faz presente nesta cidade. Sozinho, no meio da rua, um homem olha adiante, talvez na esperança de conseguir enxergar outros tempos.

#fotografetododia

Utilize planos interiores para construir a profundidade do espaço representado.
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Pontos de vista

Alexandre Urch - Everyday People
Alexandre UrchEveryday People
As fotografias representam um campo visual tomado a partir de uma determinada posição, com base na qual os elementos da composição da cena fotografada são organizados. Na etapa de produção da imagem, este lugar corresponde àquele em que efetivamente a câmera foi posicionada. Na etapa de recepção, ele corresponde ao lugar imaginário em que o espectador se encontra. 

Toda imagem fotográfica pressupõe um ponto a partir do qual ela é vista. Esse ponto pode estar a frente da cena representada, abaixo ou acima dela, e determina a direção do nosso olhar sobre ela. Em algumas situações esse ponto pode coincidir com a visão do narrador ou com a de alguma personagem da narrativa fotográfica, dando lugar a pontos de vista subjetivos. 
A frente 
O espectador está posicionado a frente da cena representada.
Alexandre Urch - Everyday People
Alexandre UrchEveryday People
Acima 
O espectador está posicionado acima da cena representada. 
Alexandre Urch - Everyday People
Alexandre UrchEveryday People
Abaixo 
O espectador está posicionado abaixo da cena representada. 
Alexandre Urch - Everyday People
Alexandre UrchEveryday People
As fotografias que citamos nesta postagem foram produzidas pelo fotógrafo Alexandre Urch e fazem parte do ensaio Everyday People, que retrata os usuários do metrô de São Paulo em suas idas e vindas cotidianas. Na série, a alternância de pontos de vista nos transporta para dentro de um dos trens da CPTM e nos permite olhar ao redor como se fossemos um dos passageiros. Dessa maneira, aguardamos a parada do metrô na estação, nos perguntamos qual será a doença que ataca o jovem sentado a  nossa frente, espiamos sobre os ombros de um senhor para ler as manchetes do jornal que ele está lendo,nos sentimos oprimidos dentro do vagão lotado.

#fotografetododia

Dê diferentes sentidos às suas imagens. Utilize uma mesma cena e tente criar diferentes sentidos utilizando as dicas de planos sugeridas. Use a nossa hashtag e compartilhe com a gente!

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19 de agosto, Dia Mundial da Fotografia

Cartão de Visita de François Arago – Fotógrafo desconhecido
Em 1826, o inventor Nicéphore Niépce produziu a primeira imagem obtida por meio de um processo fotográfico. No entanto, foi o ano de 1839 que entrou para a história da fotografia. Nesse ano, o cientista e político francês, François Arago, anunciou a invenção do Daguerreótipo, processo fotográfico desenvolvido por Louis Daguerre com base nas pesquisas de Niépce, e tornou público os procedimentos para a sua execução.

No dia 7 de janeiro de 1839, Arago apresentou aos membros da Acadêmia de Ciências de Paris alguns daguerreótipos. No entanto, ele não revelou os procedimentos elaborados por Daguerre, a fim de não colocar em risco os direitos que ele possui em relação a sua invenção.
No dia 3 de julho do mesmo ano, Arago defendeu, na Câmara dos Deputados, uma proposta de aquisição da invenção de Daguerre pelo governo francês. O discurso de Arago é uma apologia ao processo fotográfico desenvolvido por Daguerre. Nele, a importância dos trabalhos de Niépce é minimizada e os processos desenvolvidos por Bayard, o positivo direto sobre papel, e por Talbot, o Talbótipo, são rejeitados.
No dia 19 de agosto de 1839, o governo francês oferece a toda a humanidade os conhecimentos necessários para a produção de daguerreótipos. Em uma sessão aberta e conjunta da Acadêmias de Artes e da Academia de Ciências, Arago tornou público os procedimentos para a fixação automática das imagens naturais projetadas com uma câmera escura.

