Pássaro do Oriente

Um filme misterioso e que usa sua fotografia para criar uma atmosfera única.

Todo mês diversos filmes entram na plataforma da Netflix, e em meio a dezenas de lançamentos, algumas boas produções passam um pouco despercebidas. É o caso de Pássaro do Oriente, lançado em 2019, dirigido por Wash Westmoreland e baseado no livro homônimo da britânica Susanna Jones. O filme conta a história de Lucy, uma mulher sueca que tem uma vida solitária no Japão, até conhecer um fotógrafo e uma americana recém-chegada.
Legenda: pôster do filme (2019)
Descrição: montagem que mostra três pessoas dentro de um círculo em posições diferentes, com as informações sobre o filme escritos ao redor.
A primeira cena do filme já nos revela algo chocante: um desses personagens está desaparecido e um corpo semelhante ao dessa pessoa foi encontrado. A partir disso a história é contada em flashbacks, acumulando situações aparentemente cotidianas, em que os personagens revelam um comportamento cada vez mais estranho, trabalhando temas como culpa e obsessão. O elenco transmite muito bem essa sensação de intriga e de falso conforto.
O longa não tem uma narrativa muito convencional, e o ritmo é um pouco lento, mas mesmo com cenas mais “calmas”, ele consegue criar uma atmosfera de suspense incrível, principalmente graças a sua cinematografia. O diretor de fotografia Chung-Hoon Chung usa cores lavadas, pálidas, e em quase todos os momentos há pouca luz em cena. Há uma escuridão constante, o que faz com que o espectador fique sempre esperando algo ruim acontecer. Esse é um dos filmes que vi em que a fotografia mais contribui para contar a história.
Legenda: cena do filme Pássaro do Oriente (2019)
Descrição: dois homens encaram uma mulher em um interrogatório. As cores das roupas que as pessoas usam e do ambiente ao redor são tons frios.
Aliás, a fotografia não está presente somente na parte técnica, sendo também um ponto fundamental da trama. O relacionamento entre a protagonista e o fotógrafo japonês é construído através de uma foto que ele faz dela enquanto ela passa na rua. A partir desse momento, ele cria uma fixação pela imagem da protagonista, que só vamos entendendo a medida que o filme caminha.
Legenda: cena do filme Pássaro do Oriente (2019)
Descrição: um homem segurando uma câmera observa algo fora do enquadramento em que um parque. 
Pássaro do Oriente é um filme único da Netflix, um suspense intrigante e bem-construído, e que aborda diversas temáticas interessantes. Outro ponto interessante é que, por se passar no Japão, o filme explora uma língua, uma cultura e cenários diferentes dos filmes ocidentais. Mesmo se a história não te interessar, vale a pena conferir para ver como a direção de fotografia tem um papel fundamental na construção de atmosfera e suspense.
Já assistiu ao filme? Comente suas impressões aqui embaixo com a gente! E para mais conteúdos sobre fotografia, siga nosso perfil no Instagram.

Links, Referências e Créditos

-20.3775546-43.4190813

O Abutre

O filme de 2014 faz um comentário sobre a produção de imagens violentas e a relação do público com elas.

