Preto e Branco: para além da fotografia, um reflexo social

A presença de uma criança invisível brilha mais que os fogos de artifício na fotografia de Lucas Landau.


A presença de uma criança invisível brilha mais que os fogos de artifício na fotografia de Lucas Landau.

A fotografia a ser analisada é de Lucas Landau, fotógrafo brasileiro internacionalmente reconhecido por seu trabalho que retrata as nuances sociais e culturais do Brasil. Publicada no ano de 2018, essa imagem circulou por várias mídias, ascendendo debates em várias esferas da sociedade, a singularidade do retrato e do momento fotografado trouxeram destaque ao trabalho de Lucas.

A imagem mostra uma praia á noite, com prédios ao fundo, várias pessoas: adultos e crianças vestidos de branco, á frente em destaque um menino negro de bermuda, se banhando no mar, ele olha para o céu.
Lucas Landau    

O nome da fotografia é “Hell de Janeiro”, o subtítulo: “a ambiguidade da cidade que consegue ser ao mesmo tempo maravilhosa e infernal”, é uma das imagens contidas na coleção “Rio” de autoria de Lucas Landau. A série retrata e denuncia diversos problemas sociais da cidade do Rio de Janeiro.

A ambiguidade, como dito por Lucas em seu subtítulo, está presente nas fotografias da coleção Rio, e na foto “Hell de Janeiro” ela se dá pela diferença entre o menino em suas vestes de banho e as pessoas vestidas de branco ao fundo. 

Quando analisamos os aspectos profissionais e técnicos da foto, vemos nitidamente o enfoque dado ao menino, o uso de um plano aberto possibilita a compreensão do cenário e dos personagens envolvidos na cena, enquanto, o alto contraste torna visível a diferenciação do preto e do branco, aspecto fundamental para que possamos entender que é uma noite de Reveillon em Copacabana, área nobre do Rio de Janeiro, devido ao uso das tradicionais vestes claras.

Além da compreensão do momento em que a foto foi tirada, o ponto mais interessante do uso desse tipo de contraste  é a evidenciação do que há de crucial na fotografia: a racialidade do menino em destaque.

Quando associamos esse trabalho aos demais de Lucas Landau como o exemplificado abaixo, e os aspectos sociais já conhecidos do Rio de Janeiro, cidade com extrema desigualdade social, podemos interpretar essa fotografia como uma denúncia de como a sociedade invisibiliza as crianças negras. O menino está sozinho no mar, olhando os fogos de artifício com semblante curioso, enquanto as demais pessoas parecem nem notá-lo.

A fotografia retrata uma menina negra vestindo shorts rosa e regata roxa, sentada em uma cadeira branca de plástico, cobrindo seu rosto com as duas mãos. No plano de fundo há um muro, com uma pixação escrita “resistir é preciso”.
Lucas Landau

No entanto, se deixarmos de lado os demais trabalhos do autor por um momento, enxargaremos apenas um menino admirando as luzes coloridas que surgem no céu, o fato de ser uma criança negra nos leva a criar narrativas de pesar, o que é coerente, visto os dados que conhecemos da desigualdade étnico racial no Brasil.

Uma fotografia é constituída de muitos fatores, sejam eles técnicos e profissionais, mas também passa pela subjetividade do autor e de quem verá sua obra depois, somos todos constituídos por uma matriz ideológica, que nos permite analisar fotografias cada um à sua maneira.

Podemos enxergar na fotografia analisada, duas diferentes nuances, como exposto, mas no fim, a reflexão é uma só: assim como uma fotografia é dotada de um contraste, a sociedade segue a mesma lógica, não conseguimos olhar para uma criança negra sem notar que ela é negra, a diferenciação do preto e do branco, não é só um aspecto técnico, mas sim, um estigma social que influi diretamente no racismo estrutural do Brasil.

Links e referências

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Sobre a autora

Lívia Salles é bacharelanda em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Uma observação do ‘menino do mar de Copacabana’

O contraste entre o preto e branco e o colorido na interpretação da fotografia de Lucas Landau.

