Roger Cipó

Fotógrafo, pesquisador, candomblecista e militante contra os crimes de intolerância religiosa e racismo.

Fotógrafo, pesquisador, candomblecista e militante contra os crimes de intolerância religiosa e racismo.

Roger Cipó nasceu na periferia de Diadema. É um jovem negro apaixonado pela fotografia e um homem de muita fé, por isso juntou o amor pela religião e pela arte de foto e criou nas redes sociais a plataforma Olhar de um Cipó, em que documenta as religiões de matriz africana.

Roger Cipó

Suas produções e pesquisas fotográficas focadas em terreiros de candomblé, tem como objetivo estudar as diversas estruturas que baseiam as sociedades afro religiosas de São Paulo, além de divulgar as belezas e riquezas existentes no cotidiano social, cultural e ritualístico das comunidades. Em seu trabalho, as fotos ultrapassam a condição de documentação e assumem o papel de instrumento sensibilizador, propondo reflexão sobre a verdadeira imagem dos cultos afros para assim, quebrar as barreiras do preconceito de quem não os conhece.

Roger Cipó

Roger Cipó
Roger Cipó
Roger Cipó

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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CALIXTO, Vitória. Roger Cipó. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/roger-cipo/>. Publicado em: 22/11/2021. Acessado em: [informar a data].

Boris Kossoy e o método iconográfico / iconológico

Historiador oferece importante contribuição para o reconhecimento dos documentos fotográficos como fontes históricas.

Historiador oferece importante contribuição para o reconhecimento dos documentos fotográficos como fontes históricas.
 
O método iconográfico / iconológico propõe compreender a mentalidade de uma época e lugar com base nas obras de arte produzidas naquele tempo e espaço. Para isso, faz-se necessário a reconstituição do contexto em que a obra ou o conjunto de obras sob análise foi produzida mediante o processamento de um variado grupo de documentos.
 
Fotografia de três painéis do Atlas Mnemosyne realizado por Aby Warburg. Cada um deles abrange um determinado tema e é composto por diversas reproduções de pinturas e esculturas dispostas lado a lado.
Fragmento de Atlas Mnemosyne de Aby Warburg. Crédito:  Silke Briel / HKW

 

Parte-se de uma compreensão do processo artístico como um processo de produção simbólica no qual são expressos os conteúdos inconscientes da cultura. Dela decorre a tese de que os estilos artísticos podem ser tratados como sintomas da mentalidade de uma determinada cultura.
 
O responsável pela concepção deste método foi o historiador da arte Aby Warburg, cujo principal trabalho, Atlas Mnemosyne, tinha o propósito de reconhecer as cadeias de sobrevivência das imagens simbólicas, que ele chamava de pathosformel (fórmula do pathos), na cultura. Nos últimos anos, sua obra vem recebendo grande destaque a partir do trabalho do filósofo Georges Didi-Huberman.
 
No entanto, foi Erwin Panofsky, também historiador da arte, o responsável pela sistematização do método. Panofsky destaca que a interpretação de uma obra de arte é um processo composto por três etapas: (1) descrição pré-iconográfica: consiste no reconhecimento de seres, objetos e eventos; (2) análise iconográfica: reconstituição de alegorias, histórias e símbolos; (3) interpretação iconológica: revelação do significado intrínseco da obra, em outras palavras, exposição dos conteúdos inconscientes da mentalidade da época e do lugar em que ela teve origem.
 
A abordagem de imagens fotográficas por meio do método iconográfico/iconológico encerra uma crítica ao pressuposto realismo das fotografias que promove o apagamento da mediação em favor de um suposto testemunho da cena mostrada. Para os pesquisadores que adotam esta perspectiva teórica e metodológica, as fotografias não são feitas apenas para serem observadas, mas também para serem lidas.
 
No Brasil, um dos pesquisadores mais reconhecidos pela utilização deste método no estudo de imagens fotográficas é o fotógrafo e historiador Boris Kossoy, cuja obra oferece uma importante contribuição para o reconhecimento dos documentos fotográficos como fontes históricas.
 