O Abutre, escrito e dirigido por Dan Gilroy, conta a história de Lou Bloom, um homem com problemas financeiros, que desenvolve uma carreira muito lucrativa filmando imagens de crimes e situações violentas e vendendo-as para um telejornal sensacionalista. 
Pôster do filme
Descrição: um homem aparece na frente de um carro vermelho em uma rua escura e aparentemente deserta. Por cima da foto, informações sobre o filme, como título, elenco e data de lançamento estão escritas.
Do ponto de vista puramente cinematográfico, o filme já é excelente. O ator principal Jake Gyllenhaal, que interpreta Lou, dá uma ótima interpretação, fazendo o público torcer por ele, e no momento seguinte ter completo asco de suas atitudes. O resto do elenco, que tem nomes como Rene Russo e Riz Ahmed, também brilha em seus personagens coadjuvantes. 
Mas o filme vai além desses aspectos. O roteiro nos proporciona uma reflexão muito relevante nos dias atuais. Até que ponto as imagens de violência extrema são usadas para conscientizar as pessoas e até que ponto elas se tornaram quase um entretenimento?
As filmagens que Lou entrega ao jornal são amadoras e exploram o sofrimento das vítimas desumanizando-as, e isso ajuda a audiência do telejornal apresentado pela personagem de Russo a crescer cada vez mais. A mídia retratada no filme está sempre buscando sangue, o que não está tão distante assim da realidade. Aqui mesmo no Brasil, podemos nos lembrar de programas que exploram a violência e a morte, supostamente para informar e conscientizar o público desses horrores.
Cena do filme O Abutre (2014)
Descrição: em uma sala, um homem filma bem de perto uma mulher que parece estar sentada em um sofá, mas como tem sangue em sua blusa, podemos assumir que ela está morta.
Boa parte do sucesso de Lou é porque suas filmagens parecem muito realistas, embora ao longo do filme vejamos que isso não é bem a verdade. O público mostrado no filme quer que essas imagens de violência sejam reais, em uma relação quase voyeurística, de prazer e entretenimento diante da violência.
Mais um ponto interessante do filme são os momentos em que Lou interfere nas cenas de crime para obter filmagens mais cruas e chocantes, se assemelhando a um diretor que posiciona seus atores e objetos no cenário. Podemos ver ecos disso em alguns “telejornais” da atualidade. Programas como Cidade Alerta apresentam a violência como uma cena de filme de ação, banalizando a morte para transformá-la em entretenimento.
Cena do filme O Abutre (2014)
Descrição: um homem sobre uma escada enquanto filma algo no topo com o olhar vidrado. A escada está suja de sangue em alguns pontos.
Assistir ao filme praticamente logo após minha leitura de Sobre Fotografia intensificou minha reflexão sobre as imagens que consumimos no dia a dia. Em meio a milhares de fotos em redes sociais, propagandas nas ruas, as imagens violentas dos telejornais realmente nos impactam? Ou simplesmente passamos para o próximo tópico? As tão aclamadas imagens de guerra, que mostram corpos pelas ruas e escombros não se tornaram quase cotidianas? A violência mostrada nessas imagens se torna quase banal. Por quê nos esquecemos tão rápido dessas fotos, mas nos lembramos de fotos tão sutis como a do jovem com uma flor diante de um tanque de guerra? Mostrar a violência parece não ser mais o melhor jeito de conscientizar sobre ela, mas sim de saciar a curiosidade das pessoas. 
O Abutre é um filme excelente, que além de possuir todos os elementos que os cinéfilos amam, atuações, roteiro e direção incríveis, ainda proporciona um debate muito interessante sobre a nossa relação com imagens de violência e como ela está (ou não) relacionada a nossa empatia em relação ao outro.  
Assista ao filme e compartilhe suas reflexões com a gente nos comentários!

Links, Referências e Créditos
  • O próprio filme

-20.3775546-43.4190813

Bernd e Hilla Becher

Bernd e Hilla Becher ficaram conhecidos por suas fotografias de instalações industriais, minimalistas e documentais.

