O grito por socorro que não ecoa

O pedido de ajuda dos yanomami foi registrado por Sebastião Salgado em seu projeto “Amazônia”.
A fotografia de Sebastião Salgado revela um pedido de socorro. Por meio dela, vemos três indígenas em um trecho de rio cercado pela floresta. O primeiro deles, o Xamã, realiza um ritual.
Sebastião Salgado
A fotografia feita por Sebastião Salgado se trata de um registro fotográfico imponente e necessário. A foto em questão traz ao público uma importante mensagem: o pedido de socorro dos povos indígenas da Amazônia. 
Na imagem é possível ver a aflição do Xamã Yanomami – o senhor em destaque na foto – enquanto ele e os outros dois homens no fundo estão em um rio. Além disso, existem outros elementos na imagem que ajudam a construir essa narrativa, bem como os tons de branco e preto tradicionalmente utilizados pelo autor que dão a sensação de aflição, por exemplo. Outro aspecto importante a ser observado são os galhos em torno do rio que parecem engolir os três homens no meio. Isso, junto com a expressão de cansaço estampada no rosto do Xamã enquanto ele clama aos céus.
Com as mãos para o alto, a expressão e a posição do xamã não apenas aparenta ser um pedido de ajuda, como de fato o é: No momento desse registro, ele estava fazendo um ritual pedindo às forças superiores de sua crença para que parasse de chover e eles pudessem seguir em frente, rumo ao Pico da Neblina. 
De acordo com o G1, recentemente garimpeiros estupraram uma menina yanomami de 12 anos. Após o ocorrido, todo o povo yanomami desapareceu. Eles foram encontrados apenas dias depois do ocorrido fugindo do garimpo que invadiu suas terras. Ao considerar isso e toda a história dos povos indígenas, essa fotografia passa a simbolizar não apenas o cansaço de um caminho exaustivo debaixo de chuva, mas também toda a jornada de luta e resistência pela sobrevivência e dignidade ignorada pelas grandes mídias. 
Não houveram grandes movimentações contra o desaparecimento de um povo inteiro e, como consequência, também não houve justiça. Os responsáveis pela invasão das terras yanomamis e pelo estupro da menina de 12 anos não foram responsabilizados pelos seus crimes. 
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

Robert Freeman

Fotógrafo responsável pela formação da imagem do quarteto mais famoso do mundo da música.

Robert Freeman (1936-2019) foi o fotógrafo inglês por trás da identidade visual da banda os Beatles, autor das capas de “Help”, “Rubber Soul” e “With the Beatles”. Robert nasceu em Londres durante a década de 1930 e, antes de trabalhar com a banda, era fotógrafo do jornal “The Sunday Times”. Em seu portfólio, já acumulava imagens singulares como a fotografia do líder russo Nikita Kruschev, mas seu trabalho ganhou projeção mundial somente em 1963, quando começou a trabalhar com o quarteto de Liverpool. 
Foto em cores dos integrantes da banda. Da esquerda para a direita: George Harrison, John Lennon, Ringo Starr e Paul McCartney. Eles vestem roupas pretas e olham em direção à câmera. O lugar ao redor está desfocado, mas podemos identificar uma árvore ao fundo e folhas em primeiro plano.
Robert Freeman

