Joan E. Biren

Fotógrafa e cineasta homossexual que lutou pelos direitos e pela visibilidade de mulheres lésbicas.

Nascida no ano de 1944, em Washington, Joan – também conhecida como JEB –  é uma profissional com uma vasta carreira acadêmica. Estudou ciência política em Massachusetts, onde realizou seu bacharelado em 1966. Anos mais tarde fez mestrado em comunicação em sua cidade natal e, após finalizar 0 doutorado em Oxford, Biren fez um curso de fotografia por correspondência e começou a trabalhar em uma loja de câmeras. Com este emprego, JEB tinha o objetivo de aprender a fotografar e retratar, com veracidade, o cotidiano de casais lésbicos.

Joan E. Biren, já com idade mais avançada e cabelos grisalhos, sentada em um ambiente que parece ser uma biblioteca e olhando um livro de fotografias. Ela está com o semblante sério e atento, o que passa a impressão de que procura alguma imagem específica.
Joan E. Biren

O interesse pela temática surgiu pela falta de representatividade de mulheres lésbicas reais nas fotografias, nos livros e filmes. Joan, como integrante da comunidade LGBTQIA+, sentia-se incomodada por não se enxergar propriamente em nenhum espaço. Com isso, começou um trabalho revolucionário: mudar o olhar da sociedade em relação às mulheres homossexuais.

A fim de atingir sua meta com êxito, Biren lançou seu primeiro livro, em 1979, nomeado: Eye to Eye: Portraits of Lesbians. Nele, foram retratadas  famílias lésbicas em sua rotina diária: os olhares apaixonados, o carinho com os filhos e os afazeres domésticos. Segundo as palavras da própria JEB, ela “tornou visível o que era invisível”. Ou seja, trouxe representatividade e acolhimento para pessoas que são colocadas à margem da sociedade.

Duas mulheres, brancas e idosas, trocando carinho. Ambas vestem roupas de frio, o que remete a ideia de viverem num lugar que tenha temperatura amena.  A mulher da direita segura o cabelo de sua parceira e tem uma expressão facial que passa a impressão de estar sentindo um cheiro doce e agradável: o de sua amada. A mulher da esquerda, já grisalha, usa uma trança e olha para sua companheira com um semblante carismático: olhar fixo e sorriso entre os dentes.
Joan E. Biren
Duas mulheres pretas deitadas e abraçadas, em um lugar que parece ser um campo. A imagem transmite a sensação de aconchego, carinho e amor, pois aparentemente este abraço é um lugar de apoio e segurança para ambas.
Joan E. Biren
Mulher parcialmente nua, com os seios amostra, cortando um pedaço de madeira com um serrote. A modelo tem o cabelo curto e encaracolado, e utiliza luvas para o trabalho braçal. A imagem transmite um sentido de revolução e empoderamento, uma vez que, embora fosse julgada negativamente, a pessoa retratada aparenta estar confortável em estar sem blusa publicamente e em realizar uma tarefa considerada “masculina”.
Joan E. Biren

JEB nunca teve apoio institucional. Em razão de sua orientação sexual, sofreu homofobia na pele: não era devidamente valorizada como pessoa e profissional, nem recebia bolsas ou prêmios. Seu trabalho era todo auto-atribuído e auto-financiado. Por isso, Joan realizava apresentações pelos Estados Unidos, nas quais mostrava suas fotos, livros e filmes. Não recebia patrocínio, mas teve o apoio financeiro da comunidade lésbica com a compra de suas obras, o que a ajudou a sobreviver.

Joan e as mulheres fotografadas se mostraram muito corajosas, pois aceitaram o risco de se expor publicamente diante de uma sociedade que era ainda mais machista e homofóbica que nos dias atuais. Afinal, na década de 70, ser identificada como lésbica poderia colocá-las em diversos riscos: perder o emprego, os filhos, ser deserdada e até deportada. Ativistas na causa como Joan trazem esperança de que, em um futuro, todas possamos ser livres e respeitadas.

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

Links, Referências e Créditos


Como citar esta postagem

SOARES, Maria Clara. Joan E. Biren. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/joan-e-biren/>. Publicado em: 30 de mai. de 2022. Acessado em: [informar data].

Pequena história de um pequeno dispositivo de ver imagem: monóculos

Capítulo de livro de Elinaldo da Silva Meira publicado em EDUEPB – Editora da Universidade Estadual da Paraíba.

Capítulo de livro de Elinaldo da Silva Meira publicado em EDUEPB – Editora da Universidade Estadual da Paraíba.

