O Escambau

Câmara Criativa realiza feira de fotografia e arte em Florianópolis

Fachada da Escola de fotografia e arte Câmera Criativa, um casarão amarelo e branco, com um pequeno jardim na frente e cujo interior está sendo iluminado por uma luz amarelada.
Autor Desconhecido

No sábado, dia 19 de novembro, a Câmera Criativa organizará um evento de fotografia que acontecerá na Escola de fotografia e arte. De acordo com Radilson Carlos Gomes, membro da Câmera Criativa, o evento, denominado “Escambau”, refere-se a uma lúdica fusão entre Escambo (feira de trocas: de ideias, equipamentos e vendas de material fotográfico) e Sarau (roda de poesia, dança, música, exposições fotográficas e outras manifestações artísticas).

Durante o evento acontecerão trocas e vendas de equipamentos fotográficos e, simultaneamente, serão feitas apresentações no sarau. O evento estimula os convidados a levarem poemas, músicas, fotografias autorais ou não, assim como equipamentos para troca e venda. As inscrições podem ser feitas no site do evento: https://cameracriativa.rds.land/feira-o-escambau.

Local: Praça Getúlio Vargas, 158 (Jardins da Escola de fotografia e arte Câmera Criativa)

Data: 19 de novembro de 2022, das 15h00 às 19h00Das 15h00 às 19h00

Preço: Entrada Franca

#divulgação é uma coluna de divulgação científica e cultural. Utilize nossos formulários para divulgar seu trabalho em nossas mídias.

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BRITO, C. S. O Escambau. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://culturafotografica.com.br/o-escambau/Publicado em: 16 de Novembro de 2022. Acessado em: [informar data].

A aventura vai começar

Um garoto sozinho sai para visitar o mundo real e suas dificuldades

Um garoto sozinho sai para visitar o mundo real e suas dificuldades

 

Em Seul, crianças brincam no conforto de seus quartos acarpetados, numa casa com as melhores tecnologias da terceira década do século 21. Enquanto em Jakarta uma criança exemplifica a realidade de inúmeras outras ao redor do globo. Esse menino é um herói em sua própria fantasia, erguendo sua capa contra a tirania de um mundo cruel e austero que seus olhos não são capazes de identificar verdadeiramente.

Um menino gira sua camisa acima de sua cabeça em primeiro plano. Ele está imerso até os joelhos numa rua inundada em Jakarta. Ao seu redor, diversos estabelecimentos comerciais se estendem numa foto em preto em branco destacando o céu carregado.
Fanny Octavianus

 

Esse menino não tem nenhuma proteção contra possíveis doenças que a água suja de uma inundação possa lhe causar. Sua bermuda não lhe traz segurança e seu tórax está exposto. Ele se diverte sem o auxílio de qualquer responsável e parece resoluto em sua caminhada naquela rua inundada.

A fotografia em preto e branco realça um centro comercial fantasmagórico. Não é possível identificar nenhuma pessoa ou vida além das paredes de concreto que formam um corredor único, ladeando o garoto. O próprio céu com nuvens carregadas criam uma espécie de teto acima da cabeça do menino, como se o mundo estivesse lhe dizendo para onde ir e por onde ir.

A falta de escolha e oportunidades na vida não me escapam aos olhos. E isso é o que acontece com muitas crianças pobres no mundo. São essas crianças, desprovidas de iphones e coleções de brinquedos que estimulam a criatividade e as atividades físicas para se divertirem com o pouco ou com o nada que têm.

Além da diversão, essas crianças crescem sem as mesmas ferramentas, oportunidades, educação ou acesso à meios que possibilitem, futuramente, uma inserção num mercado de trabalho com a mesma facilidade que as crianças ricas possuem.

Na cena, o que era uma fantasia infantil, vira um meio de tornar a realidade mais palatável. Brincar com o caos ao seu redor, uma solução temporária para suportar o peso da vida, mas que pode ser letal.

É claro, uma criança jamais veria perigo numa rua inundada; seus olhos são infantis e ingênuos. Uma criança pobre, talvez enxergasse menos perigo ainda. Me colocando no lugar daquele menino, uma rua inundada seria pura diversão e possibilidades de explorar o mundo, de experimentar a sensação de suas canelas tocando a água, e tornar a travessia uma jornada admirável e tão fantasiosa quanto Papai Noel para crianças ricas ocidentais.

