Sebastião Salgado |
Links, Referências e Créditos
Sebastião Salgado |
Robert Freeman |
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Idol Lane | Robert Freeman |
A construção da imagem do Segundo Reinado pela fotografia colonial segue sendo debatida em nosso Grupo de Estudos. Inscreva-se!
Marc Ferrez / Instituto Moreira Salles |
Data* |
Horário** |
Tema |
29/09/2022 |
17h – 19h |
Expedições Fotográficas |
27/10/2022 |
17h – 19h |
Fotografias de escravizados |
24/11/2022 |
17h – 19h |
Retratos do Poder |
A fotografia de Otto Stupakoff representa uma sensação de sufoco causada pela ansiedade.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 18,6 milhões de brasileiros sofrem de transtornos de ansiedade, quadro que foi intensificado pela pandemia de Covid-19. Um dos transtornos de ansiedade mais comuns é o de ansiedade generalizada (TAG). Alguns dos sintomas são: fadiga, irritabilidade, inquietação, tensão muscular, taquicardia, falta de ar e aperto do peito.
Otto Stupakoff |
A fotografia acima, nomeada de “ansiedade” por seu autor, representa essa sensação de sufoco, aperto no peito, causado pelo quadro ansioso. Quando vi essa foto, me identifiquei, pois, muitas vezes senti que a ansiedade era uma mão invisível me sufocando, me sentia assim, impotente diante dela.
Quando se pensa em ansiedade, as referências que surgem é a inquietação, o roer de unhas, o balançar de pernas, mas se tratando de transtornos de ansiedade, comumente ela é paralisante. Olhos vidrados, clamando por socorro, quando a mente está um turbilhão e parece impossível articular qualquer frase. Só quem já sentiu conhece essa sensação de estar sendo revirado de dentro para fora, como se a alma estivesse vomitando a si mesma. O coração e a mente de uma pessoa ansiosa viaja como um trem-bala, percorrendo longas distâncias em pouquíssimo tempo e, até os efeitos colaterais sumirem, parece uma eternidade.
Por isso, muitas vezes as pessoas não conseguem falar e/ou escrever sobre o que sentem, mas desenham, pintam, cantam e fotografam. Frequentemente, a melhor forma de comunicar sentimentos é através de outras coisas que não a coisa em si, afinal, o que sentimos configura uma teia complexa de significados. E, no caso desta fotografia, acho que ela comunica mais do que meu texto, justamente porque cada um se apropriará dela de forma única.
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
A primeira mulher fotojornalista do Brasil
Hildegard Rosenthal é natural de Zurique, na Suíça e viveu grande parte de sua vida em Frankfurt na Alemanha, onde estudou pedagogia durante os anos de 1929 até 1933. Entre 1934 e 1935 viveu em Paris, mas depois retornou para Frankfurt e estudou fotografia no Instituto Gaedel, com Paul Wolf, especialista em câmera de pequenos formatos e técnicas de laboratório. Após se formar, foi contratada como fotógrafa pela empresa Hein Mainischer Bildverlag, até que em 1937, ela e seu namorado, Walther Rosenthal, precisaram deixar a Alemanha e emigrar para São Paulo no Brasil, pois ele era judeu e precisava fugir do regime nazista.
Hildegard Rosenthal |
Já em São Paulo, no ano de 1938, Hildegard começou a trabalhar como orientadora de laboratório na empresa de materiais e serviços fotográficos Kosmos, na Rua São Bento. No mesmo ano, a agência Press Information a contratou para atuar como fotojornalista, onde realizou reportagens para jornais nacionais e internacionais e teve fotos publicadas no “La Prensa”, de Buenos Aires, “Gazeta do Sul”, de Cananeia, e “Folha da Noite”, “Folha da Manhã” e “Estado de São Paulo”.
Neste trabalho, Hildegard Rosenthal fez registros do processo de urbanização da grande São Paulo, das cidades do interior paulista, do Rio de janeiro e de algumas cidades do sul. Suas fotografias registraram o fluxo de pessoas nas ruas, o transporte público, a arquitetura, vendedores ambulantes e cidadãos comuns em situações prosaicas. Ela costumava registrar pessoas desconhecidas ou modelos que simulavam situações cotidianas. Desse modo, Hildegard humanizou e congelou no tempo uma metrópole movimentada.
Além desses importantes registros históricos do início da urbanização no Brasil, ela também fez fotos de grandes nomes da arte e da literatura brasileira, capturando os artistas em momentos de criação. Dentre esses grandes nomes estão: o pintor Lasar Segall, os escritores Guilherme de Almeida e Jorge Amado, o humorista Aparício Torelly – conhecido também Barão de Itararé – e o desenhista Belmonte.
