Fotografia pelo Buraco de Agulha

 Conhecida como fotografia furo de agulha, a técnica é rudimentar, no lugar de lentes, usa-se um furo de agulha, para captar luz.

Desde sua invenção, a tecnologia fotográfica encontra-se em contínuo desenvolvimento e aperfeiçoamento. Apesar disso, alguns fotógrafos, que atuam dentro do campo das artes visuais, utilizam materiais e procedimentos rudimentares, como as câmeras de orifício, feitas muitas vezes, por materiais e procedimentos antigos, como é o caso da câmera artesanal, o pinhole
Ver o peso pelo furo da agulha. Dirceu Maués, 2004. 
Conhecida também como fotografia estereoscópica, o pinhole consiste na obtenção de imagens, a partir de uma câmera artesanal, feita com materiais não convencionais,  como caixas de leite, esparadrapo, ou fósforo.
O princípio técnico da câmera pinhole está diretamente relacionado à câmera escura. Para que a imagem se forme no interior da câmera escura, é necessário que a luz entre por meio de furo e atinja o material fotossensível.  Assim, se o orifício for grande, o tempo de exposição será menor, o que acarretará na nitidez da imagem formada no interior do aparelho.  Desse modo, se o tamanho do buraco feito pela agulha for menor, mais nítida será a imagem, no entanto o tempo de exposição será maior.
Dirceu Maués (Belém, PA, 1968) em sua série de composições “Ver o peso pelo furo da agulha”, registrou mais de 400 fotos do mercado de Belém em uma pinhole feita com caixa de fósforo. O artista registrou belas composições em que se destaca o movimento, pelo jogo de sombras,  levando ao observador a uma atmosfera utópica.   
Ver o peso pelo furo da agulha. Dirceu Maués, 2004.
No registro de Maués é notável a ideia de tempo. Essa característica que perpassa toda a obra “Ver o peso pelo furo da agulha”, leva o observador a sensação de um constante movimento e dinamismo daquele cenário. Dirceu constitui a partir do pinhole, um diálogo entre o subjetivo, seu jeito de representar o mundo, e o real, o objeto ali fotografado. A escolha por processos alternativos,  transmite a inquietação de diferentes fotógrafos ao experimentar uma linguagem diferente da convencional. Ela por si só, justifica que os artistas procurem novas respostas em um contexto de mecanismos cada vez mais sofisticados. 
Aprenda a fazer um pinhole
O que achou desta técnica? Nos conte e experimente criar uma pinhole. Assista o vídeo e confira o passo a passo. Depois nos mostre e conte-nos o resultado! 
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“Frank” Amy Winehouse pelas lentes de Charles Moriarty

A capa de um disco pode ser tão interessante quanto as músicas. Convido, vocês a experimentarem o álbum “Frank” de Amy Winehouse.

Para os apreciadores de músicas, a capa de um disco torna-se tão interessante quanto as canções. Afinal, em muitos casos, o conceito visual está diretamente ligado ao momento de composição ou de criação da artista ou da intérprete. Como é o caso do álbum de estreia da cantora britânica Amy Winehouse.
Lançado em 20 de outubro de 2003, o álbum intitulado “Frank”, em referência ao cantor Frank Sinatra, artista de espírito carregado ou de personalidade forte, pode ser captado como atmosfera central do CD, que conta com 13 faixas e se conceitua como um retrato íntimo das experiências de uma jovem de 19 anos.
  Capa do álbum Frank, de Amy Winehouse.
O fotógrafo Charles Moriarty é o nome por trás da capa de Frank. O álbum de Jazz e Neo Soul, carrega a imagem de um momento de descontração da cantora passeando com dois cachorros. O ensaio produzido por Moriarty carregava um conceito íntimo e cheio de vitalidade, como a personalidade da cantora. Em entrevista ao site britânico “Dazed”, em 2017, o fotógrafo conta que  “Não era para ser a projeção de uma garota na indústria musical ou de uma garota lançando o primeiro álbum, era apenas para ser a Amy”.  
O álbum que apresenta singles como Stronger Than Me e Fuck Me Pumps, se constrói em atmosferas de força, delicadeza e personalidade. Um disco coeso, desde sua composição visual que dialoga muito bem com a proposta de trazer o lado íntimo, feminino, forte e delicado para apresentar uma artista genial. 
 