As três intervenções realizadas por Arago em 1839 foram fundamentais para disseminar a fotografia por toda a sociedade moderna e fundamentar a confiança em suas imagens. Por isso, o dia 19 de agosto, se estabeleceu como a data inaugural da história da fotografia. Pois, consagrou a fotografia não apenas como tecnologia de produção de imagens, mas sobretudo como patrimônio da humanidade.

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Escala de Planos

Beto Eterovick - Edelweiss
Beto EterovickEdelweiss

A abrangência do campo visual representado em uma fotografia sugere a distância entre nós, espectadores, e a cena captada pela câmera. De maneira geral, quanto maior o espaço que se abre diante de nossos olhos, mais distante a nossa posição em relação a cena. Utilizamos uma escala de planos para descrever as dimensões dos campos visuais delimitados com a câmera fotográfica. Trata-se de uma hierarquia estabelecida em razão da ocupação do espaço representado pelo corpo humano. As unidades que compõem essa escala apresentam valores aproximados, porém suficientes para orientar nossa prática fotográfica.

Plano Panorâmico
Abrange um espaço com dimensões imensas, que constitui o contexto geral de uma história. As personagens, quando aparecem, são pequenas demais para serem identificadas.
Beto Eterovick - Edelweiss
Beto EterovickEdelweiss
Plano Aberto
Abrange um espaço com grandes dimensões, que constitui o contexto geral de uma cena. As personagens, quando aparecem, podem ser identificadas, mas não dominam a composição.
Beto Eterovick - Edelweiss
Beto EterovickEdelweiss
Plano Médio
Abrange o corpo inteiro da personagem e o espaço ao seu redor, que constitui contexto imediato da ação.
Beto Eterovick - Edelweiss
Beto EterovickEdelweiss
Plano Fechado
Abrange apenas a parte superior do corpo da personagem.
Beto Eterovick - Edelweiss
Beto EterovickEdelweiss
Plano Detalhe
Isola uma parte de um objeto ou do corpo da personagem.
Beto Eterovick - Edelweiss
Beto EterovickEdelweiss
As fotografias que ilustram esta postagem foram produzidas pelo fotógrafo Beto Eterovick e integram o ensaio Edelweiss, publicado na edição n. 2 da revista Ensaio Fotográfico. A série é um recorte da pesquisa sobre a influência da cultura alemã na região do Vale Europeu, em Santa Catarina, realizada pelo fotógrafo entre 2012 e 2014.

Na montagem do ensaio, o fotógrafo alterna entre planos de dimensões variadas para promover diferentes efeitos de sentido. Nos planos maiores e mais distantes, ele realiza a topografia da região. Nos planos menores e mais próximos, nosso envolvimento emocional e intelectual é maior. O fotógrafo nos coloca frente a frente com as personagens do ensaio e isola diversos elementos da cultura alemã.
Dê diferentes sentidos às suas imagens, utilizando diferentes planos para descrever um lugar ou narrar uma ação. Mãos à obra!
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Horizontal ou Vertical?

#fotografetododia
Flávio ValleFuga Frustrada
A escolha da orientação, horizontal ou vertical, de uma composição não tem relação alguma com o gênero, paisagem ou retrato, da fotografia que será produzida. Mas, sim, com a predominância de linhas em uma direção ou em outra na cena que será captada. A orientação da composição e as linhas da cena trabalham em conjunto para dirigir a leitura da imagem e produzir efeitos de sentido.

