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O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares

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 Uma história de ficção criada a partir de fotografias antigas? Conheça a literatura verbo-visual de Ransom Riggs!

Você com certeza deve ter lembranças de livros infantis e infanto-juvenis repletos de ilustrações que ajudam a tornar a leitura mais interessante, lúdica e colorida. Mas o livro sobre o qual vou falar hoje neste #dicade é um pouco diferente daqueles que você já deve conhecer. Na verdade, ele é bastante surpreendente se levarmos em consideração como se deu o seu processo criativo. Uma dica: tem tudo a ver com o que nós do Cultura Fotográfica amamos. Isso mesmo… fotografia!

Um exemplar do livro é visto sobre uma mesa próximo a outras obras literárias, com um pires com biscoitos e uma xícara de café parcialmente visíveis no lado esquerdo na imagem. 
Kaio Veloso. Capa de O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares.

A experiência de leitura de O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, publicado no Brasil pelas editoras Leya e Intrínseca, não poderia ter sido mais curiosa. Jamais poderia imaginar que aquela imagem da capa – uma garotinha flutuando alguns centímetros acima do chão, claramente uma montagem (do tipo tosco, que te faz querer rir) – poderia indicar, assim como as demais presentes ao longo do livro, algo mais do que um teor meramente ilustrativo. É com muita estranheza que adentra-se na história criada pelo americano Ransom Riggs , que começou a ter seus volumes publicados em 2011 e foi adaptado para o cinema em 2016, sob direção de Tim Burton.

Se até certa altura o fato de as personagens descritas terem as mesmas características que aquelas figuras misteriosas das fotografias parece uma mera coincidência (Ele deve ter tido sorte em achar essas fotos para o livro) ou uma estratégia pensada (Elas devem ter sido produzidas exatamente para isso) logo, as coisas começam a ficar um pouco mais complexas, afinal, parece que ambas as coisas, imagens e texto, são praticamente uma coisa só. Mas como isso é possível? A resposta vem ao final do livro, quando há uma listagem de colecionadores de fotografias vintage (o próprio Rigs consta na lista) e as coisas começam a ficar um pouco mais claras.

Tudo bem. As fotos são reais. Mas por quê alguém tiraria fotos tão estranhas e com esses efeitos de décadas atrás? Afinal, não estamos falando de uma foto posada em uma reunião de família ou uma cena de um cotidiano bucólico, mas de uma garota que parece segurar uma luz sinistra, gêmeos em fantasias esquisitíssimas e a já citada  garota flutuante. Nesse ponto, as coisas já ficam mais nebulosas. É difícil dizer ao certo quais são as histórias por trás dessas imagens, mas o que podemos afirmar é que truques antigos de montagem fotográfica foram usados para criar muitas dessas cenas.

O livro é visto aberto sobre uma mesa. Na página esquerda, há uma fotografia de uma criança que olha diretamente para a câmera, com olhos iluminados e com as mãos em forma de cúpula de onde emana uma luz branca. Na página direita, há texto corrido. 
Kaio Veloso. Visão interna do livro O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares.

O mais legal nisso tudo é que o processo criativo aconteceu a partir de uma  sugestão do editor de Riggs (que originalmente apenas faria um livro especialmente para o Halloween com uma seleção da sua coleção pessoal de fotografias antigas) que lhe incentivou a criar um romance a partir das imagens, imaginando como seria uma história em que aquelas crianças estranhas fossem as personagens. E assim, nasceu a saga que acompanha Jacob Portman, um garoto de 16 anos que parte para uma viagem ao País de Gales para buscar  a verdade sobre o assassinato de sua avó, e descobre crianças com dons especiais, tais como invisibilidade e manipulação de fogo, vivendo no orfanato da Srta. Peregrine, uma mulher que é capaz de se transformar em um falcão, isso dentro de uma fenda temporal que os mantêm na década de 1940 como meio de sobreviverem a seus inimigos. 

Pode-se dizer então que os livros que compõe a série (as continuações são os títulos Cidade dos Etéreos, Biblioteca das Almas e Mapa dos Dias) possuem uma forma de narrativa verbo-visual, já que as imagens presentes vão além da mera função de ilustração, mas compõem parte da história, sendo inspiração e parte dela ao mesmo tempo, à medida em que são mencionadas no texto e ajudam a compreendê-lo e até mesmo adentrar com mais intensidade na obra.

Você pode adquirir o livro aqui  e aqui

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