Análise Bibliométrica da Produção Científica brasileira sobre Jornalismo Visual entre 2012 e 2018

Artigo em periódico de Renata Benia publicado em Revista Ícone.

O panorama atual do jornalismo visual aponta não somente para os variados recursos integrantes da composição informacional, mas para uma relação dos protocolos de produção e recepção; sobre como a interação e diálogo entre os elementos visuais podem privilegiar um novo espaço para o agenciamento de leitura e experiências estéticas com a informação. A preocupação deste estudo é compreender, a partir da pesquisa bibliométrica, qual é o estado da arte de tal temática nas publicações brasileiras de 2012 até 2018, e para isso, são abarcadas as produções inseridas em revistas científicas e anais de eventos que versam sobre infografia, jornalismo visual, jornalismo gráfico e multimídia. Com este estudo, espera-se corroborar com pesquisas futuras preocupadas com o jornalismo visual, alargando assim o estado da arte desta temática, a partir de um olhar mais profundo sobre as possíveis lacunas, fragilidades, potencialidades e perspectivas no terreno das produções científicas.

Autor(a/es/as)

Renata Benia (http://lattes.cnpq.br/5056647378183771 |)

Orientador(a)

Greice Schneider (https://tinyurl.com/fxwkfact | @greices)

Local de publicação

Revista Ícone 

Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/374hmdrj


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Entre o choque e a agonia: os últimos momentos de uma maternidade interrompida

Registro de Evgeny Maloletka sintetiza a autodestruição da raça humana através da guerra.

A fotografia tirada pelo jornalista e fotógrafo Evgeny Maloletka tornou-se um ícone da atual guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O registro é do bombardeio na maternidade e hospital infantil da cidade de Mariupol, Ucrânia, que aconteceu em 9 de março de 2022 — no começo da guerra que ainda não terminou. Entre os feridos estavam funcionários e mulheres em trabalho de parto, sendo uma delas a vítima na imagem. 
Uma gestante sendo socorrida em meio aos destroços da maternidade. Ela está sob uma maca e é carregada por quatro homens voluntários no resgate. É possível notar uma fumaça entre os destroços, pedaços da construção por todos os lados e galhos de árvores espalhados pelo chão.
Evgeny Maloletka

A foto de Maloletka é crua quanto à intensidade e seriedade do conflito.

Observamos na fotografia uma vítima que parece estar em transe. Seu olhar nos revela o choque diante do acontecido. Ao mesmo tempo que ele parece perdido, como se ela estivesse desorientada com tudo o que acabara de viver.

Parece que a vítima não é capaz de compreender o destino que a sua vida tomou. Por que isso acontecia justo com ela? Nada disso era sua culpa, ela não queria isso, ela não fez nada de errado para merecer essa tragédia.

Ainda com o instinto materno se manifestando, percebemos que — ainda que tudo ao seu redor esteja dando errado — ela aparenta demonstrar forças pela criança em seu ventre. Sua mão na barriga é o gesto disso. Aparentando querer se conectar com o filho de alguma forma. E constatar se ele estava seguro ou mesmo que para dizer simplesmente: “estou aqui, vai ficar tudo bem”.

A fotografia é a síntese do quão maldita é a guerra. Vemos aquilo que era um lugar cheio de vida, literalmente, se transformar em escombros que dividem espaço com árvores destruídas e fumaça. E notamos, ao redor da vítima, homens — que não imaginavam estar vivendo tudo isso — tentando acolhê-la; entre eles está um soldado.

A guerra mostra o lado mais podre do ser humano, capaz de atingir um lugar onde crianças estão nascendo em prol de um milhão de interesses que no fim não significam nada perante uma vida. As pessoas conseguem passar por cima de tudo para ter o que querem, até mesmo privar um inocente de ver a luz do dia. #leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.


