Marc Riboud

Fotógrafo que registrou cenas cotidianas de países que estavam em guerra

Fotógrafo que registrou cenas cotidianas de países que estavam em guerra

O fotógrafo Marc Riboud nasceu em Lyon, na França, em 1923. Advindo de uma família burguesa, formou-se em engenharia e trabalhou em uma fábrica em sua cidade natal. Em 1951, o jovem de 23 anos tirou uma semana de férias com o objetivo de fotografar as cenas ao seu redor, com a câmera Kodak Vest Pocket, presente de seu pai em 1937. Como sua paixão pela fotografia era tão grande, nunca mais voltou para o trabalho, resolvido a fotografar o mundo. 

A imagem mostra as costas de quatro pessoas andando em uma rua, sendo uma delas uma mulher. Um dos homens carrega um violoncelo nos ombros, ele é o que se encontra mais atrás, na frente, um dos outros homem abraça a mulher.
Marc Riboud

Riboud fotografou suas primeiras imagens quando tinha apenas 14 anos, em 1937, na Exposição Universal de Paris. Já em 1953, estava atuando como fotógrafo oficial na agência Magnum — inclusive, chegando a ser presidente — foi nesse mesmo local  que, anos antes, ele aprendeu técnicas de fotografia com os mestres da Robert Capa, David Seymour e Henri Cartier-Bresson. 

Riboud se eternizou como fotógrafo quando, entre 1955 a 1985, viajou pela Ásia, pelo Oriente Médio e pela África fotografando não só as atrocidades da guerra e a degradação de culturas reprimidas, mas também momentos de delicadezas e de beleza presentes no cotidiano. Suas imagens eram retratos da sensibilidade onde o ser humano funcionava como objeto central.

A imagem mostra pessoas comendo, aparentemente, em um restaurante. O foco da câmera está fixado em duas pessoas específicas, as duas usam boinas, blusas de manga comprida e óculos redondos, elas comem em tigelas usando hashis, talheres típicos da ásia.
Marc Riboud
A imagem mostra três crianças asiáticas, duas delas segurando revólveres, elas posam para a fotografia. Uma das crianças encosta o revólver para a cabeça da outra.
Marc Riboud
A imagem mostra o perfil de uma mulher negra vestindo roupas típicas de seu país, sobreposto a ela, a fotografias de outras pessoas dançando que trajam roupas de salão.
Marc Riboud
A imagem mostra um casal se beijando embaixo de uma ponte, a alguns passos deles há um rio com barcos ancorados em sua orla.
Marc Riboud
A imagem mostra uma menina de cabelos curtos segurando uma flor perto de seu rosto, ela se posiciona de frente para uma fileira de homens armados e fardados.
Marc Riboud

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PAES, Nathália. Marc Riboud. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/marc-riboud/>. Publicado em: 30 de maio de 2023. Acessado em: [informar data].

Tudo torna-se político

A fotografia em regimes ditatoriais fascistas

A fotografia em regimes ditatoriais fascistas

Nem tudo é político, porém tudo pode se tornar político a depender da narrativa e do cenário no qual está inserido. A foto abaixo é de autoria de Álvaro Hoppe, um artista famoso por sua série de fotografias da capital chilena, Santiago, tiradas na década de 1980.

A fotografia em preto e branco mostra uma placa de trânsito da cidade de Santiago na qual está escrito: “Não virar à esquerda". Além desta há outras duas placas com nomes de ruas da capital chilena.

Álvaro Hoppe, 1982

A imagem acima, sem narrativa ou contextualização, nada mais é que uma foto de uma placa sinalizando o sentido da rua. Entretanto, dentro dum regime ditatorial de extrema direita a frase “Não virar a esquerda” ganha teor político.

Nesse período, mais especificamente entre 1973 a 1990, o Chile era conduzido por um governo totalitário, comandado pelo general Augusto Pinochet, após a deposição do então presidente Salvador Allende.

Dentre as diversas imagens produzidas por Hoppe na capital chilena, algumas são bastante literais, mostrando os constantes embates entre os apoiadores e opositores do governo. Por outro lado, algumas das imagens, como a acima, são um tanto mais sutis, sendo as minhas favoritas, dentre toda a narrativa fotográfica de Álvaro Hoppe.

