[sendpulse-form id=”1121″]

Escudeiros de Sempre e a lealdade de nunca

[read_meter]

[Sassy_Social_Share]

Num mundo onde muitos valores estão sendo perdidos, a lealdade paterna é uma dádiva

De uma forma geral, acabamos passando a maior parcela de nossas horas almejando usufruir da companhia de quem nos é caro, mas executando as ações que podem fortalecer nosso poder de compra, nossa segurança, nossa saúde e afins, mas não passamos, de fato, acompanhados dessas pessoas nem lhes deitamos um olhar por tanto tempo quanto deveríamos.

Foto em preto e branco de um pai de mãos dadas a suas filhas na beira da praia. Uma das crianças carrega um apanhador de peixes, e a outra aparentemente pediu para o pai levar para ela.
Danny Van Vuuren

Me recordo da minha infância; como era boa a sensação de ir até a praia com os meus pais. Me lembro de pensar, ainda menino, em como queria que aqueles dias nunca chegassem ao fim. Sorrio ao recordar das ilhotas próximas da costa, de como as enxergava com olhos de criança: continentes repletos de aventura. Os peixes eram criaturas fantásticas, tão interessantes quanto aquelas criaturas que nos dias de hoje são tão mais aparentemente interessantes na televisão.

De todas as coisas que me lembro, a presença do meu pai é a que mais me traz alegria. Aqueles momentos que hoje tento encaixar na memória, como peças de um quebra cabeças, como quando surfei nos ombros do meu velho nadador, a conquistar um daqueles continentes. Consigo sentir a mesma sensação nesta fotografia de Danny Van Vuuren. Para essas crianças, a menor das ondulações da água é algo novo, ainda que não seja inédito.

Porém, conforme a vida avança, o tempo se torna um inimigo. Precisamos nos estabelecer no mundo, profissionalmente, academicamente, socialmente, e temos que dividir nossa atenção com outras pessoas, outras causas, outras coisas. Até que, quando nos damos conta, já não temos um pai ou uma mãe, e tudo o que nos resta são as lembranças de quando estávamos protegidos pela lealdade dos laços familiares e pelo amor mais honesto que se possa existir.

Penso que, como num ciclo – para aqueles que possuem essas memórias intactas, resguardadas e vistas com bons olhos -, desejamos tanto retornar para aquele cenário de proteção familiar, que queremos assumir os papéis de nossos progenitores ou criadores. E é isso o que sinto olhando esta foto. Uma mistura de saudade da proteção do meu pai e um desejo de ser eu mesmo um pai.

A lealdade desses laços não se enfraquece seja qual for a situação. O amor existe, basta olhar para a fotografia; o cuidado singelo, o medo protetivo, a união. E lealdade seria o quê se não fosse o amor? Afinal, lealdade é a fidelidade e a responsabilidade que se tem mesmo na ausência, mesmo na morte. E a figura paterna será sempre a associação-mór disto.

São como os escudeiros da idade média, sempre prontos para cumprir seus votos e agir como os homens juramentados que são. Pais são isto: leais. E para todo filho que teve a sorte de ter um pai juramentado em seu desenvolvimento e felicidade, existe também o voto de lealdade de poder refletir seus valores, honrar os ensinamentos e seguir as pegadas na beira da praia que um dia foram daquele que nos antecedeu.

Afinal, neste mundo não estamos tão sozinhos quanto nos fazem crer. Se existem aqueles que nos ajudam tanto, mesmo quando não podem, nos doam a sua própria vida, de bom grado, para nos deixar viver melhor e com mais do que eles mesmos tiveram. A abnegação de um pai, a lealdade, é um dos valores que sei que jamais se perderão, quando tantos outros se perderam, como tantas pegadas engolidas pelas ondas do mar.

Links, Referência e Créditos
Como citar esta postagem

BRITO, C. S. Escudeiros de sempre e a lealdade de nunca. Cultura Fotográfica (blog). Disponível em: https://tinyurl.com/bdzzbyra. Publicado em: 23 fev. 2023. Acessado em: [informar data].

Marcadores:
, ,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Pular para o conteúdo