Espaços e biografias

As fotografias de “Noturno” narram sentimentos de pessoas que convivem com a guerra no Oriente Médio.

Qual sentimento o espaço onde você está agora, te provoca? Na fotografia abaixo, a mulher atravessada por um pequeno feixe de luz, com sua mão esquerda com o seu corpo apoiado na parede, seu lado direito estático e seus olhos fechados, nos sugere algum sentimento que provém da presença no espaço onde ela está.


Foto: Gianfranco Rosi/2020.


O feixe de luz  indica uma pequena abertura no alto do cômodo. As paredes desgastadas e sujas sugerem um ambiente que não passa por reformas há algum tempo. Mas o interessante é que essas e outras circunstâncias remetem e causam sentimentos nessa mulher, que parece experimentá-los à medida que tateia esse espaço.


Desde que li “Biografia, corpo e espaço” de Delory Momberger, a ideia de que os espaços constituem nossa biografia não sai da minha cabeça. As fotografias que escolhi para este trabalho provocam essa  ideia, pois a casa onde moramos ou os caminhos que percorremos, por exemplo, constituem a nossa  memória, a nossa história e os nossos sentimentos.


Foto: Gianfranco Rosi/2020.


Ou seja, o espaço não é apenas um cenário ou uma ilustração presente nas fotografias ou no nosso dia a dia. Ele também reflete sobre nós a dimensão da nossa experiência geográfica ou sentimental, condiciona nossas práticas e nossas representações do mundo, pois é constituído culturalmente e socialmente.

Mas não podemos deixar de lado que nós interferimos no espaço, assim como ele interfere em nós, e  essa troca é constante, uma vez que o nosso corpo é um espaço dentro do espaço. Assim nasce parte do processo da nossa biografia. 

Vale ressaltar que essas fotografias são do documentário “Noturno”, dirigido por Gianfranco Rosi. 


 #leitura é uma coluna de caráter reflexivo. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, histórica, política e social. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor as postagens da coluna? É só seguir este link.



Links, Referências e Créditos


https://piaui.folha.uol.com.br/notturno-um-feito-cinematografico-admiravel/


DELORY-MOMBERGER, C. Biografia, corpo e espaço. In: Biografia e educação: figuras do indivíduo-projeto. Natal: EDUFRN, São Paulo: PAULUS. (2008)


Entre as Festas de São João

As festas de São João não aconteceram em 2020/21 devido a pandemia covid-19. Bora matar a saudade?

O fotógrafo carioca, especialista em moda e cultura popular,  Yuri Graneiro, registrou, no ano de 2017, cenas das Festas de São João no Norte e Nordeste do Brasil. Vamos matar a saudade do arraiá pelos registros realizados em São Luís do Maranhão?

“Bumba-meu boi” São Luis do Maranhão. Yuri Graneiro, 2017.

Considerada uma das maiores festas de São João do país, o  arraiá de São Luís,  conta com múltiplos shows e programações que atraem pessoas do Brasil e do  mundo. Nessa série fotográfica, Yuri Graneiro registra o encontro de várias tradições do Brasil na noite de São João.
Acima, a fotografia do “Bumba-meu boi” ou “Boi-bumbá” apresenta um personagem do folclore brasileiro, caracterizado para a noite de São João. Mas a festa não para por aqui! Nas próximas fotografias as tradições afro-brasileiras e dos povos originários marcam sua presença no arraiá com suas apresentações! Que grande encontro, né mesmo?

Apresentação da dança “tambor de crioula”. São Luís do Maranhão. Yuri Graneiro, 2017.
Apresentação dos povos originários. São Luís do Maranhão. Yuri Graneiro, 2017.

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Zonas de obscuridade: O olhar de Alice Martins

A fotojornalista brasileira, registra os cotidianos das pessoas que convivem com os conflitos armados no oriente médio.
 

Essas fotografias foram realizadas em locais marcados pelas guerras. O que acontece nessas ruas, como as crianças são educadas, todos os cidadãos pegam em armas? Essas são algumas perguntas instigadas pelos registros de Alice Martins.

Uma hora dourada empoeirada. Alice Martins, 2019.