Tirada durante o Réveillon de 2018 pelo fotógrafo Lucas Landau, a imagem que ficou conhecida como ‘o menino negro do mar de Copacabana’ viralizou e trouxe à tona inúmeras interpretações. Diante disso, o objetivo desta crítica é apresentar a descrição objetiva da imagem, as interpretações advindas de processos comparativos e sua contextualização social e histórica.

Ao centro da imagem, um menino negro sem camisa e vestindo uma bermuda. Ele está molhado e se encontra olhando para cima com a boca entreaberta e com as mãos cruzadas à frente de seu corpo. O menino está localizado à beira mar com água até os joelhos. Um pouco mais atrás, na areia da praia, está uma multidão de pessoas vestidas de branco. Alguns dão as costas ao menino para registrarem o momento em fotografias e outros olham para cima observando o céu. Ao fundo da imagem observam-se prédios bem iluminados, postes de luzes e algumas árvores. A fotografia está em preto e branco. Tirada por Lucas Landau. Propriedade da Reuters.
Lucas Landau / Reuters

De maneira objetiva, a fotografia mostra um menino que de dentro do mar assiste boquiaberto os fogos de Copacabana. Atrás dele é possível ver uma enorme quantidade de pessoas vestidas de branco que também assistem o espetáculo. A partir disso, podemos inferir alguns pontos relevantes sobre a representação.

A escolha de planos da foto, as cores e as iluminações utilizadas condicionam nosso olhar para o personagem principal e, posteriormente, para a massa atrás dele. Além disso, fazem com que nossa interpretação seja guiada através das construções feitas, como se estivesse sendo contada uma história.

Por um lado, vemos um menino negro e pobre à beira do mar que está sozinho, assustado, com frio e é ignorado pela multidão branca que aproveita a festa. Essa visão se associa à imagem da exclusão social vivida por esta parcela mais pobre da sociedade e a foto pode se tratar das desigualdades sociais que são tão recorrentes no Brasil. O que traz essa sensação de isolamento é justamente o foco no personagem e o desfoque na multidão, como se os dois estivessem separados.

Por outro lado, com o destaque do personagem em primeiro plano é possível ver uma criança se divertindo no mar e assistindo encantada o espetáculo de fogos do ano novo. Não se sabe a origem dela e nem de onde ela vem. Assim, a associação imediata de pobreza e abandono do garoto negro pode significar, na verdade, um preconceito do observador. É possível ressaltar essas diferentes interpretações quando comparamos a primeira foto com a segunda.


Ao centro da imagem, um menino negro sem camisa e vestindo uma bermuda. Ele está molhado e se encontra olhando para cima com a boca entreaberta e com as mãos cruzadas à frente de seu corpo. O menino está localizado à beira mar com água até os joelhos. Um pouco mais atrás, na areia da praia, está uma multidão de pessoas vestidas de branco. Alguns dão as costas ao menino para registrarem o momento em fotografias e outros olham para cima observando o céu. Ao fundo da imagem observam-se prédios bem iluminados, postes de luzes e algumas árvores. A fotografia está em cores. Tirada por Lucas Landau. Propriedade da Reuters.
Lucas Landau / Reuters

 Ao contrário da primeira fotografia, há nesta um sombreado maior no menino e uma iluminação maior na multidão, trazendo um realce maior para o fundo da imagem. Por ela estar em cores, a sensação que me causa é de que estou observando a foto sem nenhum condicionamento exterior para minha interpretação. Em preto e branco, a sensação que a foto me traz é de algo “fúnebre”, “triste” e de que o autor quer que tenhamos uma visão específica sobre a imagem. 

Ao procurar saber sobre a verdadeira história do ‘menino negro do mar de Copacabana’ encontrei que no momento em que o fotógrafo Lucas Landau tirou a fotografia, o menino havia afastado de sua mãe (que trabalhava como ambulante na praia) para dar um mergulho no mar. Ele não estava sozinho e nem assustado. Mas, ainda sim, ele vem de uma situação de vida humilde e vive em meio a uma parcela da sociedade que não estava ali para aproveitar a festa, e sim para trabalhar. 