Confira algumas fotos do ensaio de composição visual de “Frank”. 
Amy Winehouse, Nova Iorque 2003, CHARLES MORIARTY
Amy Winehouse, Nova Iorque 2003, CHARLES MORIARTY
Amy Laughing, The Ritz Tower, Nova York 2003
E aí, o gostaram do #dicade de hoje? Conte-nos sua impressão sobre o álbum Frank e sua composição musical e visual. O que acharam? Compartilhe conosco aqui ou em nosso instagram.

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Edward Honaker

Na imagem temos um homem caucasiano, vestido com paletó e gravata, e seu rosto está distorcido, não testando visível. Atrás temos uma parede com desenhos de flores.

 

Fotógrafo que através da fotografia, mostrou as angústias que a ansiedade e depressão causam.

Edward Honaker é nascido no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, no ano de 1994. Especializado em fotografia de moda, faz diversos ensaios para revistas e marcas de roupas. É também um grande influencer de moda masculina, muito conhecido pelo seu estilo alinhado e sempre atualizado com a moda contemporânea.

Diagnosticado com ansiedade e depressão, distúrbios que hoje em dia fazem parte do cotidiano de muitas pessoas, Edward Honaker em 2014, encontrou em sua própria profissão, uma forma de mostrar e até mesmo aliviar angústias causadas por doenças, fazendo autorretratos, com ajuda de recursos gráficos, para colocar elas em discussão.

Confira abaixo algumas dessas fotografias, alertamos aos leitores que o conteúdo possa ser sensível a algumas pessoas.

Legenda: Edward Honaker, 2014

Descrição: Na imagem temos um homem caucasiano, vestido com paletó e gravata, e seu rosto está distorcido, não testando visível. Atrás temos uma parede com desenhos de flores.

Legenda: Edward Honaker, 2014.

Descrição: Série de três fotografias que mostram uma sequência. A primeira mostra um homem parecendo que está caindo de um prédio. No canto direito podemos ver uma parede de tijolos. A segunda fotografia mostra o mesmo homem dentro da água, afundando, como se estivesse acabado de se jogar, fazendo complementação da primeira fotografia. A segunda fotografia mostra o mesmo homem dentro da água, afundando, como se estivesse acabado de se jogar, fazendo complementação da primeira fotografia.

Legenda: Edward Honaker, 2014.

Descrição: na fotografia vemos uma pessoa com uma camisa de estampa floral. Sua cabeça está coberta por um pano também de estampa floral e atrás temos o que parece ser uma parede com estampa de flores. A pessoa ao centro da fotografia fica camuflada com todo o conjunto de estampas.

Legenda: Edward Honaker, 2014.

Descrição: Na fotografia vemos um homem deitado sobre um móvel de madeira, parecido com um aparador. Ao lado do homem há uma jarra transparente sem água e dentro dela uma flor seca.

Legenda: Edward Honaker 2014

Descrição: Na fotografia vemos a silhueta de uma pessoa atrás do que parece ser uma cortina. Um de suas mãos está levantada, como se estivesse apoiando em uma parede.

Legenda: Edward Honaker, 2014.

Descrição: Na imagem vemos uma pessoa vestida com um paletó, de costas, dentro do que parece ser um lago com plantas às margens. A pessoa segura um balão com a mão, que flutua pouco acima de sua cabeça. Essa mesma imagem é refletida pela água do lago.

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#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

Referencias, Liks e Créditos

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Linhas retas e linhas curvas

As linhas são componentes visuais muito importantes e devem ser usadas de modos diferentes se forem, por exemplo, linhas retas ou  linhas curvas.
Fotografia de um estrada curva vista de cima. as luzes da cidade estão borradas.