A maioria das cenas é mais longa em uma direção que em outra e, em geral, os fotógrafos concordam o alinhamento da composição com o da cena. Por essa razão, a maioria das paisagens são captadas em composições horizontais e a maioria dos retratos em composições verticais. O que nos leva a identificar um determinado tipo de orientação da composição com um determinado tipo de gênero.
A orientação da composição influencia na maneira como lemos uma fotografia. O horizontal induz nosso olhar a se deslocar de um lado para o outro. O vertical, por sua vez, faz com que ele se desloque de cima para baixo ou seu contrário. Essa influência pode ser reforçada quando a direção das linhas presentes na cena concordam com a orientação escolhida pelo fotógrafo e pode ser enfraquecida quando essas linhas discordam. Por isso, a escolha da orientação deve ser feita de maneira consciente e de acordo com os efeitos desejados pelo fotógrafo.
Na fotografia acima, a orientação vertical da composição concorda com as linhas presentes no portão de madeira e no muro. Juntas elas conduzem nosso olhar do alto da porta até o chão. Onde, no espaço entre um e outro, vemos a cabeça e as patas dianteiras de um cachorro. Temos a sensação de que o cachorro está preso debaixo desse portão e que o peso sobre ele é enorme. Ambas as proposições de sentido são proporcionadas pela concordância entre a orientação da composição e as linhas da cena.
Faça fotografias na vertical e na horizontal. Para isso, planeje sua fotografia. Teste ambas as orientações e as utilize para realçar o ambiente que está sendo fotografado. Em seguida, compartilhe com a gente e nos conte porque escolheu cada orientação.

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Jogando com a Perspectiva

A cobertura fotojornalística da Guerra do Iraque (2003-11) foi marcada pela incorporação de profissionais da imprensa a unidades militares. Se, por um lado, esta prática oferecia aos repórteres condições para desempenharem suas atividades; por outro, restringia sua liberdade de ação. Neste artigo, propomos observar a constituição desse dispositivo de controle do acesso dos fotojornalistas aos cenários de conflito. Nos dedicaremos, em particular, a reflexão sobre a maneira como o fotógrafo Benjamin Lowy, por meio do jogo com sua perspectiva e a dos soldados, o profana.

Leia o artigo completo na revista Galáxia, n. 32, publicada pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC São Paulo.

VALLE, Flávio. Jogando com a perspectiva: a profanação do controle do acesso aos cenários de conflito durante a Guerra do Iraque. Galaxia (São Paulo, Online), n. 32, p. 106-120, ago. 2016.

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Ensaio Fotográfico, #3, agosto de 2016

A terceira edição da Ensaio Fotográfico já está disponível no site da revista, www.revistaensaiofotografico.com/. Nesta edição, foram publicados os ensaios Fora do lugar, do fotógrafo Alex Oliveira, BH, do detalhe ao todo, de Junior Carazzato, e Grades de proteção, de Lucas Hallel. Trabalhos cuja potência nos faz acreditar que seus autores alçarão voos ainda mais altos. Duas entrevistas também integram este número, uma com Eustáquio Neves e outra com Leo Drumond, ambas escritas pela dupla Julio Boaventura Jr e Manuela Rodrigues.

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Ensaio Fotográfico, #2, março de 2016

A segunda edição da Ensaio Fotográfico já está disponível no site da revista, www.revistaensaiofotografico.com/. Este número traz ensaios dos fotógrafos Adriana Galupo, Helena Teixeira Rios e Beto Eterovick e do crítico Paulo Roberto.

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Revista Ensaio Fotográfico

A Ensaio Fotográfico é uma revista que tem o objetivo de promover a fotografia autoral e a pesquisa em fotografia produzidas em Minas Gerais. Publicada semestralmente, ela é distribuída gratuitamente no site www.revistaensaiofotografico.com. A publicação se configura como um laboratório onde fotógrafos e pesquisadores poderão colocar à prova seus ensaios fotográficos e críticos com o propósito de dar início à discussões que possam repercutir no desenvolvimento de seus trabalhos.
Nesta época em que a produção e o consumo de imagens se tornam cada vez mais rápidos e superficiais, devido ao desenvolvimento das tecnologias de informação e ao protagonismo que os dispositivos tecnológicos vem assumindo em nossa sociedade, a Ensaio Fotográfico tem a intenção de incentivar fotógrafos, pesquisadores e leitores a investirem mais tempo na construção e na apreciação de imagens e a experimentarem a fotografia mais profundamente. Por isso, a revista privilegia o processo por meio do qual o fotógrafo transforma suas ideias em imagens, destacando os aspectos criativos envolvidos na produção fotográfica.

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