Elinaldo Meira

A história da Fotografia também se faz pela oralidade, pelos meios de produção de imagens e pelo trabalho de empreendedores ousados. A pequena história dos monóculos de meio quadro fotográfico é marcada pela memória dos que guardam este registro, pelos que produziram e comercializaram o produto e por conexões que estabelecemos com autores que tratam dos processos de criação, da velhice e da história corrente da Fotografia. Propõe-se uma metodologia da escuta de profissionais para a investigação da face brasileira da história dos meios populares de produção e propagação fotográfica. (A publicação encontra-se no e-book “Cartografia da Folkcomunicação” – p. 415 e seguintes)

Autor(a/es/as)

Elinaldo da Silva Meira (http://lattes.cnpq.br/0816849762400016, @cangucu.de.fuzue)

Local de publicação

EDUEPB – Editora da Universidade Estadual da Paraíba

Acesse a publicação completa em Procurar por “Cartografia da Folkcomunicação

Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Elinaldo S Meira, através do formulário Divulgue suas publicações!

Shomei Tomatsu e a Globalização

Foto expressa críticas à invasão da cultura norte-americana no Japão.

Foto expressa críticas à invasão da cultura norte-americana no Japão.

A fotografia foi feita no ano de 1959. Nela é possível perceber vários elementos que são metáforas para o ressentimento que muitos japoneses, incluindo o autor da foto, tiveram após os ataques nucleares nas cidades de Hiroshima e de Nagasaki e a ocupação dos Estados Unidos.
No primeiro plano da foto, podemos ver uma criança japonesa inflando uma bolha de sabão, que cresce a ponto de quase cobri-la. Ao fundo, vemos um marinheiro americano uniformizado, logo atrás dele vários letreiros com palavras escritas em inglês.
Shomei Tomatsu

Após os Estados Unidos lançarem bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, matando mais de 100 mil pessoas, o Japão assinou sua rendição no dia 2 de setembro de 1945. Com isso, os EUA iniciaram a ocupação da ilha que durou até 1951. O intuito da ocupação era certificar-se de que o Japão não iria voltar a pôr em prática sua política expansionista e impedir que países soviéticos pudessem passar a exercer influência sobre a população e os governantes.

Durante o período da ocupação, os EUA se prontificaram a ajudar financeiramente o Japão, que estava em uma terrível crise econômica devido às exorbitantes perdas ocasionadas pela Segunda Guerra Mundial. Nesse tempo em que os Estados Unidos exerceram forte influência no país, muito da cultura e dos costumes americanos foram inseridos no cotidiano japonês. Com isso, o Japão entrou em uma fase na qual boa parte de seus habitantes passaram a consumir a cultura norte-americana, além de reproduzirem os hábitos característicos de países capitalistas, como por exemplo o consumismo desenfreado.

Muitos japoneses passaram a se ressentir ainda mais com os Estados Unidos, país que não somente foi responsável pela morte de centenas de pessoas , mas também pelo apagamento da cultura japonesa.

E é esse sentimento que Shomei Tomatsu expressa em sua fotografia. Ao fundo podemos ver vários indícios da cultura norte-americana no país. Todos os letreiros estão escritos em inglês, sendo possível identificar palavras como “bar”, “oásis”, “welcome”, “club” e “jazz”. E claro, também podemos ver um marinheiro americano uniformizado parado logo abaixo dos letreiros.

Em contraponto a isso, vemos uma garotinha japonesa em primeiro plano. Ela está inflando uma bolha de sabão, que cresce ao ponto de cobrir boa parte de seu corpo, dando a impressão de que ela está dentro de algum tipo de “redoma protetora”. Além disso, podemos ver também que atrás dela há vários ideogramas do alfabeto japonês escritos em um cartaz, eles também parecem estar envoltos nessa “redoma” metafórica criada pela bolha.

Através dessa análise, podemos traçar grandes paralelos com o ressentimento dos japoneses. Na foto, a cultura norte-americana está cercando a cultura japonesa por todos os lados, ocupando um maior espaço. O ressentimento é representado na imagem, justamente pela posição de todos os elementos, que deixam os ícones  referentes aos americanos ocuparem a maior parte da composição, enquanto o que resta da cultura do Japão está reduzido a apenas um pequeno círculo. A cultura do país retratada na fotografia está encolhendo e sumindo, dela resta apenas uma bolha, que assim como na fotografia está prestes a estourar.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

Como citar esta postagem

CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Shomei Tomatsu e a Globalização. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/shomei-tomatsu-e-a-globalizacao/>. Publicado em: 25 de maio de 2022. Acessado em: [informar data].

