Ano: 2020

  • Life Is Strange

    Life Is Strange

    Life Is Strange foi um do jogos mais premiados no ano do seu lançamento e até hoje atrai novos fãs.

    Life Is Strange é um jogo eletrônico lançado no ano de 2015, feito pelo estúdio Dontnod Entertainment e distribuído pela Square Enix. Considerado atípico na época de seu lançamento devido a suas mecânicas de gameplay e sua divisão em episódios, até então incomuns a jogos de sua categoria, ele foi premiado como melhor jogo de aventura e melhor jogo original no Global Game Awards.

    Capa do Jogo Life Is Strange

    Sua história começa com a protagonista Maxine Caulfiled, tendo um terrível pesadelo e acordando no meio de uma de suas aulas de fotografia. Ela se levanta e vai ao banheiro e lá acaba vendo uma amiga de infância, Chloe Price, sendo baleada. Em um momento de desespero Max descobre que tem a habilidade de “rebobinar” o tempo e encontra uma maneira de salvar sua amiga. Agora que sabem sobre seu poder elas vão passar a investigar os desaparecimentos de alunas da universidade.

    A fotografia desempenha um papel muito importante no decorrer da história, sendo usada como guia para melhorar o entendimento da história ou ajudar nas escolhas do jogador. Um dos momentos mais marcantes em que a fotografia está presente é quando Max testemunha um segurança da universidade oprimido uma aluna. Neste momento você tem duas escolhas, usar a câmera para fotografar o ocorrido e assim produzir provas, ou ajudar a estudante sem produzir provas contra o segurança.

    Max sempre carrega uma câmera Polaroid, com a qual o(a) jogador(a)pode registrar lugares, objetos e pessoas e assim criar sua própria coleção de fotos. Mesmo com gráficos muito simples, essas fotografias ficam muito interessantes. Você poderá ficar um bom tempo olhando no diário na qual Max guarda suas fotos e faz anotações sobre elas.

    Diário da Max

    O jogo mesmo tendo uma gameplay muitas vezes monótona e melancólica, muito diferente dos outros jogo que existem no mercado, consegue prender a atenção do jogador, por causa da excelente construção dos personagens, dos momentos impactantes, das localizações belíssimas, e da trilha sonora que encaixa perfeitamente com a temática. Tudo isso resulta em uma experiência única que com certeza vai emocionar o jogador.

    Agora é sua vez de jogar! Life Is Strange está disponível para Windows, Linux, Xbox 360 e One, Playstation 3 e 4, e Android e iOS. E lembre-se de contar sua experiência para os outras fãs do jogo e da fotografia no nosso grupo do Facebook!

  • Philippe Halsman

    A galeria de hoje vai falar sobre o fotógrafo Philippe Halsman, especialmente sobre sua parceria com o famoso pintor Salvador Dalí, mostrando a influência do movimento surrealista além da pintura.

    Philippe Halsman nasceu na cidade de Riga, na Letônia, em 2 de maio de 1906. ele desenvolveu a paixão pela fotografia aos quinze anos, ao encontrar uma câmera antiga no porão da casa dos pais e se tornar o “fotógrafo oficial” de todos os eventos e viagens familiares. Nos anos 30, se mudou para Paris, cursando engenharia mas abandonou os estudos para se dedicar exclusivamente a fotografia. Durante essa década, teve fotos publicadas nas revistas Vogue, Voilà e VU, e abriu um estúdio.
    Um homem com uma câmera e um tripé apontando para um ponto distante em um espaço aberto rural.
    Photo (Philippe Halsman) © Philippe Halsman Archive 2020
    Sua colaboração de 37 anos com o pintor espanhol Salvador Dalí se iniciou nos anos quarenta, quando ambos já haviam se mudado para Paris, e rendeu fotos icônicas, que exploravam a estranheza da obra surrealista do pintor. A série Dalí’s Moustache, por exemplo, é uma série de retratos que foca muito mais no bigode de Dalí, do que no pintor, usando esta característica marcante em fotos abstratas. 
    Um olho e uma linha que forma a sobrancelha e um bigode em um fundo branco.
    Photo (Salvador Dalí – 1954) © Philippe Halsman Archive 2020
    A parceria criou outras diversas fotos icônicas, entre elas Dalí’s Atomicus. Inspirada na pintura Leda Atomicus, do próprio Dalí, esta fotografia levou 28 tentativas para ficar pronta, e mostra o pintor, uma cadeira, dois gatos e água no ar. 
    Um homem, gatos, uma cadeira e um jato de água foram fotografados no ar em um ambiente que parece ser um estúdio de pintura.
    Photo (Salvador Dalí – 1948) © Philippe Halsman Archive 2020
    Além de seu trabalho com Salvador Dalí, Halsman também ficou conhecido por suas fotos de celebridades e figuras importantes pulando, como a atriz Marilyn Monroe e o ex-presidente dos EUA Richard Nixon. O fotógrafo dizia que gostava de pedir aos fotografados que pulassem para que se sentissem mais a vontade, ajudando-os a revelar seus verdadeiros espíritos através da fotografia.
    Um homem e uma mulher pulam de mãos dadas em um fundo branco.
    Photo (Marilyn Monroe and Philippe Halsman – 1959) © Philippe Halsman Archive 2020

