Cristina de Middel questiona a relação da verdade com a fotografia em seus projetos documentais que misturam realidade e ficção.
Cristina de Middel nasceu em 1975 na Espanha e estudou fotografia na Universidade de Oklahoma nos EUA e arte na Universidade Politécnica de Valência na Espanha. Por muitos anos trabalhou como fotojornalista, mas em 2012 publicou o livro “Afronautas”, no qual explora um estilo menos realista de contar os fatos. Desde então ela mistura projetos documentais, em trabalhos para ONGs e projetos mais pessoais.
Legenda: Cristina de Middel em Londre. Ione Saizar (2013). Descrição: uma mulher em frente a uma parede onde vemos vários quadros com fotografias. |
O livro “Afronautas”, um dos primeiros projetos mais experimentais da fotógrafa, reúne uma série de fotografias contando a história de um programa espacial na Zâmbia nos anos sessenta, desafiando as representações tradicionais do continente africano. A obra teve grande repercussão e chegou a ser indicado ao renomado prêmio de fotografia Deutsche Börse em 2013.
Em seus projetos seguintes, Middel continuou misturando a linguagem mais artística com um propósito documental, até mesmo dentro de um único projeto, sendo um exemplo o seu primeiro trabalho no Brasil: o livro “Sharkification”. Publicado em 2016, o livro registrou o cotidiano de favelas recém-pacificadas do Rio de Janeiro como se fosse um ambiente aquático. Peixes e tubarões aparecem como figuras metafóricas, que representam a população daqueles locais convivendo com as unidades de polícia pacificadoras.
A fotógrafa também fez outros trabalhos no Brasil. Foi no nosso país que ela começou a série “Clube dos Cavalheiros”, mais realista e documental, uma série de fotografias de clientes de prostitutas. Na entrevista com a revista Zum, Middel explica a proposta: mostrar o lado da prostituição que geralmente fica oculta nos registros.
Também foi no Brasil que ela conheceu o parceiro Bruno Moraes, com quem elaborou um de seus projetos pessoais mais interessantes: a série Exu. A série de fotografias conta a jornada de Exu, um espírito que representa transformação, e suas diferentes representações passando por Benim, Cuba, Brasil e Haiti, retratando espiritualidade de forma poética e quase surreal, mas claramente contando uma história.
Cristina de Middel é uma fotógrafa muito interessante justamente por fugir das linguagens convencionais, explorando os limites entre ficção e fato em seus projetos. Ela tem vários outros trabalhos cativantes, que podem ser conferidos em seu site, que também tem uma estética diferente da maioria.
Confira alguns trabalhos da fotógrafa:
Legenda: de série Clube de Cavalheiros, Cristina de Middel. Descrição: um homem encosta em um espelho manchado em um ambiente que remete a um quarto simples. |
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Legenda: da série Exu, Cristina de Middel e Bruno Morais (Brasil, 2016). Descrição: vemos um homem de terno branco e chapéu tampando o rosto saindo do mar no Rio de Janeiro. |
Legenda: da série Exu, Cristina de Middel e Bruno Morais (Benim, 2016). Descrição: vemos uma pessoa de costas segurando um pano vermelho sendo soprado pelo vento na praia. |
Legenda: do livro Sharkification (2016), Cristina de Middel Descrição: colagem com um menino sem camisa correndo por uma rua com um filtro azulado e um tubarão passando na frente. |
Legenda: da série Afronautas, Cristina de Middel (2011) Descrição: um homem com um traje de astronauta colorido e estampado. |
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Links, Referências e Créditos
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Cultura Fotográfica