Cidade de Deus

Um clássico brasileiro, Cidade de Deus, é um filme que vale a pena ser visto e revisto. Te convido a assisti-lo pelo ângulo da fotografia, vamos?

Atrás um muro pichado. Buscapé, o personagem, segura uma câmera.
Cena do filme: Cidade de Deus
“Em uma tacada, eu descolei uma câmera e uma chance de virar fotógrafo” (Busacapé).

De fato, “Cidade de Deus” é um clássico brasileiro. Muitos já assistiram ou pelo menos ouviram falar. Mas te convido a velo-lo sobre uma nova perspectiva: a fotografia.

Ambientado, no bairro Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro, em decorrência de um processo de remoção de favelas situadas na zona sul da cidade, o filme retrata o desenvolvimento do crime organizado no período entre o final dos anos 60 e o começo dos 80. 
A narrativa é constituída sob a perspectiva do jovem narrador e protagonista Buscapé, Alexandre Rodrigues, que em meio ao ambiente de crime e tráfico no qual estava inserido, encontra uma oportunidade, quase acidental, de virar fotógrafo. (Digo, se não fosse também pelo seu sonho de ser fotógrafo.)
A história relaciona o contexto de vida na favela: o conflito entre policiais, criminosos e a população que se tornava vítima desta violência. Essa relação é  evidenciada em cenas que mostram, de um modo geral, o descaso do Estado quanto a população. Na trama, as várias histórias se fundem, e dentre as quais a de ascensão e queda de  um dos traficantes mais perigosos da  Cidade de Deus, que quando criança era conhecido como Dadinho e após alguns anos passou a ser Zé Pequeno (Leandro Firmino).
Pôster: Cidade de Deus
Vale ressaltar que a obra está inserida em um contexto de redemocratização do audiovisual brasileiro (pós ditadura), no qual, temas como violência e  tráfico nas favelas eram mostrados exaustivamente. A construção do filme é posta, entre os momentos de ação, drama e as cenas de humor ácido. A crítica social é evocada em toda narrativa, trazendo a tona  imaginários sobre a pobreza e violência no Brasil, o que dá margem para estigmatização social, racial, sobre violência nas comunidades brasileiras. 
Sobretudo,  Cidade de Deus se tornou um clássico do cinema nacional, evoca questões latentes em nossa sociedade, principalmente no que diz respeito à políticas falhas do Estado. Ainda hoje, no Brasil a concentração de renda nas mãos de um pequeno grupo, reforça sistemas desiguais de oportunidades para muitos jovens. No enredo, Buscapé, encontra uma possibilidade (quase acidental) de escapar, desse sistema imperfeito, pela fotografia. O filme te trará muitas sensações e poderá levantar questões até mesmo sobre o nosso papel de luta por novas políticas justas e igualitárias. Agora, se tratando de imagens, pode ser que em meio a tantas dificuldades, a fotografia pode vir a ser um escape para novas realidades seja como instrumento de  ação, denúncia ou resistência. 
Cidade de Deus é uma produção de 2002, baseado no romance homônimo do escritor Paulo Lins. Com direção de Fernando Meirelles e Kátia Lund, e roteiro de Bráulio Mantovani.
“Uma fotografia podia mudar a minha vida, mas na Cidade de Deus, se correr o bicho pega, e se ficar, o bicho come.”  (Buscapé)

Confira o trailer!
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Um clássico brasileiro, Cidade de Deus, é um filme que vale a pena ser visto e revisto. Te convido a assisti-lo pelo ângulo da fotografia, vamos? 

A Vida Secreta de Walter Mitty

Walter Mitty leva uma vida pacata e monótona até que precisa embarcar numa verdadeira aventura para recuperar um negativo para a empresa em que trabalha.

