Surface | Unsplash |
Espelho: reflexivo e refletido
Espelha-se em imagens o que se pode ser. Sendo assim, a reflexão da imagem transforma o indivíduo?
A fotografia a seguir espelha um espelho. Duas pessoas se fitam e ao mesmo tempo se maquiam. Para mim, o ângulo do registro é a cereja do bolo para que esse jogo de reflexos aconteça. Por isso as experiências vivenciadas e compartilhadas pelas atrizes da fotografia, são refletidas e reflexivas acerca do processo de maquiagem.
Madalena Schwartz |
Estamos diante de duas personagens que estão se produzindo para um espetáculo. A maquiagem que elas usam é típica dos anos 80, percebemos isso pelo formato usado nas sobrancelhas, os cílios postiços e o contorno do rosto, por exemplo. Outra característica muito forte é a presença do preto na composição, que inclusive apareceu muito nas maquiagens de Ney Matogrosso.
Madalena Schwartz |
Diferente da primeira fotografia, nesta de fato, a personagem, está diante de um espelho. Esse espelho traz à tona a representação dramática de uma cena da qual a individualidade toma conta, ao mesmo tempo que abre um feixe de possibilidades interpretativas em relação à atuação e à cenografia. No mais a imagem também pode ser entendida como um espelho.
Andrade Liomar Quinto (2000, p. 53), ao descrever o trabalho de uma artista, conta que percebeu a importância das imagens, pois elas “viriam antes das palavras, por serem mais diretas e inteiras; completas,” e que seu conteúdo, por meio de uma intervenção expressiva, serviriam como um espelho no qual refletiram informações e poderia estabelecer-se um diálogo.
Algumas perspectivas para pensarmos o espelho foram apresentadas a partir da série “Metamorfose” de Mandela Schwartz. A cenografia e a maquiagem são pontos fundamentais para pensarmos acerca do olhar (reflexão) que lançamos ao que está refletido nas imagens.
Sendo assim, vimos que as imagens funcionam como um espelho. Na rede social Instagram, por exemplo, as imagens espelham nós mesmos, e também somos refletidos por imagens que se relacionam com determinadas categorias como moda, cultura, arte e tantas outras coisas. E aí, quais outras possibilidades para se pensarmos acerca dos espelhos?
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
Links, Referências e Créditos
- ANDRADE, Liomar Quinto. Terapias Expressivas. São Paulo: Vetor, 2000.
- Madalena Schwartz, as metamorfoses – IMS
- Coleção titular Madalena Schwartz – IMS
- Enciclopédia Madalena Schwartz – Itaú Cultural
Bruno Gomes
Fotógrafo negro que traz um novo olhar para a representação negra na moda
Fotógrafo negro que traz um novo olhar para a representação negra na moda
Bruno é um jovem de 23 anos que há sete anos pesquisa e atua na fotografia, tendo como principal foco levar visibilidade para pessoas pretas. Atualmente é um dos nomes mais recorrentes na fotografia de moda no Brasil.
Bruno Gomes |
Seu processo criativo se baseia na pesquisa focada em todas as múltiplas personalidades de pessoas pretas, o que resulta em fotos impactantes e de cores deslumbrantes. O fotógrafo já assinou projetos para marcas como Avon, Google, Samsung, Adidas, dentre outras, além de editoriais de moda para publicações como Vogue e Elle.
Bruno Gomes |
Bruno Gomes |
Bruno Gomes |
#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.
Como citar esta postagem
CALIXTO, Vitória. Bruno Gomes. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/bruno-gomes/>. Publicado em: 07/03/2022. Acessado em: [informar data].
Os oitenta tiros
Uma fotografia que representa a violência policial com pessoas pretas no Brasil.
Uma fotografia que representa a violência policial com pessoas pretas no Brasil.
Essa foto é uma das cenas do assassinato de Evaldo Rosa, um homem negro e músico de 51 anos que estava indo a um chá de bebê com sua família, quando policias fizeram diversos disparos em seu carro por confundirem com o automóvel de bandidos que estavam em fuga, versão essa que foi dada pelos policiais. Evaldo morreu na hora.
Fabio Teixeira |
Essa é uma fotografia forte e simbólica, ao olhar cada detalhe presente nela, é possível perceber como essa imagem diz tanto sem utilizar qualquer palavra. Aqui a imagem é uma forma de linguagem, em que grita para todos a brutalidade que acontece todos os dias com pessoas pretas e pobres no país.
A cena é muito cruel, a mulher que chora e está revoltada com o que vê é esposa de Evaldo, que também estava no carro com ele e seus filhos, mas nenhum deles foram atingidos. Ela presencia a cena do seu marido morto e por isso coloca em risco sua saúde mental, pois é um momento que pode gerar traumas em qualquer pessoa. Quando olho para a foto a sensação de tristeza e raiva é automática, porque não era para elas vivenciarem essa violência, mas é isso que o estado oferece para famílias como a do Evaldo.
As pessoas presentes na cena, todas negras, tanto os moradores quanto os policiais, reafirmam como o racismo torna sempre essa parcela da sociedade mais vulnerável. O carro alvejado de tiros evidencia os sinais de violência e o contraste da cor do carro, branco, com as pessoas negras ao redor me remete a desigualdade racial que existe no país entre os negros e os brancos. O estado é o maior culpado, já que utiliza da polícia como massa de manobra, que por sua vez também sofre com o racismo estrutural, fazendo com que os policiais no Brasil sejam os que mais matam, mas também os que mais morrem e as instituições de baixas patentes são compostas majoritariamente por negros e negras.
