Guerrilheiro Heroico

A história por trás de uma das fotografias mais reproduzidas e cultuadas da atualidade. 

A história por trás de uma das fotografias mais reproduzidas e cultuadas da atualidade.

A fotografia de Alberto Korda retrata o guerrilheiro revolucionário Ernesto “Che” Guevara de la Serna e é uma das mais replicadas do mundo. Até hoje, ela contribui para disseminar a imagem de Guevara e pode causar diferentes sensações em quem a vê.

Na foto, podemos ver Che Guevara em um ângulo baixo e no centro  da imagem. Ele está usando uma boina com uma estrela no meio, parece olhar para cima e tem um semblante sério. A esquerda, podemos ver parte do rosto de um homem e à direita, algumas folhas de árvore.
Alberto Korda

A foto foi feita no dia cinco de março de 1960, durante uma cerimônia fúnebre para as vítimas da explosão do cargueiro La Cumbre, acontecimento que matou mais de 100 pessoas e deixou cerca de 200 pessoas feridas. Che estava descendo do palanque no qual discursara para os familiares das vítimas quando Korda tirou a fotografia.

Na foto, o revolucionário aparece com um semblante sério e obstinado. O ângulo, contre-plongée, ajuda a dar para ele uma dimensão heróica, amplificada por suas feições ásperas. Entretanto, a interpretação dessa foto varia conforme a perspectiva política do espectador. Para aqueles que se opõem aos feitos e as ideias de Guevara, essas mesmas feições e esse mesmo ângulo mostram um homem cruel, violento e vilanesco.

Milhares de pessoas se utilizam dessa fotografia com diversos fins, alguns deles muito irônicos. Muitos a cultuam como um artigo religioso e comparam o comandante com o próprio Jesus Cristo, sem considerar o fato de Guevara inúmeras vezes ter assumido ser ateu. Muitos simpatizantes de partidos neonazistas também ostentam a imagem de Che, mesmo que ele se opusesse veementemente aos ideais fascistas.

Vítima da reprodutibilidade técnica da imagem, a figura de Che Guevara parece ser uma “carta coringa”, utilizada para se encaixar nas mais inúmeras narrativas. Isso provavelmente se deve ao fato da simplicidade da composição da foto. Nela, vemos um homem bonito, sério, com cabelos longos e traços fortes. Esse arquétipo é facilmente colocado em qualquer narrativa.

Não é complexo traçar paralelos entre Che e Jesus Cristo, já que muitos os consideram homens  belos, altruístas, que lutavam pela justiça e pelos pobres e  pelos necessitados. Entretanto, também é fácil de comparar Che ao próprio diabo, devido ao fato de ambos serem descritos como charmosos, bons com as palavras, violentos e cruéis. Essa imagem encaixa perfeitamente em qualquer ponto destes dois extremos de bem e mal, ele pode ser Robin Hood, Drácula, Luke Skywalker e Darth Vader.

A técnica fotográfica tem por prioridade apenas um único fim, a reprodução em massa e a venda desenfreada, sendo assim, ela dissemina apenas a ideologia do mercado, independente dos pensamentos das pessoas fotografadas. É como se ela retirasse daquele homem toda sua história e o transformasse em uma página em branco. Talvez seja essa maleabilidade da imagem que fez com que a foto se tornasse tão famosa.

Com isso, é difícil discordar dos ensaios em que Walter Benjamin escreve sobre a ausência da aura na fotografia.  Essa imagem nunca carregou se quer uma sombra da essência do Che Guevara real. Porém, ela poderia, com toda certeza, ser utilizada para defender as mesmas ideias que ele defendia, mas isso depende somente de quem se utiliza da foto e de quais ideais são proclamados em seu discurso.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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OLAVO, Pedro. Guerrilheiro Heroico. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/guerrilheiro-heroico/>. Publicado em: 16 de fev. de 2022. Acessado em: [informar data].

Raghu Rai

Fotógrafo que luta pela desconstrução dos estereótipos indianos perpetuados na cultura ocidental.