Robert era muito querido pela banda, considerado um “pensador original”. Essa criatividade é encontrada na foto capa de “With the Beatles” (1963) em que Freeman realizou a primeira sessão de fotos com a banda no Palace Court Hotel. Durante o acontecido, ele captou a foto emblemática do quarteto em meio a sombras através da luz natural de uma janela na sala de refeições do hotel. 
Foto em preto e branco dos quatro integrantes. Da esquerda para a direita: John Lennon, George Harrison, Paul McCartney e Ringo Starr. Todos os elementos (roupas e fundo) estão pretos e o único elemento iluminado é o lado esquerdo dos integrantes.
Robert Freeman
Foto colorida da banda. Da esquerda para a direita: George Harrison, John Lennon, Ringo Starr e Paul McCartney. Eles vestem roupas de frio e a foto é tirada de baixo para cima. John Lennon é o único que olha para a câmera, sendo que os demais olham para a direção esquerda.
Robert Freeman
Foto colorida da banda. Da esquerda para a direita: George Harrison, John Lennon, Paul McCartney e Ringo Starr. Eles vestem roupas azuis e cada um faz um sinal corporal representando as letras H, E, L e P, nessa ordem. O fundo da imagem é branco e sem objetos.
Robert Freeman
Foto em preto e branco de Mick Jagger (à esquerda) e John Lennon e Paul McCartney (à direita). Eles conversam e Mick Jagger segura um copo. Em primeiro plano vemos uma mesa de som e atrás deles outro aparelho do estúdio, entre Mick e John. Ainda, vemos ao fundo uma pessoas de costas para a cena.
Robert Freeman
Composição em preto e branco de John Lennon formada por 12 retratos em PB de J L. Nelas, ele veste casaco e boina. E, a cada foto, há uma pequena variação em sua expressão facial.
Robert Freeman
Foto em preto e branco de Paul McCartney na rua Idol Lane. O cantor está com os braços cruzados e a cabeça voltada para a sua esquerda. Vemos Paul da cintura para cima e ele veste roupas de frio. Ainda, podemos notar parte de uma esquadria de janela.
Idol Lane | Robert Freeman

IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica

A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida em nosso Grupo de Estudos. Inscreva-se!

Neste segundo semestre de 2022, o IV Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica dará continuidade ao debate acerca do emprego da fotografia na construção da imagem do Segundo Reindo no contexto do colonialismo. Nesse sentido, abordaremos o aparelho fotográfico como um instrumento das nações imperialistas para a produção de um saber e o exercício de um poder sobre territórios e populações colonizadas.
Vista de uma fazenda de café. Diversos negros escravizados espalham os grãos no campo de secagem.
Marc Ferrez / Instituto Moreira Salles

A imagem acima integra a série de 65 fotografias de fazendas de café do Vale do Paraíba produzida por Marc Ferrez entre os anos de 1882 e 1885. Nela, é possível observar que as escolhas estéticas e técnicas feitas por seu autor valorizam o complexo cafeeiro e apaziguam as marcas da escravização dos trabalhadores.


Abaixo, apresentamos um cronograma com as datas em que as sessões deste ciclo serão realizadas e o tema que será debatida em cada uma delas.
 

Data*

Horário**

Tema

29/09/2022

17h – 19h

Expedições Fotográficas

27/10/2022

17h – 19h

Fotografias de escravizados

24/11/2022

17h – 19h

Retratos do Poder

 

* As datas e os horários poderão sofrer alterações. Caso isso ocorra, elas serão comunicadas com antecedência.
** O ambiente virtual em que ocorrerão os encontros do grupo será aberto 15 minutos antes de cada reunião para que os participantes se acomodem.
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Ansiedade: mãos que me sufocam

A fotografia de Otto Stupakoff representa uma sensação de sufoco causada pela ansiedade.


De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 18,6 milhões de brasileiros sofrem de transtornos de ansiedade, quadro que foi intensificado pela pandemia de Covid-19. Um dos transtornos de ansiedade mais comuns é o de ansiedade generalizada (TAG). Alguns dos sintomas são: fadiga, irritabilidade, inquietação, tensão muscular, taquicardia, falta de ar e aperto do peito.


A fotografia, em preto e branco, mostra uma mulher de traços caucasianos, que usa maquiagem e olha fixamente para a câmera. Seu olho está bem aberto e o rosto sem expressões. Ela leva a mão ao pescoço, apertando-o.
Otto Stupakoff

A fotografia acima, nomeada de “ansiedade” por seu autor, representa essa sensação de sufoco, aperto no peito, causado pelo quadro ansioso. Quando vi essa foto, me identifiquei, pois, muitas vezes senti que a ansiedade era uma mão invisível me sufocando, me sentia assim, impotente diante dela. 

