Dorothea Lange

 A vida de Dorothea Lange ilustra a luta pessoal, profissional e as realizações de uma mulher à frente do seu tempo.

Dorothea Lange foi uma das mais importantes profissionais da fotografia norte-americana. Ficou conhecida pelas imagens da Grande Depressão e da situação dos imigrantes nos Estados Unidos.

Foto em preto e branco, retrata Dorothea Lange, com uma bandana na cabeça, sentada no topo de um carro com uma câmera fotográfica apoiada na perna direita
Dorothea Lange in Texas on the Plains, 1932, Paul S. Taylor

Lange nasceu em Hoboken, uma pequena cidade de Nova Jersey, em maio de 1895, em uma família de imigrantes alemães. Passou a se interessar por fotografia após o abandono do pai, quando tinha 12 anos.

Na Universidade de Columbia, Nova York, entrou de cabeça no universo fotográfico e começou a trabalhar como aprendiz em diversos estúdios da cidade. Em 1918 se mudou para São Francisco, na Califórnia, onde abriu o próprio negócio. Na mesma época, se casou com o primeiro marido, o pintor Maynard Dixon, com quem teve dois filhos.

Com a crise de 1929, passou a fotografar as ruas. Seu talento nato e sua temática de desempregados e moradores de rua, chamou a atenção de fotógrafos mais experientes, o que a levou a trabalhar para a “Farm Security Administration” (FSA), um programa criado pelo governo para promover o desenvolvimento de áreas agrícolas americanas, para combater a crise.

Durante seu trabalho com o governo, que durou entre 1935 e 1941, retratou o sofrimento dos pobres, dos esquecidos, dos desempregados e, principalmente, das famílias rurais deslocadas e dos trabalhadores imigrantes. Suas imagens eram distribuídas gratuitamente a jornais de todo o país, o que fez com que suas fotografias extremamente representativas e impactantes ficassem cada vez mais conhecidas.

A fotografia mais conhecida deste período é a “Migrant Mother” (“Mãe Imigrante”), um dos mais icônicos registros da fotografia, a qual retrata uma imigrante chamada Florence Owens Thompson com três de seus sete filhos. É o símbolo da Grande Depressão, o pior e mais longo período da recessão econômica do século XX.

Faleceu em 1965. Durante os últimos anos de vida, enfrentou diversos problemas de saúde. Hoje, mais de cinco décadas após sua morte, toda sua obra é cada vez mais celebrada e estudada nas universidades do mundo todo.

 
Foto em preto e branco, retrata uma mulher com uma mão no rosto, carregando um de seus filhos, e com os outros dois, cada um de um lado, apoiando as cabeças nos seus ombros com os rostos escondidos
Migrant Mother, 1936, Dorothea Lange

Foto em preto e branco, retrata a parte de trás de um carro vista de fora, com duas crianças na parte de trás olhando para a câmera e uma mulher sentada na frente olhando para a frente
Cars on the Road, 1936, Dorothea Lange

Foto em preto e branco, retrata uma menina, virada para a frente, com expressões sérias
Damaged Child, 1936, Dorothea Lange
Foto em preto e branco, mostrando uma família em uma rodovia de terra, com o pai na frente, usando um chapéu, puxando um carrinho cheio de coisas com uma menina sentada em cima. Mias atrás, vê-se a mãe andando de mãos dadas com uma menina, que dá a outra mão para o irmão, e um pouco mais atrás, um menino de chapéu empurrando outro carrinho com coisas em cima
Family Walking on Highway – Five Children, 1938, Dorothea Lange
Foto em preto e branco, retratando uma mulher, em um campo aberto, com uma mão no pescoço e a outra na testa, com uma expressão de cansaço e tristeza
Woman of the High Plains, 1938, Dorothea Lange

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

Links, Referências e Créditos

Como citar essa postagem

COSTA, Clara. Dorothea Lange. Cultura Fotográfica. Publicado em: 9 de set. de 2020. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/galeria-dorothea-lange/. Acessado em: [informar data].

 
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Panning

Um objeto nítido em meio a um cenário borrado causa um efeito de movimento, como podemos ver em carros de corrida. Essa técnica é chamada de panning.