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Maya Goded e o Sagrado Feminino

Maternidade, misticismo, violência de gênero, marginalidade, desigualdade e sexualidade feminina são alguns dos temas abordados pela fotógrafa Maya Goded. 
Maya Goded é uma fotógrafa e cineasta documental mexicana reconhecida mundialmente por seus trabalhos de cunho crítico, social e cultural. Além de retratar a violência de gênero na sociedade, a profissional também trata de mulheres curandeiras e defensoras de seu território.
A imagem apresenta uma vegetação seca com um céu em tons pastéis de azul e roxo, e no centro, entre a vegetação, existe um bezerro.
Maya Goded

Maya sempre manteve o foco no sagrado feminino. Tratar de temas relacionados a mulheres e considerados tabus pela sociedade é seu objetivo. Criou o projeto Land of Witches (Terra das Bruxas) que consiste em mostrar como a conquista espanhola e o catolicismo trouxeram e intensificaram a perseguição das mulheres – espanholas e indígenas – que, supostamente, estariam ligadas à feitiçaria e/ou bruxaria. Antes de realizar esse trabalho, Maya Goded se dedicou ao projeto Missing (Desaparecidas), que busca retratar as mulheres que foram sequestradas e assassinadas na fronteira do México com os Estados Unidos e a violência de gênero na sociedade local. 

A imagem apresenta um gramado verde e uma silhueta humana pegando fogo no centro da foto.
Maya Goded
A imagem mostra um garotinho deitado num chão de terra e pedras e uma senhora em pé, próxima à sua cabeça segurando um facão com a mão direita e um crucifixo com a mão esquerda.
Maya Goded

A imagem mostra uma garotinha em frente a um altar cristão enquanto segura algum objeto. Seu posicionamento mostra que ela está prestes a destruir as imagens cristãs.
Maya Goded
A imagem apresenta um cômodo com pouca iluminação, onde contém uma mesa e uma cadeira de plástico ao fundo. Em primeiro plano, existe uma pessoa coberta dos ombros para baixo com um lençol branco.
Maya Goded

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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Fotografia e Marketing: uma análise dos atrativos turísticos da cidade de João Pessoa-PB

Dissertação de Bruna Raquel Alves Maia Lobo publicado em Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Cácio Murilo

A fotografia é um dos recursos mais utilizados e eficientes do marketing, como também é uma arte polissêmica e inesgotável de sentido; por isso permite diferentes leituras. Mesmo assim, existem aqueles que, por meio do controle e enquadramento, tentam organizar o seu significado. Haja vista as empresas de marketing. Outros, como é o caso dos artistas, incumbem os observadores de suas obras de atribuir algum entendimento. Recorrendo a uma iconografia fotográfica dos atrativos turísticos da cidade de João Pessoa (PB), este trabalho elegeu imagens publicadas em catálogos apoiados pelo Fundo de Incentivo à Cultura (FIC) e pela Empresa Paraibana de Turismo (PBTUR) no período de 2005 a 2010. A ideia central desta pesquisa qualitativa é a premissa de que, em geral, o turista almeja, mesmo inconscientemente, uma realidade de um atrativo turístico motivada pela imagem fotográfica veiculada no mercado das viagens, neste ínterim, ressalta-se que no mercado da arte, este mesmo atrativo é exposto e divulgado. Discute-se, por meio das fotos, como as características ambientais e socioculturais são mercantilizadas pelos órgãos que possuem finalidades diferentes não excludentes, haja vista que o FIC apoia a arte e a PBTUR patrocina o Turismo. Além da iconografia utilizada para a catalogação e análise fotográfica, foram realizadas entrevistas por meio do método de narrativas visuais, no intuito de aproximar os dados com a opinião dos turistas e dos fotógrafos. Em que resultou em uma reflexão acerca dos atuais processos imagéticos que envolvem a divulgação dos destinos turísticos de forma que se permitisse uma leitura crítica acerca da produção fotográfica como recurso mercadológico para se fomentar o marketing e a arte na cidade. Observou-se que tanto a fotografia de arte quanto a de marketing adquirem valores diferenciados no que diz respeito aos seus mercados promovidos pelos catálogos analisados.

Autor(a/es/as)

Bruna Raquel Alves Maia Lobo ( http://lattes.cnpq.br/8775029359416792)

Orientador(a)

Maria Lúcia Bastos Alves (http://lattes.cnpq.br/1719643619018288)

Local de publicação

Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/4hbp2cx7 


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Entre véus brancos e indecisão

Seria o sonho de muitos achar a sua alma gêmea e viver junto dela, mas às vezes pode existir a indecisão se essa é a escolha certa.

Seria o sonho de muitos achar a sua alma gêmea e viver junto dela, mas às vezes pode existir a indecisão se essa é a escolha certa.

Na imagem abaixo, fotografada por Dulce Soares, podemos ver uma moça com uma grinalda branca, ela não parece feliz, mas preocupada com algo. Não é possível saber as circunstâncias na qual a fotografia foi tirada, mas essa não é uma expressão muito comum de se ver no rosto de uma noiva, pelo menos não é uma imagem que é comumente associada ao casamento.