Quando se pensa em ansiedade, as referências que surgem é a inquietação, o roer de unhas, o balançar de pernas, mas se tratando de transtornos de ansiedade, comumente ela é paralisante. Olhos vidrados, clamando por socorro, quando a mente está um turbilhão e parece impossível articular qualquer frase. Só quem já sentiu conhece essa sensação de estar sendo revirado de dentro para fora, como se a alma estivesse vomitando a si mesma. O coração e a mente de uma pessoa ansiosa viaja como um trem-bala, percorrendo longas distâncias em pouquíssimo tempo e, até os efeitos colaterais sumirem, parece uma eternidade.

Por isso, muitas vezes as pessoas não conseguem falar e/ou escrever sobre o que sentem, mas desenham, pintam, cantam e fotografam. Frequentemente, a melhor forma de comunicar sentimentos é através de outras coisas que não a coisa em si, afinal, o que sentimos configura uma teia complexa de significados. E, no caso desta fotografia, acho que ela comunica mais do que meu texto, justamente porque cada um se apropriará dela de forma única.

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Hildegard Rosenthal e o protagonismo feminino no fotojornalismo brasileiro

A primeira mulher fotojornalista do Brasil


Hildegard Rosenthal é natural de Zurique, na Suíça e viveu grande parte de sua vida em Frankfurt na Alemanha, onde estudou pedagogia durante os anos de 1929 até 1933. Entre 1934 e 1935 viveu em Paris, mas depois retornou para Frankfurt e estudou fotografia no Instituto Gaedel, com Paul Wolf, especialista em câmera de pequenos formatos e técnicas de laboratório. Após se formar, foi contratada como fotógrafa pela empresa Hein Mainischer Bildverlag, até que em 1937, ela e seu namorado, Walther Rosenthal, precisaram deixar a Alemanha e emigrar para São Paulo no Brasil, pois ele era judeu e precisava fugir do regime nazista.


Hildegard Rosenthal

Já em São Paulo, no ano de 1938, Hildegard começou a trabalhar como orientadora de laboratório na empresa de materiais e serviços fotográficos Kosmos, na Rua São Bento. No mesmo ano, a agência Press Information a contratou para atuar como fotojornalista, onde realizou reportagens para jornais nacionais e internacionais e teve fotos publicadas no “La Prensa”, de Buenos Aires, “Gazeta do Sul”, de Cananeia, e “Folha da Noite”, “Folha da Manhã” e “Estado de São Paulo”.

Neste trabalho, Hildegard Rosenthal fez registros do processo de urbanização da grande São Paulo, das cidades do interior paulista, do Rio de janeiro e de algumas cidades do sul. Suas fotografias registraram o fluxo de pessoas nas ruas, o transporte público, a arquitetura, vendedores ambulantes e cidadãos comuns em situações prosaicas. Ela costumava registrar pessoas desconhecidas ou modelos que simulavam situações cotidianas. Desse modo, Hildegard humanizou e congelou no tempo uma metrópole movimentada.

Além desses importantes registros históricos do início da urbanização no Brasil, ela também fez fotos de grandes nomes da arte e da literatura brasileira, capturando os artistas em momentos de criação. Dentre esses grandes nomes estão: o pintor Lasar Segall, os escritores Guilherme de Almeida e Jorge Amado, o humorista Aparício Torelly – conhecido também Barão de Itararé – e o desenhista Belmonte. 


#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

Links, Referências e Créditos

Inseguridade feminina urbana e construção de elementos da imagem

Toda rua pode não ter saída para uma mulher.

Toda rua pode não ter saída para uma mulher.

A imagem analisada, de autoria de Ramon Lisboa, é apresentada com a legenda: “A rua é hostil, a cultura é hostil. Ponto. Bairro de rico ou pobre, nada muda”. Foi publicada numa matéria do Estado de Minas de outubro de 2021, cujo título é “Cidade feminista: mulheres relatam violência imposta pelos espaços urbanos”.

Uma mulher sozinha, de blusa de frio e legging, andando próxima a uma curva no meio da faixa direita de uma rua à noite, com dois carros indo na mesma direção que ela. Ela está inserida numa sombra entre a iluminação da rua. Há a presença de uma placa de sinalização, árvores e um muro. A calçada é estreita e há folhas no chão.