Bernd e Hilla Becher foram um casal de fotógrafos alemães, que se dedicaram a registrar instalações de indústrias que estavam sumindo da Europa.
Um homem e uma mulher idosos encaram a câmera um ao lado do outro.
Bernd e Hilla Becher, Autoria não identificada.
Descrição: foto em preto e branco de um casal de idosos encarando a câmera com uma expressão tranquila. Atrás deles há um muro de tijolos.
Bernd nasceu em Siegen, cidade da Alemanha Ocidental, onde a mineração de carvão era uma importante atividade econômica. Nesta cidade haviam diversas instalações industriais, pelas quais o jovem era fascinado. Na entrevista para a revista Zum, ele conta que conseguia fotos dos prédios com pessoas que trabalhavam nas indústrias. “Quando as instalações eram modificadas – modernizadas – ou fechadas, quando os escritórios eram desmanchados, ninguém mais queria as fotos. Queriam se livrar da imagem do século 19. Eu gostava daquelas fotos enormes, feitas por contato, que representavam as instalações com tanta precisão.”
Hilla nasceu em Potsdam, na Alemanha Oriental. Começou a experimentar a fotografia por volta dos doze, treze anos, utilizando materiais antigos e embolorados, às vezes comprados clandestinamente. Mais tarde se tornou aprendiz de Walter Eichgrun, antigo fotógrafo da corte prussiana em Potsdam, para se profissionalizar. Assim como Bernd, Hilla também se interessava por fotografias de estruturas. Ela conta que passeava pela região portuária de Hamburgo fotografando objetos como guindastes. Nos anos cinquenta, Hilla fugiu para a Alemanha Ocidental, onde conheceu Bernd na agência de publicidade Trost, enquanto ambos ainda estudavam fotografia/pintura. Eles acabaram se casando em 1961.
A parceria entre os dois veio do casamento aliado ao interesse em comum por fotografar indústrias. O projeto inicial era registrar instalações e depois juntar as fotos em montagens e colagens. Ao colocar as imagens lado a lado, as individualidades de cada objeto eram realçadas, mesmo que, à primeira vista, fossem muito parecidos.
série de fotos de prédios industriais em preto e branco
Bernd e Hilla Becher, Coal Bunkers (1966, 1999).
Descrição: série de fotografias em preto e branco de antigas instalações industriais.

Um fator que incentivou o projeto foi o fato de que muitas daquelas estruturas estavam desaparecendo com o progresso. Segundo Bernd eles sentiram o ímpeto de registrar essas instalações, não só na Alemanha, mas em outros países europeus, como França, Bélgica, entre outros.
No começo o trabalho de Bernd e Hilla foi mais associado às artes plásticas, já que as fotografias dos Becher, frias e documentais, não eram vistas como uma visão artística das indústrias, nem como uma visão de mundo. O ideal de fotografia da época, que era fotografar o “belo”, o idealizado, não combinava com o projeto dos Becher.
Série de fotos de prédios industriais em preto e branco.
Bernd e Hilla Becher, Coal Bunkers (1974).
Descrição: série de fotografias em preto e branco de antigas instalações industriais.

Boa parte das fotografias dos Becher foram publicadas em livros, já que este seria o meio ideal para apreciar tanto os detalhes de cada foto, mas também o efeito das montagens. O primeiro livro foi o “Esculturas Anônimas” publicado em 1970.

Na entrevista da Revista Zum, o casal comenta que buscaram fotografar de forma mais neutra possível, de forma a não glorificar ou depreciar, mas a documentar detalhes dessas instalações que foram aos poucos desaparecendo. Eles também comentam que sempre procuraram registrar estruturas que se encaixam no pensamento industrial, fugindo por exemplo dos castelos, dos prédios românticos e góticos, etc.
Série de fotos de prédios industriais em preto e branco
Bernd e Hilla Becher, Pitheads (1974).
Descrição: série de fotografias em preto e branco de antigas instalações industriais.

As fotografias de Bernd e Hilla Becher são um registro documental muito importante do que um mundo foi durante uma época.

Instalação industrial em preto e branco.
Bernd e Hilla Becher (1966).
Descrição: foto de uma antiga estrutura industrial que se assemelha a um guindaste.
Instalação industrial em preto e branco.
Bernd e Hilla Becher (1984).
Descrição: instalação industrial antiga formada de vários tubos.

Você já conhecia o trabalho dos Becher? Já experimentou fotografar as edificações da sua cidade como eles fizeram? Comente com a gente!
-20.3775546-43.4190813

Sobre Fotografia

 É um livro da década de 70 que se encaixa como uma luva nos dias de hoje.