Alice é uma das poucas mulheres que registraram os conflitos armados na Síria, que tiveram início em de 2012. Dadas tantas notícias de conflitos, migrações, bombardeios, etc no oriente médio, cenas do cotidiano tornam-se obscuras e o que é “comum” passa a ser extraordinário,
 
Entre ruas, ruínas e casas, a vida acontece. Observamos a fotografia abaixo e nos recordamos dos rostos e da atmosfera de ir à feira. Na próxima fotografia, o garotinho com algodão doce passa por uma parede mal acabada ou bombardeada. O vestido de noiva atrás abandonado, ou perdido, serve para à curiosidade, posto o lugar que ocupa.
 
 
Mulheres fazendo compras na cidade de Raqqa. Alice Martins, 2019.


 
Menino desabrigado pela guerra na Síria. Alice Martins, 2019.

Vestido pendurado fora de uma casa na Medina de Tânger. Alice Martins, 2017.
 
 
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Links, Referências e Créditos

 

  • http://www.confoto.art.br/fotografia/fotoclubes/amazonas/item/49-palestra-com-a-fotojornalista-ga%C3%BAcha-alice-martins.html
  • https://www.instagram.com/martinsalicea/
  • http://www.confoto.art.br/fotografia/fotoclubes/amazonas/item/49-palestra-com-a-fotojornalista-ga%C3%BAcha-alice-martins.html
  • https://globoplay.globo.com/v/3284277/

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Proximidades: pelo olhar Alice Martins

Entre Síria e Turquia, Alice Martins fotografou cenas cotidianas das pessoas atingidas pelos conflitos armados.
 
A mãe com a criança no colo me remeteu a algumas das representações ocidentais de mães com filhos no colo, como a Madonna e a Pietá. Meu olhar direcionado pelo arquétipo ocidental de interpretação de imagem é o  que também me faz escolher essas fotografias para aqui refleti-las. Abaixo, observamos uma mulher com um bebê no colo em uma sala que não parece ser habitada.
 

 

Mulher tenta acalmar uma criança em uma escola em Hasaka,/Síria, A. Martins, 2019.  


Os tons de marrom e branco no ambiente, assim como a paisagem deturpada pela janela, me proporcionam as sensações de frio e abandono, aliás o lugar me soa abandonado. Então o colo da mulher se torna muito acolhedor e amável, quase não notamos uma terceira pessoa ali: Alice. Porém a legenda da foto nos diz o contrário do que penso. Como interpretaríamos essa imagem sem legenda?
 
Mesmo que o trabalho da Alice tenha sido desenvolvido no Oriente Médio, códigos e semelhanças sociais nos fazem aproximar das suas fotografias, de acordo com o que apresentam. Considero persistente entender que o nosso olhar é direcionado pela nossa cultura, então a partir de onde pensar essa proximidade de sentidos e sentimentos?

 

Cena de praia em Casablanca/ Marrocos. A Martins, 2020.


O que me chama atenção nessa fotografia é que um lugar que habita o meu imaginário catastroficamente, também oferece lazer, risos e brincadeiras. Nos é comum neste momento as lembranças de idas à praia. Essa serenidade em Marrocos vai além das notícias de telejornais e rede sociais, por exemplo, ela nos remete a descontração do cotidiano.
 
Da sala à praia, o que nos aproxima dessas fotografias são as relações de afetos demonstradas pelas pessoas nesse momento capturado. Ambos os ambientes, tornam-se à extensão do lar, seja pelo acolhimento, pela descontração e de certo pelo afeto demonstrado, etc. 
 
Quando escrevo sobre outros lugares que não o Brasil, eu sempre penso no que me levou até lá. Acredito que o “ouvi falar” e a vontade de conhecer o lugar, sustentem essa viajem que acontece por meio das leituras. Que bom descobrir que o comum é extraordinário quado o caos circunscreve as notícias. 
 
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Contraponto em “Filhos de Douma” de Abd Doumany

A série de fotografias de Abd Doumany registra as consequências da incessante guerra na Síria.

Em 2016, o fotojornalista Abd Doumany realizou a série “Filhos de Douma”, que trata da realidade de crianças que vivem em meio aos conflitos armados na cidade de Douma, na Síria. Não é fácil ficar diante de fotografias tão chocantes, mas esses registros fazem parte dos documentos que denunciam as consequências da guerra na Síria.

Homem carrega o corpo de uma criança morta em um ataque aéreo, em 2016. ( AFP/ Abd Doumany).