    Um homem de terno pula. No fundo se vê uma porta e um guarda-roupa.
    Photo (Richard Nixon – 1959) © Philippe Halsman Archive 2020

    As fotos de Halsman mostram como objetos simples, como um bigode, podem se tornar fotos muito interessantes usando a criatividade e fugindo do convencional. Pratique tirar fotos mais abstratas e compartilhe seus resultados com a gente!

    Links, Referências e Créditos

  • Fotomontagem

    A fotomontagem é resultado de uma expressão artística, da arte moderna. O gênero fotográfico gerou críticas sobre a arte e a cultura.

    Vista do Horizonte de Nova York. A imagem mostra alguns prédios luxuosos e acima, imagens diversas com rostos e feições dramáticas. No fundo da imagem, uma linha com formato de um corpo feminino.
    Grande série do Horizonte de Nova York

    Com o objetivo de criar uma nova imagem, a fotomontagem consiste na combinação de duas ou mais imagens sobrepostas. O gênero fotográfico surge na década de 1850. O sueco Oscar Rejlander, em 1857, apresentou em uma exposição, a alegoria ‘Two Way of Life’ (Duas maneiras de vida), resultado da produção de trinta negativos, em papel fotográfico, que foi combinado em uma única impressão. Semelhantemente, em 1901, Valério Vieiro, torna-se o marco da fotografia, no Brasil, com a composição de “Os Trinta Valérios”, em que o autor combina também, dois gêneros, retrato e fotomontagem.
    O que conhecemos hoje como Fotomontagem é resultado de anos de exploração técnica de processos químicos e físicos, além de novas invenções tecnológicas. Atualmente, com o emprego de novas tecnologias, a técnica de associar fragmentos de imagens, com o intuito de gerar uma nova imagem, pode ser realizada por diferentes processos, veja algumas dessas maneiras de produzir à fotomontagem:
    Colagem: Um dos processos mais simples, consiste em elaborar uma composição tendo como base imagens positivas sobre um suporte, neste caso, papéis, que podem ser apresentados exatamente desta forma, assim como os artistas dadaístas. Outra variante para técnica é a reprodução realizada para gerar negativos, que a partir deles pode-se produzir ampliações. 
    Negativos: Técnica pioneira da fotomontagem. Utiliza-se originais em transparência. Consiste na sobreposição de negativos ou diapositivos, que integra duas ou mais imagens para produzir uma terceira. Essa técnica pode ser projetada, utilizando slides, por exemplo, ou empregada  para conceber ampliações positivas sobre papéis, como é o caso do negativo.
    Dupla ou Múltipla Exposição: Este processo pode ser realizado na própria câmera. O efeito consiste em sobrepor duas ou mais imagens no mesmo frame, a câmera fundirá as partes claras da imagem, o que for escuro irá sobressair na imagem final. Para melhor resultado da imagem é importante manter o mesmo enquadramento em todos os cliques. Utilizando uma superfície fixa ou tripé. 
    Confira um exercício,  passo a passo:
      1. Posicione um objeto ou modelo no ambiente;
      1. Selecione o  modo de múltiplas exposições da câmera e configure a quantidade de cliques que você quer sobrepor;
      2. Faça uma fotometria, observe a exposição e configure para exata exposição;
      3. Tire a primeira foto, reposicione o objeto e faça a segunda foto. E assim sucessivamente, caso opte por múltipla exposição;
      4. Após à execução de todos os cliques, a própria  câmera processará o arquivo e exibirá a imagem finalizada.
    Embora a técnica seja conhecida desde a segunda metade do séc. XIX. Foram as vanguardas modernistas que mais fizeram uso, deixando um legado como gênero fotográfico. Muitos artistas aderiram a técnica  e agregaram a ela  diferentes características.  Anita Steckel (1930–2012) foi uma dessas artista. A feminista americana, de estilo irreverente e ousada ficou conhecida por suas fotomontagens e pinturas com imagens eróticas.  Em suas composições, ela explorou  temas como sexismo, racismo, e questões sócio-políticas. 
     