Susan Sontag foi uma escritora e intelectual norte-americana, nascida em Nova York. Estudou filosofia, teologia e política na Harvard University, EUA, no Saint Anne’s College, Oxford, ambos na Inglaterra, e na Universidade de Paris, além de ter sido uma importante ativista dos direitos humanos. Organizou campanhas a favor de escritores presos ou censurados, e foi presidente de uma organização de escritores pela liberdade de expressão. 
Nos últimos anos de sua vida, foi uma das opositoras das políticas de George Bush. Sontag publicou romances, ensaios, peças de teatro e coletâneas de contos. Hoje, vamos falar de uma de suas obras mais conhecidas: o livro Sobre Fotografia.
Uma mulher de meia idade sentada em uma poltrona encara a câmera. O ambiente ao seu redor parece ser de uma sala.
Susan Sontag (Juan Esteves, 1993).
Descrição: uma mulher encara a câmera sentada no que parece ser um sofá, passando a impressão de uma foto tirada em casa.
O livro é uma coletânea de seis ensaios que a autora publicou na década de 70, em que ela reflete sobre a fotografia, e sobre seu desenvolvimento como fenômeno da civilização ao longo dos anos, percorrendo diversos temas. 
Alguns deles são a banalização do sofrimento, o papel do fotógrafo, a fotografia como arte, a mudança dos objetos da fotografia, o mundo das imagens versus o mundo real, entre diversos  outros. Em 224 páginas a autora consegue explorar inúmeras temáticas. Cada ensaio do livro pode ser usado para diversas discussões. 
Uma capa de livro cinza, com uma foto em preto e branco no centro de um homem e uma mulher segurando o que parece ser uma câmera antiga. Abaixo da foto está o título do livro e o nome da autora. Mais embaixo está a logo da editora que publicou o livro.
Capa do Livro, Companhia das Letras.
Descrição: capa do livro mostra uma foto com um casal segurando um retrato antigo.
E apesar dessa prolixidade, Sontag não torna o livro impossível de ler. A linguagem é fluida e clara, com inúmeras referências a outros fotógrafos, a livros e filmes. Aliás, é melhor ler o livro com o Google ao lado. E talvez com um bloco de notas. As interpretações que a escritora traz à obras como Montanha Mágica, Carta para Jane e Janela Indiscreta me fizeram querer ler e rever tudo.
O que mais me impressionou ao ler o livro é o quanto ele soa atual. Publicado em 1977 por uma autora que morreu em 2004, Sobre Fotografia se encaixa perfeitamente na nossa sociedade atual, em que consumimos milhares de imagens por dia, por exemplo no Instagram, nos fazendo refletir sobre qual papel a fotografia assumiu em nossas vidas. Por que nossas viagens parecem mais reais ao serem fotografadas? Por que nos incomodamos quando uma foto não revela a nossa melhor aparência? 
Sobre Fotografia, publicado no Brasil pela Companhia das Letras, é um livro absolutamente indispensável para os amantes da fotografia. Provocativo, instigante e reflexivo, e me fez querer ler tudo que Susan Sontag escreveu, até sua lista de compras do supermercado. E se você ainda está na dúvida sobre ler o livro ou não, recomendo este vídeo aqui. Talvez desperte sua curiosidade.
Vocês já leram Sobre a Fotografia? O que achou? Compartilhe suas impressões com a gente nos comentários e no grupo do Facebook!
-20.3775546-43.4190813

Rui Mendes

A galeria de hoje vai falar sobre Rui Mendes, importante fotógrafo brasileiro do meio da música, responsável por muitas capas de discos de rock nos anos 80.