Fotografia, em preto e branco, contendo uma mulher negra, de costas, com cabelos curtos e usando uma grinalda de flores brancas.
Dulce Soares

Véus brancos remetem ao mundo dos sonhos, um sonho doce e tranquilo que faria qualquer um se sentir bem. É assim que a fantasia do casamento também nos é passada, desde os contos de fadas até os filmes de romance, crescemos com a ideia de que o casamento é o mesmo que achar sua alma gêmea e passar o resto da sua vida com essa pessoa. Mas a realidade pode ser muito diferente da ficção.
Na realidade, o casamento traz grandes responsabilidades, nem tudo é alegria e sonhos que sempre são associados a essa relação. Dividir sua vida com uma pessoa criada em costumes diferentes e com seus próprios medos pode ser algo extremamente difícil, pode gerar conflitos que nem mesmo poderiam ser imaginados antes de chegar a tal situação.

Os filmes nos ensinam que o amor sempre vence tudo, que mesmo com diversos problemas que assombram a relação, no final haverá um “felizes para sempre”. Essa ideia de que tudo é possível com o amor, pode prolongar relações desagradáveis que não fazem bem para nenhuma das partes.

Desde pequena eu tenho medo da  ideia do casamento, mas é no rosto dessa moça que eu me identifico, eu consigo me ver facilmente no lugar dela, com a mesma expressão. Embora eu não me deixaria chegar tão facilmente na posição dela, a ponto de estar vestida para a cerimônia. Para mim a ideia de viver uma vida solitária é bem mais doce e suave do que ter que dividir uma vida com alguém. A princípio, pode parecer um pensamento muito melancólico, mas eu já tenho medos demais para carregar comigo e lutar contra.

Pode ser que, em algum momento da minha vida, eu mude de ideia, as coisas são passageiras demais para sempre se manterem como são, principalmente pensamentos que são tão efêmeros.

Mesmo assim, eu vejo a beleza de uma união assim e, no fundo, invejo quem consegue se entregar tanto para outra pessoa, a ponto de compartilhar cada um de seus pensamentos e indecisões. Estas são pessoas que me parecem muito fortes e prontas a encarar tudo o que as espera, pois atingir tal nível de confiança não é algo fácil.

Talvez, seja sobre essas incertezas que a mulher retratada na fotografia estivesse pensando, em tudo o que está por vir. Ou, talvez, ela só estivesse se sentindo desconfortável por ser fotografada. Isto é algo que nunca dará para descobrir, mas é também esse mistério por trás de sua expressão que torna a fotografia ainda mais curiosa.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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PAES, Nathália. Entre véus brancos e indecisão. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/07/entre-veus-brancos-e-indecisao.html>. Publicado em: 08 de jun. de 2022. Acessado em: [informar data].

Dulce Soares

Fotografias que através da repetição das imagens mostram um contexto que não seria visto de outra forma

Fotografias que através da repetição das imagens mostram um contexto que não seria visto de outra forma.
Dulce Soares é uma fotógrafa brasileira nascida no Rio de Janeiro. Ela começou a atuar na fotografia em 1970 fazendo ensaios paisagísticos, sendo a maioria deles urbanos. Seu trabalho se caracteriza pela crônica visual e pelas sequências e séries de imagens que ampliam o contexto sobre o local que fotografa, através também da alternância de planos e detalhes capturados.

Fotografia de uma casa no estilo colonial com duas meninas de mãos dadas brincando no pátio. No pátio, há um jardim com árvores ao redor.
Dulce Soares

A autora cria narrativas visuais dos lugares que fotografa, mostrando a alma dos locais por meio de séries de fotografias. Com esses retratos, Dulce examina aspectos da vida cotidiana das paisagens que captura.
As duas principais exposições da fotógrafa foram: “Esquinas, fachadas e interiores” e “Vestidos de noiva”. No primeiro ensaio, ela realizou uma documentação da arquitetura do antigo bairro da Barra Funda, mostrando a importância arquitetônica da região. No segundo, foi feito um ensaio mostrando as lojas e ateliês de vestidos de noivas na rua São Caetano, onde através da repetição das imagens ela expunha a relação da mulher com o sonho do casamento.

