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  • Henri Cartier-Bresson

    Henri Cartier-Bresson

    Considerado um dos mais renomados fotógrafos da história, tanto no campo artístico como jornalístico, Bresson conseguiu sempre captar o “momento decisivo”.

    Henri Cartier-Bresson nasceu em 22 de Agosto de 1908, em Chanteloup-en-Brie, França. Ainda pequeno, tirava fotos com sua câmera Box Brownie, mas não se imaginava como fotógrafo, já que sonhava ser pintor. Ele conta que  decidiu se tornar fotógrafo após ver a foto “Três garotos no Lago Tanganyika”, de Martin Munkacsi, na época ele tinha 23 anos de idade.

     Multidão jogando flores durante o cremação de Mahatma Gandhi,
    Henri Cartier Bresson, Delhi, India, 1948

    Em 1937, ele publica seu primeiro trabalho fotojornalístico,  a coroação da rainha Elisabeth. Alguns anos mais tarde, ele lutou na segunda guerra mundial, período no qual foi feito prisioneiro. Alguns anos depois, em 1947, ele lançou o documentário “The Return” e seu primeiro livro “Fotografias de Henri Cartier-Bresson”. Também foi neste ano que ele, Robert Capa, David Seymour, William Vandivert e George Rodger, fundaram a agência Magnum, considerada até hoje uma das mais importantes agências fotográficas do mundo.

    Para fazer as suas fotos, ele sempre buscava o “instante decisivo”, que seria o momento exato em que uma cena se definiria como um todo, talvez tenha sido por essa busca, que ele se tornou um dos mais renomados fotojornalistas da história.

    Liberação de Prisioneiros de Guerra Alemães, Henri Cartier Bresson, Alsácia, França, 1944
    Dança Barong, Henri Cartier-Bresson, Delhi, India, 1949
    Liberação de Paris, Henri Cartier-Bresson, Paris, França, 1944
    Mulher muçulmana na encosta da colina Hari Parbal, Henri Cartier-Bresson, India, 1948
    Henri Cartier-Bresson, Sevilha, Espanha, 1933

    #galeria é uma coluna de caráter informativo, com periodicidade semanal. É publicada toda terça-feira pela manhã. Trata-se de uma série de postagens que apresenta um recorte da obra de uma fotógrafa ou fotógrafo de relevância artística, cultural, estética, histórica, política, social ou técnica, acompanhadas por uma breve biografia sua. Quer conhecer melhor a coluna #galeria? É só seguir este link.

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    CAVALHEIRO, Pedro Olavo Pedroso. Henri Cartier-Bresson. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: <https://culturafotografica.com.br/henri-cartier-bresson/>. Publicado em: 31 de maio de 2021. Acessado em: [informar data].

  • Contraponto em “Filhos de Douma” de Abd Doumany

    A série de fotografias de Abd Doumany registra as consequências da incessante guerra na Síria.

    Em 2016, o fotojornalista Abd Doumany realizou a série “Filhos de Douma”, que trata da realidade de crianças que vivem em meio aos conflitos armados na cidade de Douma, na Síria. Não é fácil ficar diante de fotografias tão chocantes, mas esses registros fazem parte dos documentos que denunciam as consequências da guerra na Síria.

    Homem carrega o corpo de uma criança morta em um ataque aéreo, em 2016. ( AFP/ Abd Doumany).

    Na fotografia acima, o homem que carrega o corpo da criança tem sua atenção voltada para o rosto dela. Penso que essa cena também retrata um momento muito íntimo de resignação e piedade, como também evidencia os resultados dos conflitos ideológicos e identitários presentes na Síria, mas esses conflitos não são uma novidade.

    Após a 1°Guerra Mundial, os países europeus começaram o processo de colonização no Oriente Médio. Em 1920, a França colonizou a Síria e 26 anos depois o país conquistou sua independência. Porém, até hoje os conflitos identitários utilizados pelos colonizadores para exercerem poder na região não foram resolvidos e vários grupos brigam pelo comando e pela ideia de nação a ser implementada no país.

    Em 1971, Hafez Al-Assad foi eleito presidente do país. Ele deixou a presidência no ano 2000 e foi sucedido pelo seu filho Bashar Al-Assad, que assumiu o poder mesmo após fraudes eleitorais acerca de sua candidatura terem sido provadas.