Fotógrafo que luta pela desconstrução dos estereótipos indianos perpetuados na cultura ocidental.

Rai nasceu na aldeia de Jhang , Punjab , na Índia Britânica, atual Paquistão, em 1942.  Ele iniciou sua carreira de fotógrafo em 1965, um ano depois  foi contratado como editor de fotografia do jornal The Statesman. Em 1971,  exibiu seus trabalhos na Galeria Delpire em Paris, a exposição foi tão bem sucedida que ele foi convidado a participar da agência Magnum.

Raghu Rai

Suas fotografias variam entre o preto e branco e o colorido e todo seu trabalho é focado em seu país natal. Rai produziu uma extensa obra de vários locais da Índia, mostrando suas tradições culturais e religiosas, que contribui muito para a desconstrução da visão estereotipada do país, construída na cultura ocidental.  

Ele produziu trabalhos importantíssimos acerca de vários acontecimentos históricos na Índia, que retratam desde as ações de caridade feitas por Madre Teresa de Calcutá até o desastre químico de Bhopal, um vazamento de gás em uma indústria química que intoxicou mais de 50 000 pessoas. Ele tem como pilar do seu trabalho o “darshan”, uma filosofia que prega uma observação aprofundada do mundo percebendo desde seus aspectos imagéticos até suas vibrações e energias.

Na imagem podemos ver um rio cercado por altas construções de pedra. No canto superior da foto podemos ver um garoto saltando de cima de ema das construções em direção a agua.
Raghu Rai
No primeiro plano da imagem podemos ver uma mulher abaixada. Ela parece estar cozinhado algo em uma panela que esta disposta sobre um fogueira no chão. Ao fundo podemos ver vário canos empilhados formando um padrão composto por vários círculos no fundo da foto. É possível ver várias pessoas deitadas dentro dos canos
Raghu Rai
NA foto podemos ver uma mulher com trajes  típicos da cultura hindu. Ela esta  com os olhos fechados enquanto fala em um microfone disposto a poucos centímetros de seu rosto
Raghu Rai
Na foto podemos ver uma rua extremamente movimentada e caótica. É possível ver uma enorme quantidade de pessoas andando a pé e em charretes, seguindo variados rumos. Muitas delas carregam variadas mercadorias
Raghu Rai

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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  • Raghu Rai Foundation
  • ANG, Tom; Fotografia: O Guia Visual Definitivo do Século XIX à Era Digital; São Paulo; PubliFolha; 2015

Como citar este artigo

CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Raghu Rai. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/raghu-rai/>. Publicado em: 14 de fev. de 2022. Acessado em: [informar data].

A Terceira Classe

A desigualdade econômica num dos mais luxuosos navios do início do século xx.

A desigualdade econômica num dos mais luxuosos navios do início do século xx.

Feita em 1907 pelo fotógrafo Alfred Stieglitz, a fotografia retrata o convés do Kaiser Wilhelm II, um navio de cruzeiro, feito para ser o mais luxuoso de sua época, que, no momento retratado, zarpava dos Estado Unidos rumo à Europa.  Na foto, podemos ver o deck superior, destinado aos passageiros de primeira classe, pessoas mais abastadas, e o deck inferior, destinado aos passageiros da terceira classe.

Na foto, podemos ver o deck de um navio. Ele é dividido em dois andares diferentes os quais estão abarrotados de pessoas. Uma escada forma uma linha horizontal no meio da fotografia dividindo os dois andares do navio
Alfred Stieglitz

É difícil olhar para a fotografia e não lembrar do filme Titanic, um clássico do cinema, dirigido por James Cameron, que conta a história do amor de um casal que embarca no navio e é separado pela divisão das classes que lá ocorre. Coincidentemente, o Titanic, foi construído alguns anos depois desta foto, justamente para superar o Kaiser Wilhelm II nas questões de velocidade e luxo. 