Nem tudo é político, uma placa de trânsito, um folheto rasgado, um muro pintado podem ser apenas elementos do dia a dia. Mesmo não deixando de ser comuns, estes podem se tornar políticos quando inseridos em cenários e ambientes onde a política não é uma opção, mas sim algo imposto à sociedade.

Deixo algumas das imagens mais “sutis” de Hoppe, imagens que, não sabendo a história, podem não ser inteiramente compreendidas pelo público.

 
A fotografia em preto e branco mostra um folheto rasgado no chão, nele se pode ler as palavras “donde están?" (onde estão?).

Álvaro Hoppe, 1980

No lado direito da fotografia em preto e branco há um muro no qual pode-se ver uma pichação com a palavra “unidade e” e um punho cerrado, não é possível ver a continuação da frase. Do lado esquerdo vemos um homem vestindo uma camisa branca e com a face coberta pelas mãos e um pano, como se esse secasse suor ou lágrimas do rosto.

Álvaro Hoppe, 1983

A fotografia em preto e branco mostra um grande muro no qual há pintada a palavra “YO”, “EU” em tradução para o portugues. A frente do muro há um garoto de costas para a câmera o que dá ao leitor uma maior noção de perspectiva acerca do tamanho da pintura no muro.

Álvaro Hoppe, 1983

 

#leitura é uma coluna de caráter crítico. Trata-se de uma série de análises de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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COUTO, Sarah. Tudo torna-se político. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/tudo-torna-se-politico/>. Publicado em: 11 de mai. de 2023. Acessado em: [informar data].

Luiz Alfredo e o Holocausto Brasileiro

Fotógrafo da revista “O Cruzeiro” registrou os horrores vividos pelos pacientes do Hospital Colônia de Barbacena em 1961

Fotógrafo da revista “O Cruzeiro” registrou os horrores vividos pelos pacientes do Hospital Colônia de Barbacena em 1961
Em 13 de maio de 1961, a revista “O Cruzeiro” chocava o país com a reportagem “Hospital de Barbacena: A Sucursal do Inferno” que revelava as condições insalubres em que viviam os pacientes confinados no complexo manicomial de Barbacena. Hoje, lembrado como um verdadeiro campo de concentração, palco de um holocausto, com 60 mil vítimas em Minas Gerais.
Imagem de um dos pátios do manicômio. A foto em preto e branco mostra um muro à frente de algumas árvores, alguns pacientes dispostos ao fundo estão na sombra, outros, expostos ao sol, e, à frente está um paciente, que aparenta ser uma criança, olhando para cima.
Luiz Alfredo | O Cruzeiro
O Hospital Colônia de Barbacena foi fundado em 1903 na cidade mineira – com o intuito de tratar pacientes vítimas de tuberculose. Entretanto, com o tempo, o lugar foi se tornando um local para aqueles que precisavam de ajuda psiquiátrica.
Contudo, o que se via no complexo manicomial estava longe de ser um tratamento médico. Para lá, eram enviadas, contra a própria vontade, pessoas que eram consideradas descartáveis para a sociedade. Chegavam de trem: mães solteiras, homossexuais, pobres, indígenas, inimigos políticos, mendigos, viciados em drogas, entre outros.
Vista de uma das janelas do manicômio. Entre suas grades de ferro, vemos pessoas aglomeradas num pátio tomando sol e cercadas por outras construções do complexo.
Luiz Alfredo | O Cruzeiro
Os “tratamentos” dados a essas pessoas – que na maioria nem tinham algum diagnóstico pra estar ali – variavam entre todas as possibilidades de um filme de terror, indo desde tratamentos de choque com cadeiras elétricas até camisas de força. Ainda, as condições de vidas eram as piores possíveis: expostos ao frio intenso da região muitos viviam nus, os pacientes dormiam sobre colchões de palha improvisados, passavam sede e fome e, quando eram alimentados, eram servidos de comida triturada (fator pelo qual muitos perdiam os dentes).
Imagem de uma das alas do hospital. Nela, vemos paredes envelhecidas abrigando muitos pacientes praticamente amontoados sobre as camas precárias. É possível ver alguns pacientes em pé ou sentados no chão. E, ao fundo, dois homens de terno conversando.
Luiz Alfredo | O Cruzeiro
Um paciente do Colônia está agachado numa poça d’água insalubre cuspindo esse mesmo líquido. Dando a entender que ele havia ingerido essa água. Atrás dele, está parte daconstrução do hospital e um cano que passa por essa poça.
Luiz Alfredo | O Cruzeiro
Uma criança está deitada no chão de concreto do hospital. Ela, ao contrário do que pode parecer, está dormindo e há mosquitos por todo o seu corpo.
Luiz Alfredo | O Cruzeiro
Quando “Hospital de Barbacena: A Sucursal do Inferno” – feita pelos jornalistas Luiz Alfredo e José Franco – chegou aos leitores de todo Brasil, os olhares voltaram-se para a questão dos tratamentos psiquiátricos no país, esse assunto era um grande tabu naquela época. Por isso, a reportagem extremamente denunciativa da revista é lembrada como uma grande contribuição na história da saúde brasileira e da imprensa nacional.
Com a Reforma Psiquiátrica no Brasil, o hospital Colônia de Barbacena foi mudando até se tornar o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena e uma parte da antiga estrutura chegou a ser desativada, em 1996, e transformada no Museu da Loucura. Em 2013, a jornalista Daniela Arbex publicou o livro Holocausto Brasileiro que conta em detalhes a história do Colônia e os bastidores da reportagem do “O Cruzeiro”.
Pacientes do Colônia em seus leitos improvisados. Ao centro, temos em destaque um homem sentado em sua cama olhando para o lado com atenção. Podemos supor que ele está olhando para alguém da equipe do jornal naquele momento. Seu olhar sério rouba a atenção.