Portanto, o que posso tirar da história dessa magnífica fotografia é que diversas interpretações puderam ser feitas e compartilhadas através dela. Pelos detalhes pode-se criar inúmeras associações ao que está sendo representado. Para mais, se o autor teve ou não a intenção de influenciar essas interpretações, não podemos saber. O que podemos afirmar é que a fotografia fala por si só e, dessa forma, vemos o poder da imagem como agente de discussões sociais importantes. Assim, ela cumpre seu papel de representar a realidade.

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“Junto dos seus”, os ricos vão à praia

Tão perto e tão afastado de uma multidão elitista.

Tão perto e tão afastado de uma multidão elitista.

Quando uma criança se afastou da multidão para ver os fogos de artifício no réveillon de Copacabana, no Rio de Janeiro, ela não poderia imaginar que iria virar tema nos principais jornais do mundo. O garoto de oito anos capturado pela câmera de Lucas Landau, da agência Reuters, era morador de uma ocupação irregular a 17 km dali e estava acompanhado de sua mãe, uma ambulante que vendia chaveiro para os turistas da praia carioca. 

Garoto negro, sem camisa e com os braços cruzados, observa algo no céu. Ele está no mar, com as águas batendo no joelho e ao fundo da imagem, distante do garoto e na areia da praia, pessoas vestidas de branco se abraçam e tiram fotos.
Lucas Landau

Na imagem uma criança negra se banha no mar enquanto olha fixamente para algo no céu. A fotografia foi tirada numa noite de réveillon na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro. O que o menino observa é a queima de fogos em comemoração ao novo ano. O garoto se encontra isolado do resto da multidão, concentrada ao fundo da imagem, e que, ao contrário dele, está bem vestida e se limita a molhar os pés; enquanto ele parece ter se molhado por inteiro.

O isolamento do garoto não se dá apenas no plano espacial. Ele aparece sozinho e desamparado, com o olhar de deslumbramento que parece ser o de quem não está habituado com a cena que vê e do não pertencimento ao espaço que ocupa.  Ao fundo, vemos o completo oposto: as pessoas representam todo o ideal de união que as tradições atribuem às festividades de ano novo. Elas se abraçam como velhas conhecidas e estão à vontade, em um  espaço que lhes parece pertencer. Em segundo plano eles estão juntos dos seus, enquanto a criança parece estar deslocada.

Em uma edição do programa Documento Especial da TV Manchete, exibido em 1989, a presença de moradores da periferia carioca nas praias da cidade é mostrada como anormal. Eram “invasores” de um espaço que não os pertencem. O comportamento dessa população, formada majoritariamente por negros e pobres, entra em choque com os da população de classe média e rica, que se consideram frequentadoras legitimas do lugar e classifica como sujeira a junção de classes sociais distintas e afirmam estar “juntos dos seus” quando frequentam esses locais.

O preconceito e a xenofobia exibidos na tela da Manchete no final da década de 1980 encontram ecos na música As Caravanas, do álbum homônimo de Chico Buarque lançado em 2017. Como na reportagem, os negros invadem um espaço alheio, sem barreiras capazes de os deter, e esbarram nos hábitos da “gente ordeira e virtuosa” , donas por direito daquele espaço.  Aos negros e pardos, 56% da população brasileira, são reservados os subúrbios e a periferia, de onde não deveriam sair.

Se em outras circunstâncias a mistura de classes nesse ambiente causaria choques, nesta, a presença da criança é ignorada pelo restante das pessoas da fotografia. A mistura sequer acontece porque enquanto eles comemoram o réveillon entre os seus, o garoto está afastado e sem querer fazer parte daquilo que está às suas costas. Ele não faz parte daquilo porque estava acompanhado da mãe, ambos negros, não como quem pertence àquele local, mas em posição de trabalho, onde negros estão habituados a se relacionar com os brancos sem causar incômodo.

 

Links e referências

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Sobre o autor

Pedro Henrique de Oliveira Hudson é bacharelando em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Regime absortivo no World Press Photo: o testemunho fotográfico para além do instante decisivo

Dissertação de Renata Benia publicado em Universidade Federal de Sergipe – UFS.