Assim como o longa, a foto escancara a desigualdade social da época de uma maneira bem clara. No centro da imagem, a ponte traça  uma linha imaginária entre os dois grupos de pessoas. Na parte superior, percebe-se que os indivíduos ali presentes são da classe mais abastada, tanto pelo fato de estarem em um patamar superior aos de baixo, como pelo fato de um dos homens estar usando um chapéu Paris de palha, símbolo da elite francesa do final do século XIX e início do século XX.  Abaixo deles, e do outro lado da linha imaginária, podemos ver a terceira classe sendo representada por mulheres e crianças.   

É interessante pensar como a fotografia mostra não somente como as pessoas eram segregadas  baseadas em suas situações econômicas, mas também sobre como os equipamentos fotográficos estavam longe de ser acessíveis. O ângulo a partir do qual a foto foi feita coloca o fotógrafo no mesmo patamar que a alta classe, a câmera olha para os mais pobres assim como os ricos: de cima para baixo. 

Isso me faz  questionar as afirmações sobre as fotografias terem  democratizado as imagens. Com o advento da reprodução técnica, muitos  passaram a  ter acesso a imagens que retratavam lugares, pessoas e obras de arte que eles nunca veriam sem a fotografia. Entretanto, a democracia é uma via de mão dupla, já que todos devem ouvir e serem ouvidos em um regime democrático. Na fotografia, devido aos equipamentos caros e de difícil acesso, era raro que pessoas das classes mais baixas pudessem fotografar. Sendo assim, milhares de pessoas de classes, etnias, religiões e nacionalidades foram retratadas apenas por um olhar eurocêntrico, vindo de homens brancos e ricos.

É inegável que Stieglitz foi bem intencionado ao produzir essa fotografia, mas também é perceptível que o fotógrafo, talvez devido às amarras sociais, não optou por fotografar as pessoas da baixa classe de um ângulo normal. Mesmo que essa foto tenha sido feita a mais de 100 anos atrás, essa atitude de muitos fotógrafos de não  retratar minorias e pessoas pobres de um ângulo que não o da miséria e sofrimento, não exaltando essas pessoas, persiste até hoje.

O problema atual não é necessariamente a falta de acesso aos equipamentos fotográficos, já que hoje contamos com  smartphones munidos de câmeras com preços relativamente acessíveis. Contudo, mais uma vez, a  visão produzida por pessoas que não pertencem às elites econômicas se encontra ofuscada, desta vez, por padrões técnicos e estéticos. Esses são os principais norteadores dos algoritmos das redes sociais, que têm a capacidade de identificar várias características de fotografias indo desde o equipamento usado até a cor da pele das pessoas da foto. Com isso, eles priorizam imagens feitas com smartphones mais caros e que retratam pessoas brancas.

Esta fotografia me entristece, não só pelas condições precárias em que alguns se encontram enquanto outros desfrutam do luxo , mas pela terrível continuidade dos fatores presentes nela. Um século depois e a sociedade continua ridiculamente desigual, um século depois e as pessoas que controlam os meios midiáticos continuam o projeto de abafar a voz dos oprimidos.

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  • ANG, Tom; Fotografia: O Guia Visual Definitivo do Século XIX à Era Digital; São Paulo; PubliFolha; 2015.

Alfred Stieglitz

Fotógrafo do movimento pictorialista e militante da ideia de fotografia como arte. 

O fotógrafo Alfred Stieglitz nasceu nos Estados Unidos em 1864. Foi uma figura que colaborou muito para a disseminação da ideia de que a fotografia também pode ser uma forma de arte, já que em seus primórdios ela era vista mais como um truque científico ou como uma ferramenta auxiliar do que como uma forma de expressão artística.
Em primeiro plano, podemos ver um homem de costas para a câmera, ele usa um sobretudo e um chapéu. Na frente dele existem quatro cavalos atrelados a um bonde. Ao fundo, podemos ver a entrada de um imponente prédio.
Alfred Stieglitz