O panning é um recurso muito utilizado para fotografia de esportes. Por meio dessa técnica, é possível congelar atletas, carros ou outros objetos em atividade e ao mesmo tempo sugerir a ação que estavam realizando. A ideia é que o assunto principal da foto fique nítido, enquanto o restante do cenário, borrado. Essa combinação causa um efeito de movimento, devido à justaposição de objetos contrastantes: um nítido e outro borrado.
Max Verstappen of Netherlands and Aston Martin Red Bull Racing drives his RB14 during the Austrian Formula 1 Grand Prix at Red Bull Raing on July 01, 2018 in Spielberg, Austria | Vladimir Rys
Para conseguir esse efeito, é necessário uma velocidade de obturador mais lenta que a normalmente aconselhável. Se for rápida, vai acabar congelando tudo e, portanto, o resultado não será o esperado. Vale ressaltar que a velocidade exata vai depender do assunto principal da imagem. Já falamos mais sobre o tema aqui.
Além da velocidade adequada, o panning exige uma tomada panorâmica. Em outras palavras, a câmera precisa se movimentar para seguir a ação, deslocando-se por um eixo imaginário, da mesma forma que se faz em uma fotografia panorâmica.
Já deu para notar que o panning exige treino e trata-se de uma situação de tentativa e erro. A captura nítida do objeto principal e o movimento suave da câmera precisam ser dominados para um bom resultado.
Vladimir Rys é um fotógrafo tcheco que já trabalhou para diversas revistas esportivas. Desde 2005, sua principal área de atuação é a Formula 1. Em seu vasto portfólio na categoria, podemos ver vários exemplos de panning.
Romain Grosjean of France and Haas F1 Team drives his VF18 during practice for the Chinese Formula 1 Grand Prix at Shanghai International Circuit on April 13, in Shanghai, China | Vladimir Rys
Na foto acima, vemos um veículo da Haas durante um treino para o GP da China de 2018. A técnica do panning foi muito bem feita. Vemos o carro com muita clareza e o fundo está totalmente borrado, sendo até impossível descrever o cenário. Dessa forma, a impressão que se tem é que o carro está em altíssima velocidade, como, de fato, está.
Que tal praticar? Pegue sua câmera, treine com carros na rua ou qualquer outra coisa em movimento! Compartilhe suas fotos com a gente, usando a tag #fotografetododia!

Referências

• HEDGECOE, John. O Novo Manual de Fotografia – O Guia Completo Para Todos Os Formatos. 4ª ed. São Paulo: Senac, 2013.
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O Abutre

O filme de 2014 faz um comentário sobre a produção de imagens violentas e a relação do público com elas.

O Abutre, escrito e dirigido por Dan Gilroy, conta a história de Lou Bloom, um homem com problemas financeiros, que desenvolve uma carreira muito lucrativa filmando imagens de crimes e situações violentas e vendendo-as para um telejornal sensacionalista. 
Pôster do filme
Descrição: um homem aparece na frente de um carro vermelho em uma rua escura e aparentemente deserta. Por cima da foto, informações sobre o filme, como título, elenco e data de lançamento estão escritas.
Do ponto de vista puramente cinematográfico, o filme já é excelente. O ator principal Jake Gyllenhaal, que interpreta Lou, dá uma ótima interpretação, fazendo o público torcer por ele, e no momento seguinte ter completo asco de suas atitudes. O resto do elenco, que tem nomes como Rene Russo e Riz Ahmed, também brilha em seus personagens coadjuvantes. 
Mas o filme vai além desses aspectos. O roteiro nos proporciona uma reflexão muito relevante nos dias atuais. Até que ponto as imagens de violência extrema são usadas para conscientizar as pessoas e até que ponto elas se tornaram quase um entretenimento?
As filmagens que Lou entrega ao jornal são amadoras e exploram o sofrimento das vítimas desumanizando-as, e isso ajuda a audiência do telejornal apresentado pela personagem de Russo a crescer cada vez mais. A mídia retratada no filme está sempre buscando sangue, o que não está tão distante assim da realidade. Aqui mesmo no Brasil, podemos nos lembrar de programas que exploram a violência e a morte, supostamente para informar e conscientizar o público desses horrores.
Cena do filme O Abutre (2014)
Descrição: em uma sala, um homem filma bem de perto uma mulher que parece estar sentada em um sofá, mas como tem sangue em sua blusa, podemos assumir que ela está morta.
Boa parte do sucesso de Lou é porque suas filmagens parecem muito realistas, embora ao longo do filme vejamos que isso não é bem a verdade. O público mostrado no filme quer que essas imagens de violência sejam reais, em uma relação quase voyeurística, de prazer e entretenimento diante da violência.
Mais um ponto interessante do filme são os momentos em que Lou interfere nas cenas de crime para obter filmagens mais cruas e chocantes, se assemelhando a um diretor que posiciona seus atores e objetos no cenário. Podemos ver ecos disso em alguns “telejornais” da atualidade. Programas como Cidade Alerta apresentam a violência como uma cena de filme de ação, banalizando a morte para transformá-la em entretenimento.
Cena do filme O Abutre (2014)
Descrição: um homem sobre uma escada enquanto filma algo no topo com o olhar vidrado. A escada está suja de sangue em alguns pontos.
Assistir ao filme praticamente logo após minha leitura de Sobre Fotografia intensificou minha reflexão sobre as imagens que consumimos no dia a dia. Em meio a milhares de fotos em redes sociais, propagandas nas ruas, as imagens violentas dos telejornais realmente nos impactam? Ou simplesmente passamos para o próximo tópico? As tão aclamadas imagens de guerra, que mostram corpos pelas ruas e escombros não se tornaram quase cotidianas? A violência mostrada nessas imagens se torna quase banal. Por quê nos esquecemos tão rápido dessas fotos, mas nos lembramos de fotos tão sutis como a do jovem com uma flor diante de um tanque de guerra? Mostrar a violência parece não ser mais o melhor jeito de conscientizar sobre ela, mas sim de saciar a curiosidade das pessoas. 
O Abutre é um filme excelente, que além de possuir todos os elementos que os cinéfilos amam, atuações, roteiro e direção incríveis, ainda proporciona um debate muito interessante sobre a nossa relação com imagens de violência e como ela está (ou não) relacionada a nossa empatia em relação ao outro.  
Assista ao filme e compartilhe suas reflexões com a gente nos comentários!