Rui Mendes é um fotógrafo brasileiro nascido em São Paulo. Começou a fotografar com dezesseis anos, enquanto cursava fotografia em Vancouver, Washington. No entanto, sua carreira realmente começou enquanto ele cursava jornalismo na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Seu primeiro trabalho foi quando fotografou as bandas Ratos de Porão, Ira! e Mercenárias para a revista Pipoca Moderna. 
O rosto de um homem aparece com o que pode ser um mapa ao fundo.
Retrato de Rui Mendes – Revista Babel.
Descrição: um homem encara a câmera em um enquadramento focado em seu rosto.
A partir daí, Mendes passou por diversos veículos de música, chegando a se tornar fotógrafo principal da revista Bizz. Durante a década de 80, ele ganhou destaque principalmente com o Rock nacional, fotografando diversas capas de álbuns e de revistas. Entre os artistas que passaram por suas lentes, estão Lulu Santos, Paulo Ricardo (ex-vocalista da banda RPM) e as bandas Legião Urbana e Ultraje a Rigor. 
A título de curiosidade, em uma entrevista do site Olhavê, Rui comenta que a capa do álbum “Música calma para pessoas nervosas”, da banda Ira!, seria sua favorita, dentre as que ele produziu. Além de fotografar, Rui Mendes também chegou a dirigir videoclipes para artistas como Charlie Brown Jr. e Racionais MCs. 
Uma montagem com quatro rostos desfocados e deformados em fundos coloridos.
Capa do álbum “Música calma para pessoas nervosas” da banda Ira! – Rui Mendes
Descrição: colagem de rostos borrados com fundos coloridos e o nome da banda e do álbum escritos por cima.
Mendes também tem vários trabalhos envolvendo o Samba, como o ensaio “A velha guarda do samba”, pelo qual foi finalista do Prêmio Funarte de Fotografia em 1998. Em 2009, o fotógrafo reuniu negativos guardados e textos sobre sua experiência com artistas no livro “Música”.

Confira alguns dos trabalhos do fotógrafo:

Quatro pessoas posam em frente a um fundo branco com sombras pretas semelhantes a galhos cruzando toda a fotografia.
As Mercenárias – Rui Mendes
Descrição: quatro mulheres em uma parede branca olham para o horizonte. Por cima delas há um tipo de projeção de linhas pretas.
Um homem sentado em uma cama com um violão encara a câmera.
Renato Russo – Rui Mendes
Descrição: um homem sentado em uma cama tocando violão
Um homem posa sentado em um banquinho em frente a um fundo liso rosa do mesmo tom da camisa que ele está usando.
Seu Jorge – Rui Mendes
Descrição: um homem sentado em um banquinho encara a câmera sorrindo em um fundo cor de rosa que combina com sua blusa.
Um homem parece ajeitar o cinto da calça em uma rua.
Bezerra da Silva – Rui Mendes
Descrição: um homem mais velho com uma camisa brilhante posa para a câmera no meio da rua.
O trabalho de Rui Mendes faz parte da história da música no Brasil, e mostra a importância do aspecto visual no imaginário coletivo. 
O que você achou da galeria de hoje? Você sabe quem são os fotógrafos por trás das suas capas de álbum preferidas? Comente com a gente!
-20.3775546-43.4190813

Quadros dentro de quadros

Utilizar elementos da paisagem como molduras interiores pode criar composições mais interessantes. Para entender melhor, confira o post!

A técnica do quadro dentro do quadro é uma forma muito simples de tornar suas fotos visualmente mais atraentes. Consiste em enquadrar o objeto da foto dentro de uma moldura, usando um elemento da paisagem como uma janela ou uma porta.
Através de uma janela, se vê uma mulher em um ambiente que parece um bar ou restaurante.
Jasper Tejano
Descrição: uma mulher é vista através de uma janela em um ambiente que se parece com um restaurante.

Mesmo sendo uma ideia muito simples, ela acrescenta muito à composição, permitindo brincar com o formato da foto, normalmente quadrado ou retangular, como por exemplo usando um buraco na parede como moldura. O quadro dentro do quadro também adiciona camadas à fotografia, criando mais profundidade. Outra vantagem é que a moldura guia o olhar de quem visualiza ao objeto da foto, mesmo que este não esteja centralizado.
Jasper Tejano é um fotógrafo de rua e suas fotos já foram expostas em diversos lugares pelo mundo, segundo seu próprio site, de Kuala Lumpur até Paris. Seu perfil no instagram é citado em diversas listas do Brasil, EUA, entre outros, como um dos melhores perfis de fotógrafos para seguir na rede social. Através de suas lentes, ele registra diversas cenas do cotidiano, e uma das técnicas que aparecem com frequência em seus registros são as molduras interiores.
Três homens aparecem destacados contra a luz do farol de um carro que parece entrar em um galpão ou garagem.
Jasper Tejano
Descrição: três silhuetas de pessoas são vistas no que se parece um túnel ou uma garagem, com uma luz forte dos faróis de um carro atrás deles iluminando o local escuro.
Na foto acima, por exemplo, as pessoas estão enquadradas dentro da abertura do que parece um galpão ou garagem, criando senso de profundidade, e, juntamente com a contraluz, um senso de intriga, o que torna a foto visualmente chamativa.
A técnica de quadro dentro de quadro é extremamente simples, porém agrega em muitos sentidos à fotografia, exigindo apenas um olhar mais apurado ao ambiente.
Observe o ambiente e utilize os elementos simples ao seu redor. Fotografe através de portas e janelas, e compartilha sua experiência com a gente nos comentários!