    Em 2011, várias manifestações puseram abaixo governos ditatoriais de vários países do Oriente Médio e alguns ditadores foram mortos. Esse momento ficou conhecido como “Primavera Arabe”. Todavia, na Síria, Bashar Al-Assad reprimiu fortemente as manifestações e conseguiu se manter no comando do país.

    Tanta repressão levou grupos civis a se unirem contra o governo Al-Assad, dando início a vários ataques contra o exército oficial do país em diferentes regiões da Síria. Douma encontra-se em ruínas após tantos conflitos e bombardeios. A vida cotidiana, portanto, é destroçada pela guerra, consequência da modernidade eurocêntrica e colonizadora.

    “No mundo moderno, aqueles que são mais felizes na tranqüilidade doméstica, talvez sejam os mais vulneráveis aos demônios que assediam esse mundo; a rotina diária dos parques e bicicletas, das compras, do comer e limpar-se, dos abraços e beijos costumeiros, talvez não seja apenas infinitamente bela e festiva, mas também infinitamente frágil e precária”(BERMAN, 2007, pp.14).

    Menina e menina em leito no hospital. (AFP. Abd Doumany, 2016).

    A menina que nos observa através da fotografia, revela uma ruptura com o tempo: não observamos apenas a fotografia de um cenário hospitalar, mas também entramos em contato com um momento do conflito e com a possível bomba inesperada que atingiu sua casa. Me sinto estática observando essa fotografia.
    A guerra e suas causas tornam-se uma justificativa óbvia para compreender “Filhos de Douma”. Contudo, não é. Apesar das leituras sobre os processos e o progresso em voga no mundo moderno, alicerçados nas suas mais terríveis consequências, estar diante desse trabalho não é fácil, mas acredito em sua necessidade, pois há guerras no mundo e elas precisam ser denunciadas.
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    #leitura é uma coluna de caráter reflexivo. Trata-se de uma série de críticas de imagens fotográficas de relevância artística, cultural, histórica, política, social. Nela, a autora ou o autor da postagem compartilha com os leitores a sua leitura acerca da obra abordada. Quer conhecer melhor as postagens de coluna? É só seguir este link.

  • Filhos de Douma de Abd Doumany

    A série de fotografias de Abd Doumany apresenta o cotidiano de crianças que convivem com a guerra ou que têm sua vida tirada por ela.
    Em 2013, Abd Doumany começou a trabalhar como fotojornalista independente. No ano seguinte, foi contratado pela Agência France Presse (AFP), com quem trabalha até hoje. Ele também é voluntário do Crescente Vermelho Árabe Sírio, que ajuda pessoas atingidas pela guerra. Na série Filhos de Douma, o fotógrafo nos apresenta parte da realidade da guerra civil armada na Síria na vida das crianças.

    Abd Doumany / AFP

    Em 2012, a cidade de Douma foi tomada pela Coalizão Nacional Síria, que faz oposição às Forças armadas do atual governo da família Assad, que desde 1971 se mantém no comando do país. Com o intuito de tomar a cidade de volta, Bashar Al- Assad, atual presidente do país, lidera tropas contra a Coalizão.
    Estas fotografias tomadas em um país distante nos indignam tanto porque nos mostra o sofrimento daquelas crianças sírias, quanto porque nos faz lembrar que aqui, próximo a nós, muitas crianças enfrentam realidades tão duras quanto as mostradas por Doumany.
    Abd Doumany / AFP

    Abd Doumany / AFP

    Abd Doumany / AFP

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  • Fotografe todo dia: um percurso de aprendizagem¹

    Fotografe todo dia: um percurso de aprendizagem¹

    Uma série de conteúdos elaborados para desenvolver suas habilidades em relação aos princípios básicos da fotografia e às técnicas avançadas.
    A automação dos equipamentos fotográficos promoveu o acesso tecnológico de um enorme número de pessoas à produção fotográfica. Se, por um lado, é verdade que para tirar fotos basta apontar para um alvo, apertar o botão de disparo da máquina e deixar que a câmera faça o resto. Por outro, também é verdade que para produzir fotografias que se destaquem no universo das imagens é preciso muito estudo, muita prática e um pouquinho de sorte. Afinal, a sorte só aparece para quem está preparado para aproveitá-la.