Walter Mitty parece flutuar sobre Nova Iorque. À direita, há escrito o título do filme
Arte do filme “A Vida Secreta de Walter Mitty”

A Vida Secreta de Walter Mitty é um filme de aventura lançado em 2013. Nele, Walter (Ben Stiller) costuma se desprender da realidade em seus sonhos em plena luz do dia. Ele trabalha no departamento de fotografia da revista Life. Após uma mudança na gestão da empresa, chega a notícia de que a revista vai encerrar sua edição impressa. No entanto, Walter perde o negativo que seria usado na capa da última edição.
Quando isso acontece, o protagonista vê a oportunidade de sair de sua vida pacata e embarcar numa aventura atrás do fotógrafo Sean O’Connell (Sean Penn). Ele segue o paradeiro de Sean e viaja pela Groenlândia, Islândia e Afeganistão até encontrá-lo nas montanhas do Himalaia.
O filme tem uma fotografia muito bonita, com algumas paisagens de tirar o fôlego e cenas com uma composição bem pensada. Fotografia no cinema, para aqueles sem familiaridade com o assunto, consiste “na sintonia entre os pequenos detalhes para criar imagens que além de tirar o fôlego, usam aspectos visuais para comunicar uma ideia implícita no roteiro.”
Três mochileiros caminham pela água rasa, enquanto há uma enorme cachoeira ao fundo
Cena de “A Vida Secreta de Walter Mitty”

Percebemos que o personagem ansiava por mudanças em sua vida. Assim, perante à mínima possibilidade de uma aventura, totalmente fora de sua rotina, ele se entrega, seguindo o que acredita serem pistas para chegar a um objetivo. Numa cena durante a aventura, começa a canção “Space Oddity”, de David Bowie, cujo trecho diz “agora é hora de sair da sua cápsula, se conseguir”. Podemos interpretar como uma mensagem de que a vida de Walter não seria a mesma. Outro trecho da música diz “me sinto bem inerte, e acho que minha nave espacial sabe pra onde ir”. Pode ser mais uma relação com a vida do protagonista: uma vez monótona, agora ele sabe qual rumo seguir.
Walter Mitty descendo de skate em alta velocidade por uma estrada na Islândia
Cena de “A Vida Secreta de Walter Mitty”

Não é só o personagem que fica entusiasmado com a perspectiva de mudança. O telespectador também é fisgado por essa ideia. Eu acho difícil alguém assisti-lo e não desenvolver um desejo enorme de viajar ao final do filme. Se não for motivado a viajar, que seja para sair da zona de conforto e tentar algo novo.
Quando Walter finalmente encontra Sean, eles observam um raro felino nas montanhas. Nesse instante, o fotógrafo solta a seguinte frase “coisas bonitas não pedem por atenção”. Lembro de refletir bastante sobre essa fala na primeira vez em que assisti o filme, há alguns anos. Faz um tempo que eu tento reparar nas pessoas mais tímidas, que normalmente passam mais despercebidas. É curioso ver como elas costumam ser muito agradáveis e uma das coisas que me inspirou nisso foi essa frase do filme.

Walter Mitty e o fotógrafo Sean O'Connell se encontram no Himalaia e parecem observar algo.
Cena de “A Vida Secreta de Walter Mitty”

Garanto que é uma ótima pedida! Então, corre lá para assistir e nos conte o que achou!

Referências

SHOT! O mantra psico-espiritual do rock

Documentário aborda a carreira do fotógrafo Mick Rock, conhecido como “o homem que fotografou os anos setenta”, e sua importância para a construção imagética do rock daquela década.