Shomei Tomatsu

Retratou o Japão pós guerra, abordando temas que vão desde os ataques a  Nagasaki e Hiroshima até a invasão da cultura estadunidense em seu país

Retratou o Japão pós guerra, abordando temas que vão desde os ataques a  Nagasaki e Hiroshima até a invasão da cultura estadunidense em seu país

Tomatsu, iniciou sua carreira na fotografia enquanto estava no curso de economia da universidade de Aichi, onde foi responsável por fotografar os protestos estudantis, os quais ele era um grande apoiador. Seu primeiro trabalho de importância foi a exposição “Jünin no me” (Olhos de Dez), ocorrida em 1957.

 
A foto é em preto e branco e consiste basicamente em uma garrafa plástica derretida, que devido a sua textura e a maneira com que esta retorcida se assemelha a uma carcaça em decomposição.
Shomei Tomatsu

Juntamente com os outros fotógrafos que participaram da Jünin no me, foi fundador da cooperativa Vivo, que mesmo tendo existido apenas de 1959 a 1961 teve um grande impacto na fotografia japonesa da época, já que abordou temas extremamente pertinentes, como os ataques nucleares às cidade de Hiroshima e Nagasaki, a ascensão de partidos de extrema direita e a invasão da cultura estadunidense, que gerou no Japão pós-guerra uma cultura de consumismo desenfreado.   

Porém, Tomatsu não se destacou apenas por ter abordado esses temas, mas sim pela maneira que o fez. Diferentemente dos fotógrafos ocidentais da época, ele fugia da objetividade, já que suas fotografias focam em  temas sensíveis de maneira extremamente sutil e subjetiva. Um bom exemplo disso é a foto que abre essa publicação, pois ao se referir aos ataques nucleares Tomatsu foge do olhar ocidental que buscava mostrar pessoas mutiladas e doentes devido à radiação. Em vez disso, ele consegue causar no espectador muito mais desconforto e repulsa pelas bombas nucleares apenas com uma garrafa plástica.

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

 

Links, Referências e Créditos: 

Como citar esta postagem

OLAVO, Pedro. Shomei Tomatsu. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/shomei-tomatsu/>. Publicado em: 23 de mai. de 2022. Acessado em: [informar data].
-20.3775546-43.4190813

Lugares de passagem

Livro de Elinaldo da Silva Meira publicado em Editora Bluecom/São José do Rio Preto (SP)

Livro de Elinaldo da Silva Meira publicado em Editora Bluecom/São José do Rio Preto (SP)

Capa e fotografia: Elinaldo Meira

“Lugares de passagem” é um inventário fotopoético nascido do contato de retorno aos sertões nordestinos a partir de 2011. A obra é composta por fotografias entre 2011 a 2015. O prefácio do livro foi realizado pela Profa. Heloisa Buarque de Holanda. Teve tiragem de 200 exemplares.

Autor(a/es/as)

Elinaldo da Silva Meira (http://lattes.cnpq.br/0816849762400016 | @cangucu.de.fuzue)

Local de publicação

Editora Bluecom/São José do Rio Preto (SP) (Editora Bluecom/São José do Rio Preto (SP)

Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/4xvbbpnv

Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Elinaldo S Meira, através do formulário Divulgue suas publicações!.

Orgulho e Paixão

Fotografia que é símbolo de luta, resistência e amor entre mulheres na década de 70.

A imagem, tirada pela fotógrafa lésbica e ativista Joan E. Biren (JEB), representa um marco: a luta por visibilidade e respeito das mulheres homossexuais. A foto foi capa do livro “Eye to Eye: Portraits of Lesbians” em uma época na qual a discriminação e o preconceito eram ainda mais acentuados que nos dias atuais.

Joan E. Biren

As mulheres da imagem são Pagã e Katie, um casal lésbico que foi fotografado por Joan. Na figura, Pagã, a senhora de cabelos curtos e escuros, segura firmemente o rosto de sua amada e olha profundamente seus olhos. Katie, a mulher posicionada na esquerda, tem o cabelo longo e grisalho, o qual está trançado em volta de seu pescoço. Ela corresponde ao olhar apaixonado de sua companheira e esboça um sorriso singelo e delicado.

A foto me faz sentir paz e tranquilidade. O olhar das modelos me remete a lembrança de quando eu admirava assim alguém que amo, com aconchego e carinho. Me pego refletindo sobre o quanto elas devem se amar. Expressar publicamente um carinho que incomoda a tantos, em uma sociedade tão preconceituosa… acredito que é um símbolo de luta e enfrentamento da opressão.