    Tanto para produzir um registro espontâneo, quanto para produzir uma composição planejada, é necessário mobilizar um grande número de ferramentas conceituais e técnicas. Por isso, assim como um atleta, um desenhista ou um músico, o fotógrafo também precisa criar uma memória corporal que lhe auxilie na execução de uma série de movimentos sem que para isso seja necessário pensar na maneira como irá realizá-los.

    Não se trata de fotografar de maneira automática, como se fosse um autômato. Pelo contrário, trata-se de desenvolver um conjunto de hábitos mentais que liberem o fotógrafo de pensar em como manejar o aparelho fotográfico e lhe permitam dedicar toda a sua atenção e intenção à cena que ele pretende registrar. Disso decorre que para se tornar uma boa fotógrafa ou um bom fotógrafo é preciso treino.
    2 câmeras fotográficas, marca Olympus, modelo Trip 35.
    Flávio Valle

    Fotografe todo dia

    Nessa perspectiva, pensando que poderíamos contribuir para a formação técnica de nossos leitores, desenvolvemos o Fotografe todo dia, um percurso de aprendizagem autodirigida elaborado para subsidiar o desenvolvimento de suas habilidades fotográficas básicas e avançadas. Este é um programa de estudos para a vida toda. Não importa quão habilidoso você seja, a prática regular das competências aqui reunidas contribuirá para consolidação das bases de sua atividade como fotógrafo.
    Periodicamente, publicamos, aqui no blog do Cultura Fotográfica, conteúdos que abordam algum princípio básico da fotografia ou alguma técnica avançada. No Fotografe todo dia, organizamos esses conteúdos em unidades de aprendizagem, como câmera, objetiva, iluminação, composição, tempo, espaço, cor e outras tantas. Dessa maneira, diferentes áreas da fotografia poderão ser desenvolvidas de maneira sistematizada.

    Composição

    Enquadramento

    Espaço e Tempo

    Iluminação

    Sugestões para o percurso

    Tal como em uma viagem, em uma jornada de aprendizagem partimos daquilo que conhecemos para avançarmos em direção àquilo que desconhecemos. Neste deslocamento, expandimos nossos conhecimentos e desenvolvemos nossas habilidades.
     
    Como um percurso de aprendizagem autodirigida, o Fotografe todo dia oferece diversos caminhos possíveis. Dessa maneira, reconhecemos sua autonomia: você é livre para percorrê-los como quiser e é responsável pelas trilhas que escolher cursar. Contudo, se nos permite, gostaríamos de apresentar algumas orientações que acreditamos que poderão ajudar você a seguir em sua trajetória.
    Organize sua jornada em etapas. Escolha um dos temas listados acima e dedique-se a praticar apenas ele durante uma semana. Sugerimos que cada estágio tenha a duração de uma semana porque este ritmo nos parece tão desafiador quanto possível de ser mantido.
    Para aproveitar melhor cada parte do caminho, é importante percorrê-lo com atenção, intenção e contemplatividade. Por isso, recomendamos a realização de 3 sessões de prática em cada uma das etapas de sua jornada. Dessa maneira, você terá oportunidade de conhecer o tema, de praticá-lo e de refletir sobre ele.
    Para nós, parece que 30 minutos é a duração ideal de uma sessão de exercícios. Menos tempo pode não ser suficiente e mais pode ser cansativo. Se tiver condições, após a realização de cada sessão, dedique mais alguns minutos para refletir sobre sua prática e analisar as fotografias que foram produzidas.
    Talvez, em um primeiro momento, você pense que alguns temas sejam muito simples ou que seu conhecimento acerca deles já esteja muito consolidado para você desejar praticá-los. De fato, dedicar-se ao exercício das técnicas mais complexas é uma excelente estratégia para dominá-las. Contudo, recomendamos que também pratique os assuntos mais simples, pois quanto mais fácil o exercício de uma técnica, mais desafiador será utilizá-la para produzir uma fotografia que se destaque das demais.
    Lembre-se que fazer fotografias é diferente de tirar fotos². Por isso, para que o Fotografe todo dia se constitua como uma ferramenta útil em sua jornada de aprendizagem, acreditamos que é importante que você se esforce para que todas as fotografias produzidas em uma sessão expressem claramente a competência que está sendo praticada e apresente as seguintes características:
    • um ponto de interesse evidente;
    • uma boa nitidez, com enfoque adequado e sem vibrações indesejadas;
    • uma exposição correta;
    • uma boa composição, mesmo quando este não for o tema da sessão de prática.
    Por fim, arquive as fotografias que você produzir em cada sessão de prática para poder observar seu progresso ao longo de sua jornada. Uma boa estratégia para consolidar o aprendizado de cada etapa do caminho é produzir algo a partir dele. Por isso, sugerimos que semanalmente você produza e compartilhe um pequeno álbum com as fotografias que melhor ilustrem o tema que você praticou. Se quiser, você pode marcar a gente no Instagram, nosso perfil é @cultura.fotografica.