Links, Referências e Créditos
  • O próprio filme

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Bernd e Hilla Becher

Bernd e Hilla Becher ficaram conhecidos por suas fotografias de instalações industriais, minimalistas e documentais.

Bernd e Hilla Becher foram um casal de fotógrafos alemães, que se dedicaram a registrar instalações de indústrias que estavam sumindo da Europa.
Um homem e uma mulher idosos encaram a câmera um ao lado do outro.
Bernd e Hilla Becher, Autoria não identificada.
Descrição: foto em preto e branco de um casal de idosos encarando a câmera com uma expressão tranquila. Atrás deles há um muro de tijolos.
Bernd nasceu em Siegen, cidade da Alemanha Ocidental, onde a mineração de carvão era uma importante atividade econômica. Nesta cidade haviam diversas instalações industriais, pelas quais o jovem era fascinado. Na entrevista para a revista Zum, ele conta que conseguia fotos dos prédios com pessoas que trabalhavam nas indústrias. “Quando as instalações eram modificadas – modernizadas – ou fechadas, quando os escritórios eram desmanchados, ninguém mais queria as fotos. Queriam se livrar da imagem do século 19. Eu gostava daquelas fotos enormes, feitas por contato, que representavam as instalações com tanta precisão.”
Hilla nasceu em Potsdam, na Alemanha Oriental. Começou a experimentar a fotografia por volta dos doze, treze anos, utilizando materiais antigos e embolorados, às vezes comprados clandestinamente. Mais tarde se tornou aprendiz de Walter Eichgrun, antigo fotógrafo da corte prussiana em Potsdam, para se profissionalizar. Assim como Bernd, Hilla também se interessava por fotografias de estruturas. Ela conta que passeava pela região portuária de Hamburgo fotografando objetos como guindastes. Nos anos cinquenta, Hilla fugiu para a Alemanha Ocidental, onde conheceu Bernd na agência de publicidade Trost, enquanto ambos ainda estudavam fotografia/pintura. Eles acabaram se casando em 1961.
A parceria entre os dois veio do casamento aliado ao interesse em comum por fotografar indústrias. O projeto inicial era registrar instalações e depois juntar as fotos em montagens e colagens. Ao colocar as imagens lado a lado, as individualidades de cada objeto eram realçadas, mesmo que, à primeira vista, fossem muito parecidos.
série de fotos de prédios industriais em preto e branco
Bernd e Hilla Becher, Coal Bunkers (1966, 1999).
Descrição: série de fotografias em preto e branco de antigas instalações industriais.

Um fator que incentivou o projeto foi o fato de que muitas daquelas estruturas estavam desaparecendo com o progresso. Segundo Bernd eles sentiram o ímpeto de registrar essas instalações, não só na Alemanha, mas em outros países europeus, como França, Bélgica, entre outros.
No começo o trabalho de Bernd e Hilla foi mais associado às artes plásticas, já que as fotografias dos Becher, frias e documentais, não eram vistas como uma visão artística das indústrias, nem como uma visão de mundo. O ideal de fotografia da época, que era fotografar o “belo”, o idealizado, não combinava com o projeto dos Becher.
Série de fotos de prédios industriais em preto e branco.
Bernd e Hilla Becher, Coal Bunkers (1974).
Descrição: série de fotografias em preto e branco de antigas instalações industriais.

Boa parte das fotografias dos Becher foram publicadas em livros, já que este seria o meio ideal para apreciar tanto os detalhes de cada foto, mas também o efeito das montagens. O primeiro livro foi o “Esculturas Anônimas” publicado em 1970.

Na entrevista da Revista Zum, o casal comenta que buscaram fotografar de forma mais neutra possível, de forma a não glorificar ou depreciar, mas a documentar detalhes dessas instalações que foram aos poucos desaparecendo. Eles também comentam que sempre procuraram registrar estruturas que se encaixam no pensamento industrial, fugindo por exemplo dos castelos, dos prédios românticos e góticos, etc.
Série de fotos de prédios industriais em preto e branco
Bernd e Hilla Becher, Pitheads (1974).
Descrição: série de fotografias em preto e branco de antigas instalações industriais.

As fotografias de Bernd e Hilla Becher são um registro documental muito importante do que um mundo foi durante uma época.

Instalação industrial em preto e branco.
Bernd e Hilla Becher (1966).
Descrição: foto de uma antiga estrutura industrial que se assemelha a um guindaste.
Instalação industrial em preto e branco.
Bernd e Hilla Becher (1984).
Descrição: instalação industrial antiga formada de vários tubos.

Você já conhecia o trabalho dos Becher? Já experimentou fotografar as edificações da sua cidade como eles fizeram? Comente com a gente!
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