Ramon Lisboa / EM / D.A Press 

A fotografia aborda o espaço de violência contra a mulher propiciado pela estruturação de locais urbanos. Nela, elementos de disposição espacial, de composição, ângulo de visão, iluminação e movimento são combinados para demonstrar a tensão, o aperto e o desespero vivido diariamente nessas situações.

A mulher de costas é o elemento principal da imagem, ou seja, para onde a fotografia direciona o seu olhar. Ela está descentralizada, andando no meio de uma das faixas da rua, no lado direito da fotografia, possivelmente porque a calçada é estreita e está localizada numa sombra na iluminação da rua, o que faz surgir um clima de tensão.

A fotografia ter sido feita na curva também contribui para a atmosfera de suspense, uma vez que não se sabe o que se tem adiante. Há dois carros indo na mesma direção que a mulher, o que pode ser associado a algum tipo de abordagem agressiva ou tensa, ainda mais considerando que cena se desenrola à noite, contexto socialmente mais associado com a insegurança de andar sozinha pela cidade.

Os movimentos estão congelados, os detalhes não ficam borrados e desse modo, consegue-se perceber que é uma mulher. Se isso não fosse identificável, a imagem perderia a conotação social que ela tem, já que a figura feminina é fundamental para construção da insegurança, dado que se associa ao alto índice de violência que mulheres sofrem em situações similares.

A objetiva utilizada possivelmente foi uma teleobjetiva, que com o zoom, formou um ângulo de visão menor que o humano. Essa diminuição do ângulo dá uma sensação de aprisionamento, de aperto. A cena retratada é mal iluminada, o que aumenta ainda mais a sensação de perigo.

Os elementos da imagem constroem uma atmosfera de tensão, retratando a inseguridade para mulheres se locomoverem sozinhas a pé à noite. A disposição (rua ser curva e a mulher na faixa e não na calçada); a iluminação, (elemento principal está na sombra e a rua não é bem iluminada); a diminuição do ângulo de visão e o congelamento do movimento são aspectos utilizados para essa finalidade.

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Chamada de Conteúdo de Colaboradores

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Sobre a autora

Lívia Gariglio é bacharelanda em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

A nova mulher

Um ensaio sobre a inserção de mulheres nos contextos urbanos

Um ensaio sobre a inserção de mulheres nos contextos urbanos

Com intuito de destacar a presença da mulher nos diversos cenários urbanos, a fotógrafa Hildegard Rosenthal produziu, em 1940, o ensaio intitulado “A nova mulher”, em que retratou sua amiga em diversas cenas cotidianas na cidade de São Paulo. Na imagem abaixo vemos uma cena comum dos anos 40, alguém lendo jornal numa banca, mas que nunca era retratada com a presença feminina em destaque.

 
A foto em preto e branco mostra uma mulher em pé em frente a uma banca lendo um jornal. À sua volta há diversas pessoas andando nas ruas e calçadas, ninguém dá atenção à câmera.
Hildegard Rosenthal

Em suas obras, Hildegard retrata paisagens urbanas como a arquitetura das cidades, vendedores e cidadãos comuns em situações rotineiras. No entanto, após perceber a presença dominante de figuras masculinas em suas fotografias, a artista resolveu produzir o ensaio intitulado: “A nova mulher”, agora com maior presença nos ambientes urbanos.

Anteriormente, os espaços públicos eram frequentados e pensados para homens, enquanto às mulheres era oferecido somente o ambiente doméstico. Porém, vale lembrar que mesmo que ocupados majoritariamente por homens, algumas mulheres já haviam, sozinhas, adentrado tais lugares e conquistado seu espaço. Contudo, é só a partir dos anos 40 e 50 que a grande massa feminina começou a participar ativamente do convívio social, experimentando ocupar espaços que antes lhes eram proibidos.