Na fotografia acima, o homem que carrega o corpo da criança tem sua atenção voltada para o rosto dela. Penso que essa cena também retrata um momento muito íntimo de resignação e piedade, como também evidencia os resultados dos conflitos ideológicos e identitários presentes na Síria, mas esses conflitos não são uma novidade.

Após a 1°Guerra Mundial, os países europeus começaram o processo de colonização no Oriente Médio. Em 1920, a França colonizou a Síria e 26 anos depois o país conquistou sua independência. Porém, até hoje os conflitos identitários utilizados pelos colonizadores para exercerem poder na região não foram resolvidos e vários grupos brigam pelo comando e pela ideia de nação a ser implementada no país.

Em 1971, Hafez Al-Assad foi eleito presidente do país. Ele deixou a presidência no ano 2000 e foi sucedido pelo seu filho Bashar Al-Assad, que assumiu o poder mesmo após fraudes eleitorais acerca de sua candidatura terem sido provadas.

Em 2011, várias manifestações puseram abaixo governos ditatoriais de vários países do Oriente Médio e alguns ditadores foram mortos. Esse momento ficou conhecido como “Primavera Arabe”. Todavia, na Síria, Bashar Al-Assad reprimiu fortemente as manifestações e conseguiu se manter no comando do país.

Tanta repressão levou grupos civis a se unirem contra o governo Al-Assad, dando início a vários ataques contra o exército oficial do país em diferentes regiões da Síria. Douma encontra-se em ruínas após tantos conflitos e bombardeios. A vida cotidiana, portanto, é destroçada pela guerra, consequência da modernidade eurocêntrica e colonizadora.

“No mundo moderno, aqueles que são mais felizes na tranqüilidade doméstica, talvez sejam os mais vulneráveis aos demônios que assediam esse mundo; a rotina diária dos parques e bicicletas, das compras, do comer e limpar-se, dos abraços e beijos costumeiros, talvez não seja apenas infinitamente bela e festiva, mas também infinitamente frágil e precária”(BERMAN, 2007, pp.14).

Menina e menina em leito no hospital. (AFP. Abd Doumany, 2016).

A menina que nos observa através da fotografia, revela uma ruptura com o tempo: não observamos apenas a fotografia de um cenário hospitalar, mas também entramos em contato com um momento do conflito e com a possível bomba inesperada que atingiu sua casa. Me sinto estática observando essa fotografia.
A guerra e suas causas tornam-se uma justificativa óbvia para compreender “Filhos de Douma”. Contudo, não é. Apesar das leituras sobre os processos e o progresso em voga no mundo moderno, alicerçados nas suas mais terríveis consequências, estar diante desse trabalho não é fácil, mas acredito em sua necessidade, pois há guerras no mundo e elas precisam ser denunciadas.
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Filhos de Douma de Abd Doumany

A série de fotografias de Abd Doumany apresenta o cotidiano de crianças que convivem com a guerra ou que têm sua vida tirada por ela.
Em 2013, Abd Doumany começou a trabalhar como fotojornalista independente. No ano seguinte, foi contratado pela Agência France Presse (AFP), com quem trabalha até hoje. Ele também é voluntário do Crescente Vermelho Árabe Sírio, que ajuda pessoas atingidas pela guerra. Na série Filhos de Douma, o fotógrafo nos apresenta parte da realidade da guerra civil armada na Síria na vida das crianças.
Abd Doumany / AFP

Em 2012, a cidade de Douma foi tomada pela Coalizão Nacional Síria, que faz oposição às Forças armadas do atual governo da família Assad, que desde 1971 se mantém no comando do país. Com o intuito de tomar a cidade de volta, Bashar Al- Assad, atual presidente do país, lidera tropas contra a Coalizão.
Estas fotografias tomadas em um país distante nos indignam tanto porque nos mostra o sofrimento daquelas crianças sírias, quanto porque nos faz lembrar que aqui, próximo a nós, muitas crianças enfrentam realidades tão duras quanto as mostradas por Doumany.
Abd Doumany / AFP

Abd Doumany / AFP

Abd Doumany / AFP

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Diane Arbus: entre luzes e sombras

Famosa pela temática que envolve tabus, Diane Arbus nos convida a explorar o sensível e curioso das suas fotografias em preto e branco.