No país existe, mesmo não oficialmente, uma política de extermínio da população negra que é justificada pelo estado como uma falsa política de guerra às drogas, mas que no fim só significa o genocídio do povo preto. Não é sobre os indivíduos que deram os disparos, é sobre a estruturação da política de segurança no Brasil que precisa ser revista. Os policiais, desfocados no fundo da imagem, representam para mim um estado omisso e covarde, que não tenta encontrar possibilidades de resolver a situação do tráfico e do crime de forma honesta, sem que pessoas inocentes precisem perder suas vidas todos os dias. Evaldo estava somente indo a um chá de bebê e acabou perdendo sua vida pela falta de responsabilidade dos órgãos de segurança.
Essa foto representa para mim o Brasil que deu certo. Um país que funciona como os detentores do poder financeiro querem, mantendo as estruturas coloniais funcionando somente para garantir seus privilégios, sempre utilizando da mão de obra escrava de pessoas pretas e marginalizando essa população para terem a riqueza concentrada em suas mãos. O país ainda continua funcionando da forma como eles querem, com o povo pobre, preto e periférico na base da pirâmide, explorados de diversas formas possíveis. Então, o Brasil precisa urgentemente dar errado.
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Como citar este artigo
CALIXTO, Vitória. Os oitenta tiros. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/os-oitenta-tiros/>. Publicado em: 02/03/2022. Acessado em: [informar data].
Elliott Erwitt
Humor e ironia em fotos do cotidiano norte-americano.
O fotógrafo judeu Elliott Erwitt, filho de migrantes russos, nasceu em Paris no ano de 1928, mas passou a maior parte de sua infância em Milão. Mudou-se para os Estados Unidos, em 1940, com sua família para escapar das leis fascistas da época. Com isso, ele passou a juventude em Hollywood, lugar em que começou sua carreira na fotografia.
Elliott Erwitt |
Elliott também morou em Nova Iorque, onde conheceu o fotógrafo Robert Capa que o convidou para tornar-se membro da memorável agência fotográfica Magnum em 1953, da qual viria a ser presidente em 1966.
As fotografias de Erwitt são repletas de humor e de ironia, características que ele retrata nas ruas, nos cotidianos e nas vivências encontradas nos lugares em que fotografou. Em seu trabalho há a presença de muitos cachorros e suas relações com o mundo humano. Além disso, Erwitt tirou fotos figuras famosas como Che Guevara e Marylin Monroe, também fotografou retratos mais íntimos e pessoais.
Links, Referências e Créditos
- Elliott Erwitt
- Elliott Erwitt – Biografia
- ELLIOTT ERWITT: 5 CURIOSIDADES PARA SABER SOBRE ESTE INCRÍVEL FOTÓGRAFO
Como citar essa postagem
O império do olhar: o Brasil oitocentista visto pela fotografia colonial
A fotografia colonial e sua contribuição para a construção da imagem do império brasileiro.
Louis Compte |
A construção da imagem e da auto-imagem da nação brasileira
Marc Ferrez / IMS |
Referências bibliográficas
NARANJO, Juan. Fotografía, antropología y colonialismo (1845 – 2006). Barcelona (ES): Gustavo Gili, 2006.
Como citar este artigo
Mãe e filha
Retrato, tirado por Elliott Erwitt, que vai te fazer sentir aquele calorzinho no coração.
A fotografia intitulada “Mãe e filha” foi tirada por Elliott Erwitt em seu primeiro apartamento localizado em Manhattan no ano de 1953. Ele retratou sua filha recém nascida, Ellen, sua companheira Lucienne Matthews e um gato chamado Brutus, seu bichinho de estimação.
Links, Referências e Créditos
Como citar essa postagem
Alice Brill
Fotógrafa que retratou o cotidiano da capital paulista na década de 1950
A judia Alice Czapski Brill nasceu na Alemanha no dia treze de dezembro de 1920 e veio para o Brasil em 1934, com o intuito de fugir do governo nazista juntamente com sua família. A artista atuou como fotógrafa na cidade de São Paulo, principalmente na década de 1950.
Alice Brill |
Alice Brill, além de fotógrafa, também foi artista plástica, ensaísta e pintora. Em 1950, ela começou a trabalhar para a revista Habitat e para o Museu de Arte de São Paulo. No decorrer da sua carreira fotográfica, Brill realizou muitas exposições individuais e coletivas e teve uma grande participação na primeira Bienal da capital paulista.
Em paralelo ao seu trabalho na revista Habitat e no museu de arte de São Paulo, Alice retratou fortemente as ruas, as arquiteturas urbanas e os cotidianos paulistas. Assim, as fotografias da artista são muito importantes para mostrar as mudanças que estavam ocorrendo na cidade de São Paulo.
Alice Brill |
Alice Brill |
Alice Brill |
Alice Brill |
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III Ciclo de Estudos do Cultura Fotográfica
Marc Ferrez / Instituto Moreira Salles |
Data* |
Horário** |
Tema |
17/03/2022 |
17h – 19h |
A fotografia como documento |
14/04/2022 |
17h – 19h |
A coleção de fotografias do imperador |
19/05/2022 |
17h – 19h |
A imagem e a auto-imagem do Império do Brasil |
16/06/2022 |
17h – 19h |
Hierarquias coloniais |
* As datas e os horários poderão sofrer alterações. Caso isso ocorra, elas serão comunicadas com antecedência. |
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