Mulheres em uma fábrica, aparentemente, costurando vestidos de noiva. No ambiente há várias mesas onde estas mulheres trabalham, há também caixas empilhadas
Dulce Soares

Uma noiva sorridente em seu vestido posando em frente a um espelho e com vários vestidos ao seu redor pendurados em araras de roupas.
Dulce Soares

Fachada de uma casa antiga, dividida ao meio, cada metade da fotografia mostra diferentes épocas. Do lado esquerdo, a casa está mais conservada do que a do lado direito.
Dulce Soares

Quatro pessoas reunidas conversando, em frente a uma porta, há o anúncio de aluga-se.
Dulce Soares

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PAES, Nathália. Dulce Soares. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/07/dulce-soares.html>. Publicado em: 06 de jun. de 2022. Acessado em: [informar data].

Monóculo só se for aqui! Na minha terra é binóculo

Livro de Elinaldo da Silva Meira publicado em Edição de Autor/Perse.

Livro de Elinaldo da Silva Meira publicado em Edição de Autor/Perse.

Elinaldo Meira

BINOCLINHO, MONOCLINHO… O visor monocular para imagens de meio quadro fotográfico, ou simplesmente, o “binoclinho”, como carinhosamente ficou conhecido, foi um procedimento que por cerca de 40 anos esteve presente nas famílias brasileiras. Eles registraram cenas familiares, momentos de lazer, e estiveram presentes em todo o Brasil. Melhor, estiveram presentes além do Brasil, na Argentina, Uruguai, Colombia… O livro, em forma de ensaio, busca fazer um pequeno registro histórico do procedimento. Não traz respostas definitivas quanto à questão, e se consolida enquanto uma pesquisa em andamento, aberta a colaborações. O trabalho contou com atualizações em artigos publicados posteriormente.

Autor(a/es/as)

Elinaldo da Silva Meira (http://lattes.cnpq.br/0816849762400016@cangucu.de.fuzue)

Local de publicação

Edição de Autor/Perse.

Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/85zxpr5w

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Resgate da ancestralidade negra

A ancestralidade resgatada em meio às águas flui se mantendo cada vez mais viva.

A ancestralidade resgatada em meio às águas flui se mantendo cada vez mais viva.
A fotografia abaixo foi retratada pela artista visual Aline Motta, durante uma residência artística na Nigéria. Lá, desenvolveu o trabalho audiovisual chamado de “(Outros) Fundamentos”. Este projeto teve como objetivo desenvolver conexões entre o país africano e o Brasil, utilizando da água para realizar esta união.

Mulher negra com trajes coloridos remando numa canoa. Ao fundo há casas de palafitas, pessoas reunidas ao redor delas e mais canoas ancoradas.
Aline Motta

A imagem mostra uma mulher feliz remando numa canoa. Ela não parece fazer o mínimo esforço ao remar, está tranquila e mantém seu olhar no horizonte. Suas roupas coloridas contrastam com o cinza das águas, trazendo mais vida à si e aumentando o foco sobre sua figura. No fundo da fotografia encontra-se uma vila com casas de palafitas que se ligam por pontes. A vila parece ser bem simples, aparentando pertencer a uma sociedade que se mantém através da atividade pesqueira.

A água aparenta ser um importante fator na vivência dessa comunidade. Eles demonstram terem se adaptado a ela e aproveitado de seus benefícios para obter prosperidade. O oceano que permeia a vila sempre esteve ali, fornecendo alimentos para sua sobrevivência. Essas águas que ali se encontram rumam em outras direções levando as histórias daquele povo consigo, mantendo viva a cultura.

Por meio das águas, povos foram retirados de seus países de origem e trazidos à força para serem escravizados no Brasil. Apesar de toda a violência cometida contra eles, as suas culturas persistiram. Mesmo que muitas vezes apagadas, elas se mantiveram resistentes como a água.

Por meio dos trajes da mulher, é possível ver elementos da cultura africana que chegaram até o Brasil e que permanecem como símbolos de resistência ao longo da história. Esses elementos ainda necessitam ser resgatados para que não se perca as origens desses povos, bem como toda a história de luta que se encontra por trás desses símbolos.

O fluxo da água move os olhos para as casas, para o que está ficando para trás, as memórias, as lembranças de um povo vão se revolvendo com as marés. A água em seu ciclo infinito leva as tradições para todos os cantos e retorna ao seu local de origem. Para mim, a água sempre esteve presente, a cada copo d’água tomado, a cada mergulho, a cada banho quente, sempre renovando a vida, fui crescendo com sua força transmitida a mim, enquanto ela observava tudo fazendo parte quase inteiramente do meu corpo. Minha história está nela e sua história está em mim.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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PAES, Nathalia. Resgate da ancestralidade negra. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/04/resgate-da-ancestralidade-negra.html>. Publicado em: 1 de jun. de 2022 Acessado em: [informar data].