Diane Arbus (1923-1971) é uma fotógrafa conhecida por suas fotos nada convencionais. Podemos perceber que a pauta da marginalização está bem presente em seu trabalho, por isso, pessoas trans, anões, nudistas, pessoas de circo, dentre outras, fora dos padrões estéticos impostos socialmente, dão vida às suas fotografias muitas vezes tiradas nas ruas. Os modelos de suas fotografias expressam o medonho, o inesperado e a perversão, nos convidando a refletir sobre a identidade do outro e os  padrões de beleza.


Diane Arbus, (1923-1971) – autorretrato. 


Norte-americana e filha de Judeus, Diane Arbus nasceu, Diane Nemerov. Por dez anos, ela fotografou ao lado do marido, Allan Arbus, para a publicidade e o mercado da moda. Depois desse período, ela e seu marido se separaram. Diane tornou-se fotojornalista e trabalhou para várias revistas. Ela estudou fotografia com Berenice Abbott e Lisette Model, durante o período em que ela começou a fotografar, com sua TLR Rolleiflex no formato quadrado pelo qual se tornou famosa. A maioria de suas fotos são tiradas de frente, principalmente com consentimento, e muitas vezes utilizando um flash para criar uma aparência surreal. 


Diane Ardus. Child with Toy Hand Grenade in Central Park, N.Y.C. 1962.

Diane Arbus, 1967. “Gêmeas Idênticas”


Mexican dwarf in his hotel room, N.Y.C. 1970
A young man in curlers at home on West 20th Street, N.Y.C.1966.


A gente quer saber suas impressões acerca dos trabalhos de Diane Arbus, qual das fotografias te tocou mais e porquê? Deixe aquele comentário com sua inquietação, dica e o que mais estiver sentindo. Até a próxima!

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Rituais fúnebres em “Ventos de Agosto”

Se você soltou pipa algum dia na vida, sabe que os tão esperados ventos de Agosto são bem fortes!


Ventos de Agosto (2014), filme brasileiro dirigido por Gabriel Mascaro, explora a dicotomia entre vida e morte de  forma bem inesperada para quem geralmente está habituado aos rituais fúnebres tradicionais. Entre as ondas do mar e o vento lançado à praia, o personagem interpretado por Gabriel Mascaro, chega à comunidade de Porto de Pedras (AL) e muda todo o cotidiano das pessoas que residem na “quarta curva depois da boca do rio, quebrando a esquerda”.


Shirley e Jeison conversam com um dos pescadores da comunidade acerca do crânio que Jeison encontrou no mar ao fazer um mergulho. Fotograma de Gabriel Mascaro, cena do filme “Ventos de Agosto” de 2014. 28 ’54”.

Interpretada por Dandara de Morais, Shirley e Jeison, interpretado por Geová Manoel, vivem um relacionamento de descobertas e buscam consolidar suas identidades. Shirley saiu da cidade, para cuidar de sua avó, com o sonho de se tornar uma tatuadora e Jeison, mora com seu pai na pequena comunidade. 

Era para ser um dia como o outro, mas Jeison encontra um crânio no mar, e sua relação com a morte muda a partir daí. Mas essa história não envolve apenas Jeison. Toda a comunidade vai se dando conta da importância dos seus mortos, que tomam conta do enredo do filme, evidenciando que a memória, a história e as lembranças das pessoas em relação ao local em que vivem, também são narradas por quem já passou  na comunidade.


Shirley e Jeison, sentados em um túmulo, conversando sobre a vida na comunidade.  Fotograma de Gabriel Mascaro, da cena do filme “Ventos de Agosto” de 2014. Cena do cartaz de exibição da Cultura.PE.

Segundo Cohen (2002, p.2) “estudos arqueológicos indicam que rituais e práticas concernentes à morte e ao cadáver são tão antigos quanto o homem de Neanderthal ou seus ancestrais. O tratamento proposto ao corpo, os objetos colocados junto a ele,  sua posição no sepultamento, as pinturas e as inscrições em sua lápide, consistem em indícios da elaboração de valores e crenças sobre a vida e a morte. Aliás, rituais fúnebres encenam  a morte, tanto quanto a vida. (apud MENEZES, GOMES, 2011. p. 122).

Gostou do filme? Deixe aqui nos comentários suas experiências com rituais fúnebres, dicas e afins.  Até a próxima!

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