Ambas as mulheres tinham o desejo de ter seu amor fotografado e registrado, uma vez que não se enxergavam representadas em nenhum espaço. Então, Joan – que também é uma mulher lésbica que se sentia excluída socialmente – teve a ideia de criar um livro com imagens de mulheres homossexuais reais. O álbum foi intitulado como “Eye to Eye: Portraits of Lesbians” e retratava o cotidiano dos casais. Mas, por essa época se caracterizar por ser extremamente homofóbica e preconceituosa, a fotógrafa e as modelos corriam muitos riscos: desde perder a guarda dos filhos a serem deportadas do país.

Nesse contexto, o livro torna-se ainda mais lindo e emocionante para mim, porque mesmo diante do perigo, as modelos assumiram o risco em prol de validar suas existências. Ou seja, perante tanta discriminação e discurso de ódio; o respeito, o carinho e o afeto prevaleceram.

O ensaio fotográfico, feito na década de 70, segundo JEB, tinha o objetivo de mudar como a sociedade enxergava as lésbicas. Lendo este livro, me peguei refletindo se hoje – Abril de 2022 – a sociedade  teve ou não uma evolução considerável em relação àquela época. Afinal, ainda nos dias atuais, o Brasil é o país que mais mata homossexuais no mundo. Não nos sentimos livres nem para amar. Não nos sentimos livres para viver, porque temos que estar atentos para sobreviver.

Além disso, a representação do grupo LGBTQIA + é limitada. Falando estritamente do recorte lésbico, há poucos romances sáficos, por exemplo. A maior parte é clichê heteronormativo, que restringe-se a abordar a vivência de apenas uma parcela da população. Enquanto as outras, são excluídas socialmente de diversas maneiras. Filmes também são em sua maioria heterossexuais. Os poucos que abrangem a comunidade queer, trazem uma visão pejorativa, mais voltada para o sentido da libertinagem.

Por isso, ativistas como Joan E. Biren exercem um trabalho tão importante: o de promover o respeito na sociedade. Movimentos acolhedores como esse trazem esperança de um futuro livre e com muito amor.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

Como citar esta postagem

SOARES, Maria Clara. Orgulho e Paixão. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em:<https://culturafotografica.com.br/orgulho-e-paixao/>. Publicado em: 18 de mai. de 2022. Acessado em: [informar data].

Virginia de Medeiros

Artista que utiliza da fotografia documental para produzir novos sentidos.
Virginia de Medeiros, nascida em 1973, em Feira de Santana, Bahia, vive em São Paulo. Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), ela concentra seu trabalho na fotografia documental, extrapolando sua característica meramente testemunhal para criar novos significados da realidade.
A imagem apresenta a composição de fotos da performance da obra “Jardim das torturas”. Sequencialmente, é possível visualizar diversas partes do corpo de uma mulher que é dominada em uma prática sexual sadomasoquista. A mulher possui suas mãos e seus pés atados na maioria das fotos, e sua face é envolvida por uma mordaça.
Virginia de Medeiros

A artista já participou de bienais e residências artísticas e já recebeu prêmios no Brasil e no exterior. O documentário “Sérgio e Simone” (2009) foi agraciado com o Prêmio de Residência ICCo no 18º Festival de Arte Contemporânea Videobrasil. Em 2006, sua obra “Studio Butterfly” participou da 27a Bienal de São Paulo e do Programa Rumos Itaú Cultural. A profissional também ganhou o Prêmio Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2009 com a vídeo-instalação “Fala dos Confins”. 

Virginia fez residências em Timor-Leste, no Canadá e nos Estados Unidos, onde ganhou o Prêmio de Residência ICCo – Instituto de Cultura Contemporânea no Residency Unlimited. Também participou da 2ª Trienal de Luanda “Geografias Emocionais, Arte e Afectos”. 


A fotografia, pintada digitalmente, representa uma mulher negra, de cabelo liso e preso para trás com um laço azul de bolinhas brancas. Ela está maquiada, com sombra azul, blush rosa e batom alaranjado, e sorri olhando para seu lado direito. Sua roupa possui a mesma estampa do laço, e em seu lado esquerdo, na altura dos seios, há um broche de rosa vermelho.
Virginia de Medeiros | Júlio Santos

A foto, em preto e branco, representa uma mulher negra, de tranças, que olha projetando um sorriso para seu lado direito, enquanto segura uma bandeira do Movimento Sem Teto do Centro. Ela está em um ambiente aberto, com uma árvore e um prédio por detrás dela.
Virginia de Medeiros


A imagem , em preto e branco, retrata uma mulher negra em uma cozinha, atrás de uma mesa que possui 5 bolos postos. Ela não olha diretamente para a câmera nem sorri.
Virginia de Medeiros

A fotografia representa a vídeo-instalação “Studio Butterfly”, na qual há diversos porta-retratos pendurados na parede, ao redor de um espelho que reflete a imagem de uma mulher que aparenta ser negra e que está com os seios à mostra.
Virginia de Medeiros


Esta fotografia é da vídeo-instalação “Fala dos Confins”. Nela, há uma Kombi dentro de um galpão, localizada no centro da imagem. O veículo é branco com azul, e dentro dele, há duas pessoas, sendo uma mulher e um homem.
Virginia de Medeiros

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda segunda-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.