Capas dos livros O Encanto de Narciso: reflexões sobre fotografia, Fotografia & História, Realidades e ficções na trama fotográfica, Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. Todos de autoria do fotógrafo e historiador Boris Kossoy.
Boris Kossoy / Ateliê Editorial
 
Em sua obra, Kossoy propõe uma abordagem teórica e metodológica dos documentos fotográficos cuja finalidade é revelar o que está escondido atrás da visibilidade fixada em uma fotografia ou em um conjunto delas. Para isso, ele divide a interpretação das imagens fotográficas em duas etapas: (1) a análise iconográfica, que consiste na decodificação da realidade exterior do registro e (2) a interpretação iconológica, que consiste na compreensão da realidade interior do registro.
 

O significado mais profundo da vida não é o de ordem material. O significado mais profundo da imagem não se encontra necessariamente explícito. O significado é ima­terial; jamais foi ou virá a ser um assunto visível passível de ser retratado fotograficamente. O vestígio da vida cristalizado na imagem fotográfica passa a ter sentido no momento em que se tenha conhecimento e se compreen­dam os elos da cadeia de fatos ausentes da imagem. (KOSSOY, 2012, P. 130)

 
O que vemos em uma fotografia é apenas um fragmento de uma história oculta e a espera de ser revelada. Cabe àqueles que se dedicam à interpretação das imagens fotográficas recuperar essas micro-histórias implícitas em seus conteúdos e revivê-las no campo do imaginário.
 
Esta postagem propõe apresentar a síntese de uma das reflexões elaboradas ao longo do I Ciclo de Debates de nosso Grupo de Estudos, composto por quatro encontros realizados no período entre fevereiro e junho de 2021 e nos quais foram discutidas as seguintes obras, no todo ou em partes:
 
BARTOLOMEU, Cezar (org.) Dossiê Warburg. Arte & Ensaios, n. 19, Rio de Janeiro, n. 19, p. 118-143, 2009. ISSN:  2448-3338 Disponível em: <https://www.ppgav.eba.ufrj.br/publicacao/arte-ensaios-19/>
BURKE, Peter. Testemunha ocular: o uso de imagens como evidência histórica. São Paulo: Editora Unesp Digital, 2017.
KOSSOY, Boris. Fotografia & História. 4ª ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012.
KOSSOY, Boris. Realidades e ficções na trama fotográfica. 3ª ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
MAUAD, Ana Maria. Sobre as imagens na História, um balanço de conceitos e perspectivas. Revista Maracanan, v. 12, n. 14, p. 33 – 48, jan. 2016. ISSN 2359-0092. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/20858>.
MAUAD, Ana Maria. Através da imagem: Fotografia e História – Interfaces. Tempo, v. 1, n. 2, p. 73 – 98, dez. 1996. ISSN 1980-542X . Disponível em: <http://www.historia.uff.br/tempo/artigos_dossie/artg2-4.pdf>.
MENESES, Ulpiano Bezerra. Fontes visuais, cultura visual, história visual: balanço provisório, propostas cautelares. Revista Brasileira de História, v. 23, n. 45, pp. 11-36, 2003. ISSN 1806-9347. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbh/a/JL4F7CRWKwXXgMWvNKDfCDc/>
Abaixo, você poderá assistir as gravações dos debates realizados neste ciclo.
 
YouTube video player
 

#artigos é uma coluna de caráter ensaístico e teórico. Trata-se de uma série de textos dissertativos por meio do qual o autor propõe uma reflexão fundamentada acerca de um ou mais elementos que constituem a cultura fotográfica. Quer conhecer melhor a coluna #artigos? É só seguir este link.

O menino do Rio Negro

Fotografia de Araquém de Alcântara evoca o equilíbrio entre gente e meio ambiente
Um jovem segura uma cobra em volta de seu pescoço, ao que tudo indica, durante um passeio de canoa no Rio Negro, Amazonas. A cena não só expressa uma beleza única, como também é um portal para entendermos como o fotógrafo responsável pela obra, Araquém de Alcântara, enxerga o mundo. 
Araquém de Alcântara