Luiz Alfredo | O Cruzeiro

 
Foto tirada em ângulo picado de crianças deitadas em berços do Colônia.

Luiz Alfredo | O Cruzeiro

 
Um funcionário raspa a cabeça de um paciente do Colônia, que nu olha para o chão. Seu corpo está curvado e ao fundo vemos mesas com pratos empilhados e uma porta aberta  com outra pessoa (possívelmente um funcionário).
Luiz Alfredo | O Cruzeiro
Uma janela com a grade de ferro está na frente de um paciente do Colônia. Essa pessoa está sentada e apoiada sobre a estrutura de ferro. Ela olha para sua mão e sorri.
Luiz Alfredo | O Cruzeiro
O cemitério do Hospital Colônia. Túmulos de concreto descuidados e envoltos por arbustos que cresceram desproporcionalmente.
Luiz Alfredo | O Cruzeiro
#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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MAIA, Amanda. Luiz Alfredo e o Holocausto Brasileiro. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/luiz-alfredo-e-o-holocausto-brasileiro/>. Publicado em: 09 de maio de 2023. Acessado em: [informar data].

Álvaro Hoppe

Fotógrafo chileno que registrou a ditadura de Pinochet.

Fotógrafo chileno que registrou a ditadura de Pinochet.

Nascido em Santiago em julho de 1956, Álvaro Hoppe foi fundamental para o desenvolvimento da Fotografia Urbana (Street Photography) e da Fotografia Documental no Chile. Originalmente, o artista não procurou documentar conflitos, mas, após o início da Ditadura Chilena, em 1973, Hoppe produziu imagens que viriam a se tornar as mais famosas e representativas do período ditatorial no país.

A fotografia em preto e branco mostra um vidro com um buraco no meio e, por isso, está trincado. Por meio do buraco pode-se ver o busto de um policial andando na rua. Há outras pessoas na rua, porém o foco é o policial e o buraco no vidro.

Álvaro Hoppe, 1983

No início da década de 1980, com pouco mais de 20 anos,  Álvaro Hoppe começou a trabalhar como repórter no semanário “Apsi”, o principal meio de oposição ao governo de extrema direita comandado por Augusto Pinochet. As fotos de Hoppe, tiradas durante a década na capital chilena, se tornaram símbolo do movimento contra o governo que enfim cairia em 1990.

A fotografia em preto e branco mostra um folheto rasgado no chão, nele se pode ler as palavras “donde están?" (onde estão?).
Álvaro Hoppe, 1980

Enquanto algumas das fotografias são bastante literais, outras são mais implícitas. No livro Plebiscito no Chile, o jornalista Pablo Azócar escreve: “A narração de Hoppe busca obstinadamente as histórias dos muros. Os muros, a grande tela aberta da cidade”.