O ensaio de Hildegard é um exemplo fiel deste momento, retratando o ingresso da mulher no convívio social. Na imagem abaixo, podemos ver a mesma moça da primeira foto comprando um buquê numa feira de flores montada na rua.

 
A imagem em preto e branco mostra uma feira de flores na rua. Em primeiro plano, há um vendedor de branco que carrega um pequeno buquê. Ele conversa com a modelo que sorri e segura um grande buquê em uma das mãos. Ao fundo, do outro lado da rua, vemos mais pessoas olhando as flores expostas na calçada próxima a um muro. E, acima do muro, existem diversos cartazes com propagandas expostas.
Hildegard Rosenthal

Ambas as imagens me atraem o olhar por simplesmente retratar mulheres, há um processo de reconhecimento que acredito ser fundamental nas construções de fotografias cujo objetivo é mobilizar os espectadores, fazendo-os repensar tais assuntos.

Estas fotografias, e o ensaio como um todo, muito me agradam devido à característica feminista de repensar, expor e questionar a presença feminina e o papel da mulher no espaço público. As fotos foram apresentadas num período onde o feminismo era pouco presente no cotidiano brasileiro, discutido apenas pela elite intelectual da época.

O feminismo de hoje só é possível devido a mulheres que, como Hildegard, quebraram as barreiras e estereótipos de seus respectivos períodos históricos. Abrindo espaço para que mulheres fossem vistas e ouvidas, e o feminismo discutido e repensado.

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Como citar este artigo

COUTO, Sarah. A nova mulher. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/a-nova-mulher/>. Publicado em: 17/08/2022. Acessado em: [informar data].

Otto Stupakoff

Pioneiro na fotografia de moda no Brasil.


Otto nasceu em 1935, em São Paulo. Em 1943, ganhou uma máquina fotográfica do pai. Por falta de perspectivas profissionais no Brasil, mudou-se para os Estados Unidos e ingressou na Art Center College of Design, onde iniciou sua carreira como fotógrafo de moda. 


A fotografia, em preto e branco, mostra em primeiro plano uma mulher de traços caucasianos, trajando chapéu, regata, saia longa, camisa social  sobreposta aos ombros, sapato de salto e acessórios. Ela mira com olhar de espanto para trás, onde tem dois garotos sem sapatos carregando caixotes e uma caixa de madeira no ombro. Apesar disso, ela não parece estar olhando para os meninos, e sim para algo além, que não foi captado pela fotografia. Em segundo plano, em uma esquina, um grupo de pessoas observam com curiosidade a mulher.
Otto Stupakoff


No Brasil, Otto trabalhou como fotógrafo para agências e para a gravadora Odeon, onde desenvolveu capas de álbuns de músicos renomados, como Dorival Caymmi e Luiz Bonfá. Ainda, firmou parceria com Oscar Niemeyer e foi retratista de celebridades, como Pelé e Tom Jobim.

Nos Estados Unidos, Otto conheceu pessoas como Carmen Miranda e Coco Chanel, e trabalhou para a revista de moda Harper ‘s Bazaar. O fotógrafo desenvolveu um estilo único, marcado por fotos em preto e branco e muita ousadia. Em 1973, mudou-se para Paris, onde trabalhou para a Vogue. 

Apesar de ser reconhecido como fotógrafo de moda e retratista, seu trabalho não foi dedicado exclusivamente a isso, formando um acervo diverso.


Na fotografia em preto e branco, uma mulher de cabelo cacheado e sobretudo encara um gorila, que está dentro de uma jaula de vidro. O gorila está de boca aberta, e a mulher imita o movimento, dando a impressão de que está sonolenta. Um de seus cotovelos está apoiado no vidro, e o outro braço está apoiado em sua cintura.
Otto Stupakoff

A fotografia, em preto e branco, foi feita em uma praia, e  a única pessoa que aparece é Tom Jobim. Ele é jovem, tem cabelo liso, olha sorridente para a câmera, está vestido de camisa social e suéter, e seus braços estão postos para trás.
Otto Stupakoff