Ele foi estudante de engenharia  mecânica, mas quando participou de uma aula de química com o fotógrafo e químico Hermann Wilhelm Vogel, Stieglitz se interessou pelos processos de revelação de filmes fotográficos e ao estudar o assunto acabou apaixonado pela fotografia.
Ele se associou ao Camera Club of New York, onde foi editor do jornal interno do clube. Por boa parte de sua carreira, ele sempre foi muito perfeccionista com suas fotografias em relação aos aspectos técnicos, buscando fotos extremamente nítidas. Porém ao conhecer o trabalho de fotógrafos adeptos ao pictorialismo, ele mudou os rumos de sua arte e passou a fazer fotografia buscando imitar a estética das pinturas, se tornando um dos primeiros fotógrafos a ter seus trabalhos publicados em museus dedicados às artes plásticas. 
A foto é em preto e branco e nela podemos ver apenas um conjunto de estreitas nuvens dispostas uma do lado da outra
Alfred Stieglitz

Na foto, podemos ver o deck de um navio. Ele é dividido em dois andares diferentes os quais estão abarrotados de pessoas. Uma escada forma uma linha horizontal no meio da fotografia dividindo os dois andares do navio
Alfred Stieglitz

A foto é em preto e branco e nele podemos ver uma rua coberta de neve. Mas ao fundo é possível ver uma carruagem puxada por dois calos parece estar se afastando do fotografo deixando marcas no chão
Alfred Stieglitz

A foto é preto e branco e nela podemos ver um conjunto de nuvens que parecem estar formando figuras abstratas no céu
Alfred Stieglitz

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O formigueiro humano em Serra Pelada

Fotografia que mostrou para todos o maior garimpo a céu aberto do mundo.

Fotografia que mostrou para todos o maior garimpo a céu aberto do mundo.

Essa foto, realizada pelo fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado em 1986, revela a grande corrida do ouro que levou milhares de pessoas à Serra Pelada, no Pará, em busca de enriquecer. A imagem mostra uma cratera de 24 mil m2, de onde esses homens extraíram toneladas de ouro. 

descrição: a imagem mostra uma cratera de pedras com muitas pessoas subindo e descendo as escadas improvisadas nas pedras garimpando ouro.
Sebastião Salgado

A imagem simboliza grande parte da história do Brasil, pois a busca pelo ouro gerou  um processo de transformação no país, como por exemplo, o deslocamento do eixo político-econômico da colônia para sul-sudeste e a mudança da capital para o Rio de Janeiro. Além disso, o ciclo do ouro também está ligado com a exploração de pessoas pobres e pretas que eram a maioria nesses garimpos e no fim das contas não obtiveram qualquer benefício, história essa que se repete do Brasil colônia até a república.

Pensando na fotografia em si, esse formigueiro de homens afobados pelo enriquecimento, me causa uma sensação de desespero e agonia. A grande quantidade de pessoas aglomeradas nesse local aparenta desconforto. Sinto que eles realizam um trabalho extremamente desgastante tanto físico quanto mental. A cratera também pode retratar a assimetria entre os donos dos garimpos e os homens que garimpavam, em que os donos eram quem realmente ficavam com o ouro e os outros eram somente explorados nessa cratera subindo e descendo as escadas carregando sacos pesados, ou seja, a parte de cima, plana, seria o local do explorador e, o fundo do buraco, o dos explorados. Essa desigualdade na imagem representa a mesma que existe entre ricos e pobres no país.

Uma importante característica da foto é a escolha pelo preto e branco, estilo característico de Sebastião, que proporciona uma percepção mais profunda do que se fosse colorida. Essa junção de cores gera de forma intensa uma sensação de tristeza, acredito que o autor não queria retratar o ambiente precário das pessoas que estavam no garimpo de forma positiva, então, se a fotografia fosse colorida poderia diminuir o impacto dela. Essa escolha cria uma dramaticidade necessária para a cena, porque envolve também uma crítica social da corrida do ouro que também foi uma forma de escravização na época.

Na foto, a maior parte das pessoas são negras e isso mostra como a população preta de nosso país sempre esteve na base da pirâmide, sendo explorada de todas as formas possíveis, e, no fim, dificilmente são beneficiadas. Nesse contexto, foram usadas somente como mão de obra análoga à escrava, sem qualquer direito básico, como por exemplo, equipamentos de proteção individual, e no fim quem ficou com a maior parte do ouro foram os donos dos garimpos.

