André Kertész – Autorretrato, Paris, 1926 Descrição: Fotografia em preto e branco. Mostra as sombras de um homem e de uma câmera na parede. |
Kertèsz começou a fotografar em 1912, após juntar dinheiro para comprar a sua primeira câmera. Nessa sua primeira fase como fotógrafo, registrava as paisagens rurais do seu país natal e a vida dos jovens que ele conhecia, como seu irmão mais novo. Ao servir o exército na Primeira Guerra Mundial, levou uma câmera leve consigo, mas não queria fotografar o conflito. Ele não enxergava a guerra como uma tragédia e não se interessava por retratos documentais e políticos, optando por retratar os momentos de lazer dos soldados.
Em 1925, motivado pela dissolução do Império Austro-húngaro, se mudou para Paris, como vários outros artistas da época. Na capital francesa, ficou amigo de outros fotógrafos de origem húngara como Man Ray, Robert Capa e Brassaï. Nessa época, sua característica inovadora se tornou mais marcante, enquanto ele eternizava em imagens parte da tradicional vida parisiense, como os cafés, as feiras e os parques. Também foi quando ele ganhou popularidade na França publicando em diversas revistas, período no qual seus trabalhos foram uma simbiose entre modernismo, realismo e humanismo.
Em 1936, as revistas franceses foram deixando de publicar os trabalhos de Kertész, por serem muito “neutros” para o contexto da guerra, antes mesmo de receber a resposta positiva do governo francês sobre a sua naturalização, aceitou um emprego em Nova Iorque, se mudando em seguida. Nos Estado Unidos sua adaptação foi difícil: lá a comunidade artística era pequena, Nova Iorque não o encantava como Paris ou Budapeste e ele não falava inglês. Além disso, seu ensaio “Distorções”, que havia sido aclamado na França, recebeu pouca importância ao fazer parte de uma mostra no Museu de Arte Moderna, mostrando que o estilo artístico da sua atual cidade era bem diferente do seu.
Nos Estados Unidos, Kertész trabalhou em diversas revistas de moda, mas a fotografia de estúdio não lhe agradava. Quando a revista Life o convidou para fazer um ensaio sobre os rios de Manhattan, ele fotografou rebocadores, sobre diversos ângulos, inclusive utilizando um dirigível. Era um trabalho que finalmente o animava, mas, ao entregar as fotos, a revista as recusou sob a justificativa de que elas “falavam demais” e que o redator era o responsável por escrever os textos, não precisando as fotos fazerem mais do que mostrar. Sobre a recusa, Kertész respondeu: “Eu não posso fazer nada, minhas fotos falam. Eu não consigo segurar a câmera sem me expressar”.
Permaneceu fazendo fotografias que não eram totalmente do seu agrado e ficou mais de quinze anos em um contrato exclusivo com a revista de decoração House and Garden. A partir dos anos 1961, Kertész voltou a ser reconhecido pelas suas fotografias despretensiosas, e se iniciou em sua vida um período que os biógrafos chama de “Período Internacional”, quando suas fotos foram publicadas em jornais e revistas e apresentadas em exibições em diversos países. Finalmente, passou a ser reconhecido por seus ângulos diferentes, sua composição inovadora e sua fotos que falam.
André Kertész – Chairs (Cadeiras), Champ Elysées, Paris, 1927 Descrição: Fotografia em preto e branco. Mostra cadeiras alinhadas e suas sombras (também alinhadas). |
André Kertész – Man Diving (Homem Mergulhando), Esztergom, 1917 Descrição: Fotografia em preto e branco. Mostra um homem prestes a mergulhar e seu reflexo na água. |
André Kertész – Fork (Garfo), 1928. Descrição: Fotografia em preto e branco. Mostra um garfo apoiado em um prato. |
André Kertész – Shadows (Sombras), Paris, 1931 Descrição: Fotografia em preto e branco. Mostra pessoas vistas de cima e suas sombras, |
Andrés Kertész – Painting his Shadow (Pintando a sua sombra), 1927. Descrição: Fotografia em preto e branco. Mostra um homem em uma escada pintando o lado de fora de sua casa. |
Referências:
- BORHAN, Pierre, et al. André Kertész: His Life and Work. Little, Brown and Company. Massachusetts: 1994.
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