O garoto estando no meio da rua demonstra sua posição heroica e desbravadora. Ele aparenta até mesmo possuir uma estatura muito maior do que a que de fato possui. Pois, está tão centralizado na fotografia que de certo modo o centro comercial se torna achatado e o céu compactado.

Ainda que ele seja um herói em sua própria fantasia, aquele menino é só mais uma vítima de um mundo desumano e desigual. Essa aventura fantasiosa que o menino traça naquela rua me parece previsão duma árdua jornada futura. Jornada esta que remete a vida real, hoje, 12 anos após ter sido fotografado.

Sem as tecnologias de uma casa acolhedora e segura da terceira década do século 21 e sem um adulto o supervisionando, esse menino está exposto três vezes, desfavorecido três vezes: pelo governo que deveria cuidar de questões de saneamento básico, pelos responsáveis legais que deveriam cuidar de sua integridade e saúde física e pela sua própria ingenuidade.

#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quinta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.

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BRITO, C. S. A aventura vai começar. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://culturafotografica.com.br/a-aventura-vai-comecar/ Publicado em: 29 de Set. 2022. Acessado em: [informar data].

Clark Little

Surfista e fotógrafo apaixonado pela água do mar

Surfista e fotógrafo apaixonado pela água do mar

 

Clark Little, 54 anos, é um renomado fotógrafo e surfista, nascido em Napa, Califórnia, em 1968. Viciado em arrebentações perigosas, estar no mar é estar numa zona de conforto. “É sempre diferente. As luzes, as cores, a água, a areia e o que acontece com ela. E estar lá para capturar isso e compartilhar com o mundo… que sonho!”.

Clark Little fazendo hang loose no mar. Atrás dele uma costa rochosa e um arco-íris.
Clark Little

Em 2007, Clark descobriu sua paixão pela fotografia e pelo hobby de surfar e fotografar imagens de tubos, ondas e das belezas dos mares. Sendo um experiente surfista, conseguiu fotografar imagens inalcançáveis para outras pessoas aquém de suas habilidades sob o mar. E por conta disso, ganhou notoriedade internacional, inclusive no Brasil. Tendo sido publicado em jornais e revistas como: National Geographic, The New York Times, The Surfer’s Journal, entre outras. Ele também trabalhou para diversas empresas correlacionadas, como: Nike, Nikon, Facebook, Starbucks Coffee, Toyota, entre outras.

Fotografia de Clark Little fotografando uma onda de aproximadamente quatro metros de altura.
Clark Little

Tartaruga nadando em destaque. Acima da superfície é possível ver coqueiros e outras árvores.
Clark Little

Imagem de onda espumante em contraste com um céu nublado ao pôr-do-sol.
Clark Little

 

Imagem submersa de uma onda se quebrando. As cores são vivas e intensas e é possível enxergar um contraste muito vivo de luz e sombras na areia do mar.
Clark Little    

Arrebentação se formando com um contraste único de cores. A areia tem tons esverdeados e o mar é azul translúcido.
Clark Little

 

#galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.
 

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Doguinho e Chorão

Qualquer um fica encantado nos braços de seu ídolo, até mesmo um cachorro


Alexandre Magno ‘Chorão’ Abrão, eterno vocalista da banda Charlie Brown Jr, falecido em 6 de março de 2013, sempre será a representação maior de juventude, rebeldia e Rock ‘n’ Roll nacional. O roqueiro é conhecido por seu temperamento e pela fama de brigão. Ainda assim, exibe um largo sorriso com um filhote de cachorro em seus braços num show em 2013 na cidade de Caraguatatuba, SP.

 

Chorão tem nos braços um cachorro. Ambos estão em cima de um palco onde a banda Charlie Brown Jr se apresentou. Atrás dele há uma vastidão de pessoas.
Alexandre Abrão
 
Toda a fotografia é escura. Não podemos ver mais do que tendas e armações de um palco rodeado por fãs e pela equipe da banda. Um daqueles fãs levou o cachorro para o evento e, a pedido de Chorão, a equipe levou o filhotinho ao palco. Chorão amava animais e ao ver o filhote, se encantou: “Eu quero esse cachorro pra mim. Ele tem um ‘A’ de anarquia pintado na orelha”.
 