Isso que ocorreu em Serra Pelada não é uma história única. É a história do Brasil, que foi construído com o sangue da população preta, que desde a colônia mantém uma sociedade escravocrata. Portanto, o garimpo de Serra Pelada diz muito sobre o Brasil do passado e também sobre o do presente. 

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CALIXTO, Vitória. O formigueiro humano em Serra Pelada. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/o-formigueiro-humano-em-serra-pelada/>. Publicado em: 02/02/2022. Acessado em: [informar data]

Mauro Holanda

Experiente fotógrafo na área da gastronomia.

Experiente fotógrafo na área da gastronomia.

Mauro Holanda é um fotógrafo pioneiro em gastronomia. Quando começou a trabalhar nessa área, era conhecido como fotógrafo de comida, coisa não muito prestigiada na época. Inovou tirando as equipes do estúdio e instalando seus equipamentos nos restaurantes. Criando um diálogo entre a fotografia e a gastronomia.

descrição: a foto mostra uma rabada no tucupi com creme de mandioca servido em um prato fundo e redondo.
Mauro Holanda

Sempre atento, Mauro procura se inteirar das novidades, frequentando as cozinhas dos mais variados restaurantes, sempre  com um olhar atento para a beleza dos pratos gastronômicos.

A partir dessa visão mais minuciosa, de perceber a riqueza de detalhes fotográficos em um simples prato de comida, Mauro vem se dedicando exclusivamente à gastronomia, fotografando, escrevendo, proferindo palestras e ministrando workshops em diversos cantos do país.

descrição: na foto se vê uma sequência de queijos finos cobertos com geléia e caponata.
Mauro Holanda
descrição: na foto se vê um sequência de 10 pedaços pequenos de carne de lombo de cordeiro com molho de laquê, frutas do bosque e aspargos verdes.
Mauro Holanda
descrição: na foto mostra um magret de carne de pato com banana caramelizada e aspargos.
Mauro Holanda
descrição: na foto se vê um tipo de sobremesa que é um  crepe de maçã caramelizado, decorado com canela em casca e acompanhado com sorvete.
Mauro Holanda

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CALIXTO, Vitória. Mauro Holanda. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/mauro-holanda/>. Publicado em: 31/01/2022. Acessado em: [informar a data].

Contrastes e identidades

Através da união da fotografia com a colagem, Shirin Neshat questiona as narrativas sobre as identidades das mulheres islâmicas. 

Na série “Mulheres de Ala”, Shirin Neshat (1994), através da fotografia e da colagem, apresenta as complexidades das identidades femininas em meio a uma paisagem de mudanças pela qual passava o Islã, sendo umas delas a volta da obrigatoriedade do uso do hijab (véu islâmico).

Shirin Neshat

Ênfase no rosto de uma mulher islâmica que usa o véu (hijab) que cobre todo seu cabelo e boca,  com palavras em espiral pelo seu rosto aparente, exceto olhos. 


O uso de véus, que havia  sido abolido pelo governo de Mohammad Reza Pahlevi em 1930, voltou a ser obrigatório na década de 1980 no governo de  Aiatolá Ruhollah Khomeini. O trabalho de Shirin Neshat explora justamente a política que atua sobre os corpos das mulheres que passaram a viver com o “véu” no Islã. 


Esta exposição apresenta fotografias que buscaram dar ênfase ao íntimo da convicção pessoal e religiosa dessas mulheres.  A partir do uso dos véus e dos textos pelos seus corpos, elas têm as suas vivências e seus pensamentos expostos. 


Um bom começo para investigar o trabalho de Neshat, talvez seja refletir em nossas percepções acerca do uso do véu islâmico. Seriam as narrativas que produzimos, referente a  ele,  sustentadas apenas nos valores tradicionais religiosos da vestimenta?


Ao nos atentarmos a essa questão,  podemos explorar o nosso imaginário sobre  o que molda a experiência feminina na sociedade islâmica: o véu ou o corpo? Para além, refletir nos problemas de transposição da política de identidade feminista ocidental para as culturas islâmicas?