#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.
Toda rua pode não ter saída para uma mulher.
Toda rua pode não ter saída para uma mulher.
A imagem analisada, de autoria de Ramon Lisboa, é apresentada com a legenda: “A rua é hostil, a cultura é hostil. Ponto. Bairro de rico ou pobre, nada muda”. Foi publicada numa matéria do Estado de Minas de outubro de 2021, cujo título é “Cidade feminista: mulheres relatam violência imposta pelos espaços urbanos”.
Ramon Lisboa / EM / D.A Press |
A fotografia aborda o espaço de violência contra a mulher propiciado pela estruturação de locais urbanos. Nela, elementos de disposição espacial, de composição, ângulo de visão, iluminação e movimento são combinados para demonstrar a tensão, o aperto e o desespero vivido diariamente nessas situações.
A mulher de costas é o elemento principal da imagem, ou seja, para onde a fotografia direciona o seu olhar. Ela está descentralizada, andando no meio de uma das faixas da rua, no lado direito da fotografia, possivelmente porque a calçada é estreita e está localizada numa sombra na iluminação da rua, o que faz surgir um clima de tensão.
A fotografia ter sido feita na curva também contribui para a atmosfera de suspense, uma vez que não se sabe o que se tem adiante. Há dois carros indo na mesma direção que a mulher, o que pode ser associado a algum tipo de abordagem agressiva ou tensa, ainda mais considerando que cena se desenrola à noite, contexto socialmente mais associado com a insegurança de andar sozinha pela cidade.
Os movimentos estão congelados, os detalhes não ficam borrados e desse modo, consegue-se perceber que é uma mulher. Se isso não fosse identificável, a imagem perderia a conotação social que ela tem, já que a figura feminina é fundamental para construção da insegurança, dado que se associa ao alto índice de violência que mulheres sofrem em situações similares.
A objetiva utilizada possivelmente foi uma teleobjetiva, que com o zoom, formou um ângulo de visão menor que o humano. Essa diminuição do ângulo dá uma sensação de aprisionamento, de aperto. A cena retratada é mal iluminada, o que aumenta ainda mais a sensação de perigo.
Os elementos da imagem constroem uma atmosfera de tensão, retratando a inseguridade para mulheres se locomoverem sozinhas a pé à noite. A disposição (rua ser curva e a mulher na faixa e não na calçada); a iluminação, (elemento principal está na sombra e a rua não é bem iluminada); a diminuição do ângulo de visão e o congelamento do movimento são aspectos utilizados para essa finalidade.
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Lívia Gariglio é bacharelanda em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Um ensaio sobre a inserção de mulheres nos contextos urbanos
Um ensaio sobre a inserção de mulheres nos contextos urbanos
Com intuito de destacar a presença da mulher nos diversos cenários urbanos, a fotógrafa Hildegard Rosenthal produziu, em 1940, o ensaio intitulado “A nova mulher”, em que retratou sua amiga em diversas cenas cotidianas na cidade de São Paulo. Na imagem abaixo vemos uma cena comum dos anos 40, alguém lendo jornal numa banca, mas que nunca era retratada com a presença feminina em destaque.
Hildegard Rosenthal |
Em suas obras, Hildegard retrata paisagens urbanas como a arquitetura das cidades, vendedores e cidadãos comuns em situações rotineiras. No entanto, após perceber a presença dominante de figuras masculinas em suas fotografias, a artista resolveu produzir o ensaio intitulado: “A nova mulher”, agora com maior presença nos ambientes urbanos.
Anteriormente, os espaços públicos eram frequentados e pensados para homens, enquanto às mulheres era oferecido somente o ambiente doméstico. Porém, vale lembrar que mesmo que ocupados majoritariamente por homens, algumas mulheres já haviam, sozinhas, adentrado tais lugares e conquistado seu espaço. Contudo, é só a partir dos anos 40 e 50 que a grande massa feminina começou a participar ativamente do convívio social, experimentando ocupar espaços que antes lhes eram proibidos.
O ensaio de Hildegard é um exemplo fiel deste momento, retratando o ingresso da mulher no convívio social. Na imagem abaixo, podemos ver a mesma moça da primeira foto comprando um buquê numa feira de flores montada na rua.
Hildegard Rosenthal |
Ambas as imagens me atraem o olhar por simplesmente retratar mulheres, há um processo de reconhecimento que acredito ser fundamental nas construções de fotografias cujo objetivo é mobilizar os espectadores, fazendo-os repensar tais assuntos.