A fotografia em preto e branco mostra uma mulher e uma criança de costas andando na calçada, ao lado do muro da casa pela qual passam está colado um cartaz com uma chamada para uma manifestação em defesa da democracia chilena.
Álvaro Hoppe, 1983
A fotografia em preto e branco mostra dois jovens em cima de uma bicicleta. Enquanto o da frente conduz a bicicleta, o de traz lança no ar dezenas de pequenos papéis que se espalham pela rua.
Álvaro Hoppe, 1988

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COUTO, Sarah. Álvaro Hoppe. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/alvaro-hoppe>. Publicado em: 2 de mai. de 2023. Acessado em: [informar data].

Paulo Vainer

Fotógrafo de moda e diretor de filmes publicitários

Fotógrafo de moda e diretor de filmes publicitários

Paulo Vainer é reconhecido como um profissional de multimídia, que trabalha tanto com fotografia quanto com direção de filmagens. Começou sua carreira em estúdios como os de Steve Bronstein e de Andreas Heiniger, e fotografando para empresas como a Editora Abril. Ele também atuou para marcas como Itaú, Volkswagen, Nike, Nestlé e Renault.

A imagem mostra um quarto com uma iluminação azul. Nele há três pessoas, duas sentadas na beirada de uma cama de casal e a outra sentada em uma cadeira no canto. A pessoa que está na cadeira é destacada por um círculo de luz.
Paulo Vainer

O fotógrafo iniciou sua carreira em 1978, como assistente do fotógrafo Bob Wolfenson.  Em 1981, viajou para Nova Iorque para trabalhar com Steve Bronstein. Já em 1990, Paulo Vainer volta ao Brasil para abrir seu próprio estúdio, tornando-se um dos mais importantes fotógrafos de moda e publicidade brasileiro. Com o contato de profissionais como Ricardo Van Steen, Walter Salles, Andrucha Wadingtton e Fernando Meirelles, o artista adentrou no ramo da direção. Lançou, em 2004, seu primeiro longa-metragem, intitulado de  “Noel, o Poeta da Vila”, que foi indicado ao prêmio da Associação Brasileira de Cinematografia.

Através da fotografia, Vainer conta histórias. Por meio de apenas uma imagem é possível ir além da cena. Ele faz esse movimento mesclando técnicas de fotografia e de edição gráfica. Abusando de cores saturadas – que passam a ideia de um mundo fantasioso -, da iluminação e da composição da imagem.

Mulher, em um fundo azul, por trás de barras de led.
Paulo Vainer
Imagem em preto e branco e desfocada mostrando um espaço cheio de pessoas.
Paulo Vainer
Imagem de uma mulher usando uma roupa dourada e um acessório na cabeça de pelo preto. Ela não olha em direção a câmera.
Paulo Vainer
Imagem de uma mulher em chamas. Ela usa um véu e segura uma rosa branca.
Paulo Vainer
A imagem mostra uma mulher, vestida toda de preto e com o cabelo bagunçado, posando para a fotografia.
Paulo Vainer

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PAES, Nathália. Paulo Vainer. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/paulo-vainer/>. Publicado em: 25 de abr. de 2023. Acessado em: [informar data].

Suren Manvelyan

Intimista, fotógrafo expõe a beleza dos olhares.

Intimista, fotógrafo expõe a beleza dos olhares.

Armênio, nascido em 1976, começou a fotografar com dezesseis anos e em 2006 se profissionalizou na área, tendo desde então publicado seu trabalho mundo afora. Suren Manvelyan fotografa desde retratos, projetos criativos, paisagens, até capturas macroscópicas de olhares, e muito mais. Além da fotografia, ele também é PhD em Física Teórica e professor na Yerevan Waldorf School.

 Imagem macroscópica de olho humano castanho.
Suren Manvelyan

As fotografias mais famosas de Manvelyan são as que compõem as suas séries Your Beautiful Eyes (seus belos olhos) e Animal Eyes (olhos animais); tendo ambas as séries alcançado milhões de visualizações na internet. A segunda série referenciada teve uma segunda edição intitulada Animal Eyes 2, cuja temática era a mesma: fotografar olhos de animais.

É interessante como todas as fotografias, desta série, demonstram quase que misticamente como os olhos são, genuinamente, a janela da alma. São lentes orgânicas que fotografam o universo externo aos seus portadores – seres vivos -, dotados de seus próprios universos internos – e particulares -, e, que captam e processam imagens e significados e os transmitem na forma de tantos outros.