Shrin Neshat

Mulher ao centro da fotografia com véu islâmico (hijab), que cobre sua cabeça e ombros. Em todo o seu rosto há palavras, assim como na parte aparente do seu peito. Ela está sobre fundo branco.


Neste trabalho, Neshat cria uma nova compreensão do véu, enquanto desafia os estereótipos sobre a identidade feminina no Islã. Os contrastes entre identidade e violência, representatividade e silenciamento, são abordados em seu trabalho tanto pelo viés do véu quanto pelo uso de texto caligráfico que é aplicado a cada uma das  fotografias.


A maioria dos textos, de acordo com o site Artes e Humanidades, são transcrições de poesias e outros escritos de mulheres, que expressam múltiplos pontos de vista sobre suas experiências no Islã durante o governo de Reza Pahlevi e Aiatolá Khomeini, sendo assim as fotografias de Neshat trazem histórias e discursos sobre a identidade feminina Islâmica para além do uso do véu.  


Por causa de tudo isso, podemos refletir acerca de um trabalho fotográfico que faz uso de colagens em sua composição, com a finalidade de explorar outras narrativas acerca dos corpos das mulheres islâmicas (aquelas que estão no campo visual) e outras possibilidades de lidar com a fotografia. Assim Shirin Neshat por mais de um viés, contrasta os olhares direcionados às experiências das mulheres no Islã.




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Links, Referências e Créditos


https://www.wikiart.org/pt/shirin-neshat/untitled-roja-2016


https://www.khanacademy.org/humanities/ap-art-history/global-contemporary-apah/20th-century-apah/a/neshat-rebellious


https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47174927



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Cultura e feminilidade

Conheça a obra Shirin Neshat e a narrativa de mulheres no Islã.


Shirin Neshat é uma artista visual iraniana que, por meio de seu trabalho com fotografia, vídeo e cinema, explora a relação entre as mulheres e os sistemas de valores religiosos e culturais do Islã. Nascida em 26 de março de 1957, em Qazin, Irã, ela foi estudar nos Estados Unidos na Universidade da Califórnia em Berkeley antes da Revolução Iraniana em 1979.

Shirin Neshat

Shirin Neshat, mulher iraniana com maquiagem nos olhos, um colar e uma blusa preta. Ela está em uma sala com o fundo embaçado  à direita de um vaso de flores.


As suas fotografias perpassam pelos temas de gênero, identidade, sociedade e evidenciam a participação das mulheres nos conflitos Islâmicos. Sua série “Mulheres de Allah”, criada em meados da década de 1990, introduziu temas sobre a presença feminina na defesa de Allah, como podemos observar nas fotografias a seguir.


Atualmente, a fotógrafa, cineasta e escritora, vive e trabalha em Nova York, NY. Suas obras mais famosas estão presentes nas coleções da Galeria Tate em Londres, no Museu de Arte Moderna de Nova York, no Museu de Arte de Tel Aviv e no Centro Walker de Arte em Minneapolis, entre outros lugares pelo mundo.




Shirin Neshat

Mulher sobre fundo branco,  com véu islâmico (hijab), segurando uma arma apontada para frente.



Shirin Neshat

Mulher sobre fundo branco,  com véu islâmico (hijab) e palavras escritas em seu rosto. Ela está  ao centro da fotografia e segura, entre os olhos, uma arma, posicionada verticalmente.


Shirin Neshat

Várias mulheres com vestimentas que cobrem todo o seu corpo (burca), puxam uma balsa em direção ao mar.