Joan E. Biren

Fotógrafa e cineasta homossexual que lutou pelos direitos e pela visibilidade de mulheres lésbicas.

Nascida no ano de 1944, em Washington, Joan – também conhecida como JEB –  é uma profissional com uma vasta carreira acadêmica. Estudou ciência política em Massachusetts, onde realizou seu bacharelado em 1966. Anos mais tarde fez mestrado em comunicação em sua cidade natal e, após finalizar 0 doutorado em Oxford, Biren fez um curso de fotografia por correspondência e começou a trabalhar em uma loja de câmeras. Com este emprego, JEB tinha o objetivo de aprender a fotografar e retratar, com veracidade, o cotidiano de casais lésbicos.

Joan E. Biren, já com idade mais avançada e cabelos grisalhos, sentada em um ambiente que parece ser uma biblioteca e olhando um livro de fotografias. Ela está com o semblante sério e atento, o que passa a impressão de que procura alguma imagem específica.
Joan E. Biren

O interesse pela temática surgiu pela falta de representatividade de mulheres lésbicas reais nas fotografias, nos livros e filmes. Joan, como integrante da comunidade LGBTQIA+, sentia-se incomodada por não se enxergar propriamente em nenhum espaço. Com isso, começou um trabalho revolucionário: mudar o olhar da sociedade em relação às mulheres homossexuais.

A fim de atingir sua meta com êxito, Biren lançou seu primeiro livro, em 1979, nomeado: Eye to Eye: Portraits of Lesbians. Nele, foram retratadas  famílias lésbicas em sua rotina diária: os olhares apaixonados, o carinho com os filhos e os afazeres domésticos. Segundo as palavras da própria JEB, ela “tornou visível o que era invisível”. Ou seja, trouxe representatividade e acolhimento para pessoas que são colocadas à margem da sociedade.

Duas mulheres, brancas e idosas, trocando carinho. Ambas vestem roupas de frio, o que remete a ideia de viverem num lugar que tenha temperatura amena.  A mulher da direita segura o cabelo de sua parceira e tem uma expressão facial que passa a impressão de estar sentindo um cheiro doce e agradável: o de sua amada. A mulher da esquerda, já grisalha, usa uma trança e olha para sua companheira com um semblante carismático: olhar fixo e sorriso entre os dentes.
Joan E. Biren
Duas mulheres pretas deitadas e abraçadas, em um lugar que parece ser um campo. A imagem transmite a sensação de aconchego, carinho e amor, pois aparentemente este abraço é um lugar de apoio e segurança para ambas.
Joan E. Biren
Mulher parcialmente nua, com os seios amostra, cortando um pedaço de madeira com um serrote. A modelo tem o cabelo curto e encaracolado, e utiliza luvas para o trabalho braçal. A imagem transmite um sentido de revolução e empoderamento, uma vez que, embora fosse julgada negativamente, a pessoa retratada aparenta estar confortável em estar sem blusa publicamente e em realizar uma tarefa considerada “masculina”.
Joan E. Biren

JEB nunca teve apoio institucional. Em razão de sua orientação sexual, sofreu homofobia na pele: não era devidamente valorizada como pessoa e profissional, nem recebia bolsas ou prêmios. Seu trabalho era todo auto-atribuído e auto-financiado. Por isso, Joan realizava apresentações pelos Estados Unidos, nas quais mostrava suas fotos, livros e filmes. Não recebia patrocínio, mas teve o apoio financeiro da comunidade lésbica com a compra de suas obras, o que a ajudou a sobreviver.

Joan e as mulheres fotografadas se mostraram muito corajosas, pois aceitaram o risco de se expor publicamente diante de uma sociedade que era ainda mais machista e homofóbica que nos dias atuais. Afinal, na década de 70, ser identificada como lésbica poderia colocá-las em diversos riscos: perder o emprego, os filhos, ser deserdada e até deportada. Ativistas na causa como Joan trazem esperança de que, em um futuro, todas possamos ser livres e respeitadas.

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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SOARES, Maria Clara. Joan E. Biren. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/joan-e-biren/>. Publicado em: 30 de mai. de 2022. Acessado em: [informar data].

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