Links, Referências e Créditos
  • O novo manual da fotografia de John Hedgecoe

-20.3775546-43.4190813

Windows of the World

O projeto Windows of the World vale muito a pena de ser conferido pela sua mistura de multiculturalismo, arquitetura e fotografia.

O projeto Windows of the World (traduzindo, Janelas do Mundo) criado pelo português André Vicente Gonçalves, reúne fotografias de janelas por várias cidades. A iniciativa, que surgiu há doze anos enquanto André tirava fotos de janelas na cidade italiana de Trento, mistura arquitetura e multiculturalismo em uma série de montagens que reúnem as janelas de cada cidade.
Montagem com várias janelas brancas em paredes coloridas estilo tijolinho.
André Vicente Gonçalves – Porto, Portugal
A escolha das janelas não é por acaso. No seu site André conta as janelas são uma ligação entre a natureza exterior e o interior do edifício, além de representarem a identidade arquitetônica do local. Ao longo de seus estudos, o fotógrafo percebeu como essas janelas representam a identidade não só de prédios separados, mas de toda a cidade. O projeto já reúne fotografias de mais de quarenta cidades, e a meta é que cada país do mundo tenha pelo menos um espaço na coleção.
Montagem mostrando várias janelas, de estilo sóbrio em paredes de tijolinhos.
André Vicente Gonçalves – Londres, Inglaterra
Windows of the World parte de um conceito muito simples. Fotografar janelas. Todas as fotos tem um objeto semelhante, mas isso não quer dizer que elas são iguais. Os materiais, as cores, formas e os detalhes de cada janela reforçam uma identidade cultural, criando montagens diferentes e únicas para cada cidade. Muitas vezes, é possível adivinhar o país mostrado na foto, sem nem mesmo olhar a legenda, o que se torna uma diversão a mais.
As coleções estão expostas no site oficial de André de maneira organizada, legendadas e com imagem de bom tamanho, tudo de fácil visualização, e com um pequeno texto em inglês explicando a iniciativa. Para acessar clique aqui. No site existem também várias coleções de fotografias de cidades ao redor do mundo, que certamente te deixarão com vontade de viajar quando a pandemia passar. 
Experimente fotografar sua cidade e descobrir quais detalhes mostram sua identidade visual. Compartilhe seus resultados com a gente nos comentários!

Referências



-20.3775546-43.4190813

Philippe Halsman

A galeria de hoje vai falar sobre o fotógrafo Philippe Halsman, especialmente sobre sua parceria com o famoso pintor Salvador Dalí, mostrando a influência do movimento surrealista além da pintura.