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Links, Referências e Créditos


https://nmwa.org/art/artists/shirin-neshat/


https://www.wikiart.org/pt/shirin-neshat/all-works#!#filterName:all-paintings-chronologically,resultType:masonry


https://pt.wikipedia.org/wiki/Shirin_Neshat



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A mesa da cozinha

Fotografia de Carrie Mae Weems explora ancestralidade e feminilidade

Fotografia de Carrie Mae Weems explora ancestralidade e feminilidade

Como se tornar uma mulher? É difícil dizer em que momento da vida nós mulheres passamos a nos reconhecer como tais. A fotografia de Carrie Mae Weems tenta explorar essas questões ao trazer uma figura influente para muitas – a mãe – como fator chave para essa transformação.
Carrie Mae Weems

 

Descrição: mãe e filha sentadas sobre a mesa, a primeira no centro da imagem e a segunda a direita, as duas passam batom enquanto se olham no espelho
A série A Mesa de Cozinha (The Kitchen Table) foi lançada em 1990. Composta de vinte fotografias e diversos textos, Carrie Mae Weems explorou a experiência e a vida da mulher preta através de cenas performadas na mesa da cozinha. Atuou em todas elas, enquanto outros personagens de sua vida – marido, filha, amigos e amigas – a rodeiam em diversas fotografias.
A luminária aparenta ser a única fonte de luz na imagem, sendo responsável por clarear e revelar todas essas cenas. Em um jogo de luz e sombra, tudo aquilo que está iluminado nos dá a sensação de revelação, fazendo com que a imagem não seja apenas um olhar para o cotidiano de uma família, mas para a intimidade, os segredos e os sentimentos dessas figuras.
A fotografia acima tem a mãe – que é interpretada pela própria autora da imagem – e sua filha como os personagens principais. Elas não se olham, pelo contrário, os olhos ficam presos em suas imagens refletidas pelos espelhos postos à mesa. Isso não faz com que elas não estejam cientes da presença uma da outra, já que seus movimentos, por serem idênticos, insinuam que elas repetem  essa mesma ação já a um tempo, ou que uma se espelha na outra. A forma como as duas passam batom com a mão direita e repousam a esquerda sobre a mesa, o jeito que se inclinam e abrem a boca, e, até mesmo, a maneira em que os espelhos são  predispostos, tudo isso revela um saber inconsciente, quase como um ensaio bem coreografado do que o outro está fazendo.
Quando eu era pequena costumava brincar com os saltos altos de minha mãe. Ela, que saia de casa para o trabalho de manhã e só voltava tarde da noite, era uma figura um tanto quanto misteriosa, mas ao mesmo tempo charmosa. O salto alto que usava todos os dias não era apenas um símbolo de beleza, mas também de futuro desejável. Enquanto aqueles sapatos não me serviam, ainda não havia atingido aquele ideal imaginário que eu mesmo havia criado. Porém, apenas usá-los, enquanto via meu reflexo no espelho, já era uma forma de sanar a ansiedade de “ser mulher”. Aquela brincadeira era sobre uma feminilidade que eu desejava alcançar, era o que eu entendia como belo e  valioso.
Me peguei a pensar sobre quem está refletindo quem. Faz sentido pensar que a mãe, sendo a figura mais velha, com mais experiência de vida, acaba por influenciar a filha que, assim como eu fazia, repete cada pequeno gesto, mesmo que inconscientemente. Assim, a mãe seria o reflexo do anseio da filha, do que é belo e do que significa ser adulto. Porém, da mesma forma, e, talvez, na mesma medida, a filha é o reflexo/representação do que a mãe era com a avó, da juventude que também teve um ímpeto de crescer e agora regressa ao papel.
Ao olhar para o espelho, a mulher e a menina não veem apenas suas auto imagens, algo mais precioso está sobreposto no ato de se maquiar.  Existe também uma ancestralidade, um passar de conhecimento  de geração a geração, uma naturalidade de repetições de conceitos da experiência de vida. Para Carrie Mae Weems e sua filha, além do compartilhamento desses atravessamentos, é também o reflexo da vivência preta, de um lugar seguro,  onde mãe e filha podem encontrar em si o que significa ser feminino.
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LISBOA, Eliade. A mesa da cozinha. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/a-mesa-da-cozinha//>. Publicado em: 19 de jan. de 2022. Acessado em: [informar data].

Cultura Fotográfica

Grupo de Cultura, Ensino, Extensão e Pesquisa visa oferecer valor a sociedade mediante a produção de conhecimentos úteis ao campo da cultura e da fotografia.

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