 Fotografia macroscópica de olho de peixe Acará-disco.
Suren Manvelyan
Fotografia macroscópica de olho de coruja-0relhuda.
Suren Manvelyan
Fotografia macroscópica de olho de Crocodilo-do-nilo.
Suren Manvelyan
Fotografia macroscópica de olho de Husky Siberiano.
Suren Manvelyan
Fotografia macroscópica de olho de Corvo-comum.
Suren Manvelyan

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BRITO, C. S. Suren Manvelyan. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://culturafotografica.com.br/suren-manvelyan/. Publicado em: 18 de abr. de 2023. Acessado em: [informar data].

A Solidão de Bolsonaro

Em clima de eleições de 2022, Bolsonaro se vê cada vez mais solitário em sua bolha autoritária.

Em clima de eleições de 2022, Bolsonaro se vê cada vez mais solitário em sua bolha autoritária.

Gabriela Biló

A escolha do filtro P&B não é por acaso. Com uma técnica de edição simples, é possível salientar ainda mais a semiótica do isolamento que a fotografia representa. Enquanto os demais políticos caminham e interagem próximos uns dos outros, o presidente da república Jair Messias Bolsonaro se encontra sozinho no canto direito da imagem. Apesar da utilização da máscara, é possível notar uma expressão de descontentamento em seu rosto. Esse é o reflexo de seu governo durante a gestão da pandemia de 2020-2022.

Esse isolamento iniciou-se em um processo lento desde sua eleição em 2018. Em promessa a seus eleitores – que, em grande parte se mantêm fiéis a sua figura e, igualmente solitários -, Bolsonaro afirmou que não buscaria acordos com políticos conhecidos como “centrão” e muito menos com partidos de viés esquerdista. A partir disso, iniciava seu processo de isolamento político. Não demorou muito para que suas próprias alianças entrassem em crise, com trocas incessantes de ministros e saída do próprio partido que o elegeu, o PSL.

A fotografia de Gabriela Biló mostra com precisão a face de nosso país. Dividido conceitualmente por uma pilastra, a figura do presidente estressado e solitário no canto da imagem não é uma representação apenas dele, mas de seu eleitorado que se vê, assim como ele, lutando contra inimigos imaginários da pátria. Apesar da solidão em viver uma luta fictícia, sua quantidade é densa. Em meio às eleições de 2022, percebe-se que a maior qualidade do presidente, tanto  quanto de seus eleitores, é a fidelidade entre eles. Fidelidade que supera o número de mortos, o quadro da fome e a desigualdade crescente. Excluídos em suas próprias bolhas autoritárias, se vêem também fortes.

É a partir desse contexto que, mesmo sendo perceptível o isolamento de Bolsonaro e seus eleitores no jogo político, os meus sentimentos de medo e apreensão não se vão. O grito do autoritarismo que ecoa de discursos e manifestações de ódio, por menores que sejam, me colocam em um estado de alerta constante. Após nascer e crescer sob governos que tinham como princípio o respeito às normas da política, passar os últimos 4 anos sob a constante incerteza de segurança constitucional apenas serviu para mostrar que a estrutura da nossa democracia está mal projetada.

Vejo que, mesmo diante de um fim – talvez temporário – na trajetória política, Bolsonaro não acabou por aqui. Apesar do visível afastamento de outros políticos, não está só. E aqueles que ainda se mantêm unidos a ele também tem outra característica: não se dão por vencidos. 

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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GANDRA, Nikolle. A Solidão de Bolsonaro. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/?p=3281>. Publicado em: 30 de mar. de 2023. Acessado em: [informar data].

Gabriel Chaim: Um olhar sobre a guerra

No front de conflitos, o fotógrafo conta a história de pessoas que temem por suas vidas.

No front de conflitos, o fotógrafo conta a história de pessoas que temem por suas vidas.

Gabriel Chaim, 40 anos, é um jornalista, fotógrafo e documentarista brasileiro. Nascido em Belém (PA), formou-se em gastronomia pela faculdade Anhembi Morumbi e estudou fotografia em Florença, na Itália. Em 2013, começou a fotografar guerras, o que permitiu unir a paixão pela fotografia com o desejo de denunciar questões sociais agravadas pelos conflitos armados.

A fotografia mostra Gabriel Chaim, um homem branco, de 40 anos, usando roupas de combate. Ele usa um capacete e fuma um cigarro
Gabriel Chaim

Em meio aos estilhaços, Gabriel registra cenas que contrastam harmonia e paz. Suas fotografias, apesar de parecerem cenários cinematográficos distópicos, revelam uma realidade sufocante e angustiante para quem a vive. 