    Vista de grandes edifícios. No Empire State uma está pendurada nua.
    Mulher Gigante no Empire State Building


    Na série de obras “mulheres gigantes”, Steckel produz a composição “mulher gigante no Empire State Building”  em que ela sobrepõe na fotografia da cidade de Nova York,  pinturas e fragmentos de um auto retrato, ela como uma gigante mulher nua pendurada no edifício Empire State. Essa fotomontagem remete ao movimento de reivindicação das mulheres, ela explora ideais de feminismo, urbanismo, sexismo, racismo e história. 

    E aí o que achou sobre a fotomontagem? Inspire-se com Anita steckel ou teste  umas das técnicas apresentadas. Publique o resultado em nossas redes ou deixe seu comentário no nosso grupo de discussão.  
     
    Referências
    FOTOMONTAGEM . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3870/fotomontagem>. Acesso em: 14 de Jun. 2020. Verbete da Enciclopédia.
    Fineman, Mia. Faking It: Manipulated Photography Before Photoshop. New York: The Metropolitan Museum of Art, 2012. no. 51, pp. 74, 220.
  • A Vida Secreta de Walter Mitty

    Walter Mitty leva uma vida pacata e monótona até que precisa embarcar numa verdadeira aventura para recuperar um negativo para a empresa em que trabalha.

    Walter Mitty parece flutuar sobre Nova Iorque. À direita, há escrito o título do filme
    Arte do filme “A Vida Secreta de Walter Mitty”

    A Vida Secreta de Walter Mitty é um filme de aventura lançado em 2013. Nele, Walter (Ben Stiller) costuma se desprender da realidade em seus sonhos em plena luz do dia. Ele trabalha no departamento de fotografia da revista Life. Após uma mudança na gestão da empresa, chega a notícia de que a revista vai encerrar sua edição impressa. No entanto, Walter perde o negativo que seria usado na capa da última edição.
    Quando isso acontece, o protagonista vê a oportunidade de sair de sua vida pacata e embarcar numa aventura atrás do fotógrafo Sean O’Connell (Sean Penn). Ele segue o paradeiro de Sean e viaja pela Groenlândia, Islândia e Afeganistão até encontrá-lo nas montanhas do Himalaia.
    O filme tem uma fotografia muito bonita, com algumas paisagens de tirar o fôlego e cenas com uma composição bem pensada. Fotografia no cinema, para aqueles sem familiaridade com o assunto, consiste “na sintonia entre os pequenos detalhes para criar imagens que além de tirar o fôlego, usam aspectos visuais para comunicar uma ideia implícita no roteiro.”
    Três mochileiros caminham pela água rasa, enquanto há uma enorme cachoeira ao fundo
    Cena de “A Vida Secreta de Walter Mitty”

    Percebemos que o personagem ansiava por mudanças em sua vida. Assim, perante à mínima possibilidade de uma aventura, totalmente fora de sua rotina, ele se entrega, seguindo o que acredita serem pistas para chegar a um objetivo. Numa cena durante a aventura, começa a canção “Space Oddity”, de David Bowie, cujo trecho diz “agora é hora de sair da sua cápsula, se conseguir”. Podemos interpretar como uma mensagem de que a vida de Walter não seria a mesma. Outro trecho da música diz “me sinto bem inerte, e acho que minha nave espacial sabe pra onde ir”. Pode ser mais uma relação com a vida do protagonista: uma vez monótona, agora ele sabe qual rumo seguir.

    Walter Mitty descendo de skate em alta velocidade por uma estrada na Islândia
    Cena de “A Vida Secreta de Walter Mitty”

    Não é só o personagem que fica entusiasmado com a perspectiva de mudança. O telespectador também é fisgado por essa ideia. Eu acho difícil alguém assisti-lo e não desenvolver um desejo enorme de viajar ao final do filme. Se não for motivado a viajar, que seja para sair da zona de conforto e tentar algo novo.
    Quando Walter finalmente encontra Sean, eles observam um raro felino nas montanhas. Nesse instante, o fotógrafo solta a seguinte frase “coisas bonitas não pedem por atenção”. Lembro de refletir bastante sobre essa fala na primeira vez em que assisti o filme, há alguns anos. Faz um tempo que eu tento reparar nas pessoas mais tímidas, que normalmente passam mais despercebidas. É curioso ver como elas costumam ser muito agradáveis e uma das coisas que me inspirou nisso foi essa frase do filme.