Chorão também amava o mar e em muitas passagens de suas músicas ele o refere nas letras. Atrás dele e do filhote, um mar de pessoas se ergue, muitos dos quais posam para a foto indistintamente, como se fossem um coral de braços erguidos. Eu não consigo deixar de imaginar como aquela multidão era igualmente amada por ele e vista como um mar cujo estrondo era semelhante ao das ondas quebrando. 
 
O vocalista e o “doguinho” são as duas figuras em destaque na fotografia. Afinal, naquele instante, eles eram o centro das atenções. Todos olham para eles. Chorão vestia preto, cor favorita dos roqueiros, de modo geral. O filhote tem pelagem branca remetendo a pureza que reside nos animais, e isso ilumina toda a fotografia junto ao sorriso do cantor criando um contraste com as roupas do astro do Rock. 
 
É como se o cachorro fosse fã do Charlie Brown Jr. Pelo menos é assim que eu o enxergo, pois me vejo representado nele. Estar envolvido pelos braços de alguém que você admira é uma das sensações mais reconfortantes que existem. E os olhos daquele pequeno animal parecem transmitir a sensação de milhares de pessoas embaixo do palco. 
 
A marca na orelha do cachorro se assemelha a uma tatuagem e a forma como o animal toca a mão de chorão faz parecer que ele busca averiguar a veracidade daquele momento. Características antropomórficas. E o próprio Chorão sorri genuinamente. Seus olhos contraídos e a musculatura relaxada revelam um dos poucos momentos em que foi retratado com vulnerabilidade. 
 
É impossível falar de um momento tão singelo e verdadeiro de Chorão e não atribuir isso ao fotógrafo, Alexandre Abrão, seu filho. Em muitas ocasiões, o músico fora retratado com um semblante sério, reservado e agressivo. Geralmente por conta do contexto comercial em que as fotografias eram tiradas; lhe evocando a persona do “roqueiro brigão” que lhe era associada; muito embora, fosse um filantropo discreto e dono de uma sensibilidade única. Ali ele estava no “mar”, vivendo intensamente, próximo às coisas que amava.  
 
“Muitos sabem quem eu sou, mas poucos me conhecem”, diria Chorão. Pois, para todos aqueles que conviviam com ele, vê-lo sorrindo não era difícil, mas para muitos fãs, principalmente os mais jovens e tardios, que acompanharam sua carreira já em seus últimos anos de vida, é também um presente. Para um fã se ver incorporado naquele pequeno cachorrinho com o “A” de anarquia na orelha é fácil. 
 
#leitura é uma coluna de caráter crítico, com periodicidade semanal. É publicada toda quarta-feira pela manhã. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor a coluna #leitura? É só seguir este link.
 

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BRITO, C. S. Doguinho e Chorão. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/doguinho-e-chorao/>. Publicado em: 15 de set. de 2022. Acessado em: [informar data].

Jerri Rossato Lima

Fotógrafo oficial da Banda Charlie Brown Jr

Fotógrafo oficial da Banda Charlie Brown Jr

Jerri Rossato Lima é um fotógrafo especializado em músicos e shows, skatistas, experimentações e vida urbana. Por suas próprias palavras, define seu trabalho da seguinte forma: “Às vezes, escrevo como quem faz uma foto. Outras vezes, fotografo como quem conta uma história. Palavras e imagens com intenção de música”. Jerri já foi publicado em revistas de skate por conta de seu trabalho, como na revista Solto. Também colaborou com o filme “O Magnata” e sempre esteve associado ao Charlie Brown Jr por conta de sua cobertura fotográfica das apresentações da banda.
Membros da banda Charlie Brown Jr posando para um ensaio fotográfico do álbum “La Família 013”. Da esquerda para a direita: Marcão Britto, Luís Carlos Leão Duarte Júnior ‘Champignon’, Alexandre Magno Abrão ‘Chorão’, Thiago Castanho e Bruno Graveto.
Jerri Rossato Lima


É difícil não reconhecer no Fotógrafo algumas características tão peculiares de Alexandre Chorão, dada a convivência com a banda Charlie Brown Jr, que geralmente mantinha amigos de seus integrantes como funcionários. Jerri afirma sobre si mesmo que: “[…]Mantenho a atenção e o interesse em não ignorar paisagens ou subestimar pessoas” e isso ressoa nitidamente como uma influência do falecido músico.