Links, Referências e Créditos

Continue lendo “Virginia de Medeiros”

-20.3775546-43.4190813

O meu corpo pertence ao Sertão

Publicação digital de obra fotográfica de Elinaldo Meira.

Publicação digital de obra fotográfica de Elinaldo Meira.

Fotografias: Elinaldo Meira

Álbum fotográfico digital publicado na plataforma Flickr com produção de 2011 até o presente. O conjunto fotográfico busca situar-se enquanto um corpo de retorno às origens sertanejas nordestinas e o que significa ser nordestino fora do Nordeste. Na apresentação do álbum consta: “Quando eu morrer eu queria ser levado por uma acauã e que ela me deixasse em algum lugar entre o Cariri e o Seridó, porque meu corpo pertence ao Sertão.”

Autor(a/es/as)

Elinaldo Meira ( http://lattes.cnpq.br/0816849762400016 | @cangucu.de.fuzue )

Local de publicação

Acesse a publicação completa em https://tinyurl.com/2p8ff3p6

Esta publicação foi elaborada com base nas informações prestadas por Elinaldo Meira, através do formulário Divulgue suas publicações!.

-20.3775546-43.4190813

“Sexo frágil”: mulher, negra e sem teto

Elizabete Afonso Pereira, uma mulher comum, demonstra o verdadeiro significado do que é ser ‘guerrilheira’. 

A fotografia do projeto Alma de Bronze, série “Guerrilheiras”, da artista visual Virginia de Medeiros, mostra uma mulher negra, aparentemente alta e forte, olhando desconfiada para o seu lado direito, enquanto segura facilmente três tijolos. 


A imagem, em preto e branco, apresenta, primeiro, 4 sacos de cimento. Em segundo plano, há uma mulher com traços negróides, fisicamente forte, que segura 3 tijolos enquanto desvia seu olhar da câmera. Ao seu redor, há uma pilha de tijolos. Ela está dentro de um lugar já  construído, o que sugere que ela irá fazer uma reforma no local.
Virginia de Medeiros


A mulher em questão é Elizabete Afonso Pereira, integrante do Movimento Sem Teto do Centro, em São Paulo. Sua postura é emblemática, pois, ao segurar os tijolos, não demonstra nenhum esforço. Seu olhar distraído da câmera delata que ela não estava confortável em ser fotografada, o que me abre margem para pensar que isso não é algo comum em sua vida, que ela foi invisibilizada por algum tempo e não está acostumada a aparecer tão publicamente. Por outro lado, a confiança e a determinação ultrapassam o aspecto de desconforto. Essa mulher que já aparenta ser forte, torna-se ainda mais vigorosa. Ela é uma das “guerrilheiras” fotografadas por Virginia. Inicialmente, partindo do pressuposto de que “guerrilha” é um tipo de luta armada contra um governo ou invasor de um território, mobilizada pelo lado mais fraco e oprimido, compreende-se que, metaforicamente, essas mulheres estão lutando contra aqueles que as impedem de ocupar os espaços a que têm direito.

As pessoas que lutam por seu direito de moradia, os chamados “sem-teto”, ocupam residências que, conforme a constituição federal, não cumprem com sua função social. Em São Paulo, principalmente na área central, são muitos os imóveis abandonados, que são invadidos e, posteriormente, ocupados pelos sem-teto. Diante de uma luta árdua e muitas vezes inglória, construir a própria casa, com suas próprias mãos, é um verdadeiro prazer para essas pessoas. É como se um sonho de tantos anos se materializasse em seus braços. 

Por isso, acredito que Elizabete está determinada a construir sua casa, como alguém que tem consciência dos percalços que sofreu no caminho para chegar até ali. Me sinto inspirada por essa mulher de postura altiva, que representa exatamente o que desejo ser. Sua cabeça erguida e sua firmeza, sua tranquilidade em segurar algo que é sabidamente pesado, serve de exemplo para mim, que tenho carregado outros “tijolos” para construir meus sonhos agridoces.


#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

-20.3775546-43.4190813
Sair da versão mobile
Pular para o conteúdo
%%footer%%