Estas fotografias, e o ensaio como um todo, muito me agradam devido à característica feminista de repensar, expor e questionar a presença feminina e o papel da mulher no espaço público. As fotos foram apresentadas num período onde o feminismo era pouco presente no cotidiano brasileiro, discutido apenas pela elite intelectual da época.
O feminismo de hoje só é possível devido a mulheres que, como Hildegard, quebraram as barreiras e estereótipos de seus respectivos períodos históricos. Abrindo espaço para que mulheres fossem vistas e ouvidas, e o feminismo discutido e repensado.
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
COUTO, Sarah. A nova mulher. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/a-nova-mulher/>. Publicado em: 17/08/2022. Acessado em: [informar data].
Pioneiro na fotografia de moda no Brasil.
Otto nasceu em 1935, em São Paulo. Em 1943, ganhou uma máquina fotográfica do pai. Por falta de perspectivas profissionais no Brasil, mudou-se para os Estados Unidos e ingressou na Art Center College of Design, onde iniciou sua carreira como fotógrafo de moda.
Otto Stupakoff |
No Brasil, Otto trabalhou como fotógrafo para agências e para a gravadora Odeon, onde desenvolveu capas de álbuns de músicos renomados, como Dorival Caymmi e Luiz Bonfá. Ainda, firmou parceria com Oscar Niemeyer e foi retratista de celebridades, como Pelé e Tom Jobim.
Nos Estados Unidos, Otto conheceu pessoas como Carmen Miranda e Coco Chanel, e trabalhou para a revista de moda Harper ‘s Bazaar. O fotógrafo desenvolveu um estilo único, marcado por fotos em preto e branco e muita ousadia. Em 1973, mudou-se para Paris, onde trabalhou para a Vogue.
Apesar de ser reconhecido como fotógrafo de moda e retratista, seu trabalho não foi dedicado exclusivamente a isso, formando um acervo diverso.
Otto Stupakoff |
O Capitão Brasil e sua narrativa.
O Capitão Brasil e sua narrativa.
A fotografia de Pedro Ladeira publicada em 29 de setembro de 2021, mesmo dia do depoimento de Luciano Hang na CPI da Covid, mostra como o depoente utilizou desse espaço para fazer um espetáculo midiático. Ele foi chamado devido à suspeita de seu envolvimento com disparos de Fake News e de participação no Gabinete Paralelo, grupo extraoficial que aconselhava Bolsonaro a respeito da pandemia.
Pedro Ladeira/Folhapress |
“Qual é o preço de mentiras?”. A frase que abre a premiada minissérie da HBO Chernobyl é um bom ponto de partida para se analisar como o Brasil lidou com a Pandemia de COVID-19. Fake News dizendo que era apenas uma “gripezinha” ou que o tratamento precoce era eficaz fez com que as pessoas não respeitassem as medidas sanitárias e assim colocassem suas vidas em risco.
Na foto, Hang segura uma placa onde se lê “LIBERDADE DE EXPRESSÃO”. Durante seu longo depoimento ficou claro que a liberdade que ele busca é a de manter a sua narrativa de que poucas pessoas morreram por COVID-19, e que se elas tivessem feito o tratamento precoce não seriam vítimas da doença.
Além do cartaz presente na fotografia, o depoente levou vários outros. Seu objetivo era causar tumulto, cair na boca do povo, e assim conseguiu. Para alguns virou piada, para outros revolta. Nesse viés, vale lembrar que liberdade de expressão não é incondicional. Aquele que diz arca com as consequências de suas palavras, ainda mais quando essas são danosas para toda a sociedade. Como é o caso da liberdade ao qual Hang se refere.
As cores verde e amarelo estão presentes não só nas placas, como também no terno e na máscara de Hang. Isso é usado por ele como um sinal de patriotismo. Vale destacar que ele se veste com uma roupa de Super-herói e se declara Capitão Brasil. Assim, ao mesmo tempo que a imagem gera raiva, ela é cômica. Como mesmo disse Renan Calheiro na reunião da CPI do dia que a foto foi tirada, bobos da corte chamam a atenção e servem de cortinas de fumaça.
Assim, observa-se que a persona pública de Luciano Hang utiliza polêmicas, mentiras e extravagância como forma de autopromoção e para atingir os seus objetivos. Ele provoca e distorce, tudo isso para manter uma narrativa e se tornar um mártir, o Capitão Brasil que supostamente luta pela liberdade de expressão.
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Miller Henrique Corrêa de Brito é bacharelando em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).