Chorão posando para foto numa apresentação. Ele usa tênis de skatista com cadarços vermelhos, calças pretas largas, camisa branca e boné aba reta. Ao fundo há uma multidão com os braços erguidos num pátio.
Jerri Rossato Lima

Chorão está concentrado fazendo anotações numa mesa em frente a um microfone. Ele usa uma camisa preta e headphone.
Jerri Rossato Lima

Os cinco integrantes originais da banda estão reunidos no estúdio. Todos estão sorrindo. Ao fundo é possível ver pessoas olhando.
Jerri Rossato Lima

Marcão sentado num ônibus, possivelmente da banda, ao lado de Chorão com violão em mãos enquanto parece ensaiar uma canção.
Jerri Rossato Lima

Chorão sentado numa cadeira de praia observando o mar. Está vestido dos pés à cabeça com roupas preto e brancas com as mãos cruzadas em frente ao rosto, parecendo estar refletindo sobre algo.
Jerri Rossato Lima


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Os olhos que enxergam Clarice

Queridíssima pelos brasileiros, Clarice Lispector sabia muito bem de sua incompreensão perante os olhos dos outros. Mas, não os de Claudia Andujar.

Queridíssima pelos brasileiros, Clarice Lispector sabia muito bem de sua incompreensão perante os olhos dos outros. Mas, não os de Claudia Andujar.

Clarice sempre foi uma escritora incompreendida. Podem entender seus textos, mas a pessoa? Quase nunca. E esta é uma das características mais peculiares da “pernambucana”, como se declarava. Julgo que Claudia Andujar sabia disso quando a fotografou para uma reportagem em 1961 em sua casa, no Recife.

Clarice Lispector sentada em seu sofá com uma máquina datilográfica em seu colo. Seus trajes são simples e graciosos, e o cenário de sua casa é arejado e transmite tranquilidade e silêncio.
Claudia Andujar

 

Esta foto me puxa para fora dela, causando o efeito oposto da maioria das fotografias. Mais do que olhar, essa fotografia me faz querer investigar Clarice; e não somente isto, mas olhar para Clarice através das lentes fica mais interessante se feito com os olhos de Claudia.

Enxergo através desta fotografia, uma mulher que enxerga a outra. Não apenas como mulher, mas como indivíduos que compartilham perspectivas similares sobre a vida. Tanto Claudia quanto Clarice são imigrantes, tendo ambas deixado a Europa, se estabelecido no Brasil e se naturalizado brasileiras. Ambas são lembradas até hoje por conta de seu trabalho realizado, predominantemente, em solo brasileiro. O que é pertinente, já que esta foto exibe justamente o trabalho das duas: a fotografia e a escrita.

Mas eis o questionamento: Como enxergar a escritora de forma mais íntima que através das lentes de Andujar? Ou, ainda, como entender Clarice Lispector melhor do que enxergando pelos olhos de Claudia Andujar? É possível?

Ali, sentada no sofá, tranquila e elegante, Clarice tece palavras. Seus olhos semicerrados defrontam o datilógrafo. Seus dedos esguios gentilmente tocam os botões, adicionando vida a seus textos. A foto me transmite a sensação de que há uma oposição entre a profundidade do que está sendo escrito por ela naquele momento e a  leveza de seu suspiro, eternizado por Andujar.

Para todos os lados está a casa de Clarice, e no centro seu corpo se faz presente. Ela apoia a máquina datilográfica de forma quase espiritual em seu colo, como se estivesse em completo transe; em êxtase; e nada ao redor parece importar ou estar preenchido de significado quando se está ao lado dela. A única exceção para isso parece ser Claudia Andujar, capaz de enxergá-la e nos fazer enxergar a escritora daquela forma.