    ¹ Esta publicação foi atualizada em 21 de maio de 2021.
    ² Para saber mais sobre a diferença entre fazer fotografias e tirar fotos, recomendamos a leitura do livro Como criar uma fotografia. Neste link, você poderá ler a resenha que escrevemos sobre o livro do fotógrafo e professor Mike Simmons.
  • A fotografia em Estou me guardando para quando o Carnaval chegar

    Documentário conta com uma esplêndida fotografia que revela o interior do Brasil.

    A delicada narração de Marcelo Gomes em “Estou me guardando para quando o carnaval chegar” pode ser resumida em uma só fotografia. Desde as cores até o posicionamento dos trabalhadores, cada detalhe da imagem emite uma mensagem silenciosa que está à espera de ser decifrada.
     
    Marcelo Gomes


    No sexto minuto do filme somos apresentados a uma rotina de produção de jeans. Os estímulos que antes se misturavam entre barulhos ensurdecedores e a rapidez dos trabalhadores, são guiados apenas para a imagem acima, revelando a intrínseca mensagem do longa sobre uma cidadezinha pernambucana chamada Toritama, também conhecida como a Cidade dos Jeans.
    O registro chega a transmitir certa calmaria, apesar dos movimentos dos trabalhadores fazerem o leitor imaginar o barulho por trás de tal exercício. É incerto o que os operários fazem a seguir, mas o enquadramento cria a sensação de que seja qual for a atividade, ela não acabará tão cedo, como em um processo contínuo que começa no último homem da imagem, mas não termina no primeiro.
    Não é mera coincidência que a paleta de cores das roupas dos trabalhadores, azul e branco, se misturem com as mesmas cores da parede, mesas e acessórios. Na verdade, a escolha de relacionar os personagens da fotografia com seu ambiente, parece insinuar uma perda de identidade. Quase como se os quatro homens da imagem, que estão curvados em um tom sério, ao ficarem imersos em suas tarefas não podem mais ser distinguidos do local onde trabalham. Se fundindo e tornando-se invisíveis.
    A placidez e neutralidade da imagem é também um manifesto para os sentimentos. Não existe entusiasmo ou alegria. Apenas uma indestrutível concentração. É claro que nem todos os trabalhos equivalem a um parque de diversões, isso também não significa que as pessoas da imagem odeiam seus trabalhos, apenas que a escolha visual ressalta uma rotina enfadonha e frustrante. Não são apenas efeitos físicos, longas e exaustivas horas de trabalho podem afetar a saúde mental de qualquer pessoa também.
    Os movimentos de braço, repetidos por todos os trabalhadores, criam a impressão de uma coreografia bem ensaiada. Como se todos, propositalmente ou não, tivessem sido programados para a mesma rotina. O foco aqui não é no rosto desses indivíduos ou suas histórias únicas, é em como esses homens se transformam durante o trabalho, abrindo mão de tudo a fim de uma boa produção.
    A fotografia explicita um dilema na indústria atual brasileira. Boa parte da produção de vários tipos de produtos ainda é baseada no uso de mão de obra barata. Porém, enquanto esse fato acaba gerando muitos empregos para pessoas de baixa escolaridade, como para os moradores da cidade de Toritama, os trabalhadores doam todo o seu corpo e alma para a indústria. Perdem sua identidade e se tornam apenas em força de trabalho. Ao mesmo tempo que precisam do emprego para viver, perdem parte de suas vidas em condições desumanas e salários que não pagam por seus devidos esforços. 