    Walter Mitty e o fotógrafo Sean O'Connell se encontram no Himalaia e parecem observar algo.
    Cena de “A Vida Secreta de Walter Mitty”

    Garanto que é uma ótima pedida! Então, corre lá para assistir e nos conte o que achou!

    Referências

  • Robert Mapplethorpe

    Robert Mapplethorpe

    Robert Mapplethorpe foi um fotógrafo americano que, após ter obras recusadas por galerias e museus, foi alçado à fama sendo cultuado até hoje como um dos artistas mais importantes – e polêmicos – de sua geração. Criador de uma obra marcada pelo erotismo, levou aos olhos do público a cena gay sadomasoquista ao mesmo tempo que se descobriu sexualmente. Companheiro de longa data da cantora e poetisa Patti Smith, produziu arte junto a ela, como a icônica capa do disco Horses, e viveu com ela a cena punk que emergia na Nova York na década de 1970, incluindo encontros com figurões do meio artístico como Andy Warhol e Allen Ginsberg, noites agitadas em bares como o CBGB e a busca por criatividade e autenticidade em meio ao turbilhão de sexo, drogas e Rock n’ Roll no qual viviam morando juntos no lendário Hotel Chelsea. 

    Auto-retrato de Robert Mapplethorpe em que o fotógrafo aparece apenas parcialmente na imagem à direita e com um braço estendido sobre um fundo branco.
    Self-Portrait. 1975. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation  

    Filho de pais católicos, Mapplethorpe teve uma infância regrada à qual buscou se opor em sua criação artística. “Costumávamos rir de nós mesmos quando crianças, dizendo que eu era uma menina má tentando ser boa e que ele era um bom menino tentando ser mau”. É dessa maneira que Patti Smith define a dualidade que existia entre si e Mapplethorpe no livro de memórias Só Garotos (2010). Pode-se dizer que dois acontecimentos mudaram o curso de sua vida pessoal e artística, quando após experimentar com as artes plásticas ganhou a sua primeira câmera Polaroid, encontrando-se na fotografia, e uma viagem que realizou para San Francisco quando ainda vivia ao lado de Smith, onde viveu experiências que levaram-no a descobrir-se como homossexual.

    Mapplethorpe era um grande admirador de escultores como Michelangelo e buscou atingir aquele ideal de beleza em suas fotografias. Assim, algumas de suas fotografias mais famosas são nus masculinos e femininos, embora também tenha fotografado celebridades, crianças e flores, além de diversos auto-retratos. No entanto, são as fotografias que produziu representando o submundo da cultura gay sadomasoquista que se destacam em seu catálogo, sendo muitas tão explícitas que o próprio fotógrafo as considerava pornográficas. Devido ao teor de tais imagens, muitos museus e galerias se recusaram a exibi-las e quando o faziam, as expunham de forma reservada. Para contornar essa situação, contou com o apoio de um colecionador de arte chamado Sam Wagstaff, que também foi seu parceiro romântico e desempenhou uma grande influência na inserção de Mapplethorpe no mundo das artes.