Essas fotos também contam histórias de pessoas em áreas de conflitos que estão quase sempre sem resquícios de esperança e ao serem fotografadas, sejam em meio ao combate ou tentando buscar refúgio, ganham voz e visibilidade. Chaim, além de mostrar edifícios caídos e corpos dilacerados por bombas, mostra também aqueles que resistem, que colocam suas vidas abaixo dos ideais pelos quais acreditam e lutam.

Gabriel foi preso enquanto gravava um documentário devido a tentativa de passar ilegalmente da Síria para a Turquia. Em entrevista para o programa televisivo “Todo Seu”, ele afirmou: “Eu não pensei duas vezes, a notícia naquele momento era o mais importante, eu tinha que estar lá, eu tinha que retratar, eu tinha que mostrar o que estava acontecendo”. Essa fala dele expõe a violência contra jornalistas, que ao tentar exercer o seu trabalho de trazer informações para a sociedade, são perseguidos, presos e até mesmo mortos.

A fotografia mostra um homem sentado em uma poltrona que está em uma rua cheia de destroços. Ele usa roupas militares, colete e há uma arma apoiada em sua perna.
Gabriel Chaim
Aparece em primeiro plano na fotografia uma menina que parece ter entre quatro a seis anos de idade. A menina usa uma blusa vermelha estampada com flores e uma calça rosa. Atrás da menina há um carro azul totalmente amassado em cima de escombros.
Gabriel Chaim
A fotografia mostra corpos de soldados espalhados em uma estrada de terra.
Gabriel Chaim

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SILVA, Vinícius. Gabriel Chaim: Um olhar sobre a guerra. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/gabriel-chaim-um-olhar-sobre-a-guerra/>. Publicado em: 28 de março de 2023. Acessado em: [informar data].

Contos de fadas

Campos floridos em nós mesmos.

A imagem abaixo foi fotografada pelo artista Steven Klein para a revista Vogue em 2020. Em um ensaio com a atriz Mia Goth chamado de Fantasy and Fashion. Com cores inexistentes no mundo real e cenários deslumbrantes, Steven faz uma mistura entre a moda e os contos de fadas.

A imagem mostra uma mulher de cabelos pretos e pele muito branca trajando um vestido rosa claro, ela está sentada em uma poltrona vermelha, enquanto ilumina com uma lanterna um canto do ambiente. O cenário mostra o cômodo de uma casa, com as paredes em um tom de azul, e o chão coberto por flores rosa, amarelo e laranja.
Steven Klein

Vestidos esvoaçantes, flores de diversas cores, exuberantes florestas, tons saturados, ainda que sejam ao mesmo tempo suaves; disso são feitos os sonhos e os contos de fadas. Entrelaçados, eles quase se confundem, sendo um necessário a existência do outro. Sem a habilidade de sonhar, histórias não seriam criadas, e sem histórias os sonhos não passariam de uma breve reprise de nossa memória.

Sempre fui uma criança muito solitária, que cresceu em uma roça sem o contato de outras pessoas da mesma idade. Para passar os meus dias e para poder suprir a falta de companhia, o melhor que eu podia fazer era criar histórias.

Eu via nas flores vestidos de fadas, que se camuflavam enquanto houvessem humanos por perto. Nos galhos das árvores que se juntavam, formando um arco, enxergava um portal que poderia levar para diferentes mundos. Nas frutas, via dádivas que quando ingeridas eram capazes de conceder superpoderes. 

Ao crescer, eu converti essa minha imaginação em necessidade de livros; me apoiando neles quando precisava fugir do mundo real. Ainda é assim. É na fantasia onde posso ser outra pessoa, e, não preciso ser ninguém, ou apenas acompanhar a vida de outra pessoa enquanto me esqueço de mim mesma. Mesmo que os finais não sejam felizes para sempre, eles me confortam das dificuldades do mundo.

Ainda continuo procurando por fadas e reinos encantados. E nas horas vagas, caço borboletas coloridas. Porque sem essas histórias o mundo seria somente cinzento, sem nenhum sonho. Não haveria motivo para continuar tentando, não haveria um refúgio para se esquecer dos problemas.

Links, Referências e Créditos

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PAES, Nathália Paes. Contos de fadas. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<{colar link da postagem}>. Publicado em: {colar data de publicação}. Acessado em: [informar data]. 

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