Esse cenário pode ser considerado incomum para muitos que não vivem na região. Em uma visão centrada no sudeste do país, a princípio me peguei estranhando tal comportamento a ponto de considerá-lo perigoso e impróprio. Porém, ao refletir um pouco sobre o personagem presente no registro e as prováveis diferenças culturais que compartilho com ele, comecei a reconhecer que alguns desses sentimentos partiam de minha ignorância.
Ao contrário de mim, Araquém de Alcântara parece enxergar a beleza desse encontro entre os dois, uma vez que registra o momento como algo singelo e despreocupado, expressando uma das características mais fortes do seu trabalho, mostrar a relação íntima entre seres humanos e o meio ambiente.    
A forma como o garoto segura o animal, de maneira firme e decidida denota a sua naturalidade com a situação. Não parece temer um ataque da cobra, pelo contrário, tamanha frivolidade ao lidar com a situação denuncia que talvez não seja a primeira vez que vivencia algo do tipo. 
O preto e branco da imagem existem por conta do caráter documental da obra do fotógrafo. No entanto, esse elemento ajuda a criar um fator harmônico entre os personagens. Esse bom relacionamento entre os dois cria uma sensação de sustentabilidade que é reforçada pela retirada das cores, fazendo com que os dois corpos sejam difíceis de distinguir. 
Uma das questões que a fotografia levanta é “se é possível viver em paz com animais selvagens”. Afinal, não são todos que reagiriam de maneira tão pacífica quanto aquela cobra. O cenário e momento escolhidos, mostram como esse encontro entre dois moradores da mesma região, só é possível pelos dois personagens serem familiares um com o outro.
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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Um olhar sobre Araquém de Alcântara

Entre o povo e a natureza, fotógrafo se dedica a registrar as belezas do Brasil
Pioneiro na fotografia ambiental brasileira, Araquém de Alcântara Pereira é considerado um dos fotógrafos mais importantes do país. Com mais de 50 anos de carreira, utilizou seu trabalho como forma de protesto em defesa da causa ecológica. 


Araquém de Alcantara

O fotógrafo, professor e jornalista nasceu em Florianópolis, no ano de 1951. Durante sua graduação na Universidade de Santos, começou a trabalhar como repórter para o jornal Estado de S. Paulo e para o Jornal da Tarde. Foi após uma cobertura documental do Parque da Juréia, em Iguapé, São Paulo,  que passou a fazer diversas expedições ambientais, especialmente para a Mata Atlântica. 
Em 1988, publicou a sua primeira obra intitulada “Terra Brasil”, contendo fotografias dos parques nacionais, que se tornou o livro sobre fotografia mais vendido em todos os tempos no país. Também foi o primeiro fotógrafo brasileiro a trabalhar para National Geographic, se consolidando ainda mais como um ícone no cenário brasileiro. 
Araquém de Alcântara
Araquém de Alcântara

Araquém de Alcântara
Araquém de Alcântara

Araquém de Alcântara

Araquém de Alcântara

Araquém de Alcântara

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Instagram: Imagem_pensativa

Publicação online de Juliana Leitão dedicada a ensinar fotografia.

Juliana Leitão

Este perfil no Instagram traz questionamentos, análises, observações e referências bibliográficas do campo da fotografia. A ideia é aproximar as pessoas dos conteúdos acadêmicos, estimular a leitura sobre o assunto e despertar a curiosidade em trabalhos fotográficos.

Autora

Juliana Leitão, http://lattes.cnpq.br/9820856185553874, @imagem_pensativa

Local de publicação

Acesse a publicação completa em @imagem_pensativa.


Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Juliana Leitao, através do formulário Divulgue suas publicações!. Resposta número 11.

Garota americana na Itália

A história por trás da fotografia de Ruth Orkin e minhas impressões acerca dela

A fotografia, feita em 1951, retrata uma mulher que caminha sozinha por uma rua que está cheia de homens, quinze figuras masculinas no total.  A grande maioria deles a encaram com “olhares de abutre”. O homem, à sua direita, assobia ou fala algo enquanto ela passa. Enquanto o outro, a sua frente, permanece parado enquanto olha para ela, como se quisesse impedir  sua passagem.

Ruth Orkin

A mulher me parece aflita, ansiosa e incomodada com a situação. Seus olhos apontam para o chão, como se  quisesse evitar ou se desviar dos olhares desses homens. Ela segura seu xale com a sua mão direita e com a esquerda, um caderno e uma bolsa. Tenho a impressão de que seus passos são rápidos e apressados e que por isso segura suas coisas com tanta força.

A fotógrafa que capturou a imagem foi a americana Ruth Orkin. Durante uma viagem pela Itália, conheceu a jovem Ninalee Allen, mulher que aparece na fotografia. Ninalee tinha acabado de se formar em Ciências Humanas e havia atravessado sozinha o Atlântico em uma viagem de navio. Além disso, Ninalee se hospedou no mesmo hotel que a fotógrafa quando viajou para a Itália.