O documentário de 2016 foi dirigido pelo estreante Barney Clay que até então só havia dirigido videoclipes de bandas e comerciais. A partir de entrevistas com o próprio Mick Rock e análise de fotografias e gravações de seu acervo, o longa mostra como a fotografia pode ser usada para capturar o espírito de uma época.
Montagem mostrando estrelas do rock, o fotógrafo retratado no documentário e o título do filme.
Pôster de divulgação do documentário – Barney Clay
As fotos de Mick Rock contribuíram para a formação do imaginário sobre o que é o rock, como por exemplo o visual glamouroso e andrógino. O documentário explora histórias por trás dessas fotografias, como a parceria do fotógrafo com os artistas, o método de iniciar sessões e as influências por trás de alguns ensaios. Um dos exemplos mostrados é da capa do segundo álbum da banda Queen, inspirado por uma foto da atriz Marlene Dietrich.
Quatro homens com roupas pretas em um fundo escuro com uma forte luz iluminando-os de cima.
Capa do álbum Queen II da banda Queen – Mick Rock
Para os fãs de artistas do rock dos anos setenta o documentário é um prato cheio. Mick Rock conta diversos “casos” de sua convivência próxima com os fotografados, como por exemplo o fato de que David Bowie no início da carreira andava cercado por guarda-costas não por necessidade, mas pelo visual de estrela do rock. 
Estas curiosidades com as entrevistas e o material de arquivo do fotógrafo tornam o longa muito divertido de acompanhar. Ao contrário do que muitos pensam, os documentários não precisam ser formais e sérios. SHOT! O Mantra Psico-espiritual do Rock consegue ser engraçado e ágil, na mesma medida em que nos faz refletir sobre como a fotografia faz parte da nossa construção imagética da realidade.
Para assistir o documentário na Netflix acesse o link a seguir: https://www.netflix.com/br/title/80168033 
Links e Referências

Blow-up: Depois daquele beijo

Presente em quase todas as listas sobre filmes que abordam a fotografia, Blow-up, que no Brasil recebeu o título “Depois daquele beijo”, é um clássico do cinema. Inspirado no conto Las Babas del Diablo, publicado em 1959, do escritor argentino Júlio Cortázar, o filme conta a história de Thomas, um jovem fotógrafo de moda londrino que, ao fotografar casualmente cenas em um parque, acaba revelando um grande mistério.
O filme têm como plano de fundo a cidade de Londres dos anos 60, década em que foi lançado, e envolve na trama personagens bem caricatos, o que pareceu ser uma tentativa não só de mostrar o contexto cultural de uma época, mas também de divertir o espectador, já que a imagem revelada pelo fotógrafo expõe o oposto da atmosfera de diversão.
   

Revelada em preto e branco, a imagem mostra em princípio apenas a cena de um casal passeando no parque, mas, depois de passarem pelo olhar atento de Thomas, junto com o auxílio de várias ampliações, outros elementos surgem. A imagem mostra um outro contexto, que não é o mesmo das experiências pitorescas que o fotógrafo têm durante o filme, como se a fotografia fizesse emergir uma outra realidade. Depois que Thomas entra nesse outro mundo revelado pela fotografia, não consegue mais sair dele. A fotografia misteriosa é a grande protagonista do filme, é por causa dela que Thomas entra em situações que rompem com sua rotina e com sua percepção sobre o que o cerca. Não é atoa que Blow-up está sempre nas listas de indicações, é um filme essencial para descobrir o poder de uma imagem sobre as nossas vidas.

Blow-up

Blow-Up é um filme de 1966 que no brasil recebeu o nome de Depois Daquele Beijo.

Filme do aclamado diretor Michelangelo Antonioni é considerado um marco no cinema por causa de seu excelente roteiro é ótima direção.

Blow-Up é um filme de 1966 que no brasil recebeu o nome de Depois Daquele Beijo. O filme foi o primeiro trabalho em inglês do diretor italiano Michelangelo Antonioni, e serviu como inspiração para vários filmes que vieram depois, como The Conversation de Francis Ford Coppola e Blow Out de Brian de Palma

 
Cena do filme Blow-Up
 

O filme é protagonizado por Thomas (David Hemmings) um famoso fotógrafo de moda. Enquanto passeava por um parque, ele observa um homem e uma mulher se beijando e resolve fotografá-los. Após revelar as fotografias do casal, uma delas chama sua atenção. Após uma série de ampliações desta imagem, ele percebe que acabou fotografando um assassinato, ele retorna ao parque e encontra o corpo do homem assassinado. Contudo, quando volta ao seu estúdio, descobre que quase todas as fotografias foram destruídas, restando apenas uma.