John Everett Millais

Esta dissertação reflete sobre as imagens absortivas premiadas na categoria long-form projects do World Press Photo. A absorção é o estado de espírito absorto em si mesmo ou execução de alguma atividade de maneira absorvida, abstraída, concentrada ou pensativa, segundo Michael Fried (1980). Portanto, o corpus deste estudo é composto por imagens de personagens absortos localizadas na categoria long-form projects nos últimos 5 anos. O nosso objetivo é verificar como esses temas absortivos são explorados na relação com os aspectos eloquentes da construção do acontecimento; na relação temporal e referencial (que tendem a celebrar o presente e imediatismo do acontecimento, e altos níveis de dramaticidade do pathos humano). Tais fotografias emergem de um cenário cercado pelo desgaste perceptivo visual, a partir das imagens-choque, saturação dos clichês de imprensa e tensões nos modelos de produção (POIVERT, 2015). Na contracorrente deste cenário, surgem estratégias para reconfiguração temporal e referencial do acontecimento. Para além do instante decisivo bressoniano e da dramatização, se desperta um afastamento da objetividade e dramatização, manifestando certas lacunas que sugerem uma possível irrepresentabilidade do acontecimento e ficcionalidade. Partindo desse contexto, o nosso argumento habita na ideia de que estas construções possuem a função de atrair os espectadores a partir do viés da inquietação e, por conseguinte, mobilizam a imaginação do leitor (em uma leitura mais atenta e lenta). A nossa abordagem se inscreve nas correntes teóricas da estética e história da arte para investigar as consequências de percepção das imagens do jornalismo. Tais dimensões estão em congruência com uma perspectiva histórica e psicológica (CRARY, 2012, 2013), e partem de esquemas mentais através de convenções e estereótipos (GOMBRICH, 1950, 1977). A escolha das propriedades analíticas deste regime absortivo pretende apontar a instância temporal, dramática (ação e fisionomia humana) e estética entrelaçadas, a fim de entendermos como a absorção é manifestada em diferentes ensaios, e quais são as repercussões. Logo, analisaremos essas imagens à luz do conceito de absorção formulado pelo historiador da arte Michael Fried (1980). Diante desse contexto, é essencial voltar o olhar para um exercício que vem sendo notado no espaço do fotojornalismo institucional, a partir de tentativas que rompem com os tropos visuais reconhecíveis (drama e ação), e que buscam um teor mais contemplativo e atento (ao mesmo tempo em que revivem certas correntes da história da arte). Ao transcenderem o instante decisivo, essas imagens reverberam consequências não somente na leitura referencial e temporal do fotojornalismo, mas nos hábitos perceptivos da cultura visual (a partir da experimentação estética, imaginativa e desacelerada do olhar).

Autor(a/es/as)

Renata Benia ( http://lattes.cnpq.br/5056647378183771 | )

Orientador(a)

Greice Schneider ( http://lattes.cnpq.br/2440643360598169 |@greices)

Local de publicação

Universidade Federal de Sergipe – UFS

Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/sm546j8y 


Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Renata Benia, através do formulário Divulgue suas publicações!.

Negritude: poder, beleza e ancestralidade

Oxum resiste com classe à intolerância religiosa no Brasil.


Oxum é uma orixá do panteão africano, cultuada pelas religiões de matriz africana no Brasil, como o Candomblé e a Umbanda. Ela é considerada  a rainha das águas doces e seu culto se dá principalmente nas cachoeiras. Oxum é representada como uma mulher que utiliza muitos adornos e o amarelo é a cor predominante em suas vestes, simbolizando a riqueza. Ela tem por características a sensualidade e a vaidade, e representa a feminilidade, a maternidade e o amor.


Em primeiro plano, há uma mulher negra, usando turbante e adornos coloridos e brilhantes na cabeça. Ela olha para a esquerda, onde segura um espelho na mão, e sua mão direita está despendida sob sua cabeça. Ela usa um bustiê branco e uma saia branca com uma camada dourada externa. Ao seu redor, é possível visualizar uma mata.
Cristian Maciel

A modelo que posa para essa foto é uma mulher negra do Rio de Janeiro, estado que, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2019, possuía 9,3 milhões de negros, o que representa cerca de 54% da população estimada. Em 2021, um relatório da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa revelou que, dentre 47 denúncias de intolerância religiosa no estado, 43 eram referentes a ataques sofridos por religiões de matriz africana. 