Philippe Halsman nasceu na cidade de Riga, na Letônia, em 2 de maio de 1906. ele desenvolveu a paixão pela fotografia aos quinze anos, ao encontrar uma câmera antiga no porão da casa dos pais e se tornar o “fotógrafo oficial” de todos os eventos e viagens familiares. Nos anos 30, se mudou para Paris, cursando engenharia mas abandonou os estudos para se dedicar exclusivamente a fotografia. Durante essa década, teve fotos publicadas nas revistas Vogue, Voilà e VU, e abriu um estúdio.
Um homem com uma câmera e um tripé apontando para um ponto distante em um espaço aberto rural.
Photo (Philippe Halsman) © Philippe Halsman Archive 2020
Sua colaboração de 37 anos com o pintor espanhol Salvador Dalí se iniciou nos anos quarenta, quando ambos já haviam se mudado para Paris, e rendeu fotos icônicas, que exploravam a estranheza da obra surrealista do pintor. A série Dalí’s Moustache, por exemplo, é uma série de retratos que foca muito mais no bigode de Dalí, do que no pintor, usando esta característica marcante em fotos abstratas. 
Um olho e uma linha que forma a sobrancelha e um bigode em um fundo branco.
Photo (Salvador Dalí – 1954) © Philippe Halsman Archive 2020
A parceria criou outras diversas fotos icônicas, entre elas Dalí’s Atomicus. Inspirada na pintura Leda Atomicus, do próprio Dalí, esta fotografia levou 28 tentativas para ficar pronta, e mostra o pintor, uma cadeira, dois gatos e água no ar. 
Um homem, gatos, uma cadeira e um jato de água foram fotografados no ar em um ambiente que parece ser um estúdio de pintura.
Photo (Salvador Dalí – 1948) © Philippe Halsman Archive 2020
Além de seu trabalho com Salvador Dalí, Halsman também ficou conhecido por suas fotos de celebridades e figuras importantes pulando, como a atriz Marilyn Monroe e o ex-presidente dos EUA Richard Nixon. O fotógrafo dizia que gostava de pedir aos fotografados que pulassem para que se sentissem mais a vontade, ajudando-os a revelar seus verdadeiros espíritos através da fotografia.
Um homem e uma mulher pulam de mãos dadas em um fundo branco.
Photo (Marilyn Monroe and Philippe Halsman – 1959) © Philippe Halsman Archive 2020
Um homem de terno pula. No fundo se vê uma porta e um guarda-roupa.
Photo (Richard Nixon – 1959) © Philippe Halsman Archive 2020

As fotos de Halsman mostram como objetos simples, como um bigode, podem se tornar fotos muito interessantes usando a criatividade e fugindo do convencional. Pratique tirar fotos mais abstratas e compartilhe seus resultados com a gente!

Links, Referências e Créditos

-20.3775546-43.4190813

SHOT! O mantra psico-espiritual do rock

Documentário aborda a carreira do fotógrafo Mick Rock, conhecido como “o homem que fotografou os anos setenta”, e sua importância para a construção imagética do rock daquela década.

O documentário de 2016 foi dirigido pelo estreante Barney Clay que até então só havia dirigido videoclipes de bandas e comerciais. A partir de entrevistas com o próprio Mick Rock e análise de fotografias e gravações de seu acervo, o longa mostra como a fotografia pode ser usada para capturar o espírito de uma época.
Montagem mostrando estrelas do rock, o fotógrafo retratado no documentário e o título do filme.
Pôster de divulgação do documentário – Barney Clay
As fotos de Mick Rock contribuíram para a formação do imaginário sobre o que é o rock, como por exemplo o visual glamouroso e andrógino. O documentário explora histórias por trás dessas fotografias, como a parceria do fotógrafo com os artistas, o método de iniciar sessões e as influências por trás de alguns ensaios. Um dos exemplos mostrados é da capa do segundo álbum da banda Queen, inspirado por uma foto da atriz Marlene Dietrich.
Quatro homens com roupas pretas em um fundo escuro com uma forte luz iluminando-os de cima.
Capa do álbum Queen II da banda Queen – Mick Rock
Para os fãs de artistas do rock dos anos setenta o documentário é um prato cheio. Mick Rock conta diversos “casos” de sua convivência próxima com os fotografados, como por exemplo o fato de que David Bowie no início da carreira andava cercado por guarda-costas não por necessidade, mas pelo visual de estrela do rock. 
Estas curiosidades com as entrevistas e o material de arquivo do fotógrafo tornam o longa muito divertido de acompanhar. Ao contrário do que muitos pensam, os documentários não precisam ser formais e sérios. SHOT! O Mantra Psico-espiritual do Rock consegue ser engraçado e ágil, na mesma medida em que nos faz refletir sobre como a fotografia faz parte da nossa construção imagética da realidade.
Para assistir o documentário na Netflix acesse o link a seguir: https://www.netflix.com/br/title/80168033 
Links e Referências
-20.3775546-43.4190813
Sair da versão mobile
Pular para o conteúdo
%%footer%%