Servindo-se da ideia de que Thomas acredita ter presenciado um assassinato que ele mesmo não viu, e sim sua camêra, e que só tem agora uma única fotografia que de te tão ampliada parece uma pintura abstrata, o filme vai refletir sobre o real e como ele pode não ser tão simples quanto parece. A escolha de um fotógrafo como papel principal chega a ser genial, devido a maneira como entendemos a fotografia. Ela que na maioria das vezes serve como prova final de verdade agora não serve mais, só Thomas consegue ver aquela foto como sendo prova de um assassinato. O filme continua passando essa ideia várias vezes, e mostra cada vez mais que a antiga visão do real que o protagonista possuía vai se alterando e na cena final o filme encontra uma maneira excelente de mostrar que a percepção dele já se alterou por completo.

 
Cena do Filme Blow-Up.
 

Não é somente a visão do protagonista que é alterada, Blow-Up, é um grande convite ao espectador para que este reflita sobre tudo a sua volta, eu mesmo me peguei olhando para o teto refletindo sobre as várias cena do filme que buscam essa reflexão. Blow-Up não é um filme fácil de se entender, e com certeza seu ritmo não é um dos mais acelerados, mas ele é um prato cheio para fotógrafos e cinéfilos que estejam dispostos a filosofar.

Agora é sua vez de assistir e interpretar essa obra, lembrando que o filme fala bem mais do que é apresentado aqui. Depois de você assistir, lembre-se de ir ao nosso grupo do Facebook e nos falar qual foi a sua interpretação!

Janela Indiscreta

 Em Janela Indiscreta, L.B. Jeffries, um fotógrafo profissional, observa seus vizinhos quando vê alguns acontecimentos que o fazem desconfiar de um assassinato.

Janela Indiscreta conta a história de Jeff (James Stewart), um fotógrafo confinado em seu apartamento em Nova York devido a um acidente de trabalho que resultou em sua perna quebrada. Sem nada para fazer, ela começa a observar seus vizinhos.

Jeff (o personagem principal) com uma câmera na direção do rosto, olhando para frente
Cena de “Janela Indiscreta”, 1954

Pela janela de cada um deles ele descobre muito sobre a vida de todos.  Mas o hobbie de Jeff se torna muito mais sério quando ele começa a suspeitar que havia acontecido um assassinato. Com a ajuda de sua noiva Lisa (Grace Kelly) e sua enfermeira Stella (Thelma Ritter), Jeff inicia uma investigação do suposto assassinato, até que acaba descobrindo a verdade.

 
Jeff sentado em sua cadeira de rodas, de pijama azul, apontando o dedo para frente, e sua namorada, de vestido preto, conversando com ele apoiada na cadeira
Cena de “Janela Indiscreta”, 1954

O filme, produzido e dirigido por Alfred Hitchcock, é, na minha opinião, uma das maiores obras-primas do diretor. Janela Indiscreta nos leva para uma viagem dentro do filme. Sua narrativa faz com que sejamos cúmplices das ações das personagens, fazendo com que a gente se prenda na história. Hitchcock deixa muito claro nossa posição como observadores silenciosos ao nos colocar sobre os ombros de um outro observador passivo, nesse caso, o L.B. Jeffries.

Eu pessoalmente gostei muito desse ponto de vista. Tem uma cena em que Lisa vai até o apartamento do suposto assassino para tentar conseguir informações e acaba sendo descoberta por ele, e Jeffries, vendo tudo de seu apartamento, não consegue fazer nada para ajudá-la. Nós acabamos nos sentindo tão impotentes quanto ele, vendo tudo acontecer.
É um filme muito instigante, e que vale muito a pena conferir.

Agora é com você! Assista ao filme e fale para a gente o que achou, tanto da história quanto da sua ligação com a fotografia.

 

Links, Referências e Créditos

Como citar essa postagem

COSTA, Clara. Janela Indiscreta. Cultura Fotográfica. Publicado em: 22 de mai. de 2020. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/janela-indiscreta/. Acessado em: [informar data].