    Autorretrato de Robert Mapplethorpe onde ele aparece com uma corda amarrada ao seu tronco nu, como se ela o pendurasse. Suas mãos estão algemadas a uma corrente junto à corda, mantendo seus braços erguidos acima da cabeça e os olhos estão vendados. A boca levemente aberta pode ser um indício de prazer.
    Untitled (Bondage). 1973. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation.
    Autorretrato de Robert Mapplethorpe mostrando-o sentado semi-nu sobre um grosso tecido branco. Com a cabeça voltada para baixo e olhar distante, sua única vestimenta parece ser um tipo de colant preto com uma grande fenda revelando a maior parte de seu peito e barriga, estendendo-se até a púbis e cobrindo apenas os órgãos genitais.
    Untitled (Self Portrait). 1973. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation.
    Autorretrato de Robert Mapplethorpe mostrando-o com um braço erguido segurando um cabo elétrico. Apenas cabeça, ombro e braço direito são vistos, ocupando sobretudo a parte inferior da imagem. A cabeça e olhar de Mapplethorpe estão voltados para o lado direito. O fundo é formado por uma parede de tijolos cobertos por massa branca.
    Self Portrait. 1974. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation.
    O retrato mostra a cantora e poetisa Patti Smith, companheira de Robert Mapplethorpe durante anos, de pé diante de uma parede branca onde projeta-se um sutil triângulo de luz. Smith encara a câmera com semblante sóbrio. Traz a mão direita ao peito e a esquerda segura o paletó preto jogado por cima do ombro esquerdo.  Sua vestimenta,  camisa branca, calça preta e gravata preta desatada, assim como o corte de cabelo desgrenhado resultam em um visual andrógino. Trata-se da foto de capa do álbum Horses, o primeiro da carreira de Smith. O minúsculo cavalo prateado que enfeita o paletó faz referência ao nome do disco, uma vez que Horses significa cavalo em inglês.
    Patti Smith (Horses cover). 1975. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    A cantora e poetisa Patti Smith é vista sentada nua em um chão de madeira, com o corpo magro virado para o lado esquerdo, em frente à uma janela, porém com a cabeça e olhar voltados para a câmera. Seus joelhos dobrados de forma que as pernas cobrem os seios e as mãos segurando barras de metal à sua frente.
    Patti Smith. 1976. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    A foto mostra um homem ajoelhado em uma sala de aspecto sujo e escuro, segurando-se a uma escada à sua frente, com um quadrado de luz iluminado-o. O homem está sem camisa, usa calça, botas e luvas de couro e sua cabeça totalmente coberta por uma máscara do mesmo material. Tais vestimentas são comumente usadas em práticas sexuais sadomasoquistas.
    Jim, Sausalito. 1977. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    Autorretrato de Robert Mapplethorpe. Usando jaqueta de couro, Mapplethorpe encara a câmera com expressão sóbria. Apenas o busto é visível, com parte do rosto iluminado em contraste com um fundo preto.
    Self Portrait. 1980. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    Autorretrato de Robert Mapplethorpe. Em contraste com o autorretrato anterior, nesta imagem Mapplethorpe aparece travestido, usando maquiagem e um casaco de pelos de estilo feminino. Semelhantemente a foto anterior, apenas o busto é visível, com uma luz sobre o rosto e fundo preto.
    Self Portrait. 1980. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    Nesta fotografia, o modelo aparece de costas para câmera em frente a um fundo preto. Traja uma jaqueta preta com diversos dizeres que lembram o estilo punk que estava em alta na época.
    Nick Marden. 1980. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    Retrato do busto de Iggy Pop, cantor e musicista de grande influência na cena musical alternativa das décadas de 70 e 80. Conhecido por seu estilo e comportamento irreverente, aparece na fotografia de espanto ou surpresa, com os olhos arregaladas e boca um pouco aberta, sendo visíveis seus dentes desalinhados e linhas de expressão. O fundo, como na maior parte das fotografias de Mapplethorpe, é nulo.
    Iggy Pop. 1981. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    Autorretrato de Robert Mapplethorpe em que ele aparece apenas da cintura para cima usando um sobretudo preto de couro e luvas do mesmo material, empunhando uma espingarda. Seu olhar e expressão faciais são sérios. Ao fundo, há uma estrela de cinco pontas posicionada como o pentagrama satânico.
    Self Portrait. 1983. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    Retrato do tronco do corpo de um homem negro. Há uma toalha amarrada à cintura e é notável a musculatura do modelo.
    Derrick Cross. 1983. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    Retrato da cantora Grace Jones, famosa nas décadas de 70 e 80. Na imagem, Jones aparece com o corpo pintado com tinta branca formando desenhos tribais, usando um chapéu ritualísticos e espirais que formam cones cobrindo os seios. Seus braços estão erguidos com as palmas das mãos abertas à altura da cabeça.
    Grace Jones. 1984. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    Retrato de dois modelos masculinos, sendo um negro e um branco. Ambos são carecas e estão sem camisa, dando destaque para a cor da pele de ambos, sendo possível notar o forte contraste entre elas. São mostrados apenas à altura do busto,  voltados para o lado esquerdo. O negro está com os olhos fechados e o branco, encaixado logo atrás com a cabeça por cima do ombro do primeiro, está com os olhos abertos.
    Ken Moody and Robert Sherman. 1984. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    Retrato de um casal homossexual masculino. Ambos usam coroas em suas cabeças. O casal parece estar dançando romanticamente, abraçados, com um dos rapazes descansando a cabeça no ombro do parceiro, e braços estendidos com as mãos dadas em direção ao fundo preto.
    Two Men Dancing. 1984. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    Autorretrato de Robert Mapplethorpe onde é o seu busto é visto sobre um fundo preto. Seu rosto e seu olhar estão voltados para a esquerda. O tempo de exposição da lente registrou o movimento da cabeça, criando um vulto fantasmagórico na imagem.
    Self portrait. 1985. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation.
    Auto Retrato do busto de Robert Mapplethorpe. Ele está levemente voltado para o lado direito, iluminado por uma luz forte em contraste com um fundo preto. Seu olhar e expressão facial são sérios, até mesmo intimidadores e em sua cabeça há chifres demoníacos.
    Self Portrait. 1985. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation.
    Retrato de um homem negro dentro de uma forma cilíndrica. Seu corpo está completamente nu e sua pose, em pé e com as costas e cabeça inclinadas fazem com que seu rosto esconda-se entre os joelhos. As mãos tocam as paredes, estando o braço direito baixo acompanhando a inclinação na qual se encontra enquanto o braço esquerdo inclina-se opostamente, acima da cabeça.
    Thomas. 1987. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation
    Autorretrato de Robert Mapplethorpe. Vestido com roupas pretas, seu corpo e o fundo parecem fundir-se, havendo apenas dois pontos de visão na imagem, a mão direita, que segura um cajado com uma pequena caveira na extremidade e sua cabeça, que parece flutuar em meio a escuridão encarando a câmera. Na época de criação desta imagem, Mapplethorpe já se encontrava infectado pelo vírus HIV, tendo falecido no ano seguinte por complicações em decorrência da AIDS.
    Self Portrait. 1988. © Robert Mapplethorpe/ Robert Mapplethorpe Foundation

