Sabe quando a imagem vai diminuindo, diminuindo, em direção ao fundo, até que só seja possível enxergar um ponto? Então, esse é o ponto de fuga.
Para começar, o ponto de fuga surge de um modo de ver o mundo propagado na cultura ocidental pelo Renascimento Italiano, mais especificamente pela perspectiva albertiana. Ela recebe esse nome por causa de seu criador, Leon Battista Alberti, quem, no início do Renascimento, foi a primeira pessoa a estudar proporção e análise científica de perspectiva dentro da arquitetura, fazendo o levantamento de diversos monumentos da Antiguidade e formando concepções estéticas sobre arquitetura e urbanismo.
O ponto de fuga, porém, surge de seus estudos de aspectos teóricos de pinturas. A perspectiva albertiana, nas artes plásticas, compara um quadro a uma janela aberta para o mundo, ou seja, é como se ao pintar um quadro, para obter uma imagem próxima da realidade, o pintor deveria pintar a perspectiva da paisagem retratada da mesma maneira que veria um espectador observando a paisagem através de uma janela. Observe a imagem acima, é como se o dono do relógio fosse esse espectador em uma janela, naturalmente, as árvores, as casas e os carros parecem ficar menores à distância, esse afunilamento faz as calçadas formarem um triângulo e convergirem no ponto de fuga.
Em termos técnicos, o ponto de fuga é um termo matemático que nomeia retas paralelas que se encontram no infinito. As linhas da estrada na foto abaixo convergem em um único ponto, no infinito, esse é o ponto de fuga.
Como já visto, ponto de fuga implica na construção de profundidade na imagem, por isso, as linhas formam uma estrutura triangular apontando para o fundo da cena. O ponto de fuga também indica a existência da linha do horizonte. Porém, nem sempre para existir o ponto de fuga é necessário que o triângulo se complete. Na foto abaixo, as linhas não chegam a convergir, mas é possível imaginar uma continuação delas, onde o ponto estaria, e o olhar do leitor é, de qualquer maneira, guiado ao fundo da fotografia.
O ponto de fuga não precisa ser apenas um modo de enfatizar a perspectiva natural do ambiente. Ele pode, por exemplo, ser usado para enfatizar o que se deseja fotografar, ao colocá-lo exatamente no ponto de fuga. Também é possível criar um caminho entre o plano principal e os planos interiores, guiando o olhar do leitor e lentamente diminuindo a perspectiva até o ponto, como nas três fotografias acima. Outra maneira é utilizar a regra dos terços e as noções de linha do horizonte para enfatizar dois terços da fotografia. Não se esqueça que as linhas também podem ser curvas, como na fotografia abaixo, do Josef Koudelka.
Josef Koudelka é um fotógrafo checo nascido em 1938. Ele começou a fotografar em 1950 e no final dos anos 60, fotografou a invasão soviética em Praga, publicando suas fotos sobre o pseudônimo P.P. que significava Prague Photographer (Fotógrafo de Praga). Suas fotografias têm uma forte presença política e também retratam a sua vida no exílio. Vamos treinar? Faça fotografias em que um caminho partindo do plano principal forme um ponto de fuga, usando Josef Koudelka como inspiração.
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