Born into brothels: Calcutta’s red light kids

Está procurando um documentário interessante que una fotografia e intervenção social? Temos um dicade certo para você, a produção Born into brothels: Calcutta’s red light kids. Confira! 
Capa do documentário Born into brothels (Nascidos em Bordéis), na foto aparece oito crianças indianas em pé, sorrindo.
Born into brothels, 2004

Born into brothels: Calcutta’s red light kids (Nascidos em bordéis: as crianças da luz vermelha de Calcutá)  é um documentário de 2004, dirigido por Zana Briski e Ross Kauffman que ilustra bem o sentido de intervenção social. Ganhador do Oscar de 2005, a produção retrata a vida a margem das crianças, nascidas no ambiente de prostituição, no distrito Vermelho, em Calcutá – Índia. 
O foco do documentário, que antes era, o de retratar a vida das prostitutas e condições de trabalho no distrito, toma novos rumos, quando Briski nota a realidade marginalizada das crianças, que crescem esquecidas nos guetos/bordéis da zona vermelha e inicia o projeto fotográfico.   
Com cenas marcantes, Born into brothels busca narrar o engajamento da fotógrafa ao mostrar uma nova realidade as crianças. Os pequenos, assim, aprendem a olhar suas vidas sob um novo foco, ao vivenciarem e registrarem à partir da arte da fotografia, a beleza ignorada de suas realidades. 

Para além do entretenimento, Born into brothels, trará uma narrativa que te convida a refletir sobre intenção, ética, e o impacto da fotografia no meio em que vivemos. Para quem gosta de documentário, ao longo dos oitenta e seis minutos, o longa metragem permitirá uma imersão pela imagem, podendo inspirar e/ ou emocionar o telespectador. 

O documentário transita entre drama e aventura, mostrando uma realidade pouco desconhecida da Índia. Para alguns, a iniciativa da fotógrafa pode parecer uma autopromoção. No entanto, o documentário não perde a capacidade de levar a reflexão sobre a importância de uma boa iniciativa para além do ato de documentar histórias. 
O que acharam do #dicade dessa semana? Compartilha com a gente, comente, ou se preferir acesse nosso grupo de discussão e deixe suas impressões. Até logo!

Mil Vezes Boa Noite

O  premiado filme Mil Vezes Boa Noite (A Thousand Times Good Night), do diretor Erik Popper, é um drama que conta história de Rebecca, uma fotógrafa de guerra que se vê obrigada a escolher entre a profissão e sua família, que não suporta mais vê-la arriscando a vida pelo trabalho. Contudo, apesar de amar sua família, possui uma verdadeira e sincera adoração pelo seu trabalho.

Rebecca, uma fotógrafa de guerra, se vê obrigada a escolher entre a profissão pela qual possui uma verdadeira adoração e sua família.

O  premiado filme Mil Vezes Boa Noite (A Thousand Times Good Night), do diretor Erik Popper, é um drama que conta história de Rebecca, uma fotógrafa de guerra que se vê obrigada a escolher entre a profissão e sua família, que não suporta mais vê-la arriscando a vida pelo trabalho. Contudo, apesar de amar sua família, possui uma verdadeira e sincera adoração pelo seu trabalho.

A imagem mostra um casal heterossexual abraçado no meio do que parece ser um campo de refugiados em uma área de deserto. O homem é loiro, alto e possui cabelo na altura do maxilar. A mulher tem cabelos castanhos, curtos e é mais baixa.
Divulgação do filme.

O drama se inicia no Oriente Médio, onde se encontra a nossa protagonista, Rebecca, que acompanha o preparo de uma adolescente para se tornar uma mulher bomba. A fotógrafa registra cada momento desse preparo. Contudo, seu lado emocional se impõe ao profissional, e ela decide interferir, fazendo um alarde sobre o que estava para acontecer.

A intervenção leva a  uma consequência que faz a protagonista pensar sobre seu trabalho, os riscos que corre, e sobre seu papel de mãe e esposa dentro do grupo familiar. Podemos observar que ao voltar para casa, Rebecca encontra problemas em seu casamento e um distanciamento afetivo das suas filhas, particularmente com Steph, filha mais velha, que possui um comportamento mais reservado com relação aos seus sentimentos e medos.