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  • Sérgio Jorge: ícone do fotojornalismo brasileiro

    7 fotografias que narram um pouco sobre o Brasil pelas lentes de Sérgio Jorge.

    É difícil falar sobre a história do Brasil sem citar Sérgio Jorge. Com mais de 60 anos de carreira, foram inúmeros acontecimentos marcantes registrados pela lente do fotógrafo, como o milésimo gol do Pelé, a inauguração de Brasília e o incêndio do Edifício Joelma. Relembrar as fotos do artista é olhar para um pedacinho do Brasil que nunca será esquecido.
    Retrato de Sérgio Jorge/ Foto: Ricardo Beccari
    Nascido em Amparo, interior de São Paulo, Jorge fotografava como um caipira descobrindo as belezas da cidade grande. Foi o primeiro vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo, em 1960, com o flagrante de um garoto apavorado em ver seu cachorro sendo levado pela carrocinha. A escolha de fotografar esses momentos singelos e cotidianos configura a maneira como o fotógrafo via o mundo. Sérgio Jorge faleceu com 83, no dia 30 de novembro de 2020, em decorrência de complicações causadas pela covid-19.
    Sérgio Jorge

    Sérgio Jorge

    Sérgio Jorge

    Sérgio Jorge

    Sérgio Jorge

    Sérgio Jorge

    Sérgio Jorge

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  • Aida Muluneh e as Narrativas Visuais Africanas

    As belezas da Etiópia são representadas por um olhar cuidadoso e sensível da fotógrafa Aida Muluneh.

    Sensível, belo e marcante são poucos adjetivos para descrever o incrível trabalho artístico de Aida Muluneh. Em um olhar profundo sobre a psique humana, a fotógrafa adentra cicatrizes da sociedade moderna enquanto evoca elementos de sua ancestralidade. Utilizando pintura corporal, cores saturadas e personagens em suas fotografias, Muluneh apresenta uma África desconhecida pelo restante do mundo.
    Aida Muluneh
    Aida Muluneh é uma fotógrafa e artista nascida em 1974 na Etiópia. Seu portfólio vai desde o fotojornalismo, sendo seu trabalho no Washington Post bem conhecido, até fotografias artísticas de exposição. Graduou-se no departamento de comunicação com especialização em cinema na universidade de Howard em Washington D.C.
    É uma das especialistas em fotografia mais importantes do cenário africano atual. Além de fazer diversos trabalhos expressivos, que contribuem para o reconhecimento de seu país de origem, Muluneh também já foi a primeira mulher negra a ser co-curadora do prêmio Nobel da Paz em 2019. Além disso, ela é a fundadora e diretora do primeiro festival fotográfico internacional da África Oriental, criado em 2010 e realizado na capital etíope, Addis Ababa.

    Aida Muluneh

        Aida Muluneh

    Aida Muluneh

    Aida Muluneh

    Aida Muluneh

    Aida Muluneh

    Aida Muluneh

    Desde sempre somos bombardeados com fotografias que mostram apenas as mazelas do continente África como um todo, fato que Aida Muluneh tenta subverter em seus trabalhos. É possível que as fotografias detenham o poder de modificar como vemos um país?

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  • Aida Muluneh: Infâncias ao redor do mundo

    Um olhar sobre a foto de Aida Muluneh que evoca uma doce nostalgia e ao mesmo tempo uma curiosidade sobre os personagens por trás do momento capturado.

    A imagem abaixo faz parte do portfólio fotojornalístico da fotógrafa Aida Muluneh, um lado bem diferente do apresentado na sua galeria que você pode encontrar aqui no blog, mas que também foca em criar uma nova perspectiva sobre a Etiópia. Ao se mudar ainda nova do país, algumas lembranças de sua infância são misturadas com narrativas sobre a África que seus colegas conheciam. Essas histórias que reduzem todas as diferentes culturas do continente a problemas humanitários, fez com que Muluneh resolvesse fotografar o dia a dia da Etiópia por uma lente mais otimista.

    Aida Muluneh

    “Garoto pulando no banho de Fasiladas durante o Timkat”, mostra um garoto pulando dentro de um lago no qual vários outros homens estão se banhando. A princípio, esta fotografia me lembrou de minha infância. De quando minha mãe me levava para ver o meu tio-avô em Taquaraçu de Minas e as tardes se resumiam a nadar no rio Taquaraçu. Era tanta gente se banhando nas cachoeiras e no rio que a quantidade de pessoas mostradas na imagem naturalmente me fizeram lembrar desses momentos doces. Comecei a refletir sobre a infância etíope, sobre como ela deveria ser ou sobre o quão parecida ela é em relação à brasileira.