Essa violência escancara o racismo incutido na sociedade brasileira que, apesar de possuir  uma expressiva população negra, não valoriza sua cultura. Mesmo havendo aparato jurídico para punir a intolerância religiosa, como a Lei 7.716/89, que prevê os crimes de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, as religiões com raízes africanas ainda sofrem com o preconceito. 

Por isso, penso que é importante a colaboração da fotografia para a transmissão dessa cultura relegada à marginalidade e à ruptura com as narrativas hegemônicas. Essas que durante muito tempo reforçam as estruturas racistas em nossa organização social. A fotografia também constrói narrativas e discursos e instrui novas maneiras de pensar e de ser. É preciso mostrar o que há de melhor e mais belo na cultura negra: toda sua potencialidade, força, virtudes, sua ancestralidade e grandeza. 

Ao ver uma fotografia tão linda como esta sinto-me inspirada, curiosa, com vontade de entrar na cena. Oxum me hipnotiza. Mas, diante de dados tão alarmantes, me sinto indignada. Sendo boa parte da população negra, as religiões afro-brasileiras deveriam ser mais respeitadas, mas o que se vê, na prática, é a valorização de uma cultura majoritariamente branca, ainda com orientação colonizadora. Reflexo do racismo estrutural, os ataques contra as religiões trazidas pelos negros demonstram o quão longe estamos da democracia racial. No entanto, apesar dos pesares, Oxum e outros orixás resistem bravamente à intolerância religiosa no país.


#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.


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Johnny Duarte

Para fotógrafo de animais o processo criativo da fotografia é como caçar

Para fotógrafo de animais o processo criativo da fotografia é como caçar

Brasileiro, fotografa profissionalmente desde muito novo. Ainda em 1996, iniciou sua carreira como fotógrafo profissional tendo se dedicado exclusivamente à fotografia de animais em 2001. Hoje – Abril de 2022 -, ele é referência em seu  trabalho, tendo prestado serviço para diversas marcas importantes. Tais como: Pedigree, Bayer, Total Alimentos, Merial, Sanol, entre outras… Seu trabalho tem crescido nos últimos anos e atualmente possui cerca de 10.000 seguidores no Instagram.

 

Retrato de Johnny Duarte. Ele  olha para frente, munido de sua câmera Canon e carrega duas aves nos ombros. Da esquerda para a direita, um falcão-de-coleira e uma coruja-das-torres.
Johnny Duarte
 
Em entrevista para o site brunosantana.com, Duarte afirmou que entende “…a fotografia como uma caça”, o que ajuda a ilustrar a ideia de sua concepção e criação artística. As fotografias de Duarte aliam o enquadramento com as noções de proporção dos animais, de modo a não deixá-los se tornarem meros detalhes nas imagens, mas seu principal elemento. 
Golden Retriever em cima de tronco de árvore repleto de musgo. Fundo da foto com queda d’água numa cachoeira.
Johnny Duarte
 
Cavalo branco de crina acastanhada visto de sua posição caudal numa floresta.
Johnny Duarte
Fotografia de um cão dentro de um casaco surrado de cor bege em cima de um puff.
Johnny Duarte
Tigre sentado numa planície.
Johnny Duarte
Cachorro preso à coleira num emaranhado de coisas. Seu rosto exibe culpa do acidente/bagunça que está inserido.
Johnny Duarte
 
#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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Absorto na Cena: o testemunho fotojornalístico para além do instante decisivo

Artigo em anais congresso de Renata Benia, Greice Schneider publicado em Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.