Particularmente, dentre todas as coisas que Claudia me faz enxergar em Clarice, digo que a solitude é a mais vibrante delas. Clarice está fisicamente ali, mas se faz realmente presente nos limites de sua mente. Ela articula, inspira e transpira poesia, e faz isso isolada e indiscretamente discreta; sem a necessidade de companhia, exceto de alguém tão semelhante a ela mesma.

Ocupando cerca de ¼ da fotografia, aquela delicada e caprichosa escritora transmite, para muito além de seu corpo, tudo o que é. Dela emana uma aura eternizada na fotografia de Andujar que talvez não fosse propriamente capturada se, por acaso, fosse outra pessoa atrás daquelas lentes.

Se, caso outra pessoa estivesse ali, iria enxergá-la tal como é? Ou apenas veria Clarice? Talvez, não sendo Cláudia, com seu olhar igualmente delicado e elegante, não conseguisse perceber que entender Clarice “não é uma questão de inteligência, e sim de sentir…”. Ou captura, ou não captura.

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Johnny Duarte

Para fotógrafo de animais o processo criativo da fotografia é como caçar

Para fotógrafo de animais o processo criativo da fotografia é como caçar

Brasileiro, fotografa profissionalmente desde muito novo. Ainda em 1996, iniciou sua carreira como fotógrafo profissional tendo se dedicado exclusivamente à fotografia de animais em 2001. Hoje – Abril de 2022 -, ele é referência em seu  trabalho, tendo prestado serviço para diversas marcas importantes. Tais como: Pedigree, Bayer, Total Alimentos, Merial, Sanol, entre outras… Seu trabalho tem crescido nos últimos anos e atualmente possui cerca de 10.000 seguidores no Instagram.

 

Retrato de Johnny Duarte. Ele  olha para frente, munido de sua câmera Canon e carrega duas aves nos ombros. Da esquerda para a direita, um falcão-de-coleira e uma coruja-das-torres.
Johnny Duarte
 
Em entrevista para o site brunosantana.com, Duarte afirmou que entende “…a fotografia como uma caça”, o que ajuda a ilustrar a ideia de sua concepção e criação artística. As fotografias de Duarte aliam o enquadramento com as noções de proporção dos animais, de modo a não deixá-los se tornarem meros detalhes nas imagens, mas seu principal elemento. 
Golden Retriever em cima de tronco de árvore repleto de musgo. Fundo da foto com queda d’água numa cachoeira.
Johnny Duarte
 
Cavalo branco de crina acastanhada visto de sua posição caudal numa floresta.
Johnny Duarte
Fotografia de um cão dentro de um casaco surrado de cor bege em cima de um puff.
Johnny Duarte
Tigre sentado numa planície.
Johnny Duarte
Cachorro preso à coleira num emaranhado de coisas. Seu rosto exibe culpa do acidente/bagunça que está inserido.
Johnny Duarte
 
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A primeira troca de olhares

O vislumbre do amor à primeira vista no instante em que ele ocorre.

O vislumbre do amor à primeira vista no instante em que ele ocorre.

 
Daido Moriyama é subversivo. Reconhecido pelo uso de câmeras compactas comumente utilizadas por turistas com o intuito de não deixar os transeuntes – recorrentes objetos de suas fotografias – desconfortáveis. O fotógrafo não teme a vida urbana e menos ainda a imperfeição proposital de seu trabalho.
 
No plano médio da foto duas jovens colegiais aguardam em frente de uma porta do metrô que está localizada no plano de fundo. E no primeiro plano uma mão segura num suporte do transporte. Fotografia granulada em preto e branco com alto contraste.
Daido Moriyama
Muito se debate se o amor à primeira vista existe e se pode ser fotografado. Como algo pode ser categorizado como “à primeira vista”? Onde é que acaba esse instante? O piscar de olhos? Os dois primeiros minutos de uma conversa? Daido Moriyama faz isso parecer possível; e fácil de responder.
 
A fotografia é dividida em três planos. No primeiro, uma mão segura num suporte do metrô. Esse plano contém apenas este elemento, mas me insere em seu contexto; consigo emergir totalmente naquela pessoa, observando aquela cena de dentro de seus limites. 
 