Quando Ruth Orkin conheceu Ninalle Allen, a fotógrafa teve a ideia de fazer um ensaio sobre o cotidiano de uma mulher sozinha em viagens. Era para ser algo leve e divertido. Entretanto, dentre as várias fotografias tiradas naquela manhã em Florença, uma delas se transformou em um retrato de assédio sexual.

A fotógrafa conta que pediu para os homens não olharem para a câmera quando tirou a fotografia acima. Com esta instrução em mente, eles passaram a encarar Ninalee Allen, ato que deu um aspecto estranho para a imagem. Mesmo que Allen diga que não se incomodou com os olhares masculinos, penso que a fotografia retrata o triste e cansativo cotidiano de mulheres em um mundo machista. Recebemos olhares e cantadas que não pedimos, que nos objetificam e nos deixam extremamente desconfortáveis.

Na visão de Ninallee pode não ter ocorrido assédio, pois ela conta que não se sentiu incomodada. Entretanto, alguns aspectos e conceitos mudam com o passar dos anos. Há transformações, novas leituras de textos, fotografias, visões de mundo. Portanto, penso que no momento em que eu me encontro agora, esta fotografia é um retrato de assédio sexual. Como você a vê?

Essa fotografia me lembrou da música “Garota de Ipanema”, escrita por Tom Jobim e Vinicius de Moraes, pois  a canção apresenta uma mulher passando pela rua e sendo observada por homens. Será que ela se sentiu incomodada no momento em que passava? Me parece que a letra normaliza esses  tipos de atitudes, em que a percepção de que  encarar uma mulher passando pela rua são tratadas como se fosse algo normal. Muitas mulheres carregam marcas e cicatrizes por causa dessas representações.

 #leitura é uma coluna de caráter reflexivo. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, histórica, política e social. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor as postagens da coluna? É só seguir este link.

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HELENA, Beatriz. Garota americana na Itália. Cultura Fotográfica. Publicado em: 10 de nov. de 2021. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/garota-americana-na-italia-2/. Acessado em: [informar data].

Nair Benedicto

Importante fotógrafa para a história do fotojornalismo brasileiro. Sua obra mostra movimentos sociais e populares muito marcantes

 Filha de imigrantes italianos, Nair Benedicto nasceu na capital paulista, no ano de 1940. Estudou e se formou em Rádio e Televisão na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Ela queria produzir vídeos independentes, mas seguiu no ramo da fotografia, que foi uma “entortada no caminho” nas palavras da própria fotógrafa.

Nair Benedicto

Quando Nair ainda estava na faculdade, ela foi presa pela ditadura militar por causa de sua militância política junto à Ação Libertadora Nacional (ALN). Após sair da prisão, a fotógrafa decidiu registrar, através da fotografia, questões sociais e seu trabalho é fortemente marcado por temas populares e políticos.

Em sua obra, Nair registra o cotidiano e a realidade das classes minoritárias, a condição da mulher e da criança, alguns movimentos sociais, populares e eventos históricos que fazem parte da história da classe trabalhadora.

Em 1979, fundou a primeira agência brasileira de Fotojornalismo, intitulada como F4, juntamente com Juca Martins, Delfim Martins e Ricardo Malta. A  ideia principal da agência era uma produção pautada e editada pelo próprio fotógrafo, com isso, as fotografias passariam a pertencer ao mesmo e não mais às redações.

Nair Benedicto
Nair Benedicto
Nair Benedicto
Nair Benedicto

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 Como citar essa postagem

HELENA, Beatriz. Nair Benedicto. Cultura Fotográfica. Publicado em: 8 de nov. de 2021. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/nair-benedicto/. Acessado em: [informar data].

Ajude a desenvolver o Cultura Fotográfica

Querid_ leitor(a), queremos te fazer um pedido que, caso você aceite, nos ajudará a melhorar os serviços que oferecemos.
Kat Stokes | Unsplash