Markus Jokela 

Este artigo busca discutir o olhar testemunhal de representações no fotojornalismo institucional inscritas em um regime contemplativo, onde o observador é levado a ritmo de visualização mais atento e lento. O debate se concentra nas imagens de Markus Jokela premiadas em 2017 pelo World Press Photo, demonstrando uma transformação dos modelos canonizados do fotojornalismo institucional. Jokela organiza sua narrativa para além da captação do presente do acontecimento, do imediatismo e das imagens choque. Para guiar a discussão, mobilizam-se as questões da dimensão temporal (maneira como o instante do acontecimento é representado), e sobre a antiteatralidade e o regime absortivo (FRIED, 1988), que ascendem justamente a partir de representações afastadas do flagra, do momento extraordinário, da dramatização da cena, dentre outros aspectos característicos do fotojornalismo institucional.

Autor(a/es/as)

Renata Benia ( http://lattes.cnpq.br/5056647378183771| ) 

Greice Schneider ( http://lattes.cnpq.br/2440643360598169 @greices )

Orientador(a)

Greice Schneider (http://lattes.cnpq.br/2440643360598169@greices )

Local de publicação

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/yufs4sua 


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“Limpeza” na Praça

Operação policial expulsa dependentes químicos da Praça Princesa Isabel, São Paulo, mostrando que ainda temos muito que evoluir no combate às drogas.

Era para ser mais um Domingo naquela São Paulo de 2017, se não fosse uma operação policial. A mando dos governos municipal e estadual, funcionários expulsavam dependentes químicos da Praça Princesa Isabel, no centro da cidade. Mais uma vez, nos deparamos com a triste realidade dos usuários. E cruzamos os braços diante da ação do estado para “limpar” o ambiente, ignorando esforços para ajudar efetivamente os dependentes químicos a viver longe do vício.
Praça ocupada por pertences dos dependentes. Em primeiro plano, há uma placa com os dizeres “Afaste-se à direita: homens trabalhando”. Ao fundo, vemos um grupo de funcionários municipais encarregados da “limpeza” do local. A maioria veste coletes alaranjados e roupas de proteção. Ao redor, vemos as árvores da praça que fazem sombra em quase todo local e um caminhão de lixo ao fundo. Neste mesmo plano, há  prédios da cidade.
 Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo

A imagem é do fotojornalista Daniel Arroyo em sua cobertura para o portal Ponte Jornalismo. No dia do ocorrido, o então governador e o prefeito de São Paulo acompanhavam a ação enquanto policiais impediam os antigos moradores de retornar ao local. O que fez com que estes dependentes ocupassem outros pontos na cidade.
Na foto, a placa à esquerda com os dizeres “AFASTE-SE à Direita | homens trabalhando” nos convida a observar a cena do “trabalho” executado pelos funcionários. Com isso, o olhar segue o caminho que os pertences dos usuários fazem no chão até chegarmos aos trabalhadores.
Os objetos estão misturados e foram queimados pelos donos como uma forma de defesa contra a polícia que chegava para expulsá-los. Agora, eles perdem o significado de antes. São colocados em sacolas e considerados lixo.  Não são mais artigos pessoais, e sim “apenas sujeira que essas pessoas acumularam.”
Vendo a imagem, é impossível não fazer uma conexão com as ações higienistas na cidade do Rio de Janeiro no início do século XX. Em que o governo municipal da época promoveu uma série de reformas que excluiu as populações mais pobres que, sendo expulsas de suas moradias no centro da cidade, ocuparam os morros, originaram as favelas cariocas. Obviamente, com suas ressalvas, observamos a ação excludente se repetir. O problema não é solucionado e os alvos mudam dessa vez.
De tantas conexões e mensagens que podemos tirar da fotografia de Daniel, está a do governo que não chega a um planejamento e solução efetiva para avançar no combate às drogas. E que, ao invés de chegar a um resultado para esta questão, escolhe amenizar o problema expulsando “os usuários problemáticos” para que não incomodem os moradores dali.
Mas de nada adianta varrer a poeira para debaixo do tapete. Uma prova disso é que, cinco dias depois do ocorrido, os usuários que ocupavam a Praça Princesa Isabel retornaram para a cracolândia. Dando continuidade ao ciclo da dependência e vivendo na vulnerabilidade das ruas. E assim o problema daquele Domingo de 2017 continua na grande São Paulo.
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

Como citar esta postagem

MAIA, Amanda. “Limpeza” na Praça. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotograficaufop.blogspot.com/2022/06/Limpeza na Praca.html>. Publicado em: 6 de jul. de 2022. Acessado em: [informar data].