    O preto e branco, assim como o foco centralizado no garoto, emitem um estado reconfortante, quase como uma lembrança tirada do fundo de uma memória. Há algo de muito comum em um menino se divertindo no lago, o que torna a obra ainda mais nostálgica. Esses signos quase universais, como o ato de brincar com a água ou o de pular com os amigos, fortalecem a comunicação da imagem com lembranças de infâncias ao redor do mundo.

    O fato de todos no registro serem homens nus é um tanto curioso, porém longe de ser uma coincidência. Ao pesquisar um pouco mais sobre o trabalho descobri que a imagem foi registrada na província de Beghemidir em Gondar, Etiópia, durante uma data festiva chamada Timkat. O Timkat é uma celebração da Epifania da Igreja Ortodoxa Etíope e da Igreja Ortodoxa Tewahedo da Eritreia. É comemorado em 19 de janeiro, que corresponde ao 11º dia de Terr no calendário Ge’ez. Timkat celebra o batismo de Jesus no rio Jordão, por isso todos os homens no lago estão nus, como em uma reconstituição do batismo sagrado. 
    A quantidade de similaridades só aumentou com esse fato. O Brasil, que é um país cuja população é, em sua maioria, cristã, compartilha de várias comemorações religiosas como o Timkat. A Festa do Batismo do Senhor, por exemplo, também comemora o batismo sagrado, porém não existe nenhum ritual parecido como o etíope, seria apenas um encerramento do ciclo natalino. A Lavagem do Bonfim, a Festa do Sairé e a Festa da Nossa Senhora das Águas são outras festividades que envolvem algum tipo de afluente em sua prática.
    Entretanto, é importante ressaltar que não foi necessário pesquisar sobre a imagem para que, como leitora, me identificasse com essa. E é aí que está a mágica, criar conexões imediatas através de interpretações singulares feitas por cada leitor, mas que evocam um sentimento universal, de familiaridade. Muluneh cumpre o que pretendia com o projeto e apresenta a verdadeira Etiópia para o mundo, a Etiópia que é como todos os outros países, com suas mazelas e defeitos, mas também com a sua beleza única. Uma maneira eficiente de aproximar culturas diferentes é mostrando as suas semelhanças. A artista faz isso quando mostra elementos de identificação e ativa o imaginário do leitor, que lê a fotografia da sua maneira, remetendo à própria vida e cultura. 
    Não existem interpretações fixas quando o assunto é leitura de imagens. Sendo assim, ao olhar para a fotografia de Aida Muluneh, com quais elementos você se identifica?

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  • Derramamento de óleo: Léo Malafaia

    Leo Malafaia nasceu em Recife, no ano de 1991. É graduando em jornalismo pela UNINASSAU e repórter fotográfico do Jornal Folha de Pernambuco.


    O fotógrafo Leo Malafaia foi o vencedor do Concurso Internacional de Fotografia de Imprensa Andrei Stenin em 2020, ele é o primeiro brasileiro a ganhar o concurso. A fotografia premiada mostra Everton Miguel dos Anjos, um garoto de apenas 13 anos, tentando retirar o  óleo tóxico que atingiu o litoral nordestino no ano de 2019. Até hoje, no ano de 2021, as autoridades não determinaram a origem de tal substância.

    Mar de luto – Léo Malafaia

    A foto do menino na praia de Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, coberto de óleo foi publicada em jornais internacionais, como The New York Times (dos Estados Unidos), Clarín (Argentina), SVT Nyheter (Suecia) e Hamshahri (Irã), além da Agence France-Presse (França), e chegou a ser considerada a principal imagem do mundo entre as fotos de uma quarta-feira no jornal The Guardian (Reino Unido) já que a falta de proteção do garoto e o seu sofrimento demonstram um descaso governamental com a contaminação do ecossistema. 


    Voluntários presos no óleo – Léo Malafaia

    Pescadores ajudam na retirada do óleo – Léo Malafaia
    Mutirão de voluntários na praia – Léo Malafaia 

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