As linhas são componentes visuais muito importantes e devem ser usadas de modos diferentes se forem, por exemplo, linhas retas ou  linhas curvas.
Fotografia um rio curvo, cercado por estrada dos dois lados. Há muitos carros nas estradas e os faróis estão embaçados.
Claudio Edinger – Machina Mundi SP Plate 03
Descrição: Fotografia um rio curvo, cercado por estrada dos dois lados. Há muitos carros nas estradas e os faróis estão embaçados.
Aqui no blog já falamos diversas vezes sobre linhas e sua importância e você pode ler aqui (link) e aqui (link). Como tudo o que tem contorno tem linha, é quase impossível fugir delas na composição da fotografia. O ideal é, portanto, utilizar os significados que as diferentes linhas possuem para ajudar a compor a mensagem da fotografia.
As linhas retas, por exemplo, transmitem no âmbito emocional o que elas são fisicamente, ou seja, rigidez, solidez e firmeza. Observe a fotografia abaixo, a ponte, composta por linhas retas, quebra a expectativa do rio como um elemento símbolo de calma, dando um pouco de austeridade à imagem.
Fotografia da ponte Rio-Niterói.
Claudio Edinger – Machina Mundi Rio Plate 06
Descrição: Fotografia da ponte Rio-Niterói.
A fotografia é de Claudio Edinger, carioca que já trabalhou paras as revistas Time, Newsweek, Life, Rolling Stone e Vanity Fair e publicou dezessete livros. Suas fotos são feitas com uma câmera de grande formato e utilizam foco seletivo. As fotografia escolhidas misturam elementos urbanos com paisagens naturais, mostrando como o ambiente pode nos proporcionar as linhas que comporão a fotografia.
No caso das linhas curvas, que são tranquilas e maleáveis, pense, por exemplo, em elementos da natureza que transmitem calma como montanhas, ondas ou nuvens e como eles possuem linhas curvas. Observe, na fotografia abaixo, como os elementos sozinhos podem compor as linhas na fotografia:
Fotografia de uma ponte curva em uma cadeia de montanhas.
Claudio Edinger – Machina Mundi SP Plate 05
Descrição: Fotografia de uma ponte curva em uma cadeia de montanhas.
Com tudo o que foi explicado sobre linhas, é possível fazer incríveis combinações. Por exemplo, utilizar a orientação vertical para dar ênfase às linhas verticais e a orientação horizontal para enfatizar linhas horizontais. Também é possível utilizar linhas verticais e retas para levar a sensação de poder e solidez ao máximo e linhas curvas e horizontais para que aconteça o mesmo em uma foto em que se deseja transmitir tranquilidade.
A fotografia abaixo mistura essas noções para equilibrar as sensações. As grades, que por si só são símbolos de dureza e cuja a orientação vertical a ressalta, aparentam serem curvas abrandando a mensagem de rispidez para tristeza.
Fotografia em preto e branco de um homem segurando barras de grades de proteção. No pátio atrás dele há várias pessoas, algumas sem roupas.
Claudio Edinger – Madness Plate 09, 1989
Descrição: Fotografia em preto e branco de um homem segurando barras de grades de proteção. No pátio atrás dele há várias pessoas, algumas sem roupas.
A fotografia faz parte do ensaio Madness, ou seja, “Loucura”, que retrata a vida no hospital psiquiátrico de Juqueri em São Paulo, onde 3.500 pessoas estavam internadas, sendo o maior hospital psiquiátrico no Brasil. Como é possível perceber pela fotografia, as condições no hospital eram precárias e, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo, houve cerca de 50 mil mortes no hospital durante todo o seu funcionamento. Em 2019, ainda haviam 57 pacientes internados, todos idosos, alguns morando lá há 70 anos. Esta fotografia, portanto, é um documento de uma era da psiquiatria brasileira em que internação e tratamento não eram sinônimos.
Combine todas as noções sobre linhas já ensinadas no blog propositalmente para produzir a mensagem de sua fotografia. É importante que a mensagem e a composição sejam bem pensadas, para isso, utilize um caderno e anote as suas opções. Depois compartilhe suas fotos e suas anotações no nosso grupo de facebook.

Referências

  • EXCELL, Laurie. Composição, de simples fotos a grandes imagens. Rio de Janeiro: Alta books, 2012.
  • Lightroom
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