A imagem mostra uma mulher com roupa cinza, um véu preto cobrindo os cabelos andando no meio do que parece ser um campo de refugiados. Nas mãos leva um câmera fotográfica. Seu olhar parece de curiosidade sobre o que está acontecendo ao seu redor.
Cena do filme

Desde seu início percebi o cuidado para a interpretação de uma personagem fotógrafa. Vemos a troca das lentes da câmera para cada tipo de foto, o distanciamento afetivo entre o fotógrafo e o fotografado e a tentativa de dar certa humanidade a um povo sofrido através da fotografia. Rebecca, a personagem, diz que fotografa regiões abaladas por conflitos, para mostrar ao mundo o horror da guerra, da fome entre outras coisas. Toda sua revolta com as injustiças sociais, são mostradas através das fotografias, assim como bem vemos várias pessoas fazendo na atualidade.

Fotografar além de ser uma paixão e uma profissão, pode ser também uma arma, uma forma de revelar problemas através da lente, registrando pessoas e histórias para se mostrar ao resto do mundo como grande catástrofes regionais ou mundiais, como a pandemia que estamos vivenciando hoje, que afeta a todos, principalmente a aqueles que são vulneráveis econômica e socialmente.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

Assista o premiado filme e nos conte suas observações. Deixe seu comentário e nos acompanhe em nosso grupo de discussão no Facebook e em nossa página no Instagram.

Referências:

www.adorocinema.com/filmes/filme-227515/
https://caxias.rs.gov.br/noticias/2015/01/mil-vezes-boa-noite-e-o-primeiro-filme-do-ano-a-sala-de-cinema-ulysses-geremia
Mil Vezes Boa Noite

https://culturafotografica.com.br/mil-vezes-boa-noite/

Visages, Villages

Em Visages, Villages, a cineasta Agnés Varda e o fotógrafo JR se aventuram pela França em um caminhão adaptado com uma cabine fotográfica onde eles transformam e ressignificam locais, muitas das vezes já esquecidos. Durante a viagem são feitas algumas paradas em pequenos vilarejos e lugares diversos onde o acaso coloca a dupla em contato com diferentes pessoas. O documentário tem uma grande carga sentimental, que chega até a despertar uma vontade de sair e conhecer pessoas novas.
Na foto Jr e Agnes Varda atravessam uma rua. Ele veste um tênis branco, uma calça jeans uma blusa de frio preta e também usa um óculos e chapéu como acessórios. Agnes está na sua frente e usa uma calça cor vinho, sapatos pretos e uma blusa preta com bolas vermelha. Seu cabelo é branco com as pontas ruivas. No fundo é possível observar a caçamba de um caminhão com um lambe de um olho.
Foto divulgação – autor não identificado
Casas, containers, bunkers, fábricas, trens e ruínas são alguns dos cenários em que os artistas fazem algum tipo de intervenção. Através do contato com esse “outro desconhecido’’, que geralmente mantém ligações sentimentais com os locais, são pensadas fotografias que viram lambes (posters que variam de tamanho e são colados em espaço público), assim, participam da ornamentação desses espaços. Quando questionados o motivo das fotografias os artistas respondem que a imaginação é o limite. 
Em uma parte de uma praia está um bunker abandonado e nele tem um lambe de uma menino. Ele está sentado com as pernas espichadas e as mãos sobre os joelhos.  Ele usa uma calça e uma blusa listrada. Ao lado do bunker é possível ver uma pessoa de calça e blusa preta.
Cena de Visages, Villages
O filme é gravado durante 18 meses e é possível ver que a relação harmônica de Varda e JR  não acontece somente através dos gostos em comum, mas sim pela diferença de idade, que é o que realmente parece deixar a viagem  com o ar de cumplicidade e afeto. Através de visitas a personagens íntimos para os dois como a avó de JR,  ao amigo de Varda, Jean-Luc Godard, e ao túmulo de Henri Cartier-Bresson os dois destrincham mais ainda essa viagem de autoconhecimento.
Além de ter sido indicado ao Oscar, o filme ganhou o prêmio de melhor documentário no festival de Cannes em 2017. Visages, Villages nos mostra o processo de criação de importantes artistas e a importância do contato com o outro para suas criações.
Quer saber mais sobre o processo criativo de grandes fotógrafos? A gente tem uma #dicade documentário! 

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