A beleza negra sob a ótica de Cristian Maciel

Fotógrafo carioca que busca retratar a beleza do povo afro-brasileiro.


Cristian é um jovem negro da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Ele ingressou na fotografia em 2018, inspirado em retratar o povo preto que, segundo ele, desde a invenção da foto foi excluído dos registros oficiais. Desse modo, seus trabalhos propõem a valorização da beleza, cultura e ancestralidade do povo afro-brasileiro

Em primeiro plano, há uma mulher negra sentada em uma cadeira. Ela usa brincos de argola preto e um vestido laranja. Em seu colo, está sentado um menino de camisa e bermuda amarelos. A mulher e o menino estão de mãos dadas, com os braços esticados, apontando à direita. Atrás deles, tem um homem negro, de camisa amarela e calça bege, em pé, segurando outro menino no colo, que também está de amarelo. Todos posam sorrindo para a câmera. O cenário é constituído de árvores.
Cristian Maciel

Apesar de ter começado a fotografar profissionalmente há quatro anos, Cristian demonstra muito talento e potencialidade. O jovem conta que começou a fotografar com uma “câmera velha e ruim” de seu irmão e que, ao experimentar fazer fotos, descobriu sua nova paixão. Ele comprou uma câmera fotográfica nova em 2018, ao conseguir um trabalho como jovem aprendiz.

Durante alguns anos, Cristian foi fotógrafo amador. Com o tempo, ele decidiu se profissionalizar, fazendo alguns cursos na internet e, atualmente, graduação em Fotografia pela Cruzeiro do Sul. Ele ainda não participou de nenhum concurso ou exposição de fotografia, o que não diminui a grandeza de seu trabalho; aliás, é um ótimo começo!


Em primeiro plano, há uma mulher negra, de olhos fechados e sorrindo, segurando uma coroa na cabeça. Ela usa brincos, braceletes e pulseira, veste um cropped estampado de onça, e uma saia com fenda de estampa africana. Atrás dela, há uma vegetação rasteira, constituída principalmente por arbustos e capim.
Cristian Maciel
Em primeiro plano, há uma mulher negra, usando turbante e adornos coloridos e brilhantes na cabeça. Ela olha para a esquerda, onde segura um espelho na mão, e sua mão direita está despendida sob sua cabeça. Ela usa um bustiê branco e uma saia branca com uma camada dourada externa. Ao seu redor, é possível visualizar uma mata.
Cristian Maciel
Em primeiro plano, há um homem negro com o corpo voltado à sua direita. Ele veste um terno e calça azul-marinhos, e usa um pente fincado no cabelo, brinco e um tênis. Ao seu redor, há capim, e no fundo, desfocado, é possível ver algumas árvores.
Cristian Maciel

Na fotografia, há 4 mulheres negras sentadas em um sofá. Elas usam vestidos em tons de laranja, vermelho e marrom. Todas utilizam braceletes e brincos, e estão com as unhas pintadas. Uma delas está usando uma coroa dourada. As mulheres posam sorrindo para a câmera.
Cristian Maciel

Em primeiro plano, há uma mulher negra, grávida. Ela usa um adorno de pedras na cabeça, na altura da testa. Veste um bustiê e uma saia laranja. Ao redor de sua barriga, há um enfeite de pedras. Ela olha diretamente para a câmera, sem sorrir. Segura em seus braços um arco-flecha, apontando para sua esquerda. O cenário é composto de árvores e plantas.
Cristian Maciel

A fotografia apresenta uma mulher negra, com flores no cabelo, que olha e sorri à sua direita. Ela usa brincos e maquiagem, e sua blusa é branca. Na sua frente, à altura do busto, há ramos de flores.
Cristian Maciel

Um homem e uma mulher negros olham para a direita, sérios. O homem está com o corpo voltado para frente, enquanto a mulher está completamente voltada à direita. Ele está sem camisa, e ela utiliza uma regata marrom.
Cristian Maciel

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