No segundo plano, estão duas jovens colegiais. Uma na esquerda, de costas, deixada aquém da fotografia, está ali parcialmente. Não é para ela que olhamos. Mas a outra jovem nos dá um vislumbre do perfil de seu rosto, e nos olha de volta. Ainda que de soslaio.
 
Seu rosto é jovial, simpático e flerta com a ideia de “romance de transporte”. A moça aparenta olhar para a pessoa no primeiro plano. Seus lábios estão entreabertos, o cabelo jogado para trás das orelhas; todos sinais de um flerte, de um diálogo não-verbal e possivelmente romântico.
 
No terceiro plano, os limites do metrô se impõe onde uma porta está posicionada logo à frente das jovens. Se colocando ali como o fim da linha, um adeus iminente entre duas pessoas que julgo nunca terem se visto até então.  E também uma futura barreira após o fim de um instante.
 
Esses três planos contam uma história comum e improvável, como uma paixão. Me pergunto se o amor à primeira vista é isso: olhar para alguém e estar ciente da improbabilidade de nunca mais vê-la e a frustração de uma conversa não iniciada. Isso explicaria a dúvida sobre a existência deste fenômeno.
 
É um vão entre duas pessoas que podem ou não se encontrar novamente, seja por contexto ou acaso. E a fotografia capta exatamente este momento. Não deixando claro, por impossibilidades da própria fotografia, como aquele momento sucedeu. Assim como muitos desses momentos não sucedem, de fato.
 
É mais fácil fotografar um evento astronômico, do que o vislumbre do nascimento de um amor genuíno entre duas pessoas desconhecidas numa fotografia; um momento efêmero, fadado à jamais se repetir tal como foi. O tempo muda tudo e ele escorre pelas nossas mãos.
 
Para mim a fotografia de Moriyama representa um sentimento inteiro, puro e verdadeiro e ao mesmo tempo tão facilmente amargado pela frustração de não se tomar uma iniciativa, de intervir ante a porta. Mas esperança não é capaz por si só de incidir o raio do amor novamente e no mesmo lugar.
 

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Claudia Andujar

Importante fotógrafa responsável por ajudar a criar a Comissão pela criação do parque Yanomami (CCPY).

Importante fotógrafa responsável por ajudar a criar a Comissão pela criação do parque Yanomami (CCPY).

 

Claudia Andujar, suíça, nascida em 1932 na cidade de Neuchâtel e naturalizada brasileira em 1955, foi uma fotógrafa importante em favor da causa indígena, especialmente da tribo Yanomami. A fotografa e sua mãe fugiram do holocausto devido às suas origens judaicas. A perseguição fez com que ambas iniciassem uma sucessão de mudanças internacionais que posteriormente as trouxeram para o Brasil, onde Andujar iniciou e desenvolveu sua carreira como fotógrafa.

 

Claudia Andujar e uma criança indígena olhando para a câmera. O cenário é a tribo do povo Yanomami.
Claudia Andujar

 

No Brasil, sem falar português, Claudia utilizou a fotografia como forma de globalizar sua comunicação e se aproximar da cultura local e do povo Yanomami. Seu trabalho é reconhecido mundialmente, em especial pela forma como suas fotografias demonstram leveza em situações do cotidiano, demonstrando com delicadeza a vida de povos nativos do País. Andujar ajudou a introduzir a iconografia indígena na arte contemporânea.

 

Mulher indígena tomando fôlego enquanto nada num rio. Seu rosto exibe pintura tribal.
Claudia Andujar
 
Jovem indígena deitado numa rede no que aparenta ser o interior de uma oca. Seu corpo possui pinturas tribais nas pernas, abdome e braços. Seu rosto exibe relaxamento.
Claudia Andujar
Homem indígena nu aparentemente dançando em solo tribal. Há um cachorro deitado no chão à direita do homem. O cenário ao redor está ligeiramente borrado, causando efeito alucinógeno à fotografia.
Claudia Andujar

 

Close de Jovem indígena na penumbra. Seus olhos fitam o chão e o rapaz possui semblante reflexivo. A foto é em preto e branco.
Claudia Andujar

 

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