Em 2021, o Cultura Fotográfica consolidou e ampliou suas atividades. Continuamos a publicação periódica de postagens no blog e no perfil do instagram, publicamos conteúdos de colaboradores externos, estruturamos um percurso de aprendizagem autodirigida em fotografia, iniciamos a publicação de uma newsletter mensal, inauguramos um serviço de divulgação científica e cultural e abrimos nosso grupo de estudos para a participação de todos os interessados. Formalmente, deixamos de ser um projeto isolado de extensão universitária para nos tornarmos um programa de extensão composto por quatro projetos vinculados.
Durante esta expansão, algumas falhas foram identificadas e corrigidas. Por outro lado, reconhecemos que ainda podemos aperfeiçoar nossos processos e melhorar os serviços que prestamos.
Queremos que você nos diga como que podemos melhorar sua experiência com nosso projeto. Sendo assim, o pedido que te fazemos é que responda a pesquisa de opinião abaixo. O que você nos diz?
Abraço,
Prof. Dr. Flávio Valle
Coordenador do Cultura Fotográfica
http://lattes.cnpq.br/9224069355818051

O garoto judeu de Varsóvia

A foto que se tornou o símbolo da violência praticada contra crianças na Segunda Guerra Mundial.

A foto que se tornou o símbolo da violência praticada contra crianças na Segunda Guerra Mundial.

O fotógrafo responsável pela fotografia é desconhecido, mas sabe-se que ela foi feita no ano de 1943 e retrata uma multidão de pessoas com as mãos para o alto, em destaque há um menino assustado, logo atrás dele há soldados nazistas armados. O local da foto é Varsóvia na Polônia, durante um levante de judeus, como última tentativa de expulsar as tropas alemãs da cidade.

Autor ou Autora Desconhecido(a)

A foto foi publicada no The New York Times em 1945, porém ficou famosa apenas nos anos 70, quando saiu na capa da edição inglesa do livro “A estrela amarela: a perseguição aos judeus na Europa” de Gerhard Schoenberner.  Depois disso, ela apareceu em inúmeros lugares e por causa disso, se tornou um símbolo da violência praticada contra crianças durante a Segunda Guerra Mundial, sendo colocada no ranking das 100 fotos mais influentes da revista Time.

Há muita controvérsia em relação ao futuro do garoto. Muitos dizem que ele foi morto um pouco depois da foto. Já vários historiadores acreditam que, a julgar pela aparência e pelos uniformes dos soldados, eles estavam ali apenas para transportar os prisioneiros, indicando a possibilidade de que ninguém, na fotografia, foi executado naquele momento. Também existem várias pessoas que dizem ter conhecido ou mesmo assumem ser o garoto da foto.

A única pessoa propriamente identificada na foto foi o homem que segura a arma. Seu nome é Josef Blösche, um oficial de alta patente da SS. Ele, que posa para câmera com uma expressão de orgulho e grandeza, foi julgado no tribunal de Nuremberg, onde foi sentenciado à morte por crimes contra a humanidade. Ironicamente, a fotografia, para qual ele posou com altivez, foi utilizada como prova cabal para sua condenação.

Da mesma forma que não é possível ter certeza da identidade do garoto, também não é possível apontar a do fotógrafo(a). Mesmo não sabendo quem realmente foi responsável por tomar a foto, é curioso pensar em como a presença da câmera impactou todos ali.

Nessa situação, a câmera não se diferenciava de um instrumento bélico, já que o fotógrafo dispara o obturador da mesma forma que os soldados disparavam suas armas em direção às pessoas durante a ocupação de Varsóvia. O efeito da câmera,  sobre a moral e esperança do povo oprimido retratado na foto, também não difere demasiadamente dos efeitos provocados pelas submetralhadoras. As fotografias feitas durante a ocupação foram utilizadas nos relatórios estratégicos e também para propagandas anti-semitas, sendo que ambos contribuíram muito para o extermínio do povo judeu.

As câmeras fotográficas são amplamente relacionadas aos instrumentos bélicos, desde a maneira como muitos fotógrafos se relacionam com seus equipamentos até com as pessoas fotografadas. Essas relações facilmente poderiam ser comparadas a um caçador e sua presa, até mesmo através de nomenclaturas como “disparo” ou “metralhada”

Na foto em questão, podemos ver um bom exemplo do fotógrafo como caçador e as pessoas fotografadas como presas. Sua posição demonstra que ele está ao lado dos soldados e não dos judeus. Na esquerda da foto, uma criança ergue as mãos ao alto, olhando diretamente para a lente. Seus olhos transparecem uma mistura de curiosidade e medo, como se ela não soubesse diferenciar se aquilo era apenas um objeto inofensivo ou uma arma de fogo.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. O garoto judeu de Varsóvia. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/o-garoto-judeu-de-varsovia/>. Publicado em: 03 de novembro de 2021. Acessado em: [informar data].

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