A fotografia, em preto e branco, mostra uma mulher que usa chapéu, vestido, sapato de salto e maquiagem, caindo sobre uma cerca. Ela está deitada no chão, com uma das pernas levantadas, e olha sorridente para a câmera.
Otto Stupakoff
A fotografia, em preto e branco, mostra uma mulher, na frente de um prédio, beijando um homem no rosto enquanto segura a coleira de três cachorros. Ela está bem penteada e vestida, e o homem também. Trata-se da atriz norte-americana Lois Chilez.
Otto Stupakoff

A fotografia, em preto e branco, mostra uma mulher branca e magra deitada nua sobre uma cama. Ela tapa seus olhos com o cotovelo, e traz as pernas juntas, escondendo as entranhas.
Otto Stupakoff
A fotografia mostra, em primeiro plano, uma mulher jovem, de cabelo curto, trajando chapéu, blusa estampada e saia rodada, de braços abertos, curvada e sorrindo, tentando se equilibrar numa superfície rochosa. Do outro lado dela, em outra superfície rochosa, um casal de homem e mulher, vestidos de bermuda e blusa social, calçando botas, apontam para a jovem, rindo.
Otto Stupakoff

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Qual o preço da “liberdade de expressão”?

O Capitão Brasil e sua narrativa.

O Capitão Brasil e sua narrativa.

A fotografia de Pedro Ladeira publicada em 29 de setembro de 2021, mesmo dia do depoimento de Luciano Hang na CPI da Covid, mostra como o depoente utilizou desse espaço para fazer um espetáculo midiático. Ele foi chamado devido à suspeita de seu envolvimento com disparos de Fake News e de participação no Gabinete Paralelo, grupo extraoficial que aconselhava Bolsonaro a respeito da pandemia.

A fotografia apresenta Luciano Hang usando terno e máscara verde e gravata amarela. Ele segura em sua frente um cartaz também verde onde se lê em letras amarelas “Liberdade de Expressão”. A foto foi feita durante uma sessão da CPI da COVID-19 em 2021 no Senado Federal.

Pedro Ladeira/Folhapress

“Qual é o preço de mentiras?”. A frase que abre a premiada minissérie da HBO Chernobyl é um bom ponto de partida para se analisar como o Brasil lidou com a Pandemia de COVID-19. Fake News dizendo que era apenas uma “gripezinha” ou que o tratamento precoce era eficaz fez com que as pessoas não respeitassem as medidas sanitárias e assim colocassem suas vidas em risco.

Na foto, Hang segura uma placa onde se lê “LIBERDADE DE EXPRESSÃO”. Durante seu longo depoimento ficou claro que a liberdade que ele busca é a de manter a sua narrativa de que poucas pessoas morreram por COVID-19, e que se elas tivessem feito o tratamento precoce não seriam vítimas da doença.

Além do cartaz presente na fotografia, o depoente levou vários outros. Seu objetivo era causar tumulto, cair na boca do povo, e assim conseguiu. Para alguns virou piada, para outros revolta. Nesse viés, vale lembrar que liberdade de expressão não é incondicional. Aquele que diz arca com as consequências de suas palavras, ainda mais quando essas são danosas para toda a sociedade. Como é o caso da liberdade ao qual Hang se refere.

As cores verde e amarelo estão presentes não só nas placas, como também no terno e na máscara de Hang. Isso é usado por ele como um sinal de patriotismo. Vale destacar que ele se veste com uma roupa de Super-herói e se declara Capitão Brasil. Assim, ao mesmo tempo que a imagem gera raiva, ela é cômica. Como mesmo disse Renan Calheiro na reunião da CPI do dia que a foto foi tirada, bobos da corte chamam a atenção e servem de cortinas de fumaça.

Assim, observa-se que a persona pública de Luciano Hang utiliza polêmicas, mentiras e extravagância como forma de autopromoção e para atingir os seus objetivos. Ele provoca e distorce, tudo isso para manter uma narrativa e se tornar um mártir, o Capitão Brasil que supostamente luta pela liberdade de expressão.

Links e referências

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Sobre o autor

Miller Henrique Corrêa de Brito é bacharelando em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

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