    Gostou da nossa #galeria dessa semana? Qual foto do Robert Mapplethorpe você mais gostou? Conta pra gente lá no nosso Instagram!

    Referências: 

    SMITH, Patti. Só Garotos. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

    ROIZMAN, Ilene. Robert Mapplethorpe’s Photography: BDSM and Beyond. In: Scene 360. 2016. Disponível em: <https://scene360.com/art/91031/robert-mapplethorpe/> Acesso em: 09 de Abr. de 2020

    ARN, Jackson. Why Mapplethorpe’s Photographs Remain Subversive , Even without the Shock Value. In:  Artsy. 2019. Disponível em: <https://www.artsy.net/article/artsy-editorial-mapplethorpes-photographs-remain-subversive-shock-value> Acesso em 05 de Abr. de 2020

    Links: 

  • Fotografia Noturna

    Fotografia Noturna

     
     A fotografia noturna é, como diz o nome, a fotografia feita a noite. Registrar uma imagem feita a noite pode ser um desafio, porque demanda tempo e paciência.

    A fotografia noturna é, como o nome diz, a fotografia feita a noite. Registrar imagens a noite pode ser um desafio. Se a foto for feita ao ar livre, o fotógrafo tem que se programar para sair tarde da noite, ou antes do sol nascer. Por causa do seu processo, pode demandar bastante tempo e, com isso, paciência.

    Foto da ponte Golden State, nos Estados Unidos, a noite, com as luzes acessas
    Golden Gate Bridge, 2007, Andy Frazer

     O que ocorre devido a baixa intensidade de iluminação é que muitos fotógrafos recorrem a longas exposições. Outras opções seriam aumentar o ISO, o que costuma fazer com que apareçam ruídos na imagem, ou aumentar a abertura do diafragma, mas existe um limite máximo para essa abertura, que nem sempre é o suficiente para a foto, e tem como consequência a diminuição da profundidade do campo da imagem.

    Com a utilização dessas diversas técnicas de fotografia, podemos perceber diferentes resultados e efeitos nas fotos feitas a noite, como por exemplo o efeito Starburst (luzes estreladas). Quando tiramos uma foto com uma abertura pequena do diafragma a luz tem um espaço pequeno para passar, fazendo a mesma irradiar, nos trazendo esse efeito.

     
    Um farol, a noite, com sua luz acessa, e algumas pessoas olhando para ele
    Pigeon Point Anniversary Lighting, 2006, Andy Frazer
     

    Outro efeito que pode ser feito é o Light Trails (caminho de luzes), que ocorre quando a velocidade do obturador é bem lenta, fazendo com que todo movimento de luz que aconteça enquanto ele estiver aberto, seja capturado, nos dando esse caminho feito pela luz.

     
    A imagem mostra uma ponte, a noite, com borrões dos faróis dos carros que passaram lá
    Golden Gate Fog, 2007, Andy Frazer

    Andy Frazer é um fotógrafo de Boston – Massachusetts, que tem como interesse primário a fotografia noturna e tem também alguns projetos de fotografia de rua. Diz se inspirar nas fotos de David Plowden, Richard Avedon, Michael Kenna e entre outros.

    Agora é com você, o que acha de testar a fotografia noturna? Compartilhe sua foto usando a hashtag #fotografetododia ou marque nosso perfil no instagram @d76_cultfoto para vermos o resultado.

    Links, Referências e Créditos

    • https://www.youtube.com/watch?v=iWtN36b0gxs
    • https://www.flickr.com/people/thelordofthemanor/

    Como citar essa postagem

    COSTA, Clara. #fotografetododia – Fotografia Noturna. Cultura Fotográfica. Publicado em: 8 de jun. de 2020. Disponível em: https://culturafotografica.com.br/fotografetododia-fotografia-noturna/. Acessado em: [informar data].

  • SHOT! O mantra psico-espiritual do rock

    Documentário aborda a carreira do fotógrafo Mick Rock, conhecido como “o homem que fotografou os anos setenta”, e sua importância para a construção imagética do rock daquela década.

    O documentário de 2016 foi dirigido pelo estreante Barney Clay que até então só havia dirigido videoclipes de bandas e comerciais. A partir de entrevistas com o próprio Mick Rock e análise de fotografias e gravações de seu acervo, o longa mostra como a fotografia pode ser usada para capturar o espírito de uma época.
    Montagem mostrando estrelas do rock, o fotógrafo retratado no documentário e o título do filme.
    Pôster de divulgação do documentário – Barney Clay
    As fotos de Mick Rock contribuíram para a formação do imaginário sobre o que é o rock, como por exemplo o visual glamouroso e andrógino. O documentário explora histórias por trás dessas fotografias, como a parceria do fotógrafo com os artistas, o método de iniciar sessões e as influências por trás de alguns ensaios. Um dos exemplos mostrados é da capa do segundo álbum da banda Queen, inspirado por uma foto da atriz Marlene Dietrich.
    Quatro homens com roupas pretas em um fundo escuro com uma forte luz iluminando-os de cima.
    Capa do álbum Queen II da banda Queen – Mick Rock
    Para os fãs de artistas do rock dos anos setenta o documentário é um prato cheio. Mick Rock conta diversos “casos” de sua convivência próxima com os fotografados, como por exemplo o fato de que David Bowie no início da carreira andava cercado por guarda-costas não por necessidade, mas pelo visual de estrela do rock. 
    Estas curiosidades com as entrevistas e o material de arquivo do fotógrafo tornam o longa muito divertido de acompanhar. Ao contrário do que muitos pensam, os documentários não precisam ser formais e sérios. SHOT! O Mantra Psico-espiritual do Rock consegue ser engraçado e ágil, na mesma medida em que nos faz refletir sobre como a fotografia faz parte da nossa construção imagética da realidade.
    Para assistir o documentário na Netflix acesse o link a seguir: https://www.netflix.com/br/title/80168033 
    Links e Referências
  • Farzana Wahidy

    Farzana Wahidy, Afeganistão, 1984, cresceu sob a repressão do talibã e hoje é uma das pioneiras no fotojornalismo internacional no Afeganistão.

    Farzana Wahidy, Afeganistão, 1984, cresceu sob a repressão do talibã e hoje é uma das pioneiras no fotojornalismo internacional no Afeganistão.

    Fotografia de um bebê de bruços, olhando para a frente, atento. O bebê está usando uma blusa cinza com glitter. Sua mão está enfeitada com uma pulseira feita de miçangas coloridas que vai do pulso aos dedos. Em sua cabeça há uma touca azul enfeitada com pompoms coloridos.
    Farzana Wahidy – Série “Afghanistan Single Images”.

    Farzana Wahidy é uma mulher afegã. Isso diz muito sobre sua arte. Ter crescido durante o regime talibã lhe inspirou a começar a fotografar, como declarou em entrevista ao Open Society Foundation: “Foi durante o Talibã, que foi o tempo mais difícil para as mulheres, não era permitido que elas fossem à escola, ou trabalhassem, ou até mesmo apenas saíssem de casa, todas essas coisas estavam acontecendo ao meu redor naquela época, então a fotografia se tornou uma maneira para eu compartilhar essas histórias e me expressar”.

    Quando o talibã caiu no Afeganistão, ela terminou o ensino médio e ingressou em um curso de fotografia. Em 2004, já era a primeira fotojornalista afegã a trabalhar para agências internacionais e, em 2007, ganhou uma bolsa para estudar fotojornalismo no Canadá. Suas fotos já foram publicadas no The Guardian, Sunday Times, Le Monde, entre outros jornais pelo mundo. Em 2012, o grupo MOBY a declarou uma das 100 mulheres afegãs mais bem sucedidas no Afeganistão.


    Farzana luta para apresentar seu país e a situação das mulheres afegãs para o resto do mundo. Entre o seus ensaios mais populares estão “Burqa”, que mostra o cotidiano das mulheres utilizando a peça, e “Women of Afghanistan” (Mulheres do Afeganistão), que alerta para a violência de gênero no país e a relação das mulheres com o trabalho, com o casamento e com os padrões de beleza. Como ela declarou para a Smithsonian Magazine: “Eu acho que a fotografia é uma linguagem internacional e todo mundo pode lê-la. Eu a amo porque eu encontrei uma maneira de expressar meus sentimentos e de compartilhar as histórias e problemas que estão acontecendo no meu país para outras pessoas no mundo”.


    Veja algumas das suas fotografias:

    Fotografia de duas mulheres usando burcas azuis. Elas estão de frente uma para outra. A da esquerda tem a mão erguida e parece estar falando. Atrás delas estão penduradas outras burcas azuis, idênticas as delas, indicando se tratar de uma loja da peça de vestuário.
    Farzana Wahidy – Série “Burqa”

    Fotografias de mulheres de burca, enfileiradas de costas a uma parede diagonal do lado direito. A segunda mulher, de frente para trás, segura um bebê que veste um casaco vinho. O bebê brinca com a burca da mulher, na parte em que os olhos ficam cobertos..
    Farzana Wahidy – Série “Burqa”

    Fotografia de uma mulher e um homem em uma casa. As paredes da casa estão manchadas e  descascando. O chão não tem piso. A mulher está agachada na cômodo onde a fotografia foi tirada, lavando louça em uma tigela. Ela usa véu apenas no cabelo. O homem está em cômodo ao fundo. Não é possível saber o que está fazendo, mas também está agachado.
    Farzana Wahidy – Série “Women of Afghanistan”

    Fotografia de mãos femininas sobre o colo. As mãos estão abertas com as palmas viradas para cima e parecem pertencer a uma idosa. Há queimaduras por toda a mãos.
    Farzana Wahidy – Série “Women of Afghanistan”

    Fotografia de três mulheres utilizando roupas pretas e véu islâmico branco. Elas estão andando em direção à frente da imagem e  tentam segurar seus véus enquanto passam por uma tempestade de vento.
    Farzana Wahidy – Série “Women of Afghanistan”
  • Diagonais

    O uso de linhas diagonais na fotografia pode ajudar a incrementar suas fotos, tornando-as visualmente mais chamativas. Para saber mais, confira o post! 

    As linhas diagonais podem ser percebidas em diversos elementos paisagísticos como ruas, declives, árvores tombadas e até mesmo em poses de pessoas. Elas ajudam a criar uma sensação de movimento na foto, conduzindo o olhar do leitor de um canto a outro na fotografia, ajudando por exemplo a destacar um objeto que não está centralizado. 
    Um carro posicionado na diagonal em uma rua com prédios, como se viesse para frente
    Tatewaki Nio – Foto da série Neo-andina
    Na foto acima por exemplo, as diagonais formadas pela rua reforçam a ilusão que o carro se movimenta do fundo da foto para frente e da direita para a esquerda. O fato das linhas irem se aproximando no horizonte cria profundidade e tridimensionalidade, necessárias para uma paisagem realista.
    Tatewaki Nio é um fotógrafo japonês radicado em São Paulo, e a maior parte de seu trabalho envolve fotografias de paisagens urbanas com o uso de linhas diagonais de ruas e prédios. As fotos escolhidas para esse post são da série Neo-andina.
    Vários carros e prédios posicionados em uma curva, em diferentes posições de forma a criar ilusão de movimento da curva.
    Tatewaki Nio – Foto da série Neo-andina
    Na fotografia acima, as linhas diagonais presentes nos carros, nas ruas e nos prédios, criam a sensação de movimento da curva, fazendo com que percebamos que os carros estão se movimentando do fundo para a frente da foto.
    Observe as linhas de paisagens e poses, e as utilize a seu favor, para criar fotos interessantes, com movimento e profundidade de campo. Publique em nosso grupo no facebook.
    Links, Referências e Créditos
    Livro “O Novo